Open-access PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA/PI Y LA PRÁCTICA DE LA ACTIVIDAD ECOTURÍSTICA

mercator Mercator (Fortaleza) Mercator (Fortaleza) 1676-8329 1984-2201 Universidade Federal do Ceará Resumen El ecoturismo enfrenta el desafío de equilibrar la preservación ambiental y cultural con el desarrollo sostenible y la generación de ingresos locales. Desde la Conferencia de Estocolmo en 1972, la conservación del medio ambiente ha ganado relevancia en las agendas gubernamentales. La creación de Unidades de Conservación (UC) llevó a la implementación de mecanismos administrativos y políticos para proteger ecosistemas específicos. Estos espacios no solo protegen el medio ambiente, sino que también permiten el uso indirecto a través del turismo, con énfasis en el ecoturismo. Este estudio busca evaluar si las prácticas de ecoturismo adoptadas en el Parque Nacional Serra da Capivara (PNSC), ubicado en Piauí, están en línea con el marco teórico que subyace a este segmento turístico. Utilizando la metodología de Estudio de Caso, combinando visitas al PNSC, levantamiento bibliográfico y registro fotográfico, se encontró que esta Unidad de Conservación Integral se encuentra en línea con los lineamientos recomendados por el ecoturismo. INTRODUÇÃO O turismo, como o conhecemos atualmente, teve sua origem na Revolução Industrial, embora já fosse praticado antes desse período. Foi a partir da industrialização que os avanços tecnológicos permitiram o desenvolvimento do turismo em massa, além da criação de uma classe média, como apontado por Barretto (2003) e Santos (2014), e da noção de lazer que temos (DUMAZEDIER, 2008). As transformações espaciais também são resultado de transformações político-econômicas que impactam diretamente a atividade turística. O turismo, seguindo uma lógica de mercado, se segmenta para atender a diversos nichos, como turismo cultural, turismo hedonista, turismo rural, turismo de natureza, turismo de massa, ecoturismo, entre outros. No Brasil, o segmento que mais se desenvolveu foi o turismo de Sol e Praia, em razão do extenso litoral do País, que possui praias de beleza cênica incomparável. No entanto, a exploração inadequada desse segmento resultou em problemas como a exploração sexual, conforme discutido por Kajihara (2010), que aponta a maneira como os cartões-postais, principalmente da década de 1990, objetificavam o corpo da mulher brasileira. Apesar disso, o Brasil, como um país continental com várias paisagens distintas, tem condições de diversificar o produto turístico, atendendo a interesses além do turismo de massa, no qual o turismo de sol e praia se enquadra. Nesse sentido, e atendendo a uma demanda crescente por uma exploração mais diversificada do turismo brasileiro, bem como para desvincular a imagem do País do turismo sexual, o turismo de natureza, em especial o ecoturismo, começa a adquirir relevância. O ecoturismo tem como base a conservação ambiental e cultural, a geração de renda e a educação ambiental, conforme apontado por Neil e Wearing (2001), Rodrigues (2003) e Furlan (2003). Beni (2001) faz uma distinção entre turismo de natureza e ecoturismo, concentrando-se o primeiro na observação e interação com a natureza, enquanto o segundo possui uma proposição que vai além da observação, com regras a serem seguidas e infraestrutura distinta, além de oportunidades para a educação ambiental. Nesse contexto, as Unidades de Conservação (UC) adquirem ainda mais relevância, pois oferecem proteção ambiental e geração de renda para as populações locais por meio da utilização do ecoturismo. Para a elaboração deste estudo, adotou-se a metodologia do estudo de caso, a fim de analisar a complexidade do fenômeno em questão, que é a atividade ecoturística na Unidade de Conservação de Proteção Integral Parque Nacional da Serra da Capivara, localizada no estado do Piauí. Além disso, realizou-se um levantamento bibliográfico e estatístico para descrever e analisar a atividade ecoturística na região, tendo sido coletados dados primários por meio de pesquisa de campo e registros fotográficos, além de levantamento de dados nos sites oficiais. O objetivo do estudo foi avaliar se o Parque Nacional da Serra da Capivara oferece condições favoráveis para o desenvolvimento da atividade ecoturística, conforme a literatura aponta, e se pode ser indutor de crescimento econômico nos municípios próximos. ECOTURISMO: UM CAMINHO PARA UMA UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL DOS ELEMENTOS NATURAIS O ecoturismo é um segmento do turismo de baixo impacto ambiental, que “se orienta para áreas de significado valor natural e cultural, que através das atividades recreacionais e educativas contribui para a conservação da biodiversidade” (RODRIGUES, 2003, p. 29). Além das contribuições para salvaguardar os elementos naturais e culturais, esse segmento também contribui economicamente para o sustento da população local, por meio do seu envolvimento. Wearing e Neil (2001) estabelecem elementos fundamentais para que a atividade turística possa ter a chancela eco: primeiramente, a viagem deve ser a áreas naturais relativamente protegidas; segundo a experiência do ambiente natural da área visitada; depois, a atividade necessita ser indutora de proteção ambiental; e, por último, precisa ter um papel educativo. Na obra Ecoturismo: orientações básicas, conceitua-se ecoturismo como [...] um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações. (BRASIL, 2010, p. 17). Por mais que a definição de ecoturismo seja complexa, por adotar as ideias de ética ambiental, análise de comportamento, educação ambiental e geração de renda, há uma convergência de elementos entre autores como Furlan (2000), Rodrigues (2003), Rodrigues (2003), Wearing e Neil (2001), Aranha e Guerra (2014), entre outros, que são a proteção ambiental e cultural, a educação ambiental e a geração de renda para a população local. Vale ressaltar que o interesse em desenvolver a atividade ecoturística surge a partir de uma narrativa global de conservação ambiental, que vem se consolidando desde a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, sediada em Estocolmo, na Suécia, no ano de 1972. A partir desse movimento, tantos outros aconteceram com o objetivo de chamar a atenção para as ações antrópicas sobre os elementos naturais, como foi o caso da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, conhecida como Eco-92 ou Rio-92, e de várias outras que se seguiram. Na crescente demanda por proteção natural, o turismo utilizou-se desse subterfúgio para diversificar seus segmentos, criando alguns deles ligados à natureza, dentre eles: Turismo de Natureza, Turismo Rural e Ecoturismo, sendo este último de maior complexidade, conforme expõem Martins e Silva (2018). Beni (2001) aponta que o ecoturismo possui uma envergadura maior do que outros turismos ligados ao segmento da natureza. O ecoturismo é visto e vinculado ao turismo de Baixo Impacto, promovendo danos menores à natureza e à cultura local, além de ser visto como um veículo que pode aumentar a percepção e a compreensão em relação aos valores ambientais (WEARING; NEIL, 2001). A atividade ecoturística, de Baixo Impacto, é um segmento que se contrapõe ao turismo de massa, apontado por Barretto (2003) como aquele no qual o turista não deseja vivenciar as experiências locais e deseja, ainda, que os elementos do local visitado lembrem seu local de origem. Krippendorf (2001, p. 50) também traça algumas características acerca desse turismo, que coadunam com as apresentadas por outros autores: “a viagem é motivada muito mais pelo desejo de deixar alguma coisa do que pelo de ir para alguma coisa; o fato de escapar da vida cotidiana desempenha um papel mais importante do que o interesse pelas regiões e populações visitadas”. O turista de massa é visto, com frequência, como alguém que deseja [...] abandonar-se, divertir-se, ser mimado e, talvez, até mesmo assumir o papel de um personagem que não pode representar no dia-a-dia, comportar-se como um “hóspede-rei” durante um curto instante e ser tratado como tal; enfim, ter a sensação de ser alguém. (KRIPPENDORF, 2001, p. 51). Logo, tem-se, no ecoturismo, uma tentativa, muitas vezes exagerada, de promover uma mudança na percepção do olhar em relação ao meio natural, tentando atribuir a esse olhar uma criticidade que, para Debord (1997), se torna difícil, visto que cada vez mais vivemos em uma sociedade do espetáculo, onde não há mais espaço para o ‘ser’ e, tampouco, para o ‘ter’, e sim para o ‘parecer ser’. Trata-se de uma sociedade ancorada na fluidez de experimentações, onde a noção de lazer se distingue da de Dumazedier (2008 p. 95), segundo o qual [...] não está fundamentalmente submetido a fim lucrativo algum, como o trabalho profissional, a fim utilitário algum, como as obrigações domésticas, a fim ideológico ou proselitístico algum, como os deveres políticos ou espirituais. No lazer, o jogo, a atividade física, artística, intelectual ou social não se acham a serviço de fim material ou social. Tanto Debord (1997) quanto Dumazedier (2008), ao problematizarem elementos que permeiam a atividade ecoturística, tornam mais difícil a materialização do que se espera do ecoturismo em relação ao ecoturista, ainda mais que o turismo e seus segmentos são vivenciados de forma diferente por parte dos indivíduos (PANOSSO NETTO, 2005). Dessa forma, uma análise sobre o ecoturismo do ponto de vista do (eco) turista se torna difícil e, portanto, as bases para se observar a prática do ecoturismo deve ser o espaço onde este se desenvolve, e não o sujeito que vivencia esse espaço. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO E A PRÁXIS DO ECOTURISMO Com o crescente aumento da sensibilização em relação às questões ambientais, principalmente a partir da década de 1970 (CASTRO JÚNIOR; COUTINHO; FREITAS, 2012; PUREZA; PELLIN; PADUA, 2015), impulsionada por conferências internacionais – como a Eco-92 e a Rio+10 –, ideias e medidas para a conservação ambiental ganharam mais relevância. Nesse contexto, áreas demarcadas com o objetivo de preservar elementos naturais passaram a receber mais destaque e um respaldo jurídico-administrativo mais robusto. É nesse contexto que surge um instrumento jurídico fundamental, complementar a outros existentes, para o trabalho de conservação de determinadas áreas: o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), regulamentado pela Lei n.º 9.985/2000, que estabelece critérios e diretrizes para a criação, a implantação e a gestão de unidades de conservação em âmbito nacional. A concepção dos primeiros Parques Nacionais nos Estados Unidos, sendo o Parque Nacional de Yellowstone o primeiro a ser criado, em 1872,i exerceu influência na criação de áreas protegidas no Brasil. A partir do movimento preservacionista e conservacionista para a criação de áreas de proteção do ambiente natural, surgem, mais tarde, posicionamentos distintos na forma de pensar as áreas de proteção ambiental. O processo de criação do Snuc, conforme apontado por Castro Júnior, Coutinho e Freitas (2012, p. 45), foi “marcado por oito anos de embates entre proprietários de terras, setores produtivos e ambientalistas, além de debates intensos entre preservacionistas e conservacionistas”. Essas divergências surgiram principalmente em relação à demarcação e à utilização das áreas de proteção. Um dos pontos centrais desses embates diz respeito à diferença entre as abordagens conhecidas como deep ecology (ecologia profunda) e shallow ecology (ecologia rasa). Conforme observado por Lourenço (2019), as discordâncias entre ambas as posições estão ancoradas na visão de que um grupo shallow ecology estaria preocupado, principalmente, com um aspecto específico dos problemas ambientais, enquanto o deep ecology argumentava existirem questões mais complexas e profundas a serem debatidas. O grupo da shallow ecology tende a enfatizar soluções pontuais, muitas vezes relacionadas a problemas imediatos e de curto prazo, sem abordar as raízes mais profundas dos desafios ambientais. Por outro lado, o grupo da deep ecology busca uma compreensão mais abrangente e integrada dos problemas ambientais, considerando as interconexões entre os sistemas naturais e as questões sociais e econômicas relacionadas. É importante ressaltar que ambas as perspectivas contribuem significativamente para a conservação ambiental. Enquanto a shallow ecology pode oferecer soluções práticas e de rápida implementação, a deep ecology chama a atenção para a necessidade de abordar as causas subjacentes dos problemas ambientais, levando em consideração questões como justiça social, sustentabilidade e respeito aos limites ecológicos. Entretanto, as divergências conceituais acabam por diminuir o ritmo das mudanças em relação à proteção ambiental. Para além das questões conceituais, no campo econômico houve uma parceria entre o “governo brasileiro e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)” (PUREZA; PELLIN; PADUA,2015, p. 50), por meio da qual as áreas protegidas começaram a receber mais destaque, sendo o principal objetivo fortalecer as instituições públicas e os órgãos de meio ambiente que visavam implantar e manejar as áreas de proteção ambiental. É importante apontar que as questões ambientais, principalmente no tocante à formação de território, passam a ser uma questão política. Nesse sentido, Castro Júnior, Coutinho e Freitas (2012, p. 47-48) afirmam que [a] discussão sobre proteção da natureza é eminentemente política e, como tal, envolve disputa por interesses específicos e, muitas vezes, conflitantes, sobretudo no que diz respeito ao uso da terra. No caso brasileiro, esse aspecto político torna-se fortemente presente. Souza (2019, p. 198) também apontam para aspectos políticos quando se referem às questões ambientais, inclusive explicando que [...] aspecto adicional a ser levado em conta na análise de conflitos e impactos ambientais são as práticas espaciais dos agentes envolvidos. Uma prática espacial é uma prática social cuja espacialidade é forte e direta; uma “política de escalas” é um exemplo de prática espacial. Diante das interferências político-econômicas, faz-se necessário criar mecanismos jurídico-administrativo para conter tais interferência, que veem a conservação ambiental como o pensamento antagônico ao crescimento econômico. Esses mecanismo auxiliam e amplia a capacidade do Snuc de “potencializar o papel das UCs, de modo que sejam planejadas e administradas de maneira integrada, e que amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações de espécies, habitats e ecossistemas estejam adequadamente representados no território nacional e nas águas jurisdicionais” (BRASIL, 2022). Entre os mecanismos pode-se citar o Decreto n.º 5.758/2006 (institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – Pnap), o Decreto n.º 9.334/2018 (institui o Plano Nacional de Fortalecimento das Comunidades Extrativistas e Ribeirinhas – Planafe) e o Decreto n.º 6.040/2007 (institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais). Todo o aparato jurídico-administrativo criado para reforçar o SNUC faz com que as Unidades de Conservação consigam, se bem geridas, serem essenciais para o desenvolvimento do ecoturismo, sendo as UC divididas conforme se aponta no Quadro 1: Quadro 1 Grupo e categorias das Unidades de Conservação Proteção integral Uso sustentável São as Unidades de Conservação que têm como objetivo básico preservar a natureza, livrando-a, o quanto possível, da interferência humana; nelas, como regra, só se admite o uso indireto dos recursos naturais, isto é, aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição, com exceção dos casos previstos na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). Categorias: Estação Ecológica (Esec), Reserva Biológica (Rebio), Parque Nacional (Parna), Monumento Natural (MN) e Refúgio de Vida Silvestre (Revis). São as Unidades de Conservação cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais. Elas visam a conciliar a exploração do ambiente com a garantia de perenidade dos recursos naturais renováveis, considerando os processos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. Categorias: Área de Proteção Ambiental (APA), Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), Floresta Nacional (Flona), Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Fauna (Refau), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Reserva Particular do Património Natural (RPPN). Fonte: ICMBio (2020). Pode-se perceber que, na Unidade de Conservação de Proteção Integral (PI), mesmo havendo um uso, mais restrito, ainda assim permite-se a utilização dos recursos naturais de forma indireta. É nesse ponto que o ecoturismo agrega valor à UC, pois pode, ao mesmo tempo, gerar renda para população local e prover a conservação ambiental e cultural (AGUIAR JUNIOR; BARROS, 2023). Ao passo que a gestão territorial das Unidades de Conservação equaliza as tensões, principalmente as fundiárias, as UC possuem condições de materializar o arcabouço teórico do ecoturismo, mesmo diante dos paradoxos existentes nessa práxis. Isso, contudo, não obscurece a importância desse segmento para o desenvolvimento sustentável, sendo este o apregoado por Sachs (2004), ou seja, um desenvolvimento includente e que possa prover trabalho decente para todos. ÁREA DE PROTEÇÃO INTEGRAL: PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA E ATIVIDADE ECOTURÍSTICA O Parque Nacional da Serra da Capivara (PNSC) (Figura 1), criado pelo Decreto n.º 8.548/1979, localiza-se no sudeste do estado do Piauí, no bioma da caatinga, tendo em seu território os municípios de João Costa, Coronel José Dias, São Raimundo Nonato e Brejo do Piauí. A superfície do PNSC é de 129.140 ha e seu perímetro, de 214 km (BUCO, 2013). O parque está no grupo de Proteção Integral e possui a maior concentração de pinturas rupestres do mundo (BUCO, 2013), motivo pelo qual foi tombado, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), como patrimônio da humanidade em 1991, e também pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1993. Figura 1 Localização do Parque Nacional da Serra da Capivara Elaboração: autores (2023). É importante destacar que o PNSC está inserido no bioma caatinga, pois este “é considerado, entre os principais biomas do Brasil, o único exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do patrimônio biológico dessa região não é encontrado em outro lugar” (BUCO, 2013, p. 1). O bioma é conhecido por possuir um clima semiárido, de acordo com a classificação de Köppen, [...] apresenta muitas características extremas, dentre as quais estão: a mais alta radiação solar, baixa nebulosidade, a mais alta temperatura média anual, as mais baixas taxas de umidade relativa, elevados índices de evapotranspiração potencial e, sobretudo, baixos níveis de precipitação pluviométrica e escassez de oferta de água. (MOURA, 2021). De modo geral, as escassas precipitações na região do semiárido ocorrem no período de setembro a março, com totais que não costumam ultrapassar os 800 mm. Associado a essa irregularidade do regime pluviométrico, a grande quantidade de radiação solar resulta no aumento das taxas de evaporação, que, por sua vez, repercutem no desenvolvimento das espécies locais (MOURA, 2021). As características climáticas e os atributos resultantes do clima tornam essa região um dos lugares mais difíceis de se habitar, como aponta Ab’Saber (2003), além de ocorrerem, ali, práticas tradicionais dos autóctones, como queimadas, invasão de novas terras e caças ilegais. Soma-se a isso o descaso histórico que a região Nordeste sofre por parte do poder público desde a formação do território brasileiro. O PNSC situa-se no encontro da bacia sedimentar Maranhão-Piauí com a depressão do Rio São Francisco, o que “criou a chapada recortada formando cânions profundos, padrões ruiniformes, aglomerados de seixos e afloramentos rochosos que serviram de abrigo para o homem pré-histórico e para a fauna” (ICMBio, 2019). Os padrões ruiniformes chamaram a atenção do geógrafo Aziz Ab’Saber (2003), segundo o qual sítios de paisagens ruiniformes do País já foram descobertas pelo turismo, dando o exemplo do Parque Nacional de Sete Cidades, também localizado no Piauí. De acordo com a complexidade de ambientes, o PNSC protege uma alta biodiversidade, constituída por espécies ameaçadas de extinção, tais como “o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), o tamanduá bandeira (Myrmecophaga trydactyla), o tatu bola (Tolypeutes tricinctus), a onça pintada (Panthera onca)” (ICMBio, 2019, p. 15) entre outros. Logo, o parque possui uma função imprescindível não somente em relação aos registros rupestres, mas também em relação à fauna, cumprindo o objetivo das UC de proteger o patrimônio ecológico e cultural. DISCUSSÕES E RESULTADOS As Unidades de Conservação estão sobre forte pressão, principalmente pelo avanço da atividade da agropecuária e mineral o que promove desmatamento mesmo em áreas protegidas legalmente como aponta o Relatório Ambiental de Desmatamento (RAD, 2021), ao afirmar que, “do total de 2.181 Unidades de Conservação (UCs) federais e estaduais terrestres registradas no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), 252 UCs (11,6%) tiveram pelo menos um evento de desmatamento” (RAD, 2021, p. 58). Tais eventos distribuem-se como apontado na Tabela 1: Tabela 1 Área desmatada por UC no Brasil Área desmaiada (hectares) por tipo de Unidade de Conservação no Brasil em 2019, 2020 e 2021 TIPO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO (PI) 2019 (ha) 2020 (ha) 2021 (ha) Estação Ecológica 3.472 1.516 5.115 Monumento Natural 31 0 Parque Nacional 2.011 2.510 2.491 Parque Estadual 1.205 1.293 4.182 Reserva Biológica 1.649 12.720 921 Refúgio de Vida Silvestre 7 8 252 Fonte: Adaptado de RAD (2021). Os avanços relativos à discussão sobre Unidades de Conservação apontam que, mesmo possuindo um arcabouço jurídico-administrativo robusto, as UC sofrem com a degradação ambiental. Para além dos problemas dos avanços da monocultura e da mineração, há também o problema das verbas destinadas a esses parques. Abujamra (2023, p. 223) assinala que o PNSC “chegou a contar com 28 guaritas, tendo duas mulheres em cada posto. Com a constante falta de verba, a maior parte foi fechada”. Afirma, ainda, que, “em 2017, caçadores invadiram uma das áreas fechadas para visitação e atiraram em três vigias. Um deles morreu” (ABUJAMRA, 2023, p. 223). A falta de repasses de recursos por parte dos governos federal e estadual faz com que muitos dos atrativos, como o apresentado na Figura 02, corram o risco de ficar sem manutenção e sem monitoramento, podendo vir a sofrer degradação. Figura 2 Toca do Boqueirão da Pedra Furada Foto: Aguiar Junior, 2020. Como apontado por Carvalho (2015), o Estado desempenha um papel fundamental como incentivador do turismo no Brasil. No entanto, no que diz respeito à criação do Parque Nacional Serra da Capivara (PNSC), o crédito pode ser atribuído a Niède Guidon, uma figura proeminente nesse contexto. Além de ser a idealizadora do parque, é também fundadora da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e uma renomada pesquisadora, que revolucionou o mundo da arqueologia ao questionar o modelo de ocupação conhecido como “Clovis First”, que até então explicava a ocupação do continente americano. As investigações e descobertas de Guidon colocaram em xeque a referida teoria, levando a uma nova compreensão sobre a idade da presença humana nas Américas. Em 2008, Niède chegou a afirmar que existiam evidências de que havia ocupação humana no Piauí há 100 mil anos, um marco significativo na história arqueológica do país (ABUJAMRA, 2023). O desenvolvimento do turismo na região recebeu apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que, após realizar diversos estudos, reconheceu que o investimento no turismo seria a melhor opção para o crescimento e o desenvolvimento da área. Nesse contexto, a criação do Parque Nacional Serra da Capivara (PNSC), mesmo ocorrendo antes da instituição das Unidades de Conservação (UC), está alinhada com os objetivos do ecoturismo e da conservação ambiental. A preservação do PNSC é de extrema importância para a conservação da fauna e da flora da região, assim como para a preservação dos registros rupestres encontrados no local. O parque abriga uma ampla diversidade de registros arqueológicos, que retratam atividades como caça, celebrações, vida social, danças e outros aspectos culturais, conforme ilustrado na Figura 3: Figura 3 Figuras rupestres na toca do Boqueirão da Pedra Furada Fotos: Aguiar Junior, 2020. Além da importância de salvaguardar o patrimônio cultural e ecológico, há também, no parque, uma estrutura que atende aos visitantes e converge com outro elemento do ecoturismo, que “são as placas, os painéis de informações dos sítios”, informações que ajudam no desenvolvimento da turismo no PNSC (OLIVEIRA et al.,2022, p. 71). Dessa forma, percebe-se que o Parque Nacional da Serra da Capivara converge todos os elementos que estão presentes no entendimento do que seja atividade ecoturística. No livro Niède Guidon, uma arqueóloga no sertão, a pesquisadora e idealizadora do Parque expressa sua preocupação em relação ao número insuficiente de visitantes recebido pelo Parque Nacional Serra da Capivara (PNSC) anualmente, quando comparado a outros parques no Brasil e no mundo. Determinada a solucionar esse desafio, Guidon propôs a construção de um aeroporto, mas a ideia foi inicialmente recebida com críticas e, depois de aceita, a construção demorou décadas para ser concluída. Durante um longo período, o aeroporto ficou sem receber voos devido à baixa de demanda por parte das companhias aéreas. Os aeroportos mais próximos do Parque, que possuem voos para grandes cidades brasileiras, estão situados em Petrolina-PE, a 302 km de São Raimundo Nonato, e em Teresina, a 526 km de distância. Isso parece desmotivar os turistas de outros países e mesmo de outros estados do Brasil a visitarem o PNSC, visto que, segundo Oliveira Filho e Monteiro (2009), 50,82% dos turistas que visitam o Parque são piauienses. Cabe lembrar, contudo, que a distância não pode ser o único fator a ser considerado, uma vez que os Parques Nacionais da região Nordeste ligados ao turismo de Sol e Praia – como Jericoacoara, Lençóis Maranhenses e Fernando de Noronha – também se encontram distantes dos grandes centros indutores das regiões Sul e Sudeste e possuem difícil acesso, mas recebem elevado contingente de turistas. Recentemente, no entanto, houve uma mudança que pode ser positiva nesse cenário. A companhia aérea Azul passou a oferecer voos que conectam São Raimundo Nonato a Petrolina e Recife, em Pernambuco (GLOBO, 2022). Os novos voos são um marco significativo para a região, facilitando o acesso de turistas e entusiastas da arqueologia ao PNSC. Ademais, a iniciativa da companhia aérea representa um reconhecimento do potencial turístico e histórico do parque, que abriga importantes sítios arqueológicos e pinturas rupestres de valor inestimável. O pensamento de Niède coincide com as descobertas do estudo intitulado “Contribuições do turismo em Unidades de Conservação para a economia brasileira: efeitos dos gastos dos visitantes em 2018”, realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Esse estudo apresenta as contribuições econômicas do turismo por Unidade de Conservação, e o PNSC ocupa a 34ª posição nessa lista. Por fim, das 33 UC que estão à frente do PNSC, 32% delas estão localizadas na região Sudeste, como mostrado no gráfico da Figura 4. Figura 4 Contagem de UC por Unidade Federativa Fonte: Elaborado pelos autores. É importante ressaltar que a região Nordeste conquistou o segundo lugar (29%) nesse ranking, graças às Unidades de Conservação associadas ao turismo de Sol e Praia, tais como o Parque Nacional de Jericoacoara, a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba. Essas informações reforçam a importância de valorizar e promover o turismo em áreas de conservação como o PNSC. Com estratégias adequadas de divulgação, infraestrutura e transporte, é possível atrair mais visitantes e estimular o desenvolvimento econômico sustentável da região, alavancando as riquezas naturais e culturais oferecidas pelo parque. O Turismo de Sol e Praia continua sendo o principal impulsionador do turismo na região nordeste, especialmente quando se trata de áreas protegidas, como as Unidades de Conservação (UCs). No entanto, em meio à narrativa global em torno de áreas naturais e à possibilidade de diversificação dos investimentos, é essencial priorizar outras áreas destinadas ao turismo ligado à natureza. Isso envolve investimentos em marketing, bem como a alocação de recursos federais e estaduais. Os ganhos econômicos provenientes do turismo em Unidades de Conservação são notáveis, como indicado na tabela 02. Portanto, é crucial explorar o potencial dessas áreas e promover seu turismo de forma sustentável. Diversificar as opções turísticas em UCs além do Turismo de Sol e Praia pode atrair visitantes com diferentes interesses, aumentando assim o fluxo de turistas e proporcionando benefícios econômicos para a região. Tabela 2 Contribuições econômicas do turismo por unidade de conservação Nome N° de visitantes Total de Gasfos do Visitantes Contribuição dos Gastos dos Visitantes Total de Vendas Total de Remuneração Total Valor Aregado Total Emprego Tolal Impostos (1º) Parque Nacional da Tijuca 2.655.556 R$416.062.325,10 R$ 1.464.518.271.S9 R$384.641.370.47 R$ 547.338.739,72 13.109 R$ 206.111.384.83 (2º) Parque Nacional do Iguaçu 1.895.628 R$ 294.516.006,06 R$ 808.753.854,05 R$ 216.365.704,3 R$ 323.703.727.09 7.833 R$ 160.578.752,54 (3º) Reserva Extrati vista Marinha Arraial do Cabo 1.156.698 R$ 179.711.459,83 R$ 493.495.541,04 R$ 132.024.731.34 R$ 197.521.588.48 4.779 R$ 97.983.951,44 (4º) Parque Nacional de Jericoacoara 1.091.829 R$ 158.909.517,53 R$ 432.207.318,78 R$ 117.876.231.98 R$ 167.007.104,36 4.616 R$ 92.668.388.91 Nome N° de visit antes Total de Gastos do Visitantes Contribuição dos Gastos dos Visitantes Total de Vendas Tolal de Remuneração Tolal Valor Aregado Total Emprego Total Impostos (5º) Parque Nacional da Serra da Bocaina 700.915 R$ 108.898.310.42 R$ 299.039.530.76 R$80.001.966.43 R$ 119.690.571.08 2.896 R$ 59.374.548.35 (34ª) Parque Nacional da Serra da Capivara 20.872 R$ 2.586.200,29 R$ 6.257.386.55 R$ 1.661.025,42 R$ 2.334.668,69 76 R$ 1.711.936,65 Fonte: Adaptado de Souza e Simões (2019). Os desafios enfrentados pelo Parque Nacional Serra da Capivara (PNSC), em seus estágios iniciais, como a remoção da população local, geraram grande revolta e até ameaças a Niède Guidon, como relatado por Abujamra (2023). No entanto, aparentemente, esses problemas foram superados pelos benefícios resultantes da atividade turística promovida pelo PNSC. Um estudo quantitativo realizado por Oliveira Filho e Monteiro (2009) revelou que a maioria da população local, residente em São Raimundo Nonato e Coronel José Dias, reconhece o PNSC como uma fonte geradora de renda, além de ser um espaço de preservação da natureza e difusão da cultura. Essa percepção positiva da comunidade local em relação ao parque é uma indicação importante dos benefícios socioeconômicos e culturais proporcionados pelo turismo no PNSC. Além de impulsionar a economia da região, a atividade turística também contribui para a preservação da natureza e para a divulgação da rica cultura presente no parque. O trabalho de proteção e conservação do patrimônio arqueológico encontrado na região em questão demanda mão de obra para as mais diversas atividades, desde as mais elementares até as mais especializadas, e muito desse trabalho é realizado pela população local. Ademais, o Parque necessita de fiscais, condutores, atendentes e outros funcionários, cuja mão de obra também é proveniente da própria região. A criação de Unidades de Conservação tem sido objeto de intensos debates e pesquisas, como evidenciado por estudos como os de Pureza, Pellin e Padua (2015), Castro Júnior, Coutinho e Freitas (2012), Coelho, Cunha e Monteiro (2012), Diegues (2008) e Almeida (2014). Essas pesquisas destacam as disputas acirradas em torno do direito à terra, que surgem com a implantação dessas unidades. No entanto, à medida que as Unidades de Conservação são estabelecidas e o Estado oferece suporte para sua estruturação, a população local começa a compreender a importância dessas áreas protegidas. Além disso, elas passam a ser beneficiadas tanto direta quanto indiretamente por essas iniciativas. Consequentemente, a percepção das Unidades de Conservação pela população local melhora consideravelmente. Essa mudança de perspectiva resulta em uma percepção positiva, que pode estimular a geração de renda e a conservação ambiental e cultural. Dados apresentados por Souza e Simões (2019) mostram haver um retorno financeiro das Unidades de Conservação, bem como de proteção à fauna e à flora, principalmente em relação aos animais ameaçados de extinção, como apresentam Aguiar Junior e Barros (2023). Como já explicado, as UCs possuem um grande potencial para salvaguardar patrimônios biológicos e culturais, juntamente com o impulsionar do crescimento local. Pode-se materializar essa teoria no município de São Raimundo Nonato/PI. A população de São Raimundo Nonato, segundo dados do IBGE de 2010, era de 32.327 pessoas, o que a colocava em 14º lugar no ranking dos municípios mais populosos do estado do Piauí. Essa posição evidencia sua relevância entre as cidades do seu entorno. No entanto, de acordo com dados mais recentes do IBGE, em 2021, estima-se que a população da cidade ultrapasse 35 mil habitantes. Embora essa quantidade possa ser considerada de “pequeno porte”, de acordo com Maia (2010), Ribeiro (2015) argumenta que poucos municípios no País possuem uma população entre 30 e 35 mil habitantes, o que caracteriza São Raimundo Nonato como um município de “médio porte”. Essa caracterização é respaldada pela presença de uma quantidade adequada de equipamentos públicos em relação ao tamanho do município. A existência desses equipamentos públicos em São Raimundo Nonato é fundamental para a organização, o suporte e a subsistência das cidades circunvizinhas, o que coloca a cidade como um centro polarizador dos serviços na região (RIBEIRO, 2015, p. 87). Essa infraestrutura pública disponível contribui para a garantia de um ambiente propício para o desenvolvimento das atividades e para a oferta de serviços essenciais à população não apenas de São Raimundo Nonato, mas também das localidades vizinhas. O crescimento do município de São Raimundo Nonato/PI pode ser creditado, principalmente, à criação do Parque Nacional da Serra da Capivara e aos projetos vinculados à existência do patrimônio arqueológico, visto que as atividades de turismo e de pesquisa que ocorrem em função da UC acabam fomentando várias ações que repercutem na geração de renda e em qualificação para a população, tais como o surgimento de pousadas, hotéis, bares e restaurantes, além da implementação de instituições públicas de ensino técnico e superior. A criação da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), em 1986, ajudou a fomentar uma série de projetos na região, a exemplo do Museu do Homem Americano, localizado na sede da FUMDHAM, em São Raimundo Nonato, e, mais recentemente, em 2019, do Museu da Natureza, localizado na zona rural de Coronel José Dias (Figura 5). Figura 5 Imagens do Museu do Homem Americano e do Museu da Natureza (a) Museu do Homem Americano, (b) crânio de Zuzu (c) Fundação Museu do Homem Americano (d) Esqueleto de Bicho Preguiça encontrado na região. Fotos: Aguiar Junior e Barros, 2021. Além de turistas, os museus recebem grupos de estudantes, tanto de escolas quanto de universidades, e, assim, empregam, de forma direta, instrutores, atendentes, pesquisadores e equipes de manutenção; ressalta-se que o Museu da Natureza possui uma estrutura maior e conta até com lanchonete. Em ambos é possível adquirir livros e souvenires que fazem referência ao Parque. Nos arredores do Museu da Natureza, há um restaurante, uma pousada, uma fábrica de camisetas e a fábrica da Cerâmica Serra da Capivara. A Cerâmica Serra da Capivara foi fundada em 1992, por Niéde Guidon, e atualmente encontra-se sob a gestão da Rede Artesol – Rede Nacional do Artesanato Solidário. O Grupo Cerâmica Artesanal Serra da Capivara emprega cerca de 30 artesãos, que vivem no entorno do Parque. O projeto busca aliar geração de renda, inclusão social e preservação ambiental, prezando pela qualificação dos artesãos e pela passagem do conhecimento às gerações futuras, assim como por práticas de manejo consciente (a retirada da argila é feita em barreiros assoreados, auxiliando no desassoreamento, e a queima das peças é realizada em forno a gás, ao invés de a lenha). É possível encontrar e adquirir as peças de cerâmica da Serra da Capivara em vários lugares do Brasil e até no exterior. Para que seja garantida a sustentabilidade das ações desenvolvidas no PNSC e no seu entorno, a FUMDHAM também desenvolve projetos socioculturais nas comunidades ali existentes, tais como horticultura, educação patrimonial, educação ambiental, oficinas de artesanato e cerâmica, o projeto Pequeno Arqueólogo e oficinas de dança e artes em geral. Desde 2017, com exceção de 2020 e 2021, ocorre, no anfiteatro da Pedra Furada, localizado no interior do Parque (Figura 6), o evento Ópera da Serra da Capivara. Trata-se de uma grande apresentação, com a presença de artistas piauienses e de outras regiões, que busca valorizar o patrimônio da Serra da Capivara e a cultura ancestral local. Figura 6 Anfiteatro da Pedra Furada Fotos: Aguiar Junior e Barros, 2021. O espetáculo, que tem atraído público de todo o Brasil e do exterior, ajuda a apontar ainda mais a importância social e econômica do rico patrimônio natural e cultural ali presente, pois, além de divulgar o Parque e a cultura da região, em sua execução prioriza-se a contratação de mão de obra local, “da marcenaria, ao serralheiro; no transporte, na alimentação das equipes; no receptivo, o balé, os artistas e mais”, conforme explica a diretora-geral da ópera Sadia Castro (G1, 2023). Tais projetos ajudam a fixar a comunidade na região, trazendo perspectivas para as crianças e os jovens que ali vivem, que já crescem entendendo a importância da conservação desse patrimônio e sabendo que é possível ter renda sem que haja necessidade de degradar. Além disso, destaca-se a instauração, também em São Raimundo Nonato, dos campi da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), do Instituto Federal do Piauí (IFPI) e da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), onde funcionam os cursos de Antropologia, Licenciatura em Química, Ciências da Natureza e o mais antigo curso de Arqueologia em andamento no Brasil em universidade pública (UNIVERSIDADE..., 2016). Inicialmente, a partir de 2004, as atividades do curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial eram realizadas em instalações provisórias cedidas pela Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e somente em 2008, quando foram concluídas as obras do Campus Serra da Capivara, passaram a funcionar em local próprio. Na Uespi, são ofertados cursos de licenciatura e no Instituto Federal, além das licenciaturas, há cursos técnicos e tecnológicos, destacando-se os de Administração, Gastronomia, Restaurante e Bar, Informática, Cozinha e Guia de Turismo, que, claramente, visam atender à demanda por esse tipo de mão de obra na região. Diante do exposto, torna-se evidente ser o ecoturismo uma atividade que tem elevado potencial para aliar a conversação ambiental e patrimonial à geração de renda das populações que podem ser beneficiadas dessa atividade. CONCLUSÃO A atividade ecoturística é amplamente reconhecida como uma forma de turismo de baixo impacto ambiental e cultural, trazendo benefícios significativos para a geração de renda e contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento de comunidades locais. O ecoturismo, fundamentado em princípios de sustentabilidade ecológica e cultural, encontra nas Unidades de Conservação, sejam elas de Proteção Integral ou de Uso Sustentável, um ambiente propício para sua prática. Diversos estudos comprovam os benefícios diretos e indiretos do ecoturismo desenvolvido em Unidades de Conservação (UC) não apenas para as comunidades locais, mas também para os municípios vizinhos. O bioma Caatinga é caracterizado por baixos índices de precipitação pluviométrica e escassez de água, o que torna muitas atividades econômicas inviáveis nessa região. No entanto, é nesse bioma que se encontra um dos maiores sítios arqueológicos do mundo, localizado no Parque Nacional da Serra da Capivara, uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. A Profa. Dra. Niède Guidon, nos anos 1960, reconheceu a importância desse espaço e a necessidade de conservá-lo, além de buscar formas de gerar renda para a população local por meio da exploração do parque com atividade ecoturística, de baixo impacto ambiental e cultural. Enfrentando desafios semelhantes à criação de UC pelo Brasil, como a necessidade de desapropriação das terras da população local e as correspondentes indenizações, Niède percebeu que, sem uma infraestrutura adequada, seria difícil atrair turistas para a região. Nesse sentido, ela idealizou a construção de um hotel dentro do parque, bem como a instalação de um aeroporto. Além disso, em parceria com instituições como o Instituto Chico Mendes (ICMBio), ela promoveu cursos para qualificar a mão de obra local, reconhecendo que o turismo não se desenvolveria na região sem uma equipe capacitada. Apesar dos esforços para promover o ecoturismo no Parque Nacional da Serra da Capivara, que continua enfrentando dificuldades financeiras que advém da falta de recursos de âmbito Nacional e estadual, bem como o baixo número de turistas que recebe em relação a outras UCs, o PNSC consegue atender na prática as idealizações acerca da atividade ecoturística. Durante o percurso da sua consolidação como Unidade de Proteção Integral, Parque Nacional Serra da Capivara, percebe-se uma evolução na infraestrutura como construção de hotel no parque, a construção do Museu do Homem Americano e Museu da Natureza, a consolidação do Grupo Cerâmica Artesanal Serra da Capivara emprega cerca de 30 artesãos. Além das placas informativas ao longo do PNSC, bem como continua formação dos guias do parque. Em conclusão, estudos e fatos demonstram que o ecoturismo é uma atividade econômica importante que está alinhada com a conservação ambiental e a geração de renda. Isso se aplica diretamente às Unidades de Conservação, e mesmo diante de muitas dificuldades, percebe-se que há, de fato, a realização da prática ecoturística. O tripé de sustentação da atividade ecoturística: geração de renda local, conservação ambiental e cultura e educação ambiental é realizada e oportunizada pelo PNSC. O Parque Nacional da Serra da Capivara proporcionou a municípios, como São Raimundo Nonato (PI), a terem crescimentos econômicos que por sua vez repercutiu de forma direta na população local que pode implicar em menor taxa de migração para outros municípios ou até regiões por vislumbrarem possibilidades de ganhos econômicos. Alinhado a perspectiva de renda, ainda possuem possibilidades de obterem uma formação acadêmica pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi), do Instituto Federal do Piauí (IFPI) e da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), onde funcionam os cursos de Antropologia, Arqueologia e Preservação Patrimonial, Licenciatura em Química e Ciências da Natureza. Dessa forma, é incontestável afirmar que a teoria subjacente ao conceito de ecoturismo encontra sua materialização no Parque Nacional da Serra da Capivara (PNSC). Entretanto, para solidificar ainda mais o setor ecoturístico, especialmente dentro das Unidades de Conservação (UCs), é imperativo intensificar os esforços no sentido de atrair um fluxo crescente de visitantes. Somente por meio desse incremento nas visitações é que o setor turístico voltado para a apreciação da natureza poderá plenamente afirmar-se no âmbito nacional, apresentando-se como uma alternativa sólida e atrativa em comparação aos segmentos convencionais, como o turismo de praia e sol. NOTAS i “Some sources list Hot Springs in Arkansas as the first national park. Set aside in 1832, forty years before Yellowstone was established in 1872, it was actually the nation’s oldest national reservation, set aside to preserve and distribute a utilitarian resource (hot water), much like our present national forests. In 1921, an act of Congress established Hot Springs as a national park.” Disponível em https://www.nps.gov/yell/learn/historyculture/yellowstoneestablishment.htm. Acesso em: 2 jun. 2023. REFERÊNCIAS AB'SABER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. AB'SABER Aziz Nacib. 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F. d contributed to the elaboration realization and manipulation of the data and writing (a) Federal University of Goiás Goiânia GO Brazil PhD in Geography. Associate Professor at Federal University of Goiás, Goiânia (GO), Brazil. (b) Municipal Network in Goiânia Goiânia GO Brazil PhD in Geography. Professor at the Municipal Network in Goiânia, Goiânia (GO), Brazil (c) Federal University of Goiás Goiânia GO Brazil Master's student in Geography at Federal University of Goiás, Goiânia (GO), Brazil. (d) Pontifical Catholic University of Goiás Goiânia GO Brazil PhD in Environmental Sciences. Assistant Professor at Pontifical Catholic University of Goiás, Goiânia (GO), Brazil. (*)CORRESPONDING AUTHOR Address: Federal University of Goiás, Institute of Socio-Environmental Studies. Campus Samambaia, PO Box 131 - Vila Itatiaia - CEP: 74001970 - Goiânia, GO - Brazil - Telephone: (62) 35211077 - Extension: 214 E-mail: juliana@ufg.br Editors in Charge Alexandra Maria Oliveira Alexandre Queiroz Pereira Abstract Ecotourism faces the challenge of balancing environmental and cultural preservation with sustainable development and local income generation. Since the Stockholm Conference in 1972, environmental conservation has gained relevance on government schedule. The establishment of Conservation Units (CUs) has led to the implementation of administrative and political mechanisms to safeguard specific ecosystems. These spaces not only protect the environment but also enable indirect use through tourism, with an emphasis on ecotourism. This study aims to evaluate whether the ecotourism practices adopted in the Serra da Capivara National Park (PNSC), located in Piauí, align with the theoretical framework that underpins this tourism segment. Using a Case Study methodology, which includes visits to PNSC, literature review, and photographic documentation, it was found that this Integral Conservation Unit is in line with the guidelines advocated by ecotourism. Keywords: Conservation Unit Serra da Capivara National Park Ecotourism INTRODUCTION Tourism, as we know it today, had its origins in the Industrial Revolution, although it had been practiced before that. It was from industrialization that technological advances allowed the development of mass tourism, in addition to the creation of a middle class, as pointed out by Barretto (2003) and Santos (2014), and the concept of leisure as we know it (DUMAZEDIER, 2008). Spatial transformations are also the result of political-economic ones, which directly impact on tourism activity. Tourism, following a market logic, is segmented to serve different niches, such as cultural, hedonistic, rural, nature, mass, ecotourism, among others. In Brazil, sun and beach tourism developed the most, due to the country's extensive coastline, featuring beaches of incomparable scenic beauty. However, the inadequate exploitation of this segment resulted in issues like sexual exploitation, as discussed by Kajihara (2010), who points out the way in which postcards, especially from the 1990s, objectified the body of Brazilian women. Despite this, Brazil, as a continental country with several distinct landscapes, is able to diversify the touristic product, meeting needs beyond mass tourism, in which sun and beach tourism fits. In this sense, and in response to a growing demand for a more diversified exploitation of Brazilian tourism, as well as to disassociate the country's image from sexual tourism, nature tourism, especially ecotourism, is beginning to acquire relevance. Ecotourism is based on environmental and cultural conservation, income generation and environmental education, as pointed out by Neil and Wearing (2001), Rodrigues (2003) and Furlan (2003). Beni (2001) makes a distinction between nature tourism and ecotourism, with the first focusing on observation and interaction with nature, while the second has a proposition that goes beyond observation, with rules to be followed and distinct infrastructure, in addition to opportunities for environmental education. In this context, Conservation Units (CUs) gain even more relevance, as they offer environmental protection and income generation for local populations through the use of ecotourism. A case study methodology has been adopted for this work, in order to analyze the complexity of the phenomenon in question, which is the ecotourism activity in the full protection Conservation Unit Serra da Capivara National Park, located in the state of Piauí, Brazil. Furthermore, a bibliographic and statistical survey has been carried out to describe and assess the ecotourism activity in the region, with primary data being collected through field research and photographic records, in addition to data collection on official websites. The goal of the study was to evaluate whether the Serra da Capivara National Park offers favorable conditions for the development of ecotourism activities, as the literature points out, and whether it can induce economic growth in nearby municipalities. ECOTOURISM: A PATHWAY TOWARDS THE SUSTAINABLE USE OF NATURAL ELEMENTS Ecotourism is a segment of tourism with low environmental impact, which “is oriented towards areas of significant natural and cultural value, which through recreational and educational activities contributes to the conservation of biodiversity” (RODRIGUES, 2003, p. 29). In addition to contributions to safeguarding natural and cultural elements, this segment also contributes economically to the livelihood of the local population, through their engagement. Wearing and Neil (2001) establish fundamental elements so that tourism activity can have an eco-label: firstly, the trip activities are to be done in relatively protected natural areas, according to context of the visited area's natural environment of the area to be visited; secondly, the activity needs to promote environmental protection; and, finally, it needs to feature an educational role. In the book Ecotourism: basic guidelines, ecotourism is conceptualized as [...] a segment of touristic activity that uses, in a sustainable way, natural and cultural heritage, encourages its conservation and seeks to form an environmental awareness through the interpretation of the environment, promoting the well-being of populations. (BRASIL, 2010, p. 17). As complex as the definition of ecotourism is, as it adopts the ideas of environmental ethics, behavior analysis, environmental education and income generation, there is a convergence of elements between authors such as Furlan (2000), Rodrigues (2003), Rodrigues (2003), Wearing and Neil (2001), Aranha and Guerra (2014), among others, which are environmental and cultural protection, environmental education, and income generation for the local population. It is worth highlighting that the interest in developing ecotourism activity arises from a global narrative of environmental conservation, which has been consolidating since the United Nations Conference on Human Development and Environment, held in Stockholm, Sweden, in the year 1972. From this movement, many others took place with the aim of drawing attention to anthropic actions on natural elements, as was the case of the United Nations Conference on Environment and Development, held in 1992, in Rio de Janeiro, known as such as Eco-92 or Rio-92, and several others that followed. In the growing demand for natural protection, tourism used this resource to diversify its segments, creating some of those segments linked to nature, among them: Nature Tourism, Rural Tourism and Ecotourism, the latter being more complex, as stated by Martins and Silva (2018). Beni (2001) points out that ecotourism has a greater scope than other tourism forms linked to the nature segment. Ecotourism is seen and linked to Low Impact tourism, promoting minor damage to nature and local culture, in addition to being seen as a vehicle that can increase perception and understanding in relation to environmental values (WEARING; NEIL, 2001). Ecotourism activity, of Low Impact, is a segment that goes in the opposite direction of mass tourism, this latter pointed out by Barretto (2003) as one in which the tourist does not want to experience local experiences and also wants the elements of the place visited to be similar to the elements in their place of origin. Krippendorf (2001, p. 50) also outlines some characteristics about this tourism, which are in line with those presented by other authors: “the trip is motivated much more by the desire to leave something than by the desire to go somewhere; the fact of escaping from the ordinary daily life plays a more important role than the genuine interest on the regions and populations visited”. The mass tourist is often seen as someone who wants to [...] abandon themselves, have fun, be spoiled and, perhaps, even take on the role of a character that they cannot play on a day-to-day basis, behaving like a “king guest” during a short moment and be treated as such; in short, have the feeling of being someone important. (KRIPPENDORF, 2001, p. 51). Therefore, in ecotourism, there is an attempt, often exaggerated, to promote a change in the perception of the view in relation to the natural environment, trying to attribute to this point of view a criticality that, for Debord (1997), becomes difficult, given that we increasingly live in what we can call a society of the spectacle, where there is no longer room for 'being', nor for 'having', but rather for 'appearing to be'. It is a society anchored in the fluidity of experimentation, where the notion of leisure differs from that of Dumazedier (2008 p. 95), according to which [...] it is not fundamentally subject to any profitable purpose, such as professional work, to any utilitarian purpose, such as household obligations, to any ideological or proselytizing purpose, such as political or spiritual duties. In leisure, enjoying, physical, artistic, intellectual or social activities are not in the service of a material or social purpose. Both Debord (1997) and Dumazedier (2008), when problematizing elements that permeate ecotourism activity, make it more difficult to materialize what is expected from ecotourism in relation to ecotourism, even more so as tourism and its segments are experienced differently by part of individuals (PANOSSO NETTO, 2005). Therefore, an analysis of ecotourism from the (eco) tourist's point of view becomes difficult and, therefore, the basis for observing the practice of ecotourism must be the space where it develops, and not the subject who experiences this space. CONSERVATION UNIT AND THE PRAXIS OF ECOTOURISM With the growing increase in awareness regarding environmental issues, mainly from the 1970s onwards (CASTRO JÚNIOR; COUTINHO; FREITAS, 2012; PUREZA; PELLIN; PADUA, 2015), driven by international conferences – such as Eco-92 and Rio+10 –, ideas and measures for environmental conservation gained more relevance. In this context, demarcated areas with the aim of preserving natural elements began to receive more prominence and more robust legal-administrative support. It is in this context in which a fundamental legal instrument emerges, that is complementary to other existing ones, for the conservation efforts of certain areas: the National System of Conservation Units (Snuc), regulated by Law No. 9.985/2000, which establishes criteria and guidelines for the creation, implementation and management of conservation units nationwide. The conception of the first National Parks in the United States, with Yellowstone National Park being the first to be created in 1872, influenced the creation of protected areas in Brazil. From the preservationist and conservationist movement towards the creation of areas to protect the natural environment, different positions later emerged in terms of thinking about environmental protection areas.i The process of creating Snuc, as pointed out by Castro Júnior, Coutinho and Freitas (2012, p. 45), was “marked by eight years of clashes between landowners, productive sectors and environmentalists, in addition to intense debates between preservationists and conservationists”. These divergences arose mainly in relation to the demarcation and use of protected areas. One of the central points of these clashes concerns the difference between the approaches known as “deep ecology” and “shallow ecology”. As observed by Lourenço (2019), the disagreements between both standpoints are anchored in the view that a shallow ecology group would be mainly concerned with a specific aspect of environmental problems, while deep ecology argued that there were more complex and profound issues to be debated. The shallow ecology group tends to emphasize specific solutions, often related to immediate and short-term problems, without addressing the deeper roots of environmental challenges. On the other hand, the deep ecology group seeks a more comprehensive and integrated understanding of environmental problems, considering the interconnections between natural systems and related social and economic issues. It is important to highlight that both perspectives contribute significantly to environmental conservation. While shallow ecology can offer practical and quickly implemented solutions, deep ecology draws attention to the need to address the underlying causes of environmental problems, taking into account issues such as social justice, sustainability and respect for ecological limits. However, conceptual divergences end up slowing the pace of changes in relation to environmental protection. In addition to conceptual issues, in the economic field there was a partnership between the “Brazilian government and the Inter-American Development Bank (IDB)” (PUREZA; PELLIN; PADUA, 2015, p. 50), through which protected areas began to receive more highlight, with the main objective being to strengthen public institutions and environmental bodies that aimed to implement and manage environmental protection areas. It is important to point out that environmental issues, especially regarding the formation of territory, become a political issue. In this sense, Castro Júnior, Coutinho and Freitas (2012, p. 47-48) state that [a] discussion about nature protection is eminently political and, as such, involves disputes between specific and often conflicting interests, especially with regard to land use. In the Brazilian case, this political aspect becomes strongly present. Souza (2019, p. 198) also point to political aspects when referring to environmental issues, including explaining that [...] an additional aspect to be taken into account when analyzing conflicts and environmental impacts are the spatial practices of the agents involved. A spatial practice is a social practice whose spatiality is strong and direct; a “politics of scales” is an example of spatial practice. Considering the political-economic interferences, it is necessary to create legal-administrative mechanisms to keep them under control. Some of those interferences deem environmental conservation as an antagonistic thought to economic growth. These control mechanisms help and expand Snuc’s capacity to “enhance the role of UCs, so that they are planned and managed in an integrated manner, in a way through which significant and ecologically viable samples of different populations of species, habitats and ecosystems are adequately represented in the national territory and in jurisdictional waters” (BRASIL, 2022). Among the mechanisms we can mention Decree No. 5.758/2006 (establishes the National Strategic Plan for Protected Areas – Pnap), Decree No. 9.334/2018 (establishes the National Plan for Strengthening Extractive and Riverine Communities – Planafe) and Decree No. 6.040/2007 (establishes the National Policy for the Sustainable Development of Traditional Peoples and Communities). The entire legal-administrative apparatus created to reinforce the SNUC means that the Conservation Units, if well managed, can be essential for the development of ecotourism, with the UCs being divided as shown in Table 1: Table 1 Group and categories of Conservation Units Full protection Sustainable use These are Conservation Units whose basic objective is to preserve nature, freeing it, as much as possible, from human interference; with them, as a rule, only the indirect use of natural resources is allowed, i.e., the one which does not involve consumption, collection, damage or destruction, excepting the cases provided for in the Law of the National System of Conservation Units (Snuc). Categories: Ecological Station (Esec), Biological Reserve (Rebio), National Park (Parna), Natural Monument (MN) and Wildlife Refuge (Revis). These are Conservation Units whose basic goal is to make nature conservation compatible with the sustainable use of part of its natural resources. They aim to reconcile the exploitation of the environment with ensuring the perpetuity of renewable natural resources, considering ecological processes, in a socially fair and economically viable way. Categories: Environmental Protection Area (APA), Area of Relevant Ecological Interest (Arie), National Forest (Fiona), Extractive Reserve (Resex), Fauna Reserve (Refau). Sustainable Development Reserve (RDS) and Private Heritage Natural Reserve (RPPN). Source: ICMBio (2020). It can be seen that, in the Full Protection Conservation Unit (PI), even though there is a more restricted use, the use of natural resources is still allowed indirectly. It is at this point that ecotourism adds value to the UC, as it can, at the same time, generate income for the local population and provide environmental and cultural conservation (AGUIAR JUNIOR; BARROS, 2023). While the territorial management of Conservation Units equalizes tensions, especially land tensions, UCs are able to materialize the theoretical framework of ecotourism, even in the face of the existing paradoxes in this praxis. This, however, does not obscure the importance of this segment for sustainable development, which is what Sachs (2004) proclaimed, that is, an inclusive development that can provide decent work for everyone. FULL PROTECTION AREA: SERRA DA CAPIVARA NATIONAL PARK AND ECOTOURISM ACTIVITY The Serra da Capivara National Park (PNSC) (Figure 1), created by Decree No. 8.548/1979, is located in the southeast of the state of Piauí, in the Caatinga biome, with the municipalities of João Costa, Coronel José Dias, São Raimundo Nonato and Brejo do Piauí. The surface area of the PNSC is 129,140 ha and its perimeter is 214 km (BUCO, 2013). The park is in the Full Protection group of conservation units and has the largest concentration of cave paintings in the world (BUCO, 2013), which is why it was listed by the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) as a world heritage site in 1991, and also by the National Historical and Artistic Heritage Institute (Iphan), in 1993. Figure 1 Location of Serra da Capivara National Park Preparation: authors (2023). It is important to highlight that the PNSC is located in the caatinga biome, as this “is considered, among the main biomes in Brazil, the only exclusively Brazilian one, which means that a large part of the biological heritage of this region is not found elsewhere” (BUCO, 2013, p. 1). The biome is known for having a semi-arid climate, according to the Köppen classification, [...] features many extreme characteristics, among which are: the highest solar radiation, low cloudiness, the highest average annual temperature, the lowest relative humidity rates, high rates of potential evapotranspiration and, above all, low levels rainfall and scarcity of water supply. (MOURA, 2021). In general, little rainfall in the semi-arid region occurs from September to March, with totals that do not usually exceed 800 mm. Associated with this irregularity in the rainfall regime, the large amount of solar radiation results in increased evaporation rates, which, in turn, impact the development of local species (MOURA, 2021). The climatic characteristics and attributes resulting from the climate make this region one of the most difficult places to live, as Ab'Saber (2003) points out, in addition to the fact that traditional indigenous practices, such as burning natural areas for agriculture, invasion of lands and illegal hunting are in use. Added to this is the historical neglect that the Northeast region has suffered from public authorities since the formation of the Brazilian territory. The PNSC is located where the Maranhão-Piauí sedimentary basin meets the São Francisco River depression, which “created the jagged plateau forming deep canyons, ruiniform patterns, clusters of pebbles and rocky outcrops that served as shelter for pre-historical men and for fauna” (ICMBio, 2019). The ruiniform patterns caught the attention of geographer Aziz Ab'Saber (2003), according to whom ruiniform landscape sites in the country have already been discovered by tourism, giving the example of the Sete Cidades National Park, also located in Piauí. According to the complexity of environments, the PNSC protects a high biodiversity, made up of species threatened with extinction, such as the “gato-do-mato-pequeno" (Leopardus tigrinus), the giant anteater “tamandua-bandeira” (Myrmecophaga trydactyla), the armadillo “tatu-bola” (Tolypeutes tricinctus), the jaguar "onça-pintada" (Panthera onca)” (ICMBio, 2019, p. 15) among others. Therefore, the park has an essential function not only in relation to rupestrian records, but also in relation to fauna, fulfilling the UCs objective of protecting ecological and cultural heritage. DISCUSSIONS AND RESULTS Conservation Units are under strong pressure, mainly due to the advancement of agricultural and mineral activities, which promotes deforestation even in legally protected areas, as pointed out in the Environmental Deforestation Report (RAD, 2021), stating that, “of the total of 2,181 Units Federal and state terrestrial Conservation Units (CUs) registered in the National Register of Conservation Units (CNUC), 252 UCs (11.6%) had at least one deforestation event” (RAD, 2021, p. 58). Such events are distributed as shown in Table 2: Table 2 Deforested Area by UC in Brazil Deforested area (hectares) by type of Conservation Unit in Brazil in 2019, 2020 and 2021 TYPE OF CONSERVATION UNIT (PI) 2019 (ha) 2020 (ha) 2021 (ha) Ecological Station 3,472 1,516 5,115 Natural Monument 31 0 National Park 2011 2,510 2,491 State Park 1,205 1,293 4,182 Biological Reserve 1,649 2,720 921 Wildlife Refuge 7 8 252 Source: Adapted from RAD (2021). The developments regarding the discussion on Conservation Units indicate that, despite having a robust legal-administrative framework, UCs suffer from environmental degradation. In addition to the problems coming from the developments in monoculture and mining, there is also the problem of funding to these parks. Abujamra (2023, p. 223) points out that the PNSC “had 28 guardhouses, with two women workers at each watch post. With the constant lack of funds, most of them have been deactivated.” The author also states that, “in 2017, hunters invaded one of the forbidden areas, closed to visitors, and shot three watch guards. One of them died” (ABUJAMRA, 2023, p. 223). The lack of funding from the federal and state governments makes many of the attractions, such as the one shown in Figure 02, to be at risk of being left without maintenance and monitoring, being vulnerable to deterioration. Figure 2 Toca do Boqueirão da Pedra Furada Photo: Aguiar Junior, 2020. As Carvalho (2015) points out, the Brazilian state plays a fundamental role in encouraging tourism in the country. However, with regard to the creation of the Serra da Capivara National Park (PNSC), the credit can go to Niède Guidon, a leading figure in this field of work. As well as being the creator of the park, she is also the founder of the Museum of the American Man Foundation (FUMDHAM) and a renowned researcher who revolutionized the world of archaeology by questioning the "Clovis First" model of occupation, which until then had explained the occupation of the American continent. Guidon's research and discoveries called this theory into question, leading to a new understanding of the age of human presence in the Americas. In 2008, Niède even stated that there was evidence of human occupation in Piauí 100,000 years ago, a significant milestone in the country's archaeological history (ABUJAMRA, 2023). The development of tourism in the region received support from the Inter-American Development Bank (IDB), which, after carrying out various studies, recognized that investment in tourism would be the best option for growth and development in the area. In this context, the creation of the Serra da Capivara National Park (PNSC), even though it took place before the establishment of the Conservation Units (UC), is aligned with the objectives of ecotourism and environmental conservation. The preservation of the PNSC is extremely important for the conservation of the region's fauna and flora, as well as for the preservation of the rupestrian records found there. The park is home to a wide range of archaeological records depicting activities such as hunting, celebrations, social life, dances and other cultural aspects, as illustrated in Figure 3: Figure 3 Rupestrian figures in the Toca do Boqueirão da Pedra Furada Photos: Aguiar Junior, 2020. In addition to the importance of safeguarding cultural and ecological heritage, there is also a structure in the park that caters for visitors and converges with another element of ecotourism, which "are the signs, the information panels of the sites", information that helps in the development of tourism in the PNSC (OLIVEIRA et al., 2022, p. 71). In this way, we can see that the Serra da Capivara National Park converges all the elements that are present in the understanding of what ecotourism is. In the book Niède Guidon, an archaeologist in the “sertão” (the semi-arid countryside), the researcher and creator of the Park expressed her concern about the insufficient number of visitors received by the Serra da Capivara National Park (PNSC) each year, when compared to other parks in Brazil and around the world. Determined to solve this challenge, Guidon proposed the construction of an airport, but the idea was initially met with criticism and, once accepted, the construction took decades to complete. For a long time, the airport was unable to receive flights due to low demand from airlines. The closest airports to the park, with flights to major Brazilian cities, are located in Petrolina-PE, 302 km from São Raimundo Nonato, and Teresina, 526 km away. This seems to discourage tourists from other countries and even from other states in Brazil from visiting the PNSC, since, according to Oliveira Filho and Monteiro (2009), 50.82% of the tourists who visit the Park are from Piauí. It's worth remembering, however, that distance can't be the only factor to consider, since the National Parks in the Northeast region linked to sun and beach tourism - such as Jericoacoara, Lençóis Maranhenses and Fernando de Noronha - are also far from the major centers in the South and Southeast and are difficult to access, but receive a large number of tourists. Recently, however, there has been a change that could be positive in this scenario. The airline Azul started offering flights connecting São Raimundo Nonato to Petrolina and Recife, in Pernambuco (GLOBO, 2022). The new flights are a significant milestone for the region, facilitating access to the PNSC for tourists and archaeology enthusiasts. In addition, the airline's initiative represents recognition of the park's tourist and historical potential, which is home to important archaeological sites and priceless cave paintings. Niède's thoughts coincide with the findings of the study entitled "Contributions of tourism in Conservation Units to the Brazilian economy: effects of visitor spending in 2018", carried out by the Ministry of the Environment (MMA) and the Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation (ICMBio). This study presents the economic contributions of tourism by Conservation Unit, and the PNSC ranks 34th on this list. Finally, of the 33 PAs that are ahead of the PNSC, 32% of them are located in the Southeast region, as shown in the graph in Figure 4. Figure 4 Count of CUs by Federative Unit Source: Prepared by the authors. It's important to note that the Northeast region took second place (29%) in this ranking, thanks to the Conservation Units associated with sun and beach tourism, such as the Jericoacoara National Park, the Fernando de Noronha Environmental Protection Area, the Fernando de Noronha National Marine Park, the Lençóis Maranhenses National Park and the Delta do Parnaíba Environmental Protection Area. This information reinforces the importance of valuing and promoting tourism in conservation areas such as the PNSC. With appropriate publicity, infrastructure and transportation strategies, it is possible to attract more visitors and stimulate sustainable economic development in the region, leveraging the natural and cultural riches offered by the park. Sun and beach tourism continues to be the main driver of tourism in the northeast, especially when it comes to protected areas such as Conservation Units (CUs). However, amid the global narrative around natural areas and the possibility of diversifying investments, it is essential to prioritize other areas for nature tourism. This involves investments in marketing, as well as the allocation of federal and state resources. The economic gains from tourism in Conservation Units are remarkable, as shown in Table 03. It is therefore crucial to exploit the potential of these areas and promote their tourism in a sustainable way. Diversifying tourism options in Conservation Units beyond sun and beach tourism can attract visitors with different interests, thus increasing the flow of tourists and providing economic benefits for the region. Table 3 Economic contributions of tourism by conservation unit Name No. of visitors Total visitor spending Contribution of visitor spending Total Sales Total Remuneration Total Added Value Total Employment Total Taxes (1st) Tijuca National Park 2,655,556 BRL 416,062,325.10 BRL 1.464.5 1S.271.89 BRL 384,641,370.47 BRL 547,338,739.72 13,109 BRL 206.11 1.384.83 (2nd)Iguacu National Park 1,895,628 BRL 294,516,006.06 BRL 808,753,854.05 BRL 216,365,704.3 BRL 323,703,727.09 7,833 BRL 160,578,752.54 (3rd) Arraial do Cabo Marine Extractive Reserve 1,156,698 BRL 179,711,459.83 BRL 493,495,541.04 BRL 132,024,731.34 BRL 197,521,588.48 4,779 BRL 97,983,951.44 (4th) Jcricoacoara National Park 1,091,829 BRL 158,909.517.53 BRL 432,207,318.78 BRL 117,876,231.98 BRL 167,007,104.36 4,616 BRL 92,668,388.91 Name No. of visitors Total visitor spending Contribution of visitor spending Total Sales Total Remuneration Total Added Value Total Employment Total Taxes (5th) Serra da Bocaina National Park 700,915 BRL 108,898,310.42 BRL 299,039,530.76 BRL 80,001,966.43 BRL 119,690,571.08 2,896 BRL 59,374,548.35 (34th) Serra da Capivara National Park 20,872 BRL 2,586,200.29 BRL 6,257,386.55 BRL 1,661,025.42 BRL 2,334,668.69 76 BRL 1,711,936.65 Source: Adapted from Souza and Simões (2019). The challenges faced by the Serra da Capivara National Park (PNSC) in its early stages, such as the removal of the local population, caused great anger and even threats against Niède Guidon, as reported by Abujamra (2023). However, these problems have apparently been overcome by the benefits resulting from the tourist activity promoted by the PNSC. A quantitative study carried out by Oliveira Filho and Monteiro (2009) revealed that the majority of the local population, living in São Raimundo Nonato and Coronel José Dias, recognizes the PNSC as a source of income, as well as being a space for preserving nature and spreading the culture. The local community's positive perception of the park is an important indication of the socio-economic and cultural benefits provided by tourism in the PNSC. As well as boosting the region's economy, tourism also contributes to the preservation of nature and the dissemination of the rich culture present in the park. The work of protecting and conserving the archaeological heritage found in the region in question requires manpower for the most diverse activities, from the most basic to the most specialized, and much of this work is carried out by the local population. In addition, the Park needs inspectors, drivers, attendants and other staff, whose labor also comes from the region itself. The creation of Conservation Units has been the subject of intense debate and research, as evidenced by studies such as those by Pureza, Pellin and Padua (2015), Castro Júnior, Coutinho and Freitas (2012), Coelho, Cunha and Monteiro (2012), Diegues (2008) and Almeida (2014). These studies highlight the fierce disputes over land rights that arise with the implementation of these units. However, as Conservation Units are established and the state provides support for their structuring, the local population begins to understand the importance of these protected areas. In addition, they begin to benefit both directly and indirectly from these initiatives. As a result, the local population's perception of Conservation Units improves considerably. This change in perspective results in a positive perception, which can stimulate income generation and environmental and cultural conservation. Data presented by Souza and Simões (2019) shows that there is a financial return from Conservation Units, as well as protection for fauna and flora, especially in relation to endangered animals, as Aguiar Junior and Barros (2023) show. As already explained, Conservation Units have great potential for safeguarding biological and cultural heritage, along with boosting local growth. This theory can be materialized in the municipality of São Raimundo Nonato/PI. According to IBGE data from 2010, the population of São Raimundo Nonato was 32,327, which placed it 14th in the ranking of the most populous municipalities in the state of Piauí. This position highlights its importance among the municipalities in the surroundings. However, according to the most recent IBGE data, in 2021 the city's population is expected to exceed 35,000 inhabitants. Although this number could be considered "small", according to Maia (2010), Ribeiro (2015) argues that few municipalities in the country have a population of between 30 and 35 thousand inhabitants, which characterizes São Raimundo Nonato as a "medium-sized" municipality. This characterization is supported by the presence of an adequate number of public facilities in relation to the size of the municipality. The existence of these public facilities in São Raimundo Nonato is fundamental to the organization, support and livelihood of the surrounding municipalities, which places the city as a polarizing center for services in the region (RIBEIRO, 2015, p. 87). This available public infrastructure helps to guarantee an environment conducive to the development of activities and the provision of essential services to the population not only of São Raimundo Nonato, but also of neighboring municipalities. The growth of the municipality of São Raimundo Nonato/PI can mainly be credited to the creation of the Serra da Capivara National Park and the projects linked to the existence of the archaeological heritage, since the tourism and research activities that take place as a result of the UC end up fostering various actions that have repercussions on income generation and qualifications for the population, such as the emergence of inns, hotels, bars and restaurants, as well as the implementation of public technical and higher education institutions. The creation of the Museum of the American Man Foundation (FUMDHAM) in 1986 helped foster a series of projects in the region, such as the Museum of the American Man, located at the FUMDHAM headquarters in São Raimundo Nonato, and more recently, in 2019, the Museum of Nature, located in the rural area of Coronel José Dias (Figure 5). Figure 5 Images of the Museum of the American Man and the Museum of Nature (a) Museum of American Man, (b) Zuzu's skull (c) Foundation Museum of American Man (d) Sloth ("bicho-preguiça) skeleton found in the region. Photos: Aguiar Junior and Barros, 2021. In addition to tourists, the museums receive groups of students, both from schools and universities, and thus directly employ instructors, attendants, researchers and maintenance teams; it should be noted that the Nature Museum has a larger structure and even a snack bar. At both you can buy books and souvenirs that refer to the park. In the surroundings of the Nature Museum, there is a restaurant, a hostel, a T-shirt factory and the Serra da Capivara ceramics factory. Cerâmica Serra da Capivara was founded in 1992 by Niéde Guidon and is currently under the management of Rede Artesol - the National Solidarity Crafts Network. The Serra da Capivara Handmade Ceramics Group employs around 30 artisans who live around the park. The project seeks to combine income generation, social inclusion and environmental preservation, focusing on the qualification of the artisans and the passing on of knowledge to future generations, as well as on conscious management practices (the clay is removed from silted-up clay pits, helping to remove silts, and the pieces are fired in a gas kiln instead of a wood-fired kiln). Serra da Capivara ceramics can be found and purchased in various places in Brazil and even abroad. In order to guarantee the sustainability of the activities carried out in and around the PNSC, FUMDHAM also develops socio-cultural projects in the communities there, such as horticulture, heritage education, environmental education, handicraft and ceramics workshops, the Little Archaeologist project and dance and arts workshops in general. Since 2017, with the exception of 2020 and 2021, the Serra da Capivara Opera has been held in the Pedra Furada amphitheater, located inside the park (Figure 6). This is a large-scale performance, featuring artists from Piauí and other regions, which seeks to enhance the heritage of Serra da Capivara and the local ancestral culture. Figure 6 Pedra Furada amphitheater Photos: Aguiar Junior and Barros, 2021. The show, which has attracted audiences from all over Brazil and abroad, helps to further highlight the social and economic importance of the rich natural and cultural heritage present there, since, in addition to promoting the Park and the culture of the region, its execution prioritizes the hiring of local labor, "from carpentry, to locksmiths; in transportation, in feeding the staff; in reception, the ballet, the artists and more," as the opera's general director Sadia Castro explains (G1, 2023). These projects help to keep the community in the region, bringing prospects to the children and young people who live there, who already grow up understanding the importance of conserving this heritage and knowing that it is possible to earn an income without having to degrade it. In addition, São Raimundo Nonato is also home to the campuses of the State University of Piauí (UESPI), the Federal Institute of Piauí (IFPI) and the University of the São Francisco Valley (UNIVASF), which offer courses in Anthropology, Chemistry, Natural Sciences and the oldest ongoing Archaeology course in Brazil at a public university (UNIVERSIDADE..., 2016). Initially, from 2004, the activities of the Archaeology and Heritage Preservation course were carried out in temporary facilities provided by the American Man Museum Foundation (FUMDHAM) and it was only in 2008, when the Serra da Capivara Campus civil works were completed, that they began to operate in their own premises. At Uespi, degree courses are offered and at the Federal Institute, in addition to degree courses, there are technical and technological courses, especially those in Administration, Gastronomy, Restaurant and Bar, IT, Cookery and Touristic Guide, which clearly aim to meet the demand for this type of labor in the region. In view of the above, it is clear that ecotourism is an activity that has great potential for combining environmental and heritage conservation with income generation for the populations that can benefit from this activity. CONCLUSION Ecotourism is widely recognized as a form of tourism with a low environmental and cultural impact, bringing significant benefits in terms of income generation and contributing to the growth and development of local communities. Ecotourism, based on principles of ecological and cultural sustainability, finds a suitable environment for its practice in Conservation Units, whether they are Full Protection or Sustainable Use Conservation Units. Various studies have shown the direct and indirect benefits of ecotourism developed in Conservation Units (CUs) not only for local communities, but also for neighboring municipalities. The Caatinga biome is characterized by low rainfall and water scarcity, which makes many economic activities unviable in this region. However, it is in this biome that one of the largest archaeological sites in the world is found, located in the Serra da Capivara National Park, a Full Protection Conservation Unit. The Professor Dr. Niède Guidon, in the 1960s, recognized the importance of this space and the need to preserve it, in addition to looking for ways to generate income for the local population through the exploitation of the park with ecotourism activities, rich in culture and with low environmental impact. Facing similar challenges to the creation of PAs in Brazil, such as the need to expropriate the local population's land and the corresponding compensation, Niède realized that, without adequate infrastructure, it would be difficult to attract tourists to the region. In this sense, she envisioned the construction of a hotel in the inside limits of the park, as well as the construction of an airport. In addition, in partnership with institutions such as the Chico Mendes Institute (ICMBio), she promoted courses to qualify the local workforce, recognizing that tourism would not develop in the region without the proper capacity building. Despite the efforts to promote ecotourism in the Serra da Capivara National Park, which continues to face financial difficulties due to the lack of resources at national and state level, as well as the low number of tourists it receives compared to other UCs, the PNSC manages to meet the idealization about ecotourism in practice. During the course of its consolidation as a Full Protection Conservation Unit, Serra da Capivara National Park has seen an evolution in infrastructure, such as the construction of a hotel in the inside limits of the park, the construction of the Museum of American Man and the Museum of Nature, and the consolidation of the Serra da Capivara Artisanal Ceramics Group, which employs around 30 artisans. In addition to the information boards throughout the PNSC, as well as the continued training of park guides. In conclusion, studies and facts show that ecotourism is an important economic activity that is aligned with environmental conservation and income generation. This applies directly to Conservation Units, and even facing many difficulties, it can be attested that ecotourism does indeed take place. The tripod that sustains ecotourism: generating local income, environmental conservation and culture and environmental education is carried out and provided by the PNSC. The Serra da Capivara National Park has enabled municipalities such as São Raimundo Nonato (PI) to experience economic growth, which in turn has had a direct impact on the local population, which may imply a lower rate of migration to other municipalities or even regions because they see the possibility of economic gains. In addition to the income generation point of view, they also have the chance to get an academic education at the State University of Piauí (Uespi), the Federal Institute of Piauí (IFPI) and the University of the São Francisco Valley (Univasf), which offers courses in Anthropology, Archaeology and Heritage Preservation, Chemistry and Natural Sciences. In this way, it is undeniable that the theory behind the concept of ecotourism finds its concrete example in the Serra da Capivara National Park (PNSC). However, in order to further solidify the ecotourism sector, especially within Conservation Units (CUs), it is imperative to intensify efforts to attract a growing flow of visitors. Only through this increase in the number of visits the nature-based tourism sector will be able to fully assert itself at national level, presenting itself as a solid and attractive alternative to conventional segments such as beach and sun tourism. NOTAS i “Some sources list Hot Springs in Arkansas as the first national park. Set aside in 1832, forty years before Yellowstone was established in 1872, it was actually the nation’s oldest national reservation, set aside to preserve and distribute a utilitarian resource (hot water), much like our present national forests. In 1921, an act of Congress established Hot Springs as a national park.” Disponível em https://www.nps.gov/yell/learn/historyculture/yellowstoneestablishment.htm. Accessed on: 2 June. 2023.
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