Resumo
Machado de Assis frequentemente recorre a metáforas abrangentes, que providenciam um plano unificador de um texto inteiro. Sua peça teatral Lição de botânica é um exemplo de tal prática, comparando o progresso humano à vida de uma planta ou de outro organismo simples. A peça contém ecos da noção setecentista do amor vegetal, tal como aparece em Robert Burton e Andrew Marvell. Segue as normas da comédia clássica, que tem suas raízes na celebração da fertilidade. Ilustra as ideias centrais da filosofia do riso de Henri Bergson, que opõe o orgânico ao mecânico. Desde uma perspectiva nacional, o texto exemplifica as características culturais da cordialidade e da preferência pelo jeitinho. O que todas essas perspectivas têm em comum é uma rejeição da rigidez em favor de uma elasticidade orgânica.
Palavras-chave:
Machado de Assis; metáfora; teatro; comédia; riso; Brasil