Resumo
Este artigo mobiliza a Análise do Discurso Materialista de Michel Pêcheux para compreender a materialidade digital. O estudo emprega noções como arquivo, interdiscurso e pré-construído, complementando-as com noções próprias, como forma-discurso de escritoralidade, espaços enunciativos informatizados (EEIs) e sujeito-avatar. Destacando-se a necessidade de analisar a imbricação entre arquivo textual e banco de dados no contexto digital, argumenta-se que os EEIs funcionam como instituições contemporâneas que interpelam sujeitos em sujeitos-avatares, produzindo um efeito de polarização no discurso político. Analisando-se comentários em redes sociais sobre o ministro Alexandre de Moraes, demonstra-se como a materialidade técnica digital - normatização, midiatização e algoritmos - molda a circulação de palavras-chave como “democracia” e “golpe/golpista”. Esse processo resulta em posições-sujeito-avatar que, mesmo quando opostas, reproduzem os mesmos termos, gerando um efeito de polarização que apaga a complexidade e a contradição.
Palavras-chave:
Sujeito-avatar; Forma-discurso de escritoralidade; Espaços Enunciativos Informatizados
Abstract
This article draws on Michel Pêcheux’s Materialist Discourse Analysis to understand digital materiality. The study employs notions such as archive, interdiscourse, and preconstructed, complementing them with original notions like the discursive form of writing-orality, computerized enunciative spaces (CEEs), and subject-avatar. Emphasizing the need to analyze the intertwining of textual archives and databases in the digital context, it is argued that CEEs function as contemporary institutions that interpellate subjects in avatar-subjects, producing a polarization effect in political discourse. By analyzing social media comments about Minister Alexandre de Moraes, the study demonstrates how digital technical materiality-normalization, mediatization, and algorithms-shapes the circulation of keywords such as “democracy” and “coup/coup-monger.” This process results in subject-avatar positions that, even when opposing, reproduce the same terms, generating a polarization effect that erases complexity and contradiction.
Keywords:
Subject-avatar; Discourse-form of writing-orality; Informatized enunciative spaces
Resumen
Este artículo moviliza el Análisis del Discurso Materialista de Michel Pêcheux para comprender la materialidad digital. El estudio emplea nociones como archivo, interdiscurso y preconstruido, complementándolas con nociones propias como forma-discurso de escrituralidad, espacios enunciativos informatizados (EEIs) y sujeto-avatar. Al destacar la necesidad de analizar la imbricación entre archivo textual y base de datos en el contexto digital, se argumenta que los EEIs funcionan como instituciones contemporáneas que interpelan a los sujetos en sujetos-avatares, produciendo un efecto de polarización en el discurso político. Analizando comentarios en redes sociales sobre el ministro Alexandre de Moraes, se demuestra cómo la materialidad técnica digital - normativización, mediatización y algoritmos - moldea la circulación de palabras clave como “democracia” y “golpe/golpista”. Este proceso da lugar a posiciones-sujeto-avatar que, incluso cuando son opuestas, reproducen los mismos términos, generando un efecto de polarización que borra la complejidad y la contradicción.
Palabras clave:
Sujeto-avatar; Forma-discurso de escrituralidad; Espacios enunciativos informatizados
Este texto, dividido em duas partes, resulta de discussões realizadas em 2024 pelo grupo de pesquisa “Produção e divulgação do conhecimento” sobre a contribuição de Pêcheux para as teorias linguísticas dos séculos XX e XXI e para o desenvolvimento da Análise do Discurso no Brasil. Em especial, como veremos, o texto destaca o papel atual do autor na compreensão do arquivo e da materialidade digital.
1 PRIMEIRA PARTE
Comenta-se que Galileo Galilei - recém liberto em 1633 depois de ser forçado a retratar sua teoria heliocêntrica perante a igreja da época sob ameaça de aprisionamento e certamente de morte - olhou para o sol e disse, a respeito da Terra: “Eppur si muove”, ou “Entretanto, ela se move”, como que para dizer: “independente do que vocês precisam que seja dito, a terra continua girando em torno do sol”.
Em um nível muito básico, sempre entendemos a Análise de Discurso como uma resposta a uma pergunta muito simples, que poderia ser formulada mais ou menos da seguinte forma: “Como proceder com os estudos da linguagem frente à inevitável proposta política e filosófica do materialismo histórico?” Historicamente, poderíamos, se quiséssemos, ter ignorado essa pergunta e continuado a tratar a linguagem como um problema lógico, formal ou mesmo empírico. “Eppur si muove”, queremos dizer: “e, entretanto, a luta de classe ainda seria o motor da história”.
A tecnologia digital não era nenhuma novidade para Pêcheux. Muito pelo contrário, uma das primeiras obras que o levou até 1984, ele começou justamente com uma pergunta sobre a possibilidade de automatizar os processos de escansão das formações discursivas. Mas seu maior gênio não estava na medida profunda com a qual ele entendia os sistemas mecânicos das linguagens algorítmicas ou dos sistemas lógicos. Ele entendeu, ainda na década de 1970, os efeitos que as tecnologias digitais teriam na circulação, organização, distribuição, supressão e silenciamento dos textos. E ele também sugeriu como isso começaria a construir novas divisões sociais, materializadas em várias instâncias: divisões técnicas, políticas e simbólicas. Divisões organizadas, fundamentalmente, por essa divisão material fundamental, histórica, que é a divisão de classes, ou, dito de outra forma, o arquivo.
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No nosso entendimento, a materialidade histórica, a materialidade do inconsciente, a materialidade da língua é o grande “eppur si muove” que Pêcheux lança a qualquer campo que se propõe a constituir para si o objeto de estudo que, espontaneamente, vimos tantas vezes ser chamada de linguagem. Uma provocação que visa, na experiência da linguística no Brasil, uma mudança não menos radical do que a teoria heliocêntrica almejava no campo da astronomia.
No livro “Tecnologia e Esquecimento” (Pequeno, 2019, p. 279), está dito que seguir o problema da materialidade da escrita até onde fosse possível - no campo e na era das tecnologias digitais - exigia levantar um problema aparentemente simples com implicações profundas. O problema girava em torno de admitir que a materialidade da língua não era a mesma que a materialidade da escrita.
[...] O analista de discurso precisa inverter, a todo passo que dá, a fórmula que insiste em colocar o contingente como determinado pelo necessário, e o material como imanência da ideia. Se, logo no começo, propusemos que a materialidade da escrita não é a mesma que a materialidade da língua, então precisamos levar esse reconhecimento até seu fim. Fazer isso é admitir que a discursividade do enunciado é determinada por mais do que a materialidade da história e da língua. Também faz parte do jogo, a materialidade de suas formas concretas de circulação. O apagamento regular do papel dessa materialidade técnica constitui, na nossa leitura, algo que não pode ser descrito como menos do que uma forma de esquecimento discreta e definível para a Análise de Discurso. Um esquecimento da espessura técnica de um enunciado.
Para isso, começaremos explicando que a primeira vez em que nos deparamos com o problema da materialidade técnica foi frente a este texto tão importante de Pêcheux:
[...] a questão da leitura permaneceu quase sempre implícita: há, entretanto, fortes razões para se pensar que os conflitos explícitos remetem em surdina a clivagens subterrâneas entre maneiras diferentes de ler o arquivo (entendido no sentido amplo de “campo de documentos pertinentes e disponíveis sobre uma questão”) (2014, p. 59).
Ali, escondidas entre parênteses, eis as aspas que Pêcheux usa para descrever esse campo. Entende-se - de imediato e de forma irrevogável - que Pêcheux estava falando não de um campo, mas do efeito de um campo; de um efeito produzido pela imbricação de materialidades históricas e técnicas, que se materializa nessas aspas que seguravam esse campo na sua forma, no seu lugar. Foi esse efeito que viemos a chamar de arquivo.
Começamos, então, a trabalhar a partir da ideia de que o arquivo não poderia ser o espaço empírico de circulação do texto, mas a série de práticas políticas e técnicas que configuram a existência desses espaços. Ou seja, para entender o problema da leitura, não poderíamos “pensar no arquivo como uma série ou um acúmulo de livros que pertencem a tal seção, documentos em tal depósito e assim por diante. Tomar o acúmulo pelo arquivo seria o equivalente a tomar o empírico pelo material e a organização pela ordem” (Pequeno, 2020, p. 242). Agora, precisaríamos trabalhar não com o campo de documentos pertinentes e disponíveis sobre questões, mas com as aspas. Pêcheux deve ser considerado um pensador de problemas concretos: “Ler o Arquivo Hoje” (2014) pode ser uma proposta teórica bastante complexa, mas é também, e principalmente na nossa visão, uma preocupação política e iminente com as formas e condições de possibilidade da leitura, da relação dos sujeitos uns com os outros através do texto, ou seja: uma preocupação com a democracia.
Não faltam boas almas se dando como missão livrar o discurso de suas ambiguidades, por um tipo de “terapêutica da linguagem” que fixaria enfim o sentido legítimo das palavras, das expressões e dos enunciados. [Visando construir] uma semântica universal suscetível de regulamentar não somente a produção e a interpretação dos enunciados científicos, tecnológicos, administrativos [...], mas também (um dia, por que não?) dos enunciados políticos. (Pêcheux, 2014, p. 63).
Hoje, não precisamos mais ser analistas do discurso para entendermos a ameaça que as tecnologias digitais apresentam para essa instituição intransigente e impossível que é a democracia, da qual dependemos tanto. Mais do que nunca, é presente e assustador o nível de precisão com o qual Pêcheux anteviu os perigos desse momento que, enquanto ele vivia, estavam ainda por vir.
Mas é também grande, pelo menos, a ameaça de assistir a uma restrição política dos privilégios da leitura interpretativa [...]. Não considerar os procedimentos de interrogação de arquivo como um instrumento neutro e independente (um aperfeiçoamento das técnicas documentais) é se iludir sobre o efeito político e cultural que não pode deixar de resultar de uma expansão da influência das línguas lógicas de referentes unívocos, inscritos em novas práticas intelectuais de massa (Pêcheux, 2014, p. 63).
Um homem para o nosso tempo.
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Poderíamos perguntar, então: e o que envolve a diferenciação da materialidade da língua, em relação à materialidade da escrita? Aí está envolvido, sem dúvida, o reconhecimento de que há uma série de práticas técnicas que determinam a circulação dos sentidos.
Auroux (1998), por exemplo, não deixa de nos lembrar que “não conhecemos civilização oral que tenha desenvolvido técnicas calculatórias, mesmo elementares como nossas operações de adição e subtração”.
Em “Escrita e gramática como tecnologias urbanas”, Rodriguez (2011) também demonstra a relação entre a escrita e a constituição das cidades, dos espaços urbanos, das formas de hierarquização que só se tornam possíveis através do barateamento das superfícies escrevíveis.
Os exemplos são inúmeros, mas trazemos aquele que faz parte do argumento do livro acima citado: “Tecnologia e esquecimento” (Pequeno, 2019).
Trata-se do seguinte algoritmo:
Essa linha de código é a instrução de ranqueamento de páginas disponíveis frente a uma pesquisa dada na primeira versão do Google. Esse algoritmo foi batizado de PageRank, e essa versão primitiva está disponível, porque o Google começou como um trabalho acadêmico de Sergey Brin e Larry Page, livremente disponibilizado pela universidade de Stanford. É claro que a diferença entre esse algoritmo e a tecnologia que a Google hoje usa para responder a nossas perguntas é mais ou menos a diferença entre o primeiro arco e flecha e a bomba atômica, mas trazemos esse exemplo para ressaltar dois detalhes curiosos.
O primeiro detalhe é que o valor do ranqueamento de uma página é estabelecido em relação ao seu valor referencial no sistema. Ou seja: “ao campo de documentos disponíveis e pertinentes sobre uma questão”! Até mesmo a mão que cria o arquivo é pega pelo efeito de que, como na “Biblioteca de Babel de Borges” (1998), tudo está disponível, se pudéssemos somente organizá-la.
O segundo detalhe importante é esse “d”, precisamente o damping factor. Os próprios autores o explicam da seguinte forma:
O PageRank pode ser pensado como um modelo de comportamento de usuários. Assumimos que há um “surfista aleatório” que cai em uma página aleatória e continua clicando em links, nunca apertando “voltar”, mas eventualmente ficando entediado e começando em alguma outra página aleatória. A probabilidade que o surfista aleatório visitará uma página A é seu PageRank (PR(A)). E, o fator de amortecimento “d” é a possibilidade, em cada página, que o surfista aleatório se entedie e peça outra página aleatória (Brin; Page [1998], seção 2.1, tradução nossa).
Pasmem! O algoritmo contém, inclusive, a probabilidade de nos entediarmos! No interior desse algoritmo, portanto, encontramos o que é, para todos os efeitos, uma prática discursiva, tal como Pêcheux a definiu em 1966: “o instrumento de transformação das práticas políticas” (2011, p. 24). Nesse caso, um gesto de interpretação sobre um usuário imaginário. Isso implica dizer que ali, disfarçada pela forma mais estéril possível da lógica booleana está novamente aquilo que não pode ser outra coisa senão a luta de classes.
Eles podem insistir em dizer que o código nada mais é que uma ferramenta, talvez “mauvais”1; e ainda insistir que não se trata de tomar partido, mas de tomar proveito, que não se trata de lados, mas de oportunidades. Poderíamos até repeti-lo frente ao papa e eppur si muove.
É claro que esse exemplo é só um entre tantos que nos cercam.
Tomemos as prioridades do TikTok em eleger o que mostrar aos usuários; Tomemos a decisão inicial do antigo Twitter de limitar o número de caracteres para se adequar ao limite de texto dos antigos celulares; tomemos a decisão do Instagram de não permitir, como o Facebook, a postagem no formato de texto, mas priorizar o formato de imagem ou vídeo e tomemos, é claro, a decisão recente do próprio Facebook em investir na “correção de erros” em vez de “censura”. Todas essas escolhas são também materialidades técnicas como o algoritmo que acabamos de mostrar. Todas essas escolhas são constituintes das formas de leitura: as partes constituintes do arquivo.
É preciso analisar o que Zuckerberg está dizendo, quando afirma que o Facebook vai agora, com o apoio de Donald Trump, focar na luta pela liberdade de expressão e na correção de seus erros. É claro!
Mas retomar Pêcheux é também saber que é preciso analisar os algoritmos que nascem dessas escolhas políticas, pois essa totalidade técnica e continuamente clivada está em constante estado de contradição.
Não somos, todos nós espectadores: nossos corpos estão em jogo. Cabe a nós desmontar as máquinas, ler os códigos, saber como remontar todo o edifício, mas dessa vez, transfigurado. O engenho é passível de leitura, a fórmula, o dado matemático. O trabalho de reconstituir toda a historicidade do dado, para o devolver ao nível da ordem dos discursos é árduo. Mas sem esse trabalho de reconstituição dos pontos de deriva das linguagens lógicas, nos resignamos a um futuro no qual a contradição lentamente é tomada pela controvérsia. E no qual nos restaria poucas escolhas, a não ser nos rendernos à imagem refletida nesse edifício, e tomá-la por nós mesmos (Pequeno, 2019, p. 299).
Retomar Pêcheux é produzir gestos políticos justo naquela fronteira onde temos medo e parece que entramos no domínio do Empirismo e do Formalismo. É encarar a força prescritiva e normatizadora das práticas técnicas e encontrar ali, a posição do sujeito que a produziu. É ter a coragem de ler o que João Guimarães Rosa chamou de “a máquina do mundo” (Andrade, 2012, p. 105-108). Retomar Pêcheux é lembrar que justamente ali, onde as coisas parecem mais lógicas, mais neutras, mais assépticas, mais claras, mais inegociáveis, mais evidentes, que a batalha está sendo travada. Essa batalha, mais ou menos histórica, mais ou menos eterna, pelo que se pode dizer.
2 SEGUNDA PARTE
Começaremos esta segunda parte retomando a proposição de Sylvain Auroux (1998) - que comentamos na primeira parte deste artigo - segundo a qual, do ponto de vista discursivo, a língua se distingue da escrita. Nós podemos dizer isso na medida em que um enunciado exige um gesto de interpretação específico quando é materializado na forma gráfica. Na verdade, essa materialidade produz certos lugares de enunciação específicos, que fazem com que o sujeito seja interpelado diferentemente no discurso.
Para nossos propósitos, diremos que a escrita é o motor de certas formações imaginárias, inconcebíveis sem ela. Quando dizemos isso, chamamos a atenção, mais uma vez, para a importância do que conhecemos como materialidade técnica da linguagem.
Essa prática técnica, a ortografia, determina de forma específica os enunciados, constituindo o que chamamos uma forma-discurso de escrita (Gallo, 1990). Portanto, não se trata somente de uma forma técnica, mas de uma forma discursiva constituída a partir da prática técnica ortográfica. Trata-se de uma forma discursiva institucionalizada como “direito”, “ciência” etc., e que, através dessas especificidades, interpela os sujeitos.
Segundo Auroux (1998), não podemos conceber um cálculo algorítmico sem a escrita. Apoiando-nos na teoria da Análise do Discurso pêcheutiana, complementamos que isso que entendemos por algoritmo, por exemplo, não poderia circular senão através de uma forma discursiva específica, que é a forma-discurso de escrita, assim como não poderíamos conceber essa forma-discursiva sem uma forma-sujeito respectiva.
2.1 CAMPO TEÓRICO
Hoje, nossa tese é a de que, assim como a materialidade da escrita, também a materialidade digital desloca a forma do pensamento, dos enunciados e dos sujeitos, no seio do que nós chamamos espaços enunciativos informatizados - EEI. Em outros termos, isso que denominamos “espaços enunciativos informatizados” constitui um novo tipo de instituição que interpela os sujeitos de forma específica, em função de sua relação intrínseca com as mídias. Esses espaços produzem novos “lugares de enunciação” (Zoppi, 1999)2 a partir dos quais o sujeito toma posição como sujeito-avatar - por exemplo, o lugar de um youtuber, ou o de um tiktoker e, de maneira geral, o lugar de um avatar - com as formações imaginárias que lhe são inerentes.
Para Pequeno (2016, p. 27), o avatar, como um elemento técnico, constitui-se de
[...] um conjunto de clivagens subterrâneas, na materialidade digital, que são formuladas para descrever e explorar o sujeito, aquele que os filtros predizem e definem, aquele que (através dos filtros) se relaciona com as bases de dados e com a memória técnica. O avatar é um conjunto de várias pequenas práticas técnicas, cujo resultado é o produto técnico.
Essa forma material discursiva na qual se constitui o sujeito-avatar, nós denominamos forma-discurso de escritoralidade (Gallo, 2014). Ela é diferente da forma-discurso de escrita, na medida em que funciona através de outros processos que propusemos chamar de normatização e de midiatização. A normatização opera no nível da formulação dos enunciados, produzindo esse novo interlocutor, o sujeito-avatar. Na midiatização opera no nível da circulação e produz uma nova forma de arquivo e de memória. Essa forma discursiva tem, sobretudo, uma materialidade própria, digital.
Os sujeitos-avatares são forjados em contextos enunciativos informatizados. Eles se apresentam como condição sine qua non para a tomada de posição do sujeito nos discursos de escritoralidade. Nesses casos, a individualização do sujeito se faz pela via desse constructo técnico - o avatar e suas formações imaginárias. Como veremos, esses processos tendem a uniformizar os sentidos e apagar as contradições, em proveito de uma polêmica permanente. Nosso objetivo aqui é o de mostrar como, nesses espaços, a materialidade técnica é determinante do efeito de polarização dos sentidos pela via do funcionamento do sujeito-avatar.
2.2 ANÁLISE
Para nossa análise, selecionamos alguns posts que circularam nas redes sociais brasileiras, a respeito do ministro Alexandre de Moraes - o membro mais conhecido do Supremo Tribunal Federal (STF) e um sujeito-avatar que tem sido produzido de maneira sempre polarizada. Logo, mostrar o funcionamento dessa polarização enquanto efeito da materialidade técnica digital é o que constitui nosso interesse de pesquisa.
Alexandre de Moraes, bem como outros membros do STF, encontra-se no centro de vários confrontos políticos. Ele vem sendo mencionado como figura central nas disputas políticas e eleitorais do Brasil. Isso acontece em razão do papel do STF desde as eleições de 2018 e de 2022, notadamente no que concerne à anulação da condenação de Luiz Inácio Lula da Silva, assim como a garantia de sua candidatura em 2022. Alexandre de Moraes e o STF tiveram um papel decisivo, garantindo a ordem e confirmando o resultado das urnas eletrônicas brasileiras.
Recentemente, uma disputa jurídica no Brasil, conduzida pelo ministro, resultou na ordem de bloqueio da rede X/Twitter no Brasil e, por isso, Alexandre de Moraes esteve mais uma vez no centro de uma polêmica, agora sobre as redes sociais, sobretudo depois de ter sido diretamente atacado por Elon Musk, o CEO da rede X.
Face à profusão de comentários que circulam nos espaços enunciativos informatizados - EEI, observamos que, apesar da complexidade das relações jurídicas e parlamentares da paisagem política brasileira, eles (os EEI) são sobredeterminados por um forte efeito de polarização. As postagens são aí organizadas, distribuídas, selecionadas e reagrupadas tecnicamente, como se os sujeitos estivessem objetivamente posicionados de um lado ou de outro da disputa política. Nessas condições de produção, cada gesto (declaração) dos sujeitos-avatares que produzem comentários sobre Alexandre de Moraes, será regulado por essa normatização técnica e interpretado em função de sua midiatização.
A título de demonstração, nós nos concentramos na análise dos comentários que circulam na rede X/Twitter3, relativos a uma publicação do site “Notícias Paralelas”. Nessa publicação, os sujeitos-avatares aí inscritos são convidados a dar sua opinião sobre o trabalho do ministro, como nos mostra a Figura 1.
As respostas a essa questão reproduzem total ou parcialmente algumas palavras-chave em forte circulação, não somente na rede X/Twitter, como nas diferentes mídias brasileiras, com particular ênfase sobre as palavras-chave: democracia, golpe de Estado/golpista.
Entre os comentários feitos na publicação, nós apresentaremos alguns que servem de exemplo da recorrência dessas palavras-chave.
Tuíte 1: [@Leoam73]. Ele vem executando um golpe contra a democracia!! Pisoteado na Constituição. Twitter, 27 nov. 2024, 7h17 (Olmedo, 2024, grifo nosso).
Tuíte 2: [@frointdias]. Excelente, o defensor maior da democracia. Ademais, sem anistia para os golpistas. Twitter, 26 nov. 2024, 22h24 (Taison, 2024, grifo nosso).
Tuíte 3: [@carolin29568760]. Excelente! para ficar melhor, é só mandar os golpist4s para o xadrez. Twitter, 27 nov. 2024, 20h37 (Carolina, 2024, grifo nosso).
Tuíte 4: [@ak1laduart3]. Nota 999. 1000 só quando decretar a prisão de Jair Messias Bolsonaro e a sua corja golpista e defensora de estupradores 👍🏼. Twitter, 28 nov. 2024, 18h13. (Has a problem, 2024).
Tuíte 5: [@silvana_penha]. Ditatorial, onde ele se proclamou a própria democracia. Twitter, 27 nov. 2024 (Penha, 2024, grifo nosso).
Para confirmar que essas palavras-chave circulavam de forma recorrente no espaço enunciativo do Twitter, buscamos tuítes em que elas apareciam durante o ano de 2024. Esta busca resultou em centenas de tuítes que repetiam a mesma polarização demonstrada nos comentários do perfil do site Notícias Paralelas. Na sequência, apresentamos alguns tuítes que são exemplares desse funcionamento:
Tuíte 6: [@MitoJMB22]. Cadê os filhos de vovó, que não conseguem falar que o Alexandre de Moraes é um golpista? 😂😂😂😂 Boa, @nikolas_dm 👏👏👏👏😃. Twitter, 24 abr. 2024, 14h36 (Eles acusam daquilo que são, 2024, grifo nosso).
Tuíte 7: [@Erika168596635]. Alexandre de Moraes é um golpista e ele deu vários golpes, ninguém no dia 8 ia dar golpe, defender o bandido não adianta, AM uaou o TSE e STF para perseguir isso é ditadura. Twitter, 24 ago. 2024, 22h37 (Erika, 2024, grifo nosso)
Tuíte 8: [@BerserkCar65629]. Alexandre de Moraes é um golpista, ele é contra a democracia, e carasco, alem de ser um arrombadooo. Twitter, 7 set. 2024, 9h35 (Berserk, 2024, grifo nosso).
Tuíte 9: [@joaodomenech]. Mais uma tentativa de golpe fascista no Brasil. Não vencerão. A democracia vence. Estamos com o STF e com o ministro Alexandre de Moraes. BOLSONARO PRESO JÁ XANDÃO EU AUTORIZO. Twitter, 14 ago. 2024, 11h29 (Domenech, 2024, grifo nosso).
Tuíte 10: [@arlei70]. “NÃO VAI TER GOLPE” Alexandre de Moraes herói da democracia brasileira [Tweet]. Twitter, 3 dez. 2024, 8h49 (Konig, 2024, grifo nosso).
Como vemos, no caso específico da polarização em torno de Alexandre de Moraes, observa-se que a repetição das palavras-chave “democracia” e “golpe/golpista” é um efeito do funcionamento algorítmico que associa automaticamente esses termos não apenas por suas relações semânticas, mas também por sua coocorrência estatística e pelo potencial de engajamento que carregam. Assim, a polarização política em torno de Alexandre de Moraes é, igualmente, resultado da normatização técnica e da midiatização que governam esses espaços.
Em relação ao campo discursivo, diremos, inicialmente, que se trata de um corpus composto de textos que se inscrevem no discurso político, enquanto discurso dominante. Nesse discurso, as posições-sujeito se dividem aparentemente em dois grandes grupos: o grupo dos sujeitos-avatares que apoiam o ministro e o grupo dos que o atacam, produzindo, assim, a polêmica que sustenta os EEIs.
Consideramos que os sujeitos-avatares, que se constituem nessas posições-sujeito do discurso político, repetem, da mesma forma, as palavras mais frequentes dos EEIs (aquelas com mais visualizações, com mais likes etc). Aqui, essas palavras funcionam como se fossem um pré-construído, vindas de outros espaços informatizados.
Segundo Pêcheux (1975, p. 167),
O interdiscurso enquanto discurso-transverso atravessa e põe em conexão entre si os elementos discursivos constituídos pelo interdiscurso enquanto pré-construído, que fornece, por assim dizer, a matéria-prima na qual o sujeito se constitui como “sujeito falante” com a formação discursiva que o assujeita (grifos no original).
Com base no funcionamento do pré-construído, teremos que formular uma noção outra - ainda não cunhada - que possa referir-se a um fenômeno análogo que não se origina na memória discursiva, mas na memória técnica, ou seja, que não provém de um arquivo textual, mas de um banco de dados.
Trata-se, nesse caso, de um processo pelo qual enunciados do arquivo político como “golpe” ou “democracia” são deslocados para um banco de dados e reinscritos como “variáveis técnicas” ou “tokens de engajamento” na plataforma do Twitter. A partir daí, eles serão ou não visibilizados de acordo com sua relevância e potencial de viralização.
Embora não tenhamos acesso ao algoritmo do Twitter em todas as suas variáveis, uma parte dele está publicada no GitHub. Justamente por isso, é relativamente fácil encontrarmos técnicos, programadores e cientistas discutindo ou analisando seu código em fóruns da Internet nos quais as variáveis de engajamento de viralização comparecem de forma recorrente. O debate em torno de trechos deste código é importante, pois corrobora nosso argumento. Ele nos permite afirmar que é a partir dessa normatização técnica, que as palavras-chave comparecem nos enunciados reduzidas a “tokens de engajamento”, ou seja, são palavras-chave que disparam recomendações.
Nesse código, os tokens de engajamento são relacionados a variáveis que medem fatores que amplificam a visibilidade de conteúdos polêmicos. Isso nos ajuda a compreender, por exemplo, as determinações técnicas que ligam, na superfície do Twitter, palavras-chave com peso, tais como “golpe” e “democracia”, a uma variável com potencial de viralização, como, por exemplo, o número de curtidas e menções da palavra-chave: “Alexandre de Moraes”
Sabemos que a memória técnica produz o banco de dados, materializado naquilo que estamos designando como palavras-chave. No entanto, as mesmas palavras-chave são mobilizadas por diferentes posições-sujeito, enquanto sujeitos-avatares. Essas palavras são dispostas pelos processos de normatização e de midiatização das redes sociais, como “matéria-prima” para que os sujeitos-avatares formulem seus argumentos em relação ao discurso político. Poderíamos dizer que os EEIs interpelam os sujeitos, enquanto avatares, por meio de certas palavras-chave (e não outras), independentemente de suas posições no discurso, importando, aqui, que circule. Por outro lado, a interpelação discursiva - neste caso, relativa ao discurso político - também interpela, a seu modo, esses sujeitos que nele tomam posição. Podemos falar aqui de uma dupla determinação do sujeito-avatar, ou uma determinação técnico-discursiva, característica da forma-sujeito própria da forma discursiva de escritoralidade.
Um exemplo da maneira pela qual a polarização técnica-discursiva se apresenta no domínio político é o fato de que os partidos políticos e suas agências de marketing podem comprar avatares e palavras-chave, a fim de interferir no debate político. Esses avatares automáticos não são facilmente distinguíveis dos sujeitos-avatares, e podem participar da circulação das palavras-chave, seja repetindo-as ao infinito, seja delas se apropriando para conferir uma interpretação diferente no campo político adverso. Essa repetição, apropriação e inversão só é possível, porque são resultantes de dados analíticos fornecidos pelas próprias empresas midiáticas que controlam esses espaços.
Dessa forma, podemos dizer que não se trata de uma polarização dos discursos, como ela será aparentemente representada nas próprias redes sociais. Para além disso, trata-se de uma polarização produzida pelo funcionamento da materialidade técnica digital, na qual o “sujeito-falante” é um avatar. Como avatar, esse sujeito tende a produzir seus argumentos a partir da “matéria prima” em circulação e, para isso, mobilizam as mesmas palavras-chave, mesmo quando defendem ideias diametralmente opostas, como vimos.
Observemos novamente os comentários, agora agrupados.
Como podemos observar na análise sobre a polarização em torno de Alexandre de Moraes, da qual esses extratos são somente exemplares, o fato de poder interpretar o ministro como “vilão ou herói da democracia” ilustra esse mecanismo. A posição-sujeito-avatar que critica o ministro e o STF, faz isso repetindo as palavras-chave: “democracia”, “golpe/golpista” tanto quanto a posição-sujeito-avatar que o apoia. Em outras palavras, Alexandre de Moraes é interpretado a partir de uma normatização técnica que, pela via da polarização, produzirá para ele o efeito de herói ou de vilão da democracia brasileira.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para concluir, reafirmamos nossa tese segundo a qual as redes sociais, enquanto espaços enunciativos informatizados - EEI, constituem um novo tipo de instituição que se materializa sob a forma discursiva da escritoralidade e produz a forma-sujeito-avatar. O efeito de polarização produzido por essa forma discursiva é determinado pelo funcionamento da materialidade técnica digital, a saber, o banco de dados e o avatar.
Por outro lado, a contradição, própria da dimensão discursiva da linguagem, é absorvida em grande medida pelas palavras-chave que permitem a formulação de argumentos opostos que circulam de maneira idêntica, mantendo a controvérsia sempre presente. Esses argumentos são reconhecidos e reproduzidos pelos sujeitos-avatares, produzindo um efeito global de consenso, ou seja, o efeito de que existem somente duas posições-sujeito - uma contra e outra a favor - apagando, assim, toda complexidade e contradição presentes no campo político, como vimos.
Retomamos Pêcheux em “Análise de Discurso e Informática”, quando ele diz que:
Nós temos daqui em diante os meios de sustentar, argumentativamente, sobre o terreno da informática, a tese segundo a qual as ambiguidades, metáforas e deslizamentos próprios às línguas naturais são propriedades incontornáveis do campo da análise do discurso, que se diferencia por essa razão mesma de toda perspectiva estritamente informacional, documentária e intelectiva. Um corpus de arquivo textual não é um banco de dados (2011, p. 280-281).
Diremos, então, que trabalhar analiticamente com o sujeito-avatar é estar diante de um corpus no qual o arquivo textual e o banco de dados encontram-se imbricados. Isso, sem dúvida, exige novos procedimentos e deslocamentos teóricos que estão em curso.
REFERÊNCIAS
- ANDRADE, C. D. de. Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
- AUROUX, S. A filosofia da linguagem. Campinas: Ed. da Unicamp, 1998.
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BERSERK, C. [@BerserkCar65629]. Alexandre de Moraes é um golpista, ele é contra a democracia, e carasco, alem de ser um arrombadooo. Twitter, 7 set. 2024, 9h35. Disponível em: https://x.com/BerserkCar65629/status/1832397359730589736 Acesso em: 3 abr. 2025.
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BRITTO, N. [@nneybbritto]. Alexandre de Moraes é um golpista. Foi ele que pôs o Luladrão no poder. Twitter, 22 nov. 2024, 12h20. Disponível em: https://x.com/nneybbritto/status/1859980246524813823 Acesso em: 3 abr. 2025.
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CAROLINA [@carolin29568760]. Excelente! para ficar melhor, é só mandar os golpist4s para o xadrez. Twitter, 27 nov. 2024, 20h37. Disponível em: https://x.com/carolin29568760/status/1861917309650035165 Acesso em: 3 abr. 2025. Comentário em resposta à publicação de Notícias Paralelas [@NP__Oficial]
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DOMENECH, J. [@joaodomenech]. Mais uma tentativa de golpe fascista no Brasil. Não vencerão. A democracia vence. Estamos com o STF e com o ministro Alexandre de Moraes. BOLSONARO PRESO JÁ XANDÃO EU AUTORIZO. Twitter, 14 ago. 2024, 11h29. Disponível em: https://x.com/joaodomenech/status/1823728745582354520 Acesso em: 3 abr. 2025.
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ELES ACUSAM DAQUILO QUE SÃO🫵🇧🇷 [@MitoJMB22]. Cadê os filhos de vovó, que não conseguem falar que o Alexandre de Moraes é um golpista? 😂😂😂😂 Boa, @nikolas_dm 👏👏👏👏😃. Twitter, 24 abr. 2024, 14h36. Disponível em: https://x.com/MitoJMB22/status/1783188249348805023 Acesso em: 3 abr. 2025.
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ERIKA [@Erika168596635]. Alexandre de Moraes é um golpista e ele deu vários golpes, ninguém no dia 8 ia dar golpe, defender o bandido não adianta, AM uaou o TSE e STF para perseguir isso é ditadura. Twitter, 24 ago. 2024, 22h37. Disponível em: https://x.com/Erika168596635/status/1827520615030374722 Acesso em: 3 mar. 2025.
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HAS A PROBLEM, Akila [@ak1laduart3]. Nota 999. 1000 só quando decretar a prisão de Jair Messias Bolsonaro e a sua corja golpista e defensora de estupradores 👍🏼. Twitter, 28 nov. 2024, 18h13. Disponível em: https://x.com/ak1laduart3/status/1862243495013982545 Acesso em: 3 abr. 2025. Comentário em resposta à publicação de Notícias Paralelas [@NP__Oficial]
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KÖNIG, A. [@arlei70]. “NÃO VAI TER GOLPE” Alexandre de Moraes herói da democracia brasileira [Tweet]. Twitter, 3 dez. 2024, 8h49. Disponível em: https://x.com/arlei70/status/1863913535513764032 Acesso em: 3 abr. 2025. PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de Eni Orlandi et al. Campinas: Ed. da Unicamp, 1988 [1975].
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NOTÍCIAS PARALELAS [@NP__Oficial]. Opinião: l Como você avalia o trabalho do ministro Alexandre de Moraes até agora? Twitter, 26 nov. 2024, 21h15. Disponível em: https://x.com/NP__Oficial/status/1861564551411507368 Acesso em: 3 abr. 2025.
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OLMEDO, L. [@Leoam73]. Ele vem executando um golpe contra a democracia!! Pisoteado na Constituição. Twitter, 27 nov. 2024, 7h17. Disponível em: https://x.com/Leoam73/status/1861715969711693927 Acesso em: 3 abr. 2024. Comentário em resposta à publicação de Notícias Paralelas [@NP__Oficial]
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1
Fazendo menção ao texto de Paul Henry, “Le mauvais outil”, no qual o autor mostra o quão complexa é a linguagem, e o quão equivocada pode ser a concepção desta como um instrumento. De maneira análoga se pensa, aqui, o código.
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2
Em Lugares de enunciação e discurso (1999) Zoppi propõe a noção de lugares de enunciação, afirmando que eles “se definem em relação ao funcionamento do Estado e de suas instituições, porém consideradas as regras de projeção pelas quais as posições de sujeito, das quais esses lugares são parte integrante, se delimitam no interdiscurso, no processo contínuo de sedimentação das condições de produção”.
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3
A pesquisa foi feita usando o motor de pesquisa da mesma rede social.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
22 Set 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
04 Abr 2025 -
Aceito
12 Jun 2025


Fonte: Notícias Paralelas, 2024.