Este artigo apresenta uma análise comparativa dos livros Making Sex de Thomas Laqueur e The Woman in the Body de Emily Martin. Enquanto o primeiro se debruça sobre a trajetória de elaboração da distinção entre os sexos tal como a concebemos contemporaneamente, a segunda focaliza o corpo feminino visto a partir da ginecologia e da obstetrícia. O objetivo é mostrar como o corpo assume lugares distintos nas elaborações teórico-metodológicas dos dois autores, o que se reflete na construção de perspectivas mais ou menos reducionistas ou com maior ou menor capacidade explicativa. De um lado, uma concepção que leva em conta a historicidade do corpo e a pluricausalidade no processo da distinção entre os sexos; de outro, o corpo como substrato fundamental capaz de determinar uma experiência particular das mulheres.