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REVISTA ESPECIALIZADA E CIÊNCIA

Specialized Journal and Science

Revista especializada y ciencia

Mais uma vez, cumprimentamos leitores, consultores, pesquisadores, autores, curiosos, enfim, todos que compartilham o interesse comum pelos estudos da linguagem. No editorial anterior, discutimos o negacionismo científico. O tema - inegavelmente no centro das discussões entre especialistas e no dia a dia da população - ganha mais interesse em tempos nos quais se polemiza a vacinação contra o vírus SARS CoV-2. Em A ciência resiste, Daltoé e Siebert (2021SIEBERT, Silvânia; DALTOÉ, Andréia da Silva. A ciência resiste. Linguagem em (Dis)curso - LemD, Tubarão, SC, v. 21, n. 2, p. 179-184, maio/ago. 2021.) analisam a partir de uma perspectiva discursiva como a vacina se tornou objeto de disputa de poder e como se faz necessário lutar pela disseminação do saber científico como forma de posicionamento político.

Nesta edição, reforçamos a importância da divulgação científica especializada. De acordo com Santos (2007SANTOS, Solange de Sousa. Ciência, discurso e mídia: a divulgação científica em revistas especializadas. 2007. Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. doi:10.11606/D.8.2007.tde-18032008-142546. Acesso em: 2021-11-22.
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, p. 37), as revistas especializadas se constituem “lugares privilegiados (no interior do campo) para anunciar resultados, receber contribuições, ouvir críticas submeter a julgamento, etc, visto que, a circulação de novos saberes é importante para dar continuidade ao processo evolutivo do conhecimento”. Além disso, cabe a elas o importante papel de oportunizar aproximações de culturas e povos. Esse é precisamente o caso do artigo Análise discursiva do livro didático de inglês da 11ª classe usado em escolas públicas e privadas de Angola, que abre o conjunto de oito textos inéditos deste fascículo e nos apresneta a análise de um manual de inglês da 11ª Classe usado nas escolas de Angola. De autoria do professor e pesquisador Dinis Fernando da Costa, a pesquisa nos mostra como é possível trocarmos ideias e ideais por meio da ciência. Com base na Análise Crítica de Discurso (ACD), o artigo mostra aos leitores da LemD que a representação étnica apresentada de forma assimétrica no livro incentiva estereótipos como preconceitos sociais, étnicos e raciais nos alunos.

Também publicamos neste número o artigo Sobre o político e a resistência no filme o fotógrafo de Mauthausen. Neste estudo, a partir de um diálogo entre a Análise de Discurso e a Semântica do Acontecimento, Wagner Ernesto Jonas Franco põe em cena a narrativa sobre um ex-soldado da Guerra Civil Espanhola preso no campo de concentração de Mauthausen (Áustria) durante a Segunda Guerra Mundial.

No artigo “E agora, José?”: manchetes, lides e a gramática da (in)visibilização social, Roseli Gonçalves do Nascimento usa as ferramentas do sistema de transitividade da gramática sistêmico-funcional e da taxonomia de representação de eventos sociais para verificar como a mídia recontextualiza o evento social e seus atores de modo a construir representações particulares sobre eles.

Em Considerações sobre pesquisa e gêneros discursivos para a educação básica, Luiz Antônio Ribeiro e Cláudia Mara de Souza propõem refletir, a partir das abordagens bakhtiniana e swalesiana de gêneros discursivos, a necessidade de inserção de práticas de pesquisa e de gêneros discursivos nas escolas de educação básica e nas instituições de ensino superior.

No texto, Condições de leitura, recepção e exegese da obra bakhtiniana no Brasil, Nathan Bastos de Souza, Gabriella Cristina Vaz Camargo, Grenissa Bonvino Stafuzza apresentam elementos sobre as condições de leitura, recepção e exegese da obra bakhtiniana no Brasil.

Os contrastes de Ciça: explorando os ethé da cartunista brasileira, escrito por Ana Cristina Carmelino e Paulo Ramos, usa as lentes da Retórica e da Nova Retórica, para mostrar a construção dos ethé de Ciça, cartunista e autora das tiras cômicas O Pato, publicadas durante a Ditadura Militar brasileira (1964-1985) no jornal Folha de S. Paulo.

O discurso sobre a abertura das universidades brasileiras às migrações contemporâneas no jornalismo digital, artigo realizado por Marluza da Rosa analisa a partir do olhar teórico-metodológico dos estudos do discurso franco-brasileiros o funcionamento do discurso jornalístico sobre o acesso de estudantes refugiados(as) ao ensino superior brasileiro.

Arquitetura do processamento cognitivo: efeito racional e efeito emocional, completa este volume, Sebastião Lourenço dos Santos e Elena Godoy tomam como referência a teoria da relevância, as neurociências cognitivas e a psicologia cognitiva para propor uma arquitetura mental que congrega razão e emoções.

Enfim, com esta edição, é possível dizer que se cumpre o propósito de levar à sociedade estudos originais e inéditos que transbordam fronteiras continentais e linguísticas, além de realçar ainda mais a diversidade e a importância dos estudos linguísticos para a ciência.

REFERÊNCIAS

  • SIEBERT, Silvânia; DALTOÉ, Andréia da Silva. A ciência resiste. Linguagem em (Dis)curso - LemD, Tubarão, SC, v. 21, n. 2, p. 179-184, maio/ago. 2021.
  • FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau Editora, 1999.
  • SANTOS, Solange de Sousa. Ciência, discurso e mídia: a divulgação científica em revistas especializadas. 2007. Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. doi:10.11606/D.8.2007.tde-18032008-142546. Acesso em: 2021-11-22.
    » https://doi.org/10.11606/D.8.2007.tde-18032008-142546

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2021
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