Durante inquéritos caninos realizados na periferia da cidade do Rio de Janeiro, foram estudados clínica e laboratorialmente 40 cães. Todos apresentavam diagnóstico parasitológico e/ou sorológico de leishmaniose. Dentre esses, 19 procediam de áreas de ocorrência de leishmaniose visceral (LV) - Realengo, Bangu e Senador Camará. Sinais clínicos sugestivos da infecção foram observados em 36,8% deles (incluindo emagrecimento - 100%, linfadenopatia e depilação - 85,7%). Outros 21 cães procediam da área de Campo Grande onde tanto a LV como a leishmaniose tegumentar americana (LTA) ocorrem. Sinais clínicos da infecção por Leishmania, principalmente ulcerações cutâneas e mucocutâneas, foram observadas em 76,2% deles. Em 39 cães foram encontrados leishmanias: 22% em vísceras, 42,5% em vísceras e pele normal e 35% um ulcerações cutâneas ou mucocutâneas. Todos os estoques de Leishmania isolados de cães provenientes das áreas de LV e da área de LV + LTA foram caracterizados como L. donovani (exceto em um caso) conforme seus esquisodemas, zimodemas e serodemas. O único estoque caracterizado como L. braziliensis brazilienzis foi isolado de linfonodo de um cão de Campo Grande, com leishmaniose visceral e sem alterações cutâneas. A tentativa de tratamento pelo antimonial em oito cães positivos para Leishmania donovani não reverteu o curso da doença e um deles apresentou intenso agravamento, morrendo em curto período.