Resumo
Este trabalho buscou investigar a carreira esportiva de mulheres atletas de voleibol sentado que participaram dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, com o objetivo de reconhecer o percurso esportivo das atletas. É uma pesquisa qualitativa, descritiva, de caráter exploratório e retrospectivo. A amostra foi composta por quatro atletas, foi utilizado questionário, entrevista semiestruturada, apoiados pelo uso de timeline. A análise dos dados foi realizada a partir da Análise Qualitativa do Conteúdo. Observamos que o esporte enquanto carreira aparece após a lesão física, como parte do processo de reabilitação. No entanto, há dupla carreira profissional para essas atletas devido à instabilidade da carreira esportiva, sendo o ápice quando há convocação para a seleção brasileira. Não foi identificado um preparo para o encerramento da carreira esportiva. A carreira esportiva é uma forma de reabilitação e inserção social, ao mesmo tempo em que não se configura como trabalho de dedicação integral das atletas, que têm outros empregos.
Palavras-chave: Esportes para pessoas com deficiência; Traços de história de vida; Voleibol; Mulheres.
Abstract
This study aimed to investigate the sports career of sitting volleyball athletes who participated in the Brazilian sitting volleyball team at the Paralympics Games in Rio 2016. It is a qualitative, descriptive, exploratory and retrospective research. The sample consisted of four athletes and a questionnaire and a semi-structured interview were used, supported by the timeline. The analysis of the data was made from the Qualitative Content Analysis. We observed that sport as a career appears after physical injury, as part of the rehabilitation process, but sport is not the only source of income due to the instability of the sports career. The apex is the call for the Brazilian team and there is no preparation to the end of sport career. The sports career is a form of rehabilitation and social insertion, at the same time that it is not a full-time job for athletes, who have other jobs.
Keywords: Sports for persons with disabilities; Life History Traits; Volleyball; Women.
Resumen
El propósito de este trabajo fue investigar la carrera deportiva de mujeres atletas de voleibol sentado que participaron en los Juegos Paralímpicos Rio 2016, con el objetivo de reconocer el recorrido deportivo de las atletas. Se trata de una investigación cualitativa, descriptiva, de carácter exploratorio y retrospectivo. La muestra estuvo compuesta por cuatro atletas y se utilizó un cuestionario, entrevista semiestructurada, con el apoyo del uso de timeline. El análisis de datos se realizó a partir del Análisis de Cualitativo de Contenido. Observamos que el deporte como carrera aparece después de la lesión física, como parte del proceso de rehabilitación. Sin embargo, estas atletas suelen tener doble carrera, debido a la inestabilidad de la carrera deportiva, cuyo ápice es el llamado para integrar la selección brasileña. No se ha identificado que haya una preparación para el término de la carrera deportiva. La carrera deportiva es una forma de rehabilitación e inserción social, pero no es un trabajo a tiempo completo para las atletas, que tienen otros empleos.
Palabras clave: Deportes para personas con discapacidad; Rasgos de la historia de la vida; Voleibol; Mujeres.
1 INTRODUÇÃO
A crescente ascensão do esporte paralímpico vem proporcionando que atletas o identifiquem como possibilidade de profissionalização e consequente carreira esportiva. Entende-se por carreira esportiva um conjunto de atividades relacionado à execução de uma modalidade esportiva desde a iniciação até o encerramento, sendo composta por diversas fases e transições (ALFERMANN; STAMBULOVA, 2007). Considerando que o processo de inserção no esporte paralímpico é diferente do esporte convencional, haja vista que alguns já eram atletas antes de adquirir a deficiência e, outros se tornaram atletas após adquiri-la (SILVA, 2013), o questionamento acerca das possibilidades de desenvolvimento e gerenciamento da carreira esportiva se mostram pertinentes. Em especial, são necessárias reflexões acerca da carreira esportiva de mulheres com deficiência, que, frente às mulheres sem deficiência e aos homens com deficiência, são invisibilizadas (BÊ, 2020).
A política esportiva brasileira por meio da ampliação de incentivos financeiros, do desenvolvimento de estruturas de treinamento e da visibilidade dos esportes para pessoas com deficiência, vem tornando possível a dedicação desses atletas aos treinamentos nos últimos anos (HAIACHI et al., 2016). Contudo, o apoio de múltiplos agentes é fundamental para o envolvimento e a ascensão na iniciação esportiva de mulheres com deficiência (RUDDELL; SHINEW, 2006). Familiares, colegas, treinadores(as) e especialistas no processo de reabilitação são exemplos de pessoas influenciadoras na carreira esportiva (RUDDELL; SHINEW, 2006), que, em geral, se inicia com intuito de desenvolvimento de aspectos sociais, psicológicos e funcionais (BLINDE; MCCALLISTER, 1999). Dessa forma, embora o estímulo esportivo seja impulsionado pela cooperação de agentes facilitadores, a manutenção da prática é influenciada por fatores intrínsecos à praticante. Isto emerge questionamentos sobre o agenciamento feminino nesse processo.
Apesar dos benefícios dessas atletas se engajarem no esporte, ainda há muitas barreiras a serem desafiadas para a manutenção e ascensão na prática de alto rendimento. Condições físicas e estruturais de acessibilidade e mobilidade urbana, estruturas de locais de treino, o incentivo financeiro para a manutenção do esporte, a aceitação da família e a adaptação a uma modalidade devido às características de cada deficiência são exemplos desses desafios (HAIACHI et al., 2016). Aliada a isso, a intersecção da deficiência em conjunto com a identidade de gênero configura uma posição de dupla vulnerabilidade (NICOLAU; SCHRAIBER; AYRES, 2013; TONON, 2021) que é ainda mais acentuada, no contexto esportivo, predominantemente organizado e praticado por homens sem deficiência (BRAUNER, 2015; RUBIO, 2021). Dessa forma, sabendo que mulheres com deficiência no esporte são vistas como desviantes por comporem a categoria “com deficiência” ao mesmo tempo em que representam uma figura talentosa ao demonstrar desempenho atlético (APELMO, 2016), questionamentos acerca das especificidades da carreira esportiva paralímpica emergem, principalmente, tensionando questões sobre o gênero, deficiência e esporte.
O esporte é plural, manifesta-se em diversos contextos e é passível de desenvolvimento amador e profissionalizante (MARQUES; ALMEIDA; GUTIERREZ, 2007). Contudo, ao retratar o esporte paralímpico, um fenômeno recente quando comparado ao esporte olímpico, sabe-se que o desenvolvimento esportivo varia de acordo com o tipo de esporte e de deficiência (PATATAS et al., 2020). Nesse sentido, a expansão dos esportes paralímpicos e a possibilidade de seguir a carreira profissional estimula os(as) atletas a procurarem por melhores resultados, rotinas de treinamento individualizadas, novas tecnologias e qualificação profissional, e eleva a importância do papel da associação entre reabilitação e prática neste contexto (CARDOSO et al., 2019; HAIACHI et al., 2016). Por isso, a necessidade de conhecimento desse processo é pertinente considerando a busca pela sistematização de estratégias para condução da carreira esportiva paralímpica, alocação de recursos, estabelecimento de modelos de desenvolvimento atlético em longo prazo que, até o momento, são em grande parte adaptados de abordagens de esportes para pessoas sem deficiência (PATATAS et al., 2020).
Logo, reconhecer a trajetória de vida e os aspectos da carreira esportiva de atletas de esportes paralímpicos para identificar e reconhecer quais as principais características, incluindo razões para a prática e desafios, pode ser um importante aliado ao processo de sistematização, organização e planificação para a promoção dessas modalidades no contexto brasileiro. Por isso, o objetivo deste estudo foi identificar e analisar as fases, influências e contextos da carreira esportiva de atletas mulheres da modalidade voleibol sentado, verificando quais os fatos mais relevantes em suas trajetórias.
2 MÉTODOS
2.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO
O estudo tem natureza qualitativa, ao estudar o significado das condições da vida das pessoas, incluindo as condições contextuais como as sociais, institucionais e ambientais (YIN, 2016); descritiva por observar, registrar e descrever as características de um determinado fenômeno ocorrido em uma amostra ou população; de caráter exploratório, pois busca familiarizar-se com o problema estudado; e retrospectivo, desenhado para explorar fatos do passado, do momento atual até um determinado ponto no passado (GIL, 2008).
Utilizamos dois métodos distintos, porém complementares, para o contexto desta pesquisa: a história de vida e a carreira esportiva. A escolha de combinar esses dois métodos se deu pela característica das participantes do estudo, uma vez que, ao pesquisar atletas paralímpicas, muitas vezes o direcionamento para a carreira esportiva pode estar ligado a algum fator específico da história de vida desses sujeitos, como traumas, deficiência congênitas, entre outros fatores que os levam a conhecer o esporte paralímpico.
A história de vida é um método em que podemos registrar a relação dos acontecimentos da vida pessoal do indivíduo interligando-os com o social, assim fazendo uma ponte das memórias do passado com os fatos do presente. Ela é composta de memórias e é feita a partir da narrativa do entrevistado, que relata sobre a sua vida, e como ele reconstrói sua história constituída de momentos e vivências do passado, de forma que cada experiência vivenciada tem um grau de significância na atualidade (BRANCATTI et al., 2017; NOGUEIRA et al., 2017). De acordo com Haguette (2003), a história de vida pode ser utilizada como uma técnica subsidiária de coleta de dados, e torna-se importante em estudos ao captar o “processo em movimento”. Neste estudo, a história de vida é essencial para captar os processos e acontecimentos que levaram as atletas do estudo até o momento da investigação, não sendo possível separar a vida da carreira esportiva.
Já a carreira esportiva é entendida como a atividade esportiva realizada por longos anos da vida do indivíduo, com o objetivo de aperfeiçoamento e de realização no esporte, e está diretamente ligada ao estilo de vida da pessoa (STAMBULOVA, 1994). Com isso, podemos entender o percurso que a pessoa realiza em sua vida na área esportiva, assim constituindo uma memória das atividades realizadas, quando foram realizadas, onde foi a realização daquelas atividades, o que forma, assim, uma trajetória esportiva, a qual influencia suas escolhas quando adultos.
2.2 PARTICIPANTES
O estudo contou com a participação de quatro atletas de voleibol sentado, que são integrantes da seleção brasileira da modalidade, na categoria feminino, e que neste estudo estão mencionadas com nomes fictícios Petúnia, Kokio, Orquídea, Íris. A idade média das atletas foi de 31 anos (± 3,36 anos) e o tempo médio de participação na modalidade foi de oito anos (± 3,65 anos). O critério para a seleção dessas atletas deu-se por serem medalhistas de bronze nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016 e jogadoras de equipes de voleibol sentado no estado de Goiás.
As atletas foram abordadas em seus respectivos locais de treinamento e convidadas a participar da pesquisa. Esta pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Goiás (CAAE: 99590718.9.0000.5083, número parecer 3.007.424), e todas as atletas abordadas aceitaram participar e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme aprovado no projeto de pesquisa.
2.3 COLETA DE DADOS
Os instrumentos utilizados foram uma ficha de identificação com o objetivo de caracterizar as participantes do estudo e um roteiro de entrevista semiestruturada. Juntamente, a timeline da carreira esportiva. Côté, Ericsson e Law (2005) e Yin (2016) afirmam que um dos critérios para a elaboração de uma entrevista é partir de um modelo existente na literatura. Logo, as perguntas do roteiro foram baseadas nos Modelos de Descrição Sintética e de Descrição Analítica de carreira esportiva (STAMBULOVA, 1994).
A entrevista semiestruturada foi composta por perguntas abertas, as quais têm o objetivo de se dissertar melhor sobre o tema exposto. As pesquisadoras tiveram uma sequência de questões a ser seguida, mas com a flexibilidade de chegar às respostas de uma maneira informal, por intermédio de um diálogo. Assim, nas entrevistas foram feitas indagações buscando sempre obter respostas para todas as perguntas propostas pela entrevista antes determinada. As entrevistas foram realizadas no local de treino das atletas de acordo com disponibilidade das participantes.
A timeline é um método visual para orientar ou suplementar métodos de entrevista semiestruturadas ou para lidar com questões de entrevistas com populações vulneráveis que sofreram traumas, sendo importante para o envolvimento crítico e podem informar ou colocar novas preocupações para o relacionamento entre quem pesquisa e quem é pesquisado, sendo construída com a participação conjunta de ambos (KOLAR; AHMAD; ERICKSON, 2015).
As transcrições das entrevistas foram feitas a partir da técnica de transcrição suave, a qual, segundo Mayring (2014), configura-se em transformar a linguagem falada em texto, palavra por palavra, limpando do texto expressões e palavras não condizentes, o que torna o texto coerente e simples de entender.
A análise dos dados foi realizada a partir da Análise Qualitativa de Conteúdo, que consiste em interpretar os dados dentro de um contexto e apresentar categorias como foco na análise ao sintetizar as informações através de processos de redução com prevalência das informações em sua qualidade e não pela quantidade de palavras presentes no texto; o principal cuidado é a manutenção das ideias centrais dessas mensagens (MAYRING, 2014).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A carreira esportiva é composta por diversas fases e transições (ALFERMANN; STAMBULOVA, 2007), sendo que três principais fases são primordiais para a carreira de um(a) atleta, denominadas de período de iniciação, de desenvolvimento e término da carreira (SALMELA,1994).
Dessa forma, a análise dos dados foi baseada nestas fases identificadas na trajetória de vida das atletas. A fase entendida como começo das atividades esportivas tem por característica uma etapa de formação, a qual tem como objetivo o desenvolvimento das etapas iniciais da esportivização, buscando almejar, posteriormente, os resultados no futuro esportivo (CAFRUNI; MARQUES; GAYA, 2006).
Para identificar as diversas fases da carreira esportiva das atletas, bem como as influências e contextos que as inseriram na modalidade voleibol sentado, dividimos a análise dos dados obtidos por meio das entrevistas nas seguintes estruturas de análise: a) práticas físico-esportivas antes de adquirir a deficiência; b) a inserção no esporte paralímpico; c) a carreira esportiva em si. Esta última dividimos em outros três subtópicos: iniciação ao esporte; especialização e conquistas esportivas; e planejamento do encerramento da carreira esportiva.
A partir da análise das entrevistas das quatro atletas conseguimos identificar os contextos e influências que ocorreram durante a infância em que apresentam algum contato com atividades esportivas; o contato formal com a modalidade esportiva decorrente do processo de reabilitação e que todas tiveram lesões físicas decorrentes de acidentes (traumas), esse ponto em comum as levou a conhecer o voleibol sentado, a profissionalização/carreira no esporte incluindo a convocação para a Seleção Brasileira, e as perspectivas para o encerramento da carreira esportiva.
3.1 PRÁTICAS FÍSICO-ESPORTIVAS ANTES DE ADQUIRIR A DEFICIÊNCIA
Um ponto em comum entre todas as atletas paralímpicas entrevistadas é que elas não eram atletas antes de ocorrer a lesão/trauma que gerou a deficiência física. Por isso, na primeira estrutura de análise reunimos as informações referentes às práticas físico-esportivas durante a trajetória de vida antes da lesão das atletas e observamos que para três atletas o esporte foi bastante presente na infância e contribuiu para mantê-las fisicamente ativas:
Foi uma infância bem divertida e agitada, brinquei muito, de todos os esportes e brincadeiras. Futebol, vôlei, basquete. Todas sem exceção. Sempre quis ser uma atleta a nível mundial, sempre quis usar a camiseta do Brasil, mas o meu desejo era no futebol, sempre quis ser atleta do futebol (KOKIO).
Os relatos das atletas demonstram que a Educação Física Escolar apresentou grande influência nas práticas físico-esportivas durante a infância e adolescência, pois, muitas vezes, essa prática acontecia no ambiente escolar, “Até uns 12/13 anos gostava muito de brincar na Educação Física, gostava de jogar vôlei, futsal, futebol, queimada. No ensino médio, com 16/17 anos, jogava vôlei na escola e duas vezes na semana em um ginásio” (PETúNIA).
Já com relação ao voleibol convencional, modalidade original da adaptação do voleibol paralímpico, as atletas Petúnia, Kokio e Íris relataram que tiveram um maior contato com a modalidade no período da adolescência. Embora tenha ocorrido na escola, nas aulas de Educação Física, não era um ambiente formal e não havia treinamento específico para esse esporte. Já a atleta Orquídea relatou que não teve contato com o voleibol convencional no período da sua infância e adolescência.
Podemos verificar que as atletas demonstram ter uma vida ativa no período da infância, e isso pode ter contribuído para o processo de inserção no esporte após adquirir a deficiência física. Embora questões relacionadas à superproteção parental e distanciamento de categoria “pessoa com deficiência” possam ser obstáculos para o envolvimento com o esporte paralímpico (APELMO, 2016), grande parte do envolvimento com as atividades esportivas pelas participantes aconteceu no ambiente escolar.
Dessa forma, apesar de essas atletas não terem tido contato com o esporte paralímpico na infância, a sua apropriação enquanto conteúdo para a vida abriu caminho, posteriormente, oportunizando vivenciá-lo enquanto carreira. A partir da análise das entrevistas, percebemos que o momento divisório de busca pelo esporte como carreira está relacionado principalmente com o fato de terem uma deficiência física permanente, e encontrarem o esporte no momento da reabilitação e reinserção na sociedade. Nesse sentido, é importante compreender o esporte paralímpico “ [...] como uma garantia legal, uma atividade que deve ser amplamente oportunizada para pessoas com deficiência” (SERON et al., 2021, p.9), possibilitando benefícios para além das capacidades físicas, mas também de melhoras na vida social, de mostrar novas possibilidades e sentidos com a nova identidade dessas pessoas.
3.2 A INSERÇÃO NO ESPORTE PARALÍMPICO
A segunda estrutura de análise engloba o processo de obtenção da deficiência física e a inserção no esporte paralímpico. Um marco significativo em nossa pesquisa é o período em que ocorreu a lesão física nas atletas e como ocorreu, sendo que as quatro atletas tiveram acidentes automobilísticos (carro e moto) na juventude, entre 16 e 26 anos. Após os acidentes, as atletas conheceram o voleibol sentado, sendo que as atletas Petúnia e Kokio conheceram a modalidade por meio das pessoas que fazem ou vendem a prótese ortopédica e as atletas Orquídea e Íris receberam convites de pessoas da comissão técnica de uma equipe.
A forma como ingressaram na modalidade demonstra o quanto a inserção no esporte adaptado está relacionada com aspectos da reabilitação e da reinserção social por meio da prática esportiva. De fato, o esporte paralímpico nasceu em um contexto reabilitativo inserido em um hospital em Stoke Mandeville, na Inglaterra (BRITTAIN; 2016; MELLO; WINCLKER, 2012), o que explica os resultados encontrados. Ainda, baseado no modelo médico da deficiência, há uma busca incessante pela “normalização” de corpos e comportamentos que direcionam as mulheres com deficiência às práticas de reabilitação (APELMO, 2016). É nesse cenário que as atletas conhecem as modalidades paralímpicas, após adquirirem a deficiência física, considerando que ainda não é um conteúdo tão presente nas aulas de Educação Física Escolar (SERON; GREGUOL, 2021). Em complemento, os dados da nossa amostra indicam o quão tardia é essa iniciação esportiva nas modalidades adaptadas e paralímpicas. De acordo com Sanchotene e Mazo (2018), existe um processo tardio de ensino e treinamento no esporte paralímpico no Brasil, o que gera ainda mais obstáculos para professores(as) e treinadores(as) dessas modalidades.
Contudo, há outros motivos pelos quais pessoas com deficiência procuram a prática esportiva. Entre os mais frequentes estão a aquisição e o fortalecimento de vínculos de amizade, ou seja, vínculos social e integrativo, por gostar de competir, pelo incentivo do(a) professor(a)/treinador(a) e pelo prazer (VIANA; CHAVES; PEREIRA, 2016). Corroborando isto, todas as atletas relatam que o voleibol sentado abriu novas portas e expandiu olhares para uma vida nova. A atleta Kokio relata que, com o voleibol sentado, ela pôde conhecer vários países, vários lugares, culturas e pessoas. A atleta Petúnia conta que foi por meio de sua entrada na modalidade que surgiu a oportunidade de fazer uma faculdade e assim obter uma profissão desejada dentro do esporte. A atleta Orquídea relatou que se redescobriu como atleta e que, por nunca ter tido a vontade de praticar esporte, a modalidade lhe proporcionou outro olhar sobre como é ser atleta.
Assim como no estudo de Viana, Chaves e Pereira (2016), a inserção no esporte promoveu mudanças significativas na vida das atletas, que passaram a vivenciar o esporte e as diversas competições, conquistando novas amizades, aproximando-se de pessoas que vivenciam a mesma realidade, o recomeço com novos objetivos e profissão e, até mesmo, um sentimento de inclusão social. Além disso, o desempenho esportivo para esses atletas é associado não só à capacidade física, mas também à manutenção da independência, à saúde mental, à percepção de competência e à identidade pessoal (BRAZUNA; CASTRO, 2001).
Visto isso, temos que o início e a permanência no esporte para essas atletas em específico têm uma relação forte com a perspectiva social oferecida pelo engajamento esportivo. Isto ocorre pela aproximação com pessoas com histórias semelhantes, pela perspectiva de encontrar objetivos para a vida, pelas oportunidades de experiências em viagens, pela promoção profissional dentro e fora do esporte ou pela satisfação pessoal. Como demonstrado no estudo de Blinde e McCallister (1999), o qual apresentou que fatores relacionados à interação social e à manutenção funcional e psicológica são motivos para o engajamento em atividades físicas e esportivas por mulheres com deficiência física. Em conclusão, e de acordo com Seron et al. (2021, p. 11):
Nesse contexto, pela sua concepção plural e suas diferentes concepções de prática, o esporte fornece, para além dos recordes e medalhas, a compreensão ampliada sobre a diversidade do potencial humano, favorecendo a percepção mais positiva sobre as diferenças individuais.
3.3 CARREIRA ESPORTIVA
Analisando a terceira estrutura, foi possível observar a iniciação ao esporte, a especialização até a convocação para a seleção brasileira, as principais dificuldades de manutenção e o planejamento para o encerramento da carreira esportiva.
Na iniciação na modalidade, um dos principais aspectos levantados pelas atletas foi sobre a relação agradável com o técnico no processo de aprendizagem da atleta e composição dentro do time. Sendo uma relação mais amigável e de confiança entre o técnico e as atletas, pode-se perceber pelos relatos das atletas que essa forma de se relacionar cria laços importantes para o crescimento, sendo a socialização entre elas e o técnico um dos fatores que as mantêm no esporte.
Ainda nesse sentido, para além das relações sociais e afetivas, de acordo com Reis, Mezzadri e Moraes (2017), a capacitação dos(as) professores(as) e treinadores(as) que trabalham com o esporte paralímpico oferecendo melhor formação e condições de trabalho é de extrema importância para o desenvolvimento das modalidades adaptadas no Brasil. Dessa forma, sabendo que a inserção e o desenvolvimento do esporte de elite por mulheres com deficiência são fortemente influenciados pela colaboração de múltiplos agentes facilitadores, o papel de treinadores(as) em conjunto com familiares, terapeutas e outras pessoas tem relevância no processo de motivação, aconselhamento e oferecimento de oportunidades de prática esportiva (RUDDELL; SHINEW, 2006).
Ao verificar as condições para manutenção na carreira esportiva expostas nas entrevistas, dadas a condição financeira e a incerteza da continuidade na carreira esportiva, percebemos a quão “amadora” é a estrutura da modalidade no Brasil, e como isso dificulta a dedicação exclusiva dessas atletas para o esporte, e também reflete sobre as estruturas competitivas no cenário nacional. As atletas relatam que o voleibol sentado feminino vem crescendo há alguns anos, que existem várias equipes masculinas, mas na visão delas há somente quatro equipes femininas com nível técnico adequado em todo o Brasil.
Assim como em outros esportes com menos espaço nos meios de divulgação no Brasil, todas as atletas da pesquisa declararam ter outra profissão devido à procura por estabilidade financeira. Ou seja, todas são atletas de voleibol sentado com representação na seleção brasileira, medalhistas paralímpicas e, ainda assim, têm uma profissão extraquadra. A atleta Petúnia é fisioterapeuta e atua em uma clínica no contraturno dos treinos. A atleta Kokio é agente administrativa, Orquídea trabalha de secretária e Íris é operadora de caixa.
Aliada à questão financeira, também se insere a relação com a estrutura de treinamento, o que, segundo as atletas, atualmente está positiva, sendo classificada por elas como muito boa, com quadra de qualidade e com materiais/instrumentos complementares adequados para o treinamento. As atletas informaram que treinam quatro vezes na semana, com duração de duas horas a sessão. No entanto, duas atletas relataram que realizam treinos extras para melhorar seu desempenho, já as outras duas só conseguem realizar os treinamentos previstos com a equipe. Se compararmos com a carreira do voleibol olímpico, pode-se notar uma discrepância bem significativa na quantidade de horas dedicadas para melhorar o condicionamento das suas valências exigidas para o esporte.
Esse amadorismo também pode ser visto pela pouca especialização na posição de jogo no clube e na seleção brasileira. A posição que a atleta realiza dentro de quadra varia de acordo com a necessidade do(a) técnico(a). A atleta Petúnia atualmente faz meio de rede na seleção brasileira, pois, segundo a atleta, tem maior agilidade para se deslocar e consegue desempenhar com eficiência os bloqueios, demonstrando sua principal função. No clube, joga em todas as posições, menos como levantadora. Kokio começou na posição líbero e atualmente é levantadora. A atleta Orquídea joga na posição de meio de rede, mas já foi levantadora. A atleta Íris joga em qualquer posição, conforme seu relato: “Eu jogo tudo, eu nunca tive uma posição certa. O treinador sempre treina a gente para tudo, para na hora que precisa conseguir fazer de tudo. Gosto é de jogar vôlei, não importa o lugar (ÍRIS)”.
Podemos perceber que há baixa especialização das funções em jogo apresentadas pelas atletas neste estudo. Pode-se notar que todas as atletas atuam em várias posições dentro de quadra em seus treinos na equipe que jogam e na seleção brasileira. Além disso, a baixa frequência de partidas oficiais é um fator negativo para as modalidades esportivas em geral. As equipes e as atletas necessitam atuar em situações competitivas para melhorar o desempenho e desenvolver o nível técnico-tático em posicionamentos específicos. Isto consequentemente afeta o desempenho nas seleções nacionais.
As entrevistadas relataram que a falta de campeonatos mais frequentes em âmbito nacional, com nível mais elevado, é um fator prejudicial. Como exemplo, elas citaram que normalmente só há uma etapa do campeonato brasileiro por ano, com exceção de 2018, que foi realizado em duas etapas, uma no mês de junho, que ocorreu em Sergipe, e a outra etapa no mês de outubro, em Goiânia. Por três anos consecutivos a equipe em que jogam ficou em 2º lugar no campeonato brasileiro. A atleta Petúnia relata que há promessa do novo presidente da CBVD (Confederação Brasileira de Voleibol para deficientes) para a criação de mais campeonatos para o decorrer do ano. Com isso, espera-se não só o aprimoramento da qualidade das equipes já atuantes, mas também, o incentivo ao desenvolvimento de futuras equipes competitivas.
Além disso, a partir da entrevista foi possível perceber que o ápice a ser conquistado na modalidade é a convocação e permanência na seleção brasileira. Para as atletas, serem convocadas é algo bastante significativo, no entanto, percebe-se que há um amadorismo na convocação, mesmo na seleção brasileira. As atletas relataram que a convocação, algumas vezes, aconteceu de forma inesperada e com pouco tempo de treinamento. A atleta Petúnia informou que não acreditava estar pronta para atuar no nível internacional. Apesar disso, todas relatam que já participaram de vários campeonatos mundiais, Paralimpíadas, Parapan-Americanos, mas o principal campeonato e, consequentemente, principal medalha conquistada foi em 2016, na Paralimpíada do Rio. Todas as atletas relataram que, com a conquista da medalha de bronze neste evento, a visibilidade do esporte foi maior perante a sociedade. Houve um reconhecimento do trabalho, o qual foi amplamente divulgado pela mídia em 2016. E com esse reconhecimento, houve incentivos financeiros vindos por parte do governo, como bolsas para as atletas, bem como reconhecimento social, profissional e pessoal.
Sobre a possibilidade de serem convocadas por equipes no exterior, as atletas relataram o interesse nesse cenário, mas que o esporte adaptado não tem o hábito de convocar atletas de outros países para jogar em seu time, pois ainda há intenções de mobilização dentro do próprio país para se constituir mais times de voleibol sentado e, assim, selecionar as melhores atletas para compor o time competitivo.
Quanto à questão financeira, todas as atletas relataram receber bolsas atleta federal, pró-esporte e pró-atleta. A atleta Petúnia contou que existem vários tipos de bolsas que auxiliam as atletas a permanecer no esporte. Existe a bolsa paralímpica, bolsa federal, bolsa nacional, bolsa internacional, sendo cada nível um determinado valor. A bolsa federal dura quatro anos e, para obtê-la, é preciso estar ativa na seleção brasileira, com ranking. As atletas relataram que possuem a bolsa atleta federal, bolsa pró-esporte e bolsa pró-atleta. Em complemento, a equipe em que atuam é vice-campeã no campeonato brasileiro e, por isso, também possuem a bolsa paralímpica. A atleta Íris relatou que possui a bolsa pró-esporte e a pró-atleta.
De acordo com Reis, Mezzadri e Silva (1997), há ações de políticas públicas no Brasil que são voltadas para o esporte em geral e são específicas de cada região. Dessa forma, as atletas e equipes devem estar atentas para a captação de recursos, além das ações federais via Ministério do Esporte como a Lei de Incentivo ao Esporte e a Bolsa Atleta, relatadas pelas atletas do estudo. Sendo assim, o esporte paralímpico concorre com as demais modalidades olímpicas, não tendo um incentivo específico, o que muitas vezes dificulta o acesso ao incentivo.
E, por fim, o planejamento do encerramento da carreira das atletas é variado. Duas participantes citaram que pretendem continuar a sua trajetória na modalidade até a Paralimpíada de 2020 em Tóquio. No entanto, Petúnia, após esse evento, pretende dedicar-se a sua profissão de formação, a fisioterapia. A atleta Orquídea pretende continuar vinculada ao esporte, porém em outra modalidade,
Em 2020 eu quero ter minha última paraolimpíada e com medalha. Se conseguir ir para Tóquio vai ser minha terceira paraolimpíada, quero deixar os mais novos virem, aposentar mesmo. O vôlei sentado não tem questão de limite de idade. Enquanto puder ajudar fico na seleção. Depois, pretendo parar e descansar, viver mais minha vida. Focar mais na minha profissão (PETúNIA). (grifo nosso).
Em relação às jogadoras Kokio e Íris, elas não pensam em encerrar a carreira esportiva e pretendem continuar com as atividades no voleibol sentado até que não sejam mais convocadas ou que não tenham mais condições de jogar. A atleta Kokio tem planos de jogar em Tóquio em 2020 com a seleção brasileira. Já a atleta Íris quer continuar na seleção brasileira, e não planeja retirar-se do esporte a médio e/ou curto prazo.
No Brasil não há programas que auxiliem os atletas a planejarem o encerramento da carreira esportiva, sendo que, muitas vezes, ao encerrar as suas atividades em uma determinada modalidade, os atletas procuram por novas oportunidades no mercado de trabalho, sendo que poucos se preparam para o encerramento das atividades esportivas (BRAZUNA; CASTRO, 2001). Ao final da carreira esportiva de atletas sem deficiência, geralmente, a maioria busca uma nova atividade relacionada ao esporte ou se mantém próximo aos treinadores e outros atletas. Atletas que optam por outras áreas de atuação geralmente encontram dificuldades para adaptar-se a outras demandas profissionais (STAMBULOVA, 1994).
Visto isso, percebemos que o amadorismo no voleibol sentado ainda é bastante presente, mesmo entre as atletas que compõem a seleção brasileira. Embora pertençam à minoria das medalhistas paralímpicas, vemos que a perspectiva de carreira ainda é pouco vislumbrada, uma vez que para manterem-se financeiramente as atletas necessitam ter outros empregos. Além disso, pelas falas das jogadoras, percebe-se que elas não se enxergam como atletas de alto nível, pois o ambiente não as faz reconhecer esse status. Ainda, elas veem em seus empregos e outras profissões (como a profissão de fisioterapeuta) o desenvolvimento de suas carreiras profissionais. Por não perceberem a carreira esportiva como tal, as atletas não planejam a sua retirada do esporte.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo traz uma reflexão sobre as condições contextuais de atletas do voleibol sentado que atuam no estado de Goiás e na seleção brasileira, relacionando os acontecimentos da vida pessoal e profissional das participantes, de modo que essas experiências são significativas para fenômeno atual (BRANCATTI et al., 2017; NOGUEIRA et al., 2017). Assim, percebe-se que, nessa modalidade em questão, ainda há um grande amadorismo, seja na iniciação/recrutamento das atletas, na manutenção na modalidade, que se dá por meio de bolsas e auxílios, e na falta de perspectiva enquanto carreira profissional, sendo que as atletas necessitam ter duas carreiras para manter-se financeiramente, e não há um planejamento para a saída do esporte.
As limitações deste estudo estão relacionadas ao tamanho da amostra, pois apenas quatro atletas foram entrevistadas. No entanto, esse número representa a quantidade de atletas no estado de Goiás, no momento do estudo, que estavam vinculadas à seleção brasileira da modalidade, o que o torna bastante significativo. Outra possível limitação está relacionada à memória das informações, uma vez que as atletas tinham que se lembrar de fatos importantes da sua vida para relacionar com o estudo.
Enfim, estudos sobre carreira esportiva em atletas paralímpicos são de grande importância para o desenvolvimento das modalidades esportivas adaptadas e paralímpicas. De acordo com Sanchotene e Mazo (2018), estudos socioculturais sobre o percurso de atletas podem colaborar para o desenvolvimento dessas modalidades voltadas às pessoas com deficiência no Brasil. Ainda, segundo Lima et al. (2021), conhecer a história de vida de quem passou por um trauma e descobriu o esporte de alto rendimento como possibilidade de carreira é uma excelente justificativa para inspirar outras pessoas e para promover incentivos a projetos esportivos paralímpicos, a fim de promover a inserção social e o desenvolvimento do paradesporto.
De maneira geral, o esporte paralímpico aparece na vida dessas atletas como uma possibilidade de inserção social após adquirir uma deficiência física, e são apresentadas para a modalidade como uma forma de reabilitação. A permanência se dá, muitas vezes, pelo fácil acesso ao voleibol sentado, pelo baixo custo da modalidade e pelas relações sociais estabelecidas nesse ambiente. O encerramento na carreira parece estar associado ao tempo de permanência na seleção brasileira, sendo que após o encerramento da carreira, as mulheres paralímpicas pensam em continuar vinculadas a outros esportes ou às carreiras que vêm desempenhando em paralelo à carreira esportiva, pois as atletas não têm a perspectiva da atuação esportiva como carreira profissional, necessitando complementar seus rendimentos financeiros com outros empregos.
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FINANCIAMENTOO presente trabalho foi realizado sem o apoio de fontes financiadoras.
ÉTICA DE PESQUISA
A pesquisa seguiu os protocolos da Comissão de Ética da Universidade Federal de Goiás CAAE: 99590718.9.0000.5083, parecer: 3.007.424.
RESPONSABILIDADE EDITORIAL
Alex Branco Fraga*, Elisandro Schultz Wittizorecki*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira*
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
03 Fev 2023 -
Data do Fascículo
2022
Histórico
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Recebido
24 Set 2021 -
Aceito
15 Ago 2022 -
Publicado
18 Dez 2022