Resumo
Caso seja feita, ao longo da história evolutiva, uma analogia homem/natureza com os elementos da geodiversidade, surgirão daí processos de ordem simbólica ao ser humano, onde ele constrói uma natureza sacralizada que é revelada em seus cultos, práticas e crenças, onde a natureza torna-se elemento simbólico carregado de significados. Esses elementos da geodiversidade são encontrados em diversos cultos, destacando-se os Indígenas/Xamânicos, a Umbanda, Candomblé, Budismo, Hinduísmo, Cristianismo, entre outros. Em função disso esse artigo foca nos ritos africanos, que representam sua matriz de origem e uma tradição marcada essencialmente pela oralidade (ao contrário das principais religiões monoteístas ocidentais que possuem livros sagrados) e pelo aprendizado religioso direto e por meio da prática cotidiana da religião no terreiro. A análise da geodiversidade e seu uso nessas manifestações religiosas, leva à reflexão de que ainda é necessário reconhecer e divulgar mais intensamente a geodiversidade e seus diversos usos, pois ela nos auxilia e nos oferece uma apreciação, compreensão e interpretação das religiões em uma outra perspectiva, dando mais consistência e autenticidade.
Palavras-chave: Religiões Afro-Brasileiras; Geodiversidade; Simbolismo
Abstract
If, throughout evolutionary history, an analogy is made between humans and nature using elements of geodiversity, symbolic processes will emerge for human beings. They construct a sacralized nature revealed in their worship, practices, and beliefs, where nature becomes a symbolic element imbued with meaning. These elements of geodiversity are found in various religious traditions, with notable examples being Indigenous/Shamanic practices, Umbanda, Candomblé, Buddhism, Hinduism, and Christianity, among others. As a result, this article focuses on African rituals which represent their original matrix and a tradition primarily marked by orality (in contrast to the main Western monotheistic religions that have sacred texts) and direct religious learning through daily practice in the “terreiro” (the place of worship). The analysis of geodiversity and its use in these religious manifestations leads to the reflection that it is still necessary to recognize and disseminate geodiversity and its various uses more extensively, as it assists us in appreciating understanding and interpreting religions from a different perspective, providing more consistency and authenticity.
Keywords: Afro-Brazilian Religions; Geodiversity; Simbolism
Resumen
Si a lo largo de la historia evolutiva se hace una analogía hombre/naturaleza con los elementos de la geodiversidad, surgirán procesos de orden simbólico para el ser humano, donde construye una naturaleza sagrada que se revela en sus cultos, prácticas y creencias, donde el la naturaleza se convierte en un elemento simbólico cargado de significados. Estos elementos de geodiversidad se encuentran en varios cultos, en particular Indígena/Chamánico, Umbanda, Candomblé, Budismo, Hinduismo, Cristianismo, entre otros. En consecuencia, este artículo se centra en los ritos africanos, que representan su matriz de origen y una tradición marcada esencialmente por la oralidad (a diferencia de las principales religiones monoteístas occidentales que cuentan con libros sagrados) y por el aprendizaje religioso directo y a través de la práctica diaria de la religión en el terreno. . El análisis de la geodiversidad y su uso en estas manifestaciones religiosas lleva a la reflexión de que aún es necesario reconocer y difundir más intensamente la geodiversidad y sus diversos usos, ya que nos ayuda y nos ofrece una apreciación, comprensión e interpretación de las religiones desde otra perspectiva. , dando más consistencia y autenticidad.
Palabras-clave: Religiones Afrobrasileñas; Geodiversidad; Simbolismo
INTRODUÇÃO
Ao longo da história entre as sociedades e o meio natural, a luta pela sobrevivência sempre prevaleceu em todas as fases. Apesar do meio natural ser representado, majoritariamente, por elementos biológicos, ele pode ser entendido sob duas vertentes que se relacionam: a Biodiversidade e a Geodiversidade. A Biodiversidade corresponde à diversidade da natureza viva, a Geodiversidade corresponde à variedade de estruturas e materiais que constituem o substrato físico natural, o que suporta a Biodiversidade (MACHADO & AZEVEDO, 2015).
O uso dos elementos da Geodiversidade se torna cada vez mais importante para o desenvolvimento das sociedades. Desde o surgimento dos primeiros hominídeos até a atualidade os recursos minerais sempre foram objeto de atenção e são essenciais para a melhoria da qualidade de vida. Velho (2006) elenca cinco momentos históricos definidos por ele como Geossociais nos quais os povos recorrem à herança geológica de milhões de anos: metal (Idade do Cobre, do Bronze e do Ferro usados como material); Ouro (como moeda); Carvão (como energia); Petróleo (como energia); Minerais radioativos (como energia). Os cinco momentos identificados dispõem temporalmente em progressão geométrica, do mesmo modo que a evolução do consumo de recursos minerais e do crescimento demográfico. O crescente impacto dos seres humanos sobre os processos naturais tem sido então reconhecido e documentado ao longo da história da civilização (RUCHKYS et al., 2020).
A relação do homem com a natureza e com os elementos da Geodiversidade, fez surgir processos subjetivos de ordem simbólica ao ser humano, fazendo ele construir uma imagem sagrada da natureza. Inicialmente, esses processos naturais necessários para sobrevivência humana eram entendidos como graça, como verdadeiras dádivas divinas (NAVES & BERNARDES, 2014), depois esses diferentes elementos, ambientes, paisagens e seus respectivos usos tornam-se carregados de simbolismo e significados, sendo essa relação homem/natureza o pilar para a fundação de muitas crenças religiosas.
Esse simbolismo é um elemento representativo (realidade visível) que está em lugar de algo (realidade invisível), podendo ser um objeto ou ideia. Assim, diversos elementos da Geodiversidade estão imbuídos de significado simbólico em diferentes tradições religiosas, para exemplificar podemos citar cultos Indígenas/Xamânicos, a Umbanda, Candomblé, Omolocô, Budismo, Hinduísmo, Islamismo. Cristianismo, entre outros. Embora existam símbolos que são reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um determinado grupo ou contexto religioso.
O caminho para a propagação dos valores religiosos e culturais pode ser transmitido por diferentes maneiras. As três grandes religiões monoteístas - Cristianismo, Judaísmo e Islamismo - possuem textos sagrados (Bíblia Cristã, Torá e Alcorão), conforme destacado por Sales (2010). Diferente das religiões acima, as religiões Afro-brasileiras não possuem uma tradição escrita marcada por um livro sagrado. As religiões tratadas neste artigo possuem uma origem comum, nos ritos africanos, que representam sua matriz de origem e uma tradição marcada essencialmente pela oralidade e pelo aprendizado religioso direto e por meio da prática cotidiana da religião no terreiro. Por esse fato, para discutir a representatividade nas religiões Afro-brasileiras, foram utilizadas diversas referências bibliográficas que perpetuam seus preceitos, ensinamentos, práticas, mitos e rituais. Daí a importância de analisarmos os significados e os usos que essas religiões apresentam para a Geodiversidade, o que também nos leva a discutir o caráter preservacionista das mesmas.
RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS
Reconstruir o processo histórico de formação das religiões Afro-brasileiras não é uma tarefa fácil, devido aos diferentes fatores. Por ser uma religião originária de segmentos marginalizados em nossa sociedade (como negros, índios e pessoas de baixa renda em geral) e perseguidos durante muito tempo, há poucos documentos ou registros sobre elas. Por ter práticas doutrinárias, estabelecidas e transmitidas oralmente, não tem nelas livros sagrados (como a Bíblia ou as obras de codificação do Espiritismo, por exemplo) que registrem sua doutrina de forma unificada ou sua história (SILVA, 2005; CARNEIRO, 2014). A História tem sido feita, portanto, quase que anonimamente, sem registros escritos, no interior dos inúmeros terreiros fundados ao longo do tempo. As práticas Afro-brasileiras, que cultuam os orixás e outras divindades foram iniciadas no Brasil a partir de meados do século XVI por africanos escravizados durante o processo de colonização. As etnias negras vítimas do processo de escravização buscavam reconstruir no Novo Mundo os antigos sistemas de relações sociais, bem como reelaboram sua identidade social e religiosa sob condições adversas da escravidão e posteriormente do desamparo social, tendo como referência as matrizes religiosas.
Em terras brasileiras os povos africanos criaram um mundo Afro-brasileiro como ressignificação e recriação de valores variadas adaptações da religiosidade e resistência para a perpetuação de sua cultura (FERREIRA FILHO, 2008). As recriações religiosas foram acontecendo no decorrer do tempo, a cultura dos povos Bantos e Sudaneses foram deixando as suas marcas em nossa história, e em menor escala a dos povos Malês. Ramos (1943) afirma que os Bantos correspondem aos povos mais ocidentais, atualmente correspondem aos países da Angola, Zâmbia, Namíbia, Botsuana, África do Sul, Lesoto, Congo, Malaui, Zimbábue, Moçambique e sul da Tanzânia. Espalharam-se por todo o litoral brasileiro, mas permaneceram em maior número em Minas Gerais e Goiás. Sua vinda teve início em fins do século XVI até o fim do século XIX, ou seja, foram os primeiros a chegar. As tribos Sudanesas constituem os povos que hoje correspondem às regiões do sul do Egito, Chade, Sudão, Etiópia, Uganda, Nigéria, Camarões, Gana, Togo, Benin e do Quênia até o norte da Tanzânia. Chegaram ao Brasil em meados do século XVIII até a metade do século XIX. Hoje são conhecidos popularmente como Iorubás ou Jejes-nagô (devido à mescla de suas culturas religiosas). Estão subdivididos em etnias: Ijexá, Egbá, os Jejes (Ewe e Fon) e os Fanti-achantis (SILVA, 1994; PRANDI, 2000). Já os povos Malês, de acordo com Silveira (2010), são uma denominação genérica atribuída a várias etnias africanas, sobretudo da porção norte do continente, que chegaram ao Brasil na condição de escravizados, adeptos de preceitos islâmicos. Destaque para os Haussás e os Mandingas.
As religiões Afro-brasileiras recebem nomes diferentes dependendo do lugar e do modelo de seus tiros. Na Bahia, há grande concentração de praticantes do Candomblé; no Rio de Janeiro da Umbanda; no Amazonas o Babassuê e o Batuque; no Maranhão, o Terecô, o Tambor de Mina e o Tambor de Nagô; em Pernambuco o Xangô; no Rio Grande do Sul o Batuque e a Quimbanda, o que evidência as permanências e transformações africanas nas religiões Afro-brasileiras (Figura 01). Porém, os mais conhecidos são a Umbanda e o Candomblé, que são encontrados por todo o território nacional.
Influências e denominações regionais das religiões Afro-brasileiras. Fonte: Adaptado de Silva (2017).
O Candomblé é estruturado a partir da reunião de africanos de distintas origens, organiza-se em torno da constituição de famílias de santos cuja figura central é o pai (Babalorixá) ou a mãe (Yalorixá) de santo, e que compartilham uma mesma energia essencial denominado axé (asé), decorrente dos orixás, que a emanam dos seus domínios na natureza aos filhos da Terra. Em cada terreiro ocorrem os cultos aos orixás, que ao mesmo tempo ancestrais míticos, forças e elementos da natureza, e também energias que habitam e compõem os corpos dos religiosos iniciados. Há ainda um Deus supremo, Olodumare ou Olorum, criador do mundo, dos orixás e de todas as coisas.
A Umbanda é composta a partir do Candomblé, do Espiritismo, das Mitologias Indígenas e do Catolicismo Popular. Apesar dos esforços contrários, cada tenda apresenta práticas diversas. De modo geral, os umbandistas acreditam na existência de um Deus único chamado Olorum e nos demais orixás, muitas vezes identificados com santos católicos; em guias espirituais (ciganos, pretos-velhos, caboclos, exus, Pombagiras etc.); na reencarnação; na lei de causa e efeito relativa às ações na Terra e na evolução espiritual.
Apesar de serem religiões Afro-brasileiras, o Candomblé e a Umbanda apresentam semelhanças e diferenças, conforme descrito na tabela 01.
Outra informação importante que difere essas duas frentes diz respeito à incorporação. No Candomblé, considera que as divindades, ou seja, os Orixás incorporam nos médiuns. Na Umbanda, quem incorpora nos médiuns, são Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, entre outros, que são os falangeiros dos Orixás, representantes deles, e não os próprios (AZEVEDO, 2008). Independente das semelhanças ou diferenças, as religiões Afro-brasileiras têm uma grande particularidade, a representação do mundo através das forças da natureza.
Além disso, há virtudes diretamente ecológicas, guardadas no interior das narrativas dos Orixás, sendo elas: 1) as religiões Afro-brasileiras já eram ecológicas bem antes dos movimentos ecológicos, uma vez que a reverência aos elementos da natureza, corporificados nos Orixás, constitui o âmago da sua experiência religiosa; 2) as religiões Afro-brasileiras são intrinsecamente preservacionistas, já que nelas os espaços naturais (rios, matas, cachoeiras e outros) constituem locais sagrados e de culto tão importante quanto os templos (terreiros e roças); 3) a perspectiva ecológica constitui uma das heranças da tradição african preservadas nestas religiões; 4) seguir a sabedoria ecológica dos ancestrais, preservando os elementos naturais que tem relação com algum orixá; 5) agir com livre arbítrio e virtude, educando para o uso sustentável dos recursos naturais. Assim, as religiões Afro-brasileiras prestam serviços relevantes ao testemunhar e ensinar virtudes morais e ecológicos (MAÇANEIRO, 2011; SANTOS & GONÇALVES, 2011).
A IMPORTÂNCIA DA NATUREZA PARA AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS
As religiões Afro-brasileiras são reconhecidas como religiões de matriz da natureza, pois para elas o meio natural possui uma importância central. Para elas, a natureza é um espaço sagrado, de comunhão entre o mundo espiritual e o material, que deve ser respeitado e cuidado. Os Orixás, entendidos com as forças da natureza, estão presentes em seus espaços e elementos sagrados, como rios (Oxum), mares (Iemanjá), matas (Oxóssi), vento (Iansã), pedreiras (Xangô), entre outros.
No processo de compreensão dessa importância, torna-se fundamental o conhecimento de sua mitologia, pautada no culto de divindades, essencial para o entendimento de sua mitologia, pautada no culto de divindades, essencialmente para o entendimento dos rituais praticados e de sua ligação com a natureza. De acordo com Verger (1981, p.9), a religião dos Orixás está profundamente conectada à ideia de família, compreendida como um grupo extenso descendente de um ancestral comum, incluindo tanto os vivos quanto os mortos. Inicialmente, um Orixá é visto como um ancestral divinizado que, em sua vida, estabeleceu laços que lhe conferiam controle sobre certas forças da natureza, como o trovão, o vento, as águas doces e salgadas, ou a habilidade de realizar determinadas atividades como a caça, o trabalho com metais, ou o conhecimento das propriedades e usos das plantas. Após sua morte, o Orixá, dotado do poder do axé, teria a capacidade de se manifestar temporariamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão que ele provoca.
Por meio de Reginaldo Prandi (2005) percebe-se a relação entre os Orixás e a natureza pode ser concebida na perspectiva de que a maioria desses espíritos da natureza passaram a ser cultuados como divindades, que portadores do poder sobre o mundo natural, se manifestando em fenômenos, tais como o trovão, o raio e a fertilidade da terra. Outros orixás recebem cultos como protetores de montanhas, cursos d´água, árvores e florestas. Cada rio, assim tinha seu espírito próprio, com o qual se confundia, construindo-se em suas margens os locais de adoração, nada mais que o sítio onde eram deixadas as oferendas. Um rio pode correr calmamente pelas planícies ou precipita-se em quedas e corredeiras, oferecer calma travessia a vau, mas também mostrar pleno de traiçoeiras armadilhas, sem uma benfazeja fonte de alimentação piscosa, mas igualmente afogar em suas águas os que nelas se banham. Esses atributos do rio, que o torna ao mesmo tempo provedor e destruidor, passaram a ser também, o de sua divindade guardiã (PRANDI, 2005, p. 102-103).
Assim, os Orixás são concebidos enquanto entidades imanentes - presentes nos diferentes domínios naturais dos quais são guardiões - e expressam os atributos de uma natureza sacralizada (NASCIMENTO, 2020). A partir do momento em que se conhece a força de cada ponto da natureza, desenvolve-se uma visão diferente em relação ao meio ambiente, pois é impossível olhar para um ecossistema e não enaltecer os encantos e a diversidade de divindades ali presentes. Por exemplo, o ar de Oxalá, as pedreiras de Xangô, o mar azul é de Iemanjá, os rios e cachoeiras de Oxum, as chuvas de Iansã, entre outros. Os Orixás no panteão das religiões Afro-brasileiras seriam uma reprodução dos elementos naturais (PRANDO, 2001; BRAGA, SANTOS & LOPES, 2017; MARQUES, 2017).
ORIXÁS E NATUREZA
Na aurora de sua civilização, o povo africano mais tarde conhecido pelo nome de Iorubá, chamado de Nagô no Brasil e Lucumi em Cuba, acreditava que as forças sobrenaturais impessoais, espíritos, ou entidades estavam presentes ou corporificados em objetos e forças da natureza. Tementes dos perigos da natureza que punham em risco constante a vida humana, perigo que eles não podiam controlar, esses antigos africanos ofereciam sacrifícios para aplacar a fúria dessas forças, doando sua própria comida como tributo que selava um pacto de submissão e proteção e que sedimenta as relações de lealdade e filiação entre os homens e os espíritos da natureza (PRANDI, 2005).
Com o passar dos tempos estes espíritos passaram a ser cultuados como Orixás, que em tradução livre significa a divindade que habita a cabeça (em Iorubá, ori é cabeça, enquanto xá, rei, divindade) (BARBOSA JÚNIOR, 2011), responsáveis pelo controle e governo do mundo natural como: trovão, o raio e a fertilidade da terra, enquanto outros foram cultuados como guardiões de montanhas, cursos d´água, árvores e florestas. Cada elemento natural está ligado a um Orixá, através de sítios de pertencimento, que possuem características próprias. Uma energia mística, que por sua vez tem um local específico para ser cultuado e adorado (MELO, 2007).
Os Iorubás e outros povos aparentados veneravam, por sua vez, várias divindades: os Orixás, divindades da natureza [...] que, depois de sua deificação foram assimilados a ancestrais fundadores de dinastias. Elas intermediam entre os homens eo Deus criador (PRIORI & VENÂNCIO, 2004, p. 26).
Saraceni (2003), relata sobre a relação dos Orixás com a natureza:
[...] a partir da natureza, nós encontramos os Orixás nos próprios processos genésicos criadores de Deus, fato este que justifica os cultos nos santuários naturais (rios, mar, pedreira, tempo, etc.). Tudo o que há de visível na criação de Deus é a concretização ou materialização do que não podemos ver, pois existe em uma dimensão e realidade anterior ao nosso plano material. [...] Iemanjá não pe a água do mar. Mas, esta é a concretização em nível físico ou material de sua energia fatorial geradora que desencadeia todos os processos genéticos, já que só a água tem esse poder (SARACENI, 2003, p. 32-33).
Essa compreensão e mentalidade foram transportadas para o Brasil e materializadas especificamente nos terreiros, que (re)vivenciam essas experiências e fenômenos a partir da releitura de mitos e ritos que garantem o bem estar da comunidade. Essas referências à natureza, ocorrem em locais que lembram as antigas ligações, como as festas de Iemanjá junto ao mar, como as oferendas feitas na água corrente, na lagoa, no mato, na pedreira, na estrada, etc., de acordo com o Orixá a que se destinam. E, é nesse sentido, que se deve compreender a relação dos terreiros com a natureza, como uma natureza mítico-religiosa, transcendental, que está presente na composição de todos os homens, pois, ela pode aparecer tanto sob a forma de fenômenos como na forma de um Orixá, enfim “a religião dos Orixás é a voz da natureza” (MARTINS & MARINHO, 2002).
ORIXÁS E GEODIVERSIDADE
Como vimos no tópico anterior, a associação dos Orixás (Tabela 02) (Figura 02) os elementos da natureza assumem uma importante significação quando analisada em um contexto ecológico. Como consequência desta visão de mundo, o espaço natural torna-se sagrado, repleto de poderes místicos, de crenças que os rodeiam, de mitos e lendas que revestem estes espaços com uma aura de mistério (LÉO NETO & ALVES, 2010). Cada divindade tem sua marca, explicitada nas cores, objetos, cânticos, na culinária e na natureza e recebe homenagens por meio de cânticos, rezas, oferendas e reclusão. Neste universo, tanto os elementos bióticos, quanto os abióticos têm o seu valor e simbolismo, tanto na doutrina quanto na prática de diversos rituais.
Relação dos Orixás com os elementos naturais, especialmente com os da Geodiversidade. Fonte: Compilado de Abimbola (1997); Azevedo (2010); Barbosa Júnior (2011); Martins (2014); Ferreira (2016); Trindade; Linhares; Costa (2018); Saraceni (2018).
Ilustrações dos principais Orixás cultuados nas religiões Afro-brasileiras. Fonte: Lana - CCXP 12 (2020).
Em termos de valores religiosos associados à Biodiversidade, podemos destacar as matas, florestas, animais, árvores e plantas medicinais que são usadas para sacudimentos , defumações, sacrifícios, banhos, além de serem utilizados nos cultos e entregas de oferendas. Em relação à Geodiversidade, podemos destacar diversos elementos que são pontos de força de Orixás.
A seguir, abordamos os Orixás mais cultuados, na Umbanda e no Candomblé, com suas respectivas peculiaridades, além de destacar os elementos naturais, com uma ênfase maior na caracterização da Geodiversidade e seus interesses.
Essa parte do trabalho remete às entidades abarcadas dentro da Umbanda. Como na Umbanda o que se incorpora é o Falangeiro (ou seja, trabalhador espiritual a serviço do Orixá) um ser que está na linha desse Orixá. Alguns os chamam de Encantados, outros de Eguns-de-Santo (espíritos desencarnados que servem aos Orixás), outros por sua vez reconhecem neles a força dos espíritos ancestrais. Tradicionalmente, na Umbanda, eles são chamados Guias, que são espíritos que se tornaram responsáveis pela orientação espiritual e doutrinaria da Umbanda. São aqueles que atuam sob uma determinada linha de trabalho que, por sua vez, está ligado diretamente a um Orixá. Essas entidades são espíritos desencarnados de ancestrais que podem ser incorporadas por médiuns durante os cultos, podendo ser descritos com tipos populares pertencentes à realidade social brasileira. Essas entidades, também recebem e têm os seus pontos de força em elementos da Biodiversidade e Geodiversidade, sendo iguais às dos Orixás que os regem.
A seguir, algumas entidades mais cultuadas nos terreiros de Umbanda:
1-Pretos-Velhos: a característica mais famosa e sempre citada dos Preto-Velhos é a vasta sabedoria que têm. Com uma linguagem simples e direta, esses espíritos, arquétipos de negros escravizados oferecem orientações e apontam o caminho para situações aparentemente sem solução;
2-Caboclos: os caboclos são espíritos que representam ancestrais indígenas, dada a sua origem, as entidades desse grupo se destacaram por serem grandes conselheiros e pela forte ligação com a natureza;
3- Baianos: espíritos descontraídos, dotados de grande energia positiva, os baianos são conhecidos por serem bons de prosa e bem sinceros e representam os sertanejos;
4- Boiadeiros: diferentemente dos baianos, os boiadeiros não são de falar muito, porém sãobondosos, justos e muito corajosos. Simbolizam o homem do campo, o interiorano;
5- Malandros: uma das entidades mais populares dessa linha é o Zé Pelintra, tido como seuespírito chefe ou superior. Os malandros são os espíritos dos marginalizados pela sociedade. É o patrono dos bares e da vida noturna.
6-Pombagira: as Pombagiras são entidades de mulheres que, quando vivas, lutaram contra a opressão e o sofrimento imposto a elas. São entidades protetoras das mulheres e representam a não submissão ao masculino.
7- Marinheiros: também chamados de marujos, os marinheiros são associados às águas e sãoresponsáveis pela limpeza completa: mental, espiritual e física e descarrego. Seu trabalho se caracteriza pela elevada alegria e descontração;
8- Ciganos: essas entidades são guias espirituais que gostam de ajudar as pessoas transformandosuas vidas por meio do amor, da união e da fraternidade sempre com a força e alegria. Apesar do nome, não há ligação direta com povos ciganos espalhados pelo mundo, senão a ligação arquetípica;
9- Erês: são espíritos dotados de elevada pureza, de crianças ou não, mas com manifestações ematitude infantilizada; por isso é bom esperar alguma travessura de vez em quando dessas entidades. Afinal, adoram rir e brincar. Do lado mais sério, trabalham oferecendo conforto e consolo para mães e pais aflitos e com suas brincadeiras são aptos ao desmanche de feitiços;
10- Orientais: linha bastante eclética, reunindo espíritos cuja vibração energética e doutrinacorrespondem a diversas etnias e culturas, agregando hindus, tibetanos, médicos, cientistas, islâmicos, etc. Trabalham sobretudo os tópicos ligados à sabedoria, autoconhecimento e equilíbrio emocional e psicológico;
11- Cangaceiros: incorporados mais recentemente aos tiros umbandistas representam os homens emulheres que lutavam pela justiça social e rompimento das amarras de dominação impostas por forças políticas no imenso interior brasileiro, sobretudo nordestino. Assim, guarda forte ligação com a prática da justiça.
Com a finalidade de contextualizar e exemplificar a importância da natureza para as religiões Afro-brasileiras, nas figuras abaixo (Figura 03) demostram os pontos escolhidos que primam o contato com a natureza e seus elementos (pedreiras, cursos d´água, cavidades) que oportunizaram a aproximação à vibração dos Orixás e seus Falangeiros. Esses trabalhos, firmezas e oferendas, revelam a relação da religião com os elementos da Geodiversidade, configurando-se como manifestações intangíveis.
Imagens de oferendas aos principais Orixás cultuados nas religiões Afro-brasileiras.a) Firmeza de Xangô encontrada em cavidade natural; b) Oferenda a Xangô em um afloramento; c) Ebó, prática candomblecista, despachada em um córrego; e) Ponto de firmeza dos erês (guias de crianças) com oferenda de balas e pirulitos, contento uma imagem de São Cosme e Damião; f) Celebrações umbandistas realizadas em cursos d´água; g-h-i) "pontos riscados" são símbolos sagrados desenhados no chão ou em outras superfícies, geralmente com pó de pemba (um tipo de giz) ou outros materiais, durante cerimônias e rituais. Esses pontos representam entidades espirituais, pedidos de proteção, invocações de orixás e conexões com o mundo espiritual. Fonte: Autores.
Analisando os Orixás e tendo como referência os elementos abióticos, é perceptível a forte relação desses com a formação da Terra e domínio de alguns elementos ligados à composição natural do planeta. Esses locais de forte campo vibratório parecem simples, porém não podem ser esquecidas as complexidades inerentes a esse amplo panteão de Orixás, que, ao longo da história africana, e posteriormente brasileira, passaram por adaptações e amálgamas oriundos da miscigenação ocorrida entre vários grupos étnicos. Devido à miscigenação entre os diversos povos africanos, principalmente aqui no Brasil, não existe um senso comum em relação ao número exato de divindades que formam o panteão africano dos Orixás (VERGER, 2002).
SIMBOLISMO DA GEODIVERSIDADE NOS PONTOS CANTADOS
Nos rituais de religiões Afro-brasileiras, a música desempenha um papel muito importante, tendo múltiplas funções. Estes rituais utilizam, em sua prática, os pontos cantados (“zuelas” ou “curimbas”). Os pontos cantados são versos musicais acompanhados por instrumentos de percussão (sobretudo atabaques; complementarmente: agogô, berimbau, pandeiro). Essas canções, servem para que o Orixá entre em sintonia com o seu médium (BENISTE, 2002; SANTOS, 2014). Nesses cantos e rezas de invocação aos Orixás entoados nas celebrações, nota-se a relação deste com a natureza e a súplica do homem por esta. As cantigas retratam os seus feitos, suas passagens pela terra. Cada Orixá e suas entidades possuem uma cantiga especifica para ser cultuado, e em cada uma delas são invocados seus poderes e suas características.
Por serem preces musicais que atraem as forças da natureza, muitas vezes têm elementos da Geodiversidade exemplificados em suas letras, principalmente nos pontos catados de Orixás que têm relação direta com esses elementos. Abaixo, alguns pontos cantados com destaque para elementos da Geodiversidade.
Assim, como outras ações, os pontos cantados demostraram, além de poemas de caráter mitológico e/ou épico que rememoram os feitos das divindades, a importância e o significado dos elementos da Geodiversidade.
CONCLUSÕES
A dicotomia aparente entre ciência e religião frequentemente os coloca em polos opostos, como se fossem irreconciliáveis. Não é incomum que busquem anular-se mutuamente. No entanto, embora mantenham significados específicos distintos, esses termos podem, na verdade, ser complementares. Embora muitas vezes sejam percebidos e discutidos de maneira dicotomizada, o interesse acadêmico em explorar as interações entre ciências e religião permanecem relevante e estimulante.
Mesmo diante da aparente dicotomia entre ciência e religião, é imperativo promover o esclarecimento e aprofundamento dos estudos que abordam esses campos. Um exemplo particularmente fascinante é a investigação dos rituais das religiões afro-brasileiras e sua relação com a história oral e a geodiversidade. Na tradição das religiões Afro-brasileiras, a geodiversidade desempenham um papel significativo, pois elementos da natureza abiótica são considerados manifestações tangíveis do sagrado, revelando mistérios relacionados aos Orixás e Entidades venerados. Locais como pedreira, vales, cachoeiras, rios e minerais são imbuídos de profundo simbolismo e significado, integrando-se ao universo ritualístico. Por meio da história oral, podemos acessar narrativas ancestrais que conferem uma compreensão mais profunda da relação entre esses elementos geológicos e a espiritualidade das religiões Afro-brasileiras. Essas narrativas não apenas enriquecem nossa compreensão das práticas religiosas, mas também evidenciam a interconexão entre seres humanos, natureza e divindades.
A investigação da Geodiversidade e sua relação com as práticas religiosas, como abordagem pela Geoteologia (FERREIRA et al., 2022), instiga à reflexão sobre a importância de reconhecer e promover mais amplamente a Geodiversidade e suas múltiplas aplicações, através dessa lente, podemos apreciar, compreender e interpretar as expressões religiosas de uma maneira diferente, proporcionando maior solidez e autenticidade. A Geodiversidade, ao ser considerada o palco da revelação divina, oferece uma perspectiva única que enriquece nossa compreensão das religiões e suas práticas.
AGRADECIMENTOS
CAPES e FAPERJ pela bolsa de doutorado do primeiro autor e ao CNPq pela bolsa de produtividade em pesquisa do segundo autor.
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Editado por
-
Editores ResponsáveisAlexandra Maria OliveiraAlexandre Queiroz Pereira
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
07 Out 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
-
Recebido
24 Mar 2024 -
Aceito
01 Jun 2024 -
Publicado
10 Jun 2024