RESUMO
O objetivo deste artigo é problematizar como as premissas e as implicações da mudança climática e do Antropoceno estão presentes, de maneira prévia e paralela, na teoria-prática rarámuri, especificamente através do conceito de caminar-caminos e ações nativas dedicadas a "cuidar do meio ambiente" e "segurar o mundo". Essa teoria etnográfica reconhece uma multiplicidade de agentes internos e externos ao Kawí (montanhas, serrado, mundo, terra), bem como de vínculos que geram divergências e fricções incomensuráveis e, nesse sentido, que posso falar sobre estratégias cosmopolíticas. Tudo isso expressa que os Rarámuri há muito refletem sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente, seja cuidando ou colaborando com o risco latente de que o mundo vai acabar, como está inscrito em seus mitos de origem. Em termos rarámuri, os vínculos, individuais ou coletivos, e as ações concretas determinarão o mundo que será habitado, pois seguir um caminho específico - o caminho dos antepassados (anayáguari boé) ou o outro caminho (si'nú boé) - implica participar de fluxos particulares de relacionamentos e substâncias e regenerativas|degenerativas.
PALAVRAS-CHAVE:
Rarámuri ou Tarahumaras; Teoria Etnográfica; Percursos pedestres; Sustentar o mundo; Mudança climática; Antropoceno