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Os narradores homeopáticos de Machado de Assis

Machado demonstrou fascínio pela medicina homeopática, uma forma indireta de tratamento que usa substâncias para estimular reações semelhantes aos sintomas da condição a ser curada. Vários textos do autor apresentam um padrão em que os projetos são realizados por meios indiretos, pelo "semelhante que cura o semelhante", o que sugere uma lógica homeopática na visão do mundo machadiano. Alguns narradores, tais como os de Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, e de contos como "O segredo do bonzo" e "Adão e Eva", são notáveis por se denunciarem a si mesmos, ou seja, por atacarem sua própria validez. Essa situação curiosa contribui para uma noção do projeto geral de Machado, que parece ter mais interesse em colocar perguntas do que em fornecer respostas. Também sugere uma certa relação com o leitor, que lhe dá um máximo de independência.

Machado de Assis; narrador; homeopatia; leitor


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