Open-access OUÇA-ME! RAP E POESIA DE RUA NO CONTEXTO ESCOLAR

HEAR ME! HIP-HOP AND STREET POETRY IN THE SCHOOL CONTEXT

¡ÓYEME! RAP Y POESÍA CALLEJERA EN EL CONTEXTO ESCOLAR

Resumo

Este estudo investiga a relevância do Rap e da Poesia de Rua no ambiente escolar, destacando seu papel na formação do senso crítico dos(as) estudantes. A pesquisa foi realizada em uma escola pública de ensino fundamental e médio, culminando em uma oficina afim de explorar tais formas de expressão. Utilizando grupos focais, foram coletadas informações sobre as percepções dos(as) estudantes em relação ao Rap e à Poesia de Rua, abordando questões sociais como raça e gênero. Os resultados indicam que essas manifestações culturais não apenas enriquecem o aprendizado, mas promovem reflexões profundas sobre a realidade dos jovens. Este trabalho contribui para a compreensão de como o rap e a poesia de rua podem contribuir para um processo educativo, incentivando diálogos significativos e a conscientização social entre os(as) estudantes.

Palavras-chave
Adolescente; Ensino Fundamental e Médio; Fatores Raciais; População Negra

Abstract

This study investigates the relevance of Hip-Hop and Street Poetry in the school environment, highlighting their role in shaping students' critical thinking. The research was conducted in a public elementary and high school, where a workshop was developed to explore these forms of expression. Using focus groups, the researchers collected data on students' perceptions of Hip-Hop and Street Poetry, addressing social issues such as race and gender. The results indicate that these cultural manifestations not only enrich learning but also promote deep reflections on the realities faced by young people. This work contributes to the understanding of how art can be a powerful tool in education, encouraging meaningful dialogues and social awareness among students.

Keywords
Adolescent; Elementary and High School; Racial Factors; Black Population

Resumen

Este estudio investiga la relevancia del Rap y la Poesía Callejera en el entorno escolar, destacando su papel en la formación del pensamiento crítico de los estudiantes. La investigación se llevó a cabo en una escuela pública de educación primaria y secundaria, donde se desarrolló un taller para explorar estas formas de expresión. Utilizando grupos focales, los investigadores recopilaron datos sobre las percepciones de los estudiantes respecto al Rap y la Poesía Callejera, abordando cuestiones sociales como la raza y el género. Los resultados indican que estas manifestaciones culturales no solo enriquecen el aprendizaje, sino que también promueven reflexiones profundas sobre las realidades que enfrentan los jóvenes. Este trabajo contribuye a la comprensión de cómo el arte puede ser una herramienta poderosa en la educación, fomentando diálogos significativos y la conciencia social entre los estudiantes.

Palabras clave
Adolescente; Educación Primaria y Secundaria; Factores Raciales; Población Negra

1 INTRODUÇÃO

O rap é um gênero musical brasileiro que foi bastante influenciado pelo Hip-Hop estadunidense, esse movimento cultural que teve suas origens na Jamaica e chegou aos Estados Unidos ainda na década de 1960, especialmente em bairros de Nova York, onde a presença de comunidades jamaicanas era predominantemente, e assim, influenciou a formação do Hip-Hop (Borges, 2008). No Brasil, o rap surgiu nos anos 1980, sendo inicialmente considerado um estilo musical associado a conteúdos violentos e característico das periferias. Na década de 1990, o gênero ganhou maior visibilidade por meio de sua difusão nas rádios (Ramos, 2020). De acordo com Oliveira, Segreto e Cabral (2013), O Rap ganhou maior visibilidade quando grupos como os Racionais MC's começaram a compor e cantar sobre a indignação da população, expondo a realidade do tratamento dado ao negro pobre no cotidiano violento das periferias. O Rap brasileiro pode ser entendido como um recurso metodológico potente para estimular o senso crítico, promover reflexões e gerar debates entre estudantes das escolas públicas (Menegasso, 2019).

A Poesia de Rua, por outro lado, emergiu do movimento da Poesia Marginal nos anos 1970, em um contexto de intensificação da repressão durante o período do Ato Institucional nº 5 (AI-5) da ditadura militar. Esse movimento poético desenvolveu-se a partir da contracultura, buscando expressar resistência (Ribas, 2018). Hoje, os jovens contemporâneos transformaram a poesia marginal em Poesia de Rua, utilizando-a para expressar suas indignações, abordar questões de identidade social e denunciar violências e discriminações.

Nesse cenário, tanto o rap quanto a Poesia de Rua oferecem contribuições pedagógicas significativas no ambiente escolar, fomentando a interdisciplinaridade e abordando temas relevantes para a formação crítica dos(as) estudantes. Assim, a escola se torna um espaço essencial para a discussão de marcadores sociais, como gênero, raça, classe, sexualidade e religião (Carneiro, 2011). Freire (1987), em Pedagogia do Oprimido, destaca a importância de uma educação que promova a conscientização crítica e a reflexão sobre a realidade social. A inclusão do rap e da Poesia de Rua nas aulas proporciona aos estudantes um espaço mais inclusivo para expressarem suas vivências. Além disso, permite a reflexão sobre opressões sociais, raciais e de gênero, alinhando-se à pedagogia freireana, que vê a educação como um ato de liberdade e transformação. Dessa maneira, essas formas de arte servem como ferramentas de empoderamento e conscientização crítica no contexto escolar.

Ao vivenciar essas manifestações culturais nas aulas de Educação Física, os(as) estudantes(as) têm a oportunidade de valorizar a diversidade cultural do país, ampliando sua visão de mundo e desenvolvendo habilidades socioemocionais, como a empatia e o pensamento crítico. O letramento proporcionado pelo rap configura-se como um instrumento importante para a análise de questões sociais, raciais e políticas e, portanto, pode e deve ser trabalhado nas escolas como uma ferramenta pedagógica que desenvolva a consciência crítica dos alunos(as), potencializando transformações pessoais significativas (Silva Neto; Nascimento; Vasconcelos, 2019). Entretanto, a problematização dos marcadores sociais étnico-raciais e de gênero nas escolas ainda é um desafio relevante, que muitas vezes enfrenta resistências no contexto educacional brasileiro (Silva, 2012).

Nessa perspectiva, a Lei Federal 10.639 de 2003 (Brasil, 2003) e a Lei Federal 11.645 de 2008 (Brasil, 2008) constituem marcos legais fundamentais que orientam a implementação da Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) nas escolas. A Lei 10.639/03 altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), tornando obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira em toda educação básica. De acordo com Oliveira e Cunha Júnior (2012), essa lei é o resultado de décadas de luta do movimento negro brasileiro por maior representação e inclusão na educação.

A Lei 11.645/08 atualizou a Lei 10.639/03 para incluir também o ensino de História e Cultura dos povos indígenas brasileiros. Como afirma Vasconcelos e Alves (2024), essa lei vem para reconhecer a importância da diversidade cultural e étnica no Brasil, buscando promover uma educação mais justa e equitativa.

Silva e Leite (2020) observam que os marcadores sociais de diferença são essenciais para o debate em sala de aula, embora frequentemente sejam vistos como "rótulos" que podem estigmatizar. A escola, nesse sentido, é um espaço de trocas e vivências que transcendem o saber acadêmico, e, portanto, deve considerar os diversos aspectos da vida dos(as) estudantes, visando promover sentidos e significados na formação deles(as).

A Educação Física, enquanto componente curricular, trata pedagogicamente dos conhecimentos relacionados à cultura corporal (Soares et al., 1992), abordando expressões corporais como jogos, esportes, ginástica, dança, lutas e música. O estudo dessas manifestações visa compreender a expressão corporal como linguagem (Soares et al., 1992). Nessa perspectiva interdisciplinar, inserida no campo das linguagens e códigos, a Educação Física permite a abordagem de temas como o rap e a Poesia de Rua, tratando-os como formas de expressão corporal e cultural.

Pensando nas aulas de Educação Física como uma prática pedagógica, tem como um dos objetivos promover a expressão corporal, a criatividade e a conscientização social. Tais manifestações culturais, originadas de contextos de resistência e marginalização permitem conectar os(as) alunos(as) com suas realidades, valorizando suas identidades e experiências. Diante disso, o Rap e a Poesia de Rua podem ser vistos como formas de romper com conteúdo hegemônicos, como os esportes tradicionais, oferecendo outras práticas que estimulam o senso crítico, a reflexão sobre questões sociais e a inclusão cultural. (Carneiro, 2019; Araújo; Prodócimo, 2022; Camargo; Vieira, 2017).

Nesse contexto, questiona-se: de que maneira o rap e a Poesia de Rua podem ser integrados ao ambiente escolar para estimular reflexões sobre a realidade dos estudantes?

A inclusão do rap e da Poesia de Rua nas aulas de Educação Física pode ampliar a abordagem de questões sociais e culturais relevantes, contribuindo significativamente para o desenvolvimento crítico dos estudantes. Isso possibilita que os(as) estudantes compreendam melhor as realidades que os cercam e desenvolvam habilidades críticas e reflexivas (Fialho; Araldi, 2009). Além disso, essas práticas culturais envolvem expressividade corporal, vocal e emocional, incentivando o desenvolvimento da criatividade e da autoexpressão.

Por fim, a integração do rap e da Poesia de Rua nas aulas de Educação Física pode contribuir para a formação de cidadãos críticos e engajados. Dessa forma, possibilita a compreensão da relevância da cultura na sociedade e da arte como ferramenta de transformação social e pessoal (Silva Neto; Nascimento; Vasconcelos, 2019). O presente estudo tem como objetivo geral investigar a relevância e os impactos do uso do Rap e da Poesia de Rua no contexto escolar, visando compreender como essas expressões culturais podem estimular reflexões críticas sobre o contexto sociocultural dos estudantes. Como objetivos específicos busca-se identificar o conhecimento prévio dos estudantes sobre o Rap e a Poesia de Rua; analisar como a realização de oficinas de Rap e Poesia de Rua pode contribuir para a educação física escolar; investigar as percepções e questões relacionadas aos marcadores sociais, étnico-raciais e de gênero presentes nesse contexto; e discutir as reflexões dos estudantes durante as oficinas, para entender melhor suas experiências e aprendizados.

2 PERCURSO METODOLÓGICO

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e exploratória, considerando seus objetivos. Segundo Gil (2002), as pesquisas exploratórias têm como objetivo principal proporcionar maior familiaridade com o problema, torná-los mais explícitos, bem como as pesquisas descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinados grupos ou fenômenos. Em relação aos procedimentos metodológicos, ela pode ser caracterizada como uma pesquisa-ação (Gil, 2002). A pesquisa-ação constitui um envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas envolvidas em um problema (Gil, 2002).

O estudo foi realizado em uma escola pública estadual de Ensino Fundamental e Médio no município de Uruguaiana, RS, localizada em um bairro periférico. A escolha da escola foi intencional, levando em conta o contexto socioeconômico da comunidade local, a infraestrutura e a receptividade da instituição. A intervenção final consistiu em uma oficina com a temática "Rap e Poesia de Rua". No entanto, essa atividade foi precedida por outras etapas essenciais, que compõem o processo de pesquisa-ação e garantem uma compreensão aprofundada do contexto. Inicialmente, foram realizadas reuniões com a equipe pedagógica para alinhamento dos objetivos e compreensão das demandas dos alunos. Em seguida, ocorreram diagnósticos exploratórios por meio de observação em sala de aula e diálogos com estudantes, buscando identificar percepções, interesses e a relevância do tema proposto. Essas etapas culminaram na oficina, que envolveu cerca de 175 alunos(as) do Ensino Fundamental e Médio, incluindo uma turma de 30 alunos(as) do Ensino Médio.

Participaram da pesquisa-ação 11 estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio da escola selecionada. Para garantir o anonimato dos(as) participantes do estudo, os(as) mesmos foram identificados ao longo do texto por nomes fictícios. Para selecionar os participantes, foi disponibilizada uma ficha de inscrição para estudantes interessados em participar da oficina, com um limite de 12 inscritos para garantir a confiabilidade dos dados no grupo focal. Fizeram parte do estudo os(as) alunos(as) que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: a) estarem matriculados(as) de forma regular na escola selecionada; b) serem estudantes de ambos os sexos (masculino e feminino). Foram excluídos os(as) alunos(as) que: a) não se inscreverem na oficina ofertada; b) estarem em afastamento das atividades escolares no período de realização da oficina.

A coleta das informações ocorreu através do grupo focal que consiste em uma técnica que foi introduzida no final dos anos 40, desse modo, tem sido utilizada como uma metodologia de pesquisas sociais (Trad, 2009). Pode-se dizer que uma das finalidades mais importantes dos grupos focais é planejar e estabelecer o propósito da sessão (Barbour, 2009). Para a realização do grupo focal é primordial considerar um conjunto de variáveis que garantam a integridade do desenvolvimento: recursos necessários, especialmente para os moderadores do grupo; definição do número de participantes e de grupos a serem realizados; perfil dos(as) participantes; processo de seleção e tempo de duração. Segundo Gaskell (2002), o uso da técnica do grupo focal possui vantagens e é necessário observar e enfatizar que a escolha dependerá da natureza da pesquisa, dos seus objetivos, do perfil dos(as) entrevistados(as) e das habilidades e preferências pessoais do(a) pesquisador(a). Desse modo, a técnica do grupo focal ocorreu durante todo o processo da oficina, desde o início até o encerramento.

A oficina foi desenvolvida em apenas um encontro (Quadro 1), foram debatidos marcadores sociais tais como: étnico-racial e gênero. E, por fim, ocorreu uma roda de conversa juntamente com o encerramento da oficina e um espaço destinado para alguns alunos(as) fazerem uma rima ou uma poesia.

Quadro 1
Cronograma da Oficina.

O encontro do grupo foi em ocasião única, respeitando e considerando a dinâmica da escola e o horário disponibilizado para tal atividade. O encontro foi desenvolvido em um ambiente calmo e silencioso no salão de atos da escola, com duração de aproximadamente duas horas. O registro das informações coletadas a partir do grupo focal foi realizado por meio dos registros em diário de campo. Conforme permissão dos(as) participantes, o grupo foi gravado e posteriormente transcrito. A oficina foi realizada no mês de abril de 2023.

Para análise das informações coletadas, foi utilizado, como principal aporte metodológico, a análise textual discursiva (ATD) (Moraes; Galiazzi, 2016). A ATD “corresponde a uma metodologia de análise de informações de natureza qualitativa com a finalidade de produzir novas compreensões sobre os fenômenos e discursos” (Moraes; Galiazzi, 2016).

Para tanto, conforme Moraes e Galiazzi (2016) a ATD pode ser compreendida como um processo auto-organizado de construção de compreensão em que os entendimentos emergem a partir de uma sequência recursiva de três componentes: a) a desconstrução dos textos do “corpus”, também denominado de processo de unitarização, no qual implica examinar textos em seus detalhes; b) o estabelecimento de relações entre os elementos unitários, este processo denominado de categorização envolve construir relações entre as unidades de base, combinando-as, reunindo esses elementos unitários na formação de conjuntos; c) e a captação do novo emergente, em que a nova compreensão é comunicada e validada, o metatexto resultante desse processo representa um esforço de explicar a compreensão que se apresenta como produto de uma combinação dos elementos construídos ao longo dos passos anteriores.

A pesquisa foi conduzida de acordo com os princípios éticos, conforme a Resolução nº 510/16 do Conselho Nacional da Saúde (Brasil, 2016) que regulamenta as pesquisas com seres humanos no Brasil. Foram parte do estudo somente os(as) alunos(as) que aceitaram participar voluntariamente e assinarem o Termo de Assentimento do Menor, bem como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que foi assinado por seus responsáveis legais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados desta pesquisa estão organizados em três tópicos, alinhados aos objetivos específicos do estudo: identificar o conhecimento dos estudantes sobre o Rap e a Poesia de Rua; analisar o desenvolvimento de uma oficina sobre esses temas para estudantes no contexto da educação física escolar; investigar as percepções e questões relacionadas aos marcadores sociais, étnico-raciais e de gênero presentes nesse contexto; e discutir a realidade dos estudantes a partir das reflexões trazidas na oficina.

Neste tópico será relatado como a oficina Ouça-me foi criada, reconstruída e o roteiro final. Até chegar em seu formato atual, desenvolvido e analisado neste estudo, a oficina “Ouça-me!” passou por vários processos anteriores à pesquisa ora apresentada, que foram fundamentais para o seu amadurecimento, inclusão de pautas e transformações nas formas de condução, produção e síntese junto aos grupos de estudantes com os quais foi desenvolvida.

A criação da oficina de Rap e Poesia de Rua surgiu dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid1) subprojeto Educação Física, no ano de 2021. A proposta de trabalhar com Rap e Poesia de Rua na educação básica surgiu tanto do interesse do pesquisador em integrar música e poesia ao contexto escolar, quanto da necessidade de abordar temas que dialogassem diretamente com a realidade vivida pelos jovens, tanto dentro quanto fora da escola. O Pibid trabalha em conjunto com o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi2) numa perspectiva de abordar a educação física e a educação para as relações étnico-raciais nas escolas na busca por formar profissionais sensíveis a trabalhar com a educação étnico-raciais. A primeira vez em que a oficina foi desenvolvida, ainda anterior esta pesquisa, foi como proposta de atividade de extensão, em uma escola de ensino fundamental, vinculada ao Pibid, localizada em uma região periférica da cidade de Uruguaiana/RS, considerando a necessidade de problematizar e discutir pautas importantes, tais como, Racismo, Meritocracia, Cotas, de uma forma acessível e atrativa para os(as) alunos(as) da educação básica.

Na ocasião, a oficina contava com a música “Cota Não é Esmola” da cantora Bia Ferreira. No ano seguinte, a oficina foi desenvolvida em uma escola de ensino fundamental em uma região periférica, com parte das ações do Neabi, para aproximadamente 40 alunos(as). A música principal da oficina foi “Diga Não!”, da cantora Bia Ferreira. A música foi escolhida pois a cantora traz um verso dos Racionais MC dentro da faixa, gerando inúmeros debates dentro da oficina, abordando a importância das universidades federais na formação de indivíduos em vulnerabilidade econômica, dando assim, uma profissão a quem não tem condições de ensino superior privado.

A oficina de Rap e Poesia de Rua foi se reformulando ao longo de cada edição desenvolvida, considerando o contexto das escolas, público-alvo, quantidade de alunos(as) e contexto político do momento. A quantidade de músicas e Poesias de Rua variaram de oficina para oficina, tornando-a mais dinâmica e reflexiva. Apenas uma música foi trabalhada em todas as oficinas em todas as escolas, chama-se “Libertem Rafael Braga”, Cypher3 realizado por WJ, Lodk, Ju Dorotea, Dvasto55 e Baga. Esta música pode ser considerada atemporal ao retratar a vida Rafael Braga, história esta que é cercada de violência e opressão advinda do Estado.

Particularmente a história de Rafael Braga é um dos motivos para a criação dessa oficina, e a prisão de Rafael Braga gerou revolta no país todo, ao ser condenado por portar um desinfetante da marca pinho sol na mochila. Segundo Rafael (2017), o único crime que Rafael Braga cometeu é ser pobre, preto e morar na periferia. Mostrando que a justiça brasileira não tem nenhum pudor em criminalizar e promover a exclusão de pobres e negros. Em outra ocasião, ocorreu o fato de uma professora, que estava presente na oficina, sentir-se incomodada com as falas da letra da música e ao comentar sobre esse fato, cometeu algumas afirmações racista, que prontamente foram repudiadas pelos alunos(as) e resultando em processo administrativo no âmbito da administração pública e no afastamento da mesma da escola.

A partir desta situação, ressalta-se a importância de os(as) educadores abandonem a postura hegemônica de buscar naturalizar as diferenças étnico-raciais como se estas não fossem relevantes. São ideias que jamais devem ser reforçadas quando da omissão diante do preconceito de como as crianças e adolescentes negros são tratados dentro da escola. Para os professores(as) da rede pública é um desafio gigantesco, pois estes não são imunes à lógica do racismo institucionalizado (Silveira; Silveira, 2012) e, por isso, devem estar vigilantes às suas próprias formas de pensar e agir, sempre na busca da transformação de sociedade mais justa e livre das discriminações e preconceitos.

Outro fator extremamente importante considerado ao longo da construção da oficina, foi o espaço onde ela acontece. É necessário um espaço na qual exista uma qualidade da imagem e som, iluminação baixa e um isolamento acústico, sugerindo um conforto e segurança para os(as) alunos(as) possam expressar livremente os pensamentos e para que haja concentração. Portanto, o desenvolvimento da oficina em diferentes contextos e escolas, mostrou-se que esta necessitava de adaptações e modificações para torná-la mais dinâmica, leve e reflexiva. Considerou-se todas as variáveis e experiências prévias de produção da oficina para chegar à sua versão intitulada “Ouça-me!”. A escolha do nome "Ouça-me!" deu-se pelo fato dela configurar-se como um ambiente para reflexão, interpretação do Rap e das Poesias, proporcionando uma oportunidade para quem dela participasse expressarem suas vozes, refletirem e falarem sobre suas angústias, suas aflições, seus anseios, sua realidade, e, acima de tudo, para serem ouvidos.

Neste tópico será abordado sobre o silêncio frente à realidade dos(as) estudantes. Os(as) alunos(as) que participaram da oficina eram 11 estudantes de diferentes faixas etárias, dentre eles estão 9 alunos do sexo gênero masculino e 2 alunas do sexo gênero feminino. Os alunos(as) tinham entre 14 e 17 anos, alguns nos anos finais do ensino fundamental e outros no ensino médio. A importância de realizar as oficinas para os(as) adolescentes do ensino médio é que nesta faixa etária, o(a) adolescente pratica o autoconhecimento, pergunta a si mesmo sobre as suas qualidades, limitações, potencialidade, faz planos para o futuro, ou seja, é um indivíduo em formação (Gomes et al., 2016). Através do preenchimento da ficha de inscrição a qual trazia perguntas sobre os conhecimentos prévios deles(as) sobre Rap e Poesia de Rua, os dados mostraram que todos(as) alunos(as) tinham contato com o Rap em sua realidade.

No decorrer da oficina, logo após cada música e poesia, houve um tempo para análise e reflexão das mesmas. O pesquisador instigou o debate fazendo perguntas norteadoras, tais como “O que vocês sentiram ao ouvir essa música?”, “Teve alguma palavra ou frase que vocês gostaram/ se sentiram desconfortáveis/ sentiram curiosidade?”, “Alguma palavra ou gíria que vocês não entenderam?”. Desse modo, conseguiu-se relacionar o conteúdo do material midiático com relação à vida de cada sujeito participante. Dentre os(as) alunos(as), houve um em específico que se destacou ao falar abertamente sua opinião sobre as músicas, poesias, sua vida no cotidiano e sua vida nos espaços da escola.

Neste tópico vamos abordar sobre como o Rap e a Poesia de Rua retrata a realidade dos(as) estudantes no letramento das músicas. Ao considerar a ideia de reflexão entre o Rap e Poesias de Rua e suas realidades, é extremamente importante que seja possibilitado aos alunos(as) vivenciar estas práticas e comportamentos, conhecer sua origem e importância histórica (Silveira; Silveira, 2012). O Rap aborda questões sociais que permeiam a realidade dos(as) alunos(as), como desigualdade social, violência, racismo4, discriminação de gênero e sexualidade, dentre outros. Durante a roda de conversa entre uma música e outra, os(as) estudantes afirmaram que a realidade das músicas e das poesias não difere de suas realidades na comunidade, e que alguns pontos trazidos nas letras das músicas permeiam a realidade encontrada por muitos(as) em suas vidas dentro e fora da comunidade em que estão inseridos.

A oficina 'Ouça-me!' mostrou que o rap e a Poesia de Rua são capazes de criar um ambiente de diálogo e reflexão, onde os estudantes se sentiram à vontade para expressar suas angústias, medos e anseios. Ao trazer para a escola letras de músicas e poemas que abordam temas como racismo, desigualdade social, violência policial e discriminação de gênero, a oficina permitiu que os estudantes se reconhecessem nas narrativas apresentadas e refletissem sobre suas próprias experiências. Como Bell Hooks (2013) menciona em “Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade”, a educação deve ser um espaço de resistência e transformação, onde as vozes consideradas silenciadas possam ser ouvidas e valorizadas. Essa perspectiva reforça a importância de criar ambientes educacionais, tanto nas aulas de Educação Física ou em outras disciplinas, podendo ser trabalhada também de maneira interdisciplinar, sendo assim, promovendo a inclusão e a conscientização crítica.

Ao abordar uma discussão étnico-racial, os(as) alunos(as) destacaram que existe uma diferenciação no tratamento feito por policiais e comerciantes em relação à cor de pele dentro da comunidade. No decorrer da conversa três alunos relataram que já foram abordados pela polícia sem mesmo estar fazendo nada suspeito, e que a cor da pele deles influencia muito na decisão da abordagem. Alves (2017) expõe que os jovens negros periféricos são alvos preferenciais pela atuação policial e expostos a vulnerabilidade às três dimensões da violência (estrutural, interpessoal e institucional), bem como Anunciação, Trad e Ferreira (2020) afirmam que os jovens negros, pobres e periféricos configuram o público-alvo das abordagens policiais. Segundo Silveira; Silveira (2012), desde cedo as crianças negras são reconhecidas como diferentes pelas suas características físicas evidentes e, por consequência, vítimas de discriminação, que no qual é uma reprodução de estereótipos socialmente disseminados e difundido pela sociedade.

Outro ponto interessante levantado pelo aluno Rafael5 é que as roupas usadas pelos jovens também influenciam na abordagem policial. Reafirmando esse entendimento, Presta e Casagrande (2021), explicam que, na sociedade brasileira atual, herdeira do colonialismo patriarcal, escravagista e racista. Para os(as) negros(as), a moda não é apenas estética. As vestes, muitas vezes, é um fator determinante sobre quem vive e quem morre. No decorrer da oficina, houve o relato do aluno Rafael, quando compara as vestimentas de um dos acadêmicos que estava auxiliando na oficina pois eram diferentes das vestimentas dos que vivem naquela comunidade, insinuando que “se estiver usando roupas caras”, dificilmente seria abordado pela polícia. Ao longo da oficina, o pesquisador perguntou: Como era a abordagem dentro da comunidade? Se era feito com frequência? Dentre os participantes, todos os nove (9) alunos relataram que sim.

Os relatos reforçam que não existia uma abordagem aleatória, mas que a abordagem é referente às vestes, ao modo de agir, quantidade tatuagens expostas e, principalmente, à cor da pele. Considerando esse diálogo, os alunos denunciam que o tratamento dentro da comunidade é diferenciado dependendo da cor da pele, vestes e tatuagens. É possível identificar, então, que a oficina possibilitou aos próprios alunos refletirem e expressarem suas realidades vivenciadas.

Durante a discussão sobre o racismo, a aluna Monique6 lembrou do caso da professora que tirou a roupa e entrou nua para fazer compras em Curitiba. A mesma aluna lembrou desse fato durante o debate sobre o tratamento dos comerciantes, vestes, tatuagens e a cor da pele como são marcadores importantes para a forma em como que se é tratado na sociedade. Como afirma Mendonça (2021), que é intrínseca a relação de tratamento perante a raça, gênero e classe na sociedade atual, o próprio autor cita que muito provavelmente se fosse um homem branco e rico, não teria problema em uma simples ida ao supermercado.

Da metade para o final da oficina, o marcador social discutido foi gênero. Como afirma Bonetti e Soares (2021), o conceito de "gênero" refere-se às relações sociais em que masculinidade e feminilidade surgem a partir dessas diferenças percebidas nos corpos. O conceito "gênero" implica a compreensão que a desigualdade entre homens e mulheres não se deve apenas às diferenças anatômicas, mas sim os valores de uma sociedade para outra, o conceito também não pode ser utilizado de forma isolada, mas sim em um conjunto com outros conceitos, como sexualidade, raça, classe e geração.

No decorrer da oficina, observou-se que os(as) alunos(as) não se sentiram confortáveis e surpresos ao ver um(a) rapper com gênero neutro7 cantando. Suas expressões faciais ficaram fixadas no vídeo clipe e absorvendo cada palavra que o(a) rapper cantava, primeiramente demonstrando estranheza e logo depois excitação por serem frases impactantes, contextualizadas e críticas sobre a realidade da nossa cultura patriarcal. Foi extremamente importante ver que os(as) alunos(as) não conseguiam imaginar que o Rap teria essa capacidade universal de falar sobre diferentes assuntos e buscando criticar vários entendimentos sobre o que é considerado “padrão”. Apesar da sociedade ter avançado em muitos aspectos, ainda são alarmantes os dados sobre mortes relacionadas à identidade de gênero. Estatisticamente o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo (Benevides, 2024). Segundo Pinheiro (2022), somente no ano de 2022, mais de 125 mortes de pessoas trans foram registradas.

A partir do envolvimento dos(as) alunos(as), das observações e registros no diário de campo, das discussões e reflexões realizadas, infere-se que a oficina se mostrou como uma poderosa estratégia de expressão e conscientização nas escolas. Através das letras das músicas, como no caso de "Elevação Mental" do(a) rapper Triz, os(as) alunos(as) são expostos(as) a questões sociais e políticas, como a realidade difícil enfrentada pelo(a) artista e as questões de identidade de gênero. Portanto, acredita-se que o Rap e a Poesia, enquanto expressão artística e forma de resistência (Oliveira; Sathler; Lopes, 2020), pode ser uma poderosa ferramenta educacional, capaz de engajar os(as) estudantes de maneira significativa e promover a conscientização sobre questões sociais, raciais e políticas. Ao explorar o Rap e a Poesia de Rua como formas de expressão cultural, os(as) educadores(as) podem incentivar a reflexão crítica, a criatividade e a valorização das experiências individuais e coletivas dos estudantes. Além disso, ao trazer para o ambiente escolar uma arte tão conectada com a realidade e as vivências dos jovens, é possível estabelecer uma ponte entre o currículo formal e o mundo fora da sala de aula, promovendo uma educação mais contextualizada e inclusiva. Assim, esta pesquisa buscou evidenciar o potencial transformador do Rap e da Poesia de Rua como recursos pedagógicos, contribuindo para uma educação mais relevante e engajadora.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procurou-se apresentar, ao longo deste estudo, o processo de abordagem do Rap e Poesia de Rua na escola, e na Educação Física, fazendo suscitar a importância que a música tem na vida dos(as) estudantes. A oficina “Ouça-Me!” a partir do Rap e Poesia de Rua trouxe críticas, reflexões, desconstrução e reforçou que a vida dos(as) estudantes da rede pública não difere do que é mostrado nas músicas. Tanto o Rap quanto as Poesias de Rua agregaram para a oficina reflexões que foram além dos marcadores sociais estudados no trabalho, tais como os marcadores sociais violência e religião.

A oficina pode ser integrada ao ambiente escolar de diversas maneiras, desde a realização de oficinas e rodas de conversa até a incorporação dessas manifestações culturais no currículo escolar. Essas práticas não apenas estimulam reflexões sobre a realidade dos estudantes, mas também promovem o engajamento, a criatividade e a conscientização racial. A partir desses resultados, sugere-se que o rap e a Poesia de Rua sejam utilizados como ferramentas pedagógicas permanentes nas escolas, contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes, críticos e engajados com as questões sociais que os cercam.

O desenvolvimento da oficina comprovou que o Rap e as Poesias de Rua são importantes instrumentos de arte e educação, sendo responsáveis por conscientizar e intervir na vida dos(as) alunos(as), além de problematizar situações de violência como o racismo, racismo recreativo, misoginia, homofobia, bullying, entre outros. Desse modo, usar dessa estratégia pedagógica nas escolas pode ser uma maneira de envolver aqueles(as) que, de outra forma, poderiam sentir-se excluídos ou desinteressados em atividades escolares. O uso da música ajuda a promover a inclusão e a equidade na educação escolar. A partir destes resultados, espera-se que a música, a arte e as culturas também possam fazer parte da educação física escolar, ratificando que essa disciplina não se limita apenas aos esportes coletivos, jogos e brincadeiras. Assim, sugere-se mais trabalhos voltados ao Rap nas escolas como uma intervenção pedagógica tratando de temas que precisam ser abordados nas escolas hoje.

  • FINANCIAMENTO
    O presente trabalho foi realizado sem o apoio de fontes financiadoras.
  • ÉTICA DE PESQUISA
    A pesquisa seguiu os protocolos vigentes nas Resoluções 466/12 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil.
  • COMO REFERENCIAR
    SILVA, Jonathan Jardim da; COSTA E SILVA, Tatiane Motta da; ARAÚJO, Mauren Lúcia Braga de; SILVEIRA, Marta Iris Camargo Messias da; STEIN, Fernanda. Ouça-me! Rap e Poesia de Rua no Contexto Escolar. Movimento, v. 31, p. e31026. jan./dez. 2025. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.144135
  • 1
    O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência Pibid do Ministério da Educação visa proporcionar aos discentes dos cursos de licenciatura uma aproximação com a educação básica (Brasil, 2023).
  • 2
    O Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena – é um núcleo de pesquisa, extensão e discussões da Universidade Federal do Pampa, que estuda sobre a questão da discriminação racial e a implementação das ações afirmativas no ensino superior.
  • 3
    Cypher no rap tem como objetivo reunir diferentes MCs em uma única faixa musical.
  • 4
    O racismo é como um fenômeno complexo e de caráter ideológico que atribui significado social a certos padrões de diversidades fenotípicas e/ou genéticas e imputa características negativas ao grupo com padrões 'desviantes', e justificam o tratamento desigual (Lopes, 2005).
  • 5
    Rafael é nome fictício para garantir o anonimato dos participantes.
  • 6
    Monique é nome fictício para garantir o anonimato dos participantes.
  • 7
    A rapper Triz declara em sua canção Elevação Mental que prefere ser chamada(o) de “gênero neutro”, em sua declaração, ela(e) afirma que não se reconhece nem como homem, nem como mulher. (Aufranc, 2018).

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REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Out 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    22 Nov 2024
  • Aceito
    21 Mar 2025
  • Publicado
    29 Set 2025
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