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DUPLA CARREIRA ESPORTE-EDUCAÇÃO: A REALIDADE DOS ATLETAS DA ELITE DOS SALTOS ORNAMENTAIS BRASILEIROS

DOBLE CARRERA DEPORTE-EDUCACIÓN: LA REALIDAD DE LOS DEPORTISTAS BRASILEÑOS DE ÉLITE EN SALTOS ORNAMENTALES

Resumo

O objetivo do presente estudo foi apresentar e analisar o perfil educacional e esportivo dos atletas de saltos ornamentais que participaram do Troféu Brasil de 2018, mediante utilizaão de um questionário estruturado com base na perspectiva de formação holística para a dupla carreira. Com amostra definida em 15 participantes, a análise exploratória foi conduzida por meio de estatística descritiva no SPSS mediante frequência geral e específica. Os resultados sugerem a compatibilidade entre as formações esportiva e educacional em uma perspectiva denominada trajetórias de transição fluidas, observando-se casos de descontinuação na formação superior. Ressalta-se a carência de uma legislação nacional sobre dupla carreira e de políticas institucionais que promovam o acesso, a permanência e a finalização da formação acadêmica dos atletas de alto rendimento, bem como aponta-se a necessidade de novos estudos com diferentes modalidades a fim de que se aprofunde o debate sobre a dupla carreira esportiva.

Palavras chave:
Esporte de alto rendimento; Formação educacional; Carreira esportiva; Conciliação

Resumen

El objetivo de este estudio fue presentar y analizar el perfil, educacional y deportivo, de los atletas de saltos ornamentales que participaron en el Trofeo Brasil de 2018, utilizando un cuestionario estructurado basado en la perspectiva de la formación holística para el doble grado universitario. Con una muestra definida en 15 participantes, el análisis exploratorio fue conducido a través de estadística descriptiva en el software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) mediante frecuencia general y específica. Los resultados sugieren la compatibilidad entre las formaciones deportiva y educativa en una perspectiva denominada trayectorias de transición fluidas y se observaron casos de discontinuidad en la educación superior. Se destaca la falta de una legislación nacional sobre el doble grado y de políticas institucionales que promuevan el acceso, permanencia y finalización de la formación académica de los atletas de alto rendimiento, así como la necesidad de que se realicen nuevos estudios con diferentes modalidades para que se profundice el debate sobre el doble grado deportivo.

Palabras clave:
Deporte de alto rendimiento; Formación educacional; Carrera Deportiva; Conciliación

Abstract

This study aims to present and analyze the sporting and educational profile of fancy diving athletes who participated in the 2018 Brazil Tournament (Troféu Brasil). It uses a questionnaire based on the holistic training model for a dual career. Exploratory analysis was conducted with a sample of 15 individuals, using descriptive statistics on the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) software according to general and specific frequency. The results suggest that sporting and educational training are compatible under a perspective called fluid transition pathways, with cases of higher education discontinuation. The study underscores the lack of legislation on dual careers in Brazil as well as institutional policies that promote access, continuation and completion of academic education for high-performance athletes. Moreover, it points out the need for new studies to expand the debate on dual careers in sports.

Keywords:
High performance sport; Educational training; Sporting career; Conciliation

1 INTRODUÇÃO

A formação esportiva de atletas de alto rendimento é um processo que exige grande nível de dedicação aos treinamentos e abdicação de convívio social com amigos e, muitas vezes, com familiares, podendo acumular 10 mil horas de prática esportiva até o estágio de aperfeiçoamento (DAMO, 2007DAMO, Arlei Sander. Do dom à profissão: a formação de futebolistas no Brasil e na França. São Paulo: Anpocs, 2007.; GLADWELL, 2008GLADWELL, Malcolm. Outliers: fora de série. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.; MORENO et al., 2017MORENO, Rubén et al. La Experiencia de Ser Deportista de Élite: Una Comparativa Entre Generaciones. Kronos, v. 16, n. 1, p. 1-11, 2017. Disponível em: https://abacus.universidadeuropea.es/handle/11268/6556. Acesso em 10 mar. 2018.
https://abacus.universidadeuropea.es/han...
). Esportes que exigem coordenação motora complexa - como a ginástica artística, a ginástica rítmica e os saltos ornamentais - adotam, de forma geral, o processo de desenvolvimento esportivo prematuro, sendo composto pela especialização esportiva, que ocorre em média entre os 5 e os 7 anos de idade; o auge da performance, entre 15 e os 20 anos; e a retirada esportiva, quando voluntária, dos 20 aos 25 anos de idade (STAMBULOVA et al., 2009STAMBULOVA, Natalia et al. ISSP position stand: Career development and transitions of athletes. International Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 7, n. 4, p. 395-412, 2009. DOI: https://doi.org/10.1080/1612197X.2009.9671916. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1612197X.2009.9671916. Acesso em: 24 nov. 2020.
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). Essa precocidade na formação do atleta é implementada pela necessidade do desenvolvimento de força, velocidade e flexibilidade, além de capacidades coordenativas (ritmo, coordenação motora, controle motor e expressão motora) para concretizar gestos técnicos extremamente complexos e alcançar a alta performance o mais cedo possível (GOULD, 2010GOULD, Daniel. Early Sports Specialization: A Psychological Perspective. Journal of Physical Education, Recreation and Dance, v. 81, n. 8, p. 33-37, 2010. DOI: http://dx.doi.org/10.1080/07303084.2010.10598525. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/07303084.2010.10598525. Acesso em: 24 nov. 2020.
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
; NUNOMURA; CARRARA; TSUKAMOTO, 2010NUNOMURA, Myriam; CARRARA, Paulo Daniel Sabino; TSUKAMOTO, Mariana Harumi Cruz. Ginástica artística e especialização precoce: cedo demais para especializar, tarde demais para ser campeão! Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 24, n. 3, p. 305-314, set. 2010. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1807-55092010000300001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-55092010000300001&lng=en&nrm=iso. Acesso em 25 nov. 2020.
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).

Diante disso, segundo a Sociedade Americana de Ortopedia em Medicina Esportiva, a especialização esportiva precoce pode ser definida mediante três critérios, a saber, a) participação em treinamento intensivo e/ou competições organizadas acima de oito meses por ano; b) dedicação exclusiva a determinado esporte; e c) envolvimento de crianças pré-púberes ou menores de 12 anos (LAPRADE et al., 2016LAPRADE, Robert F. et al. AOSSM Early Sport Specialization Consensus Statement. Orthopaedic Journal of Sports Medicine, v. 4, n. 4, 2016. DOI: http:// dx.doi.org/10.1177/2325967116644241. Disponível em: https://dash.harvard.edu/handle/1/27320269. Acesso em: 24 nov. 2020.
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; MALINA, 2010MALINA, Robert M. Early Sport Specialization: Roots, Effectiveness, Risks. Current Sports Medicine Reports, v. 9, n. 6, p. 364-371, 2010. DOI: https://doi.org/10.1249/JSR.0b013e3181fe3166. Disponível em: https://journals.lww.com/acsm-csmr/Fulltext/2010/11000/Early_Sport_Specialization__Roots,_Effectiveness,.14.aspx. Acesso em: 24 nov. 2020.
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).

Concomitantemente a esse processo precoce de desenvolvimento esportivo, o jovem atleta brasileiro se depara com compromissos educacionais que estão distribuídos de maneira obrigatória dos seis aos 17 anos de idade, totalizando 9.600 horas entre a pré-escola e o ensino médio (BRASIL, 1996). À combinação exitosa em conciliar a carreira esportiva para o alto rendimento com a formação educacional ou o trabalho dá-se o nome de dupla carreira (EUROPEAN COMISSION, 2012; HAKKERS, 2019HAKKERS, Stephan. Guidebook of best practices in dual career. Amsterdam: ICDC, 2019. Disponível em: http://www.icdc.eu/documentacio/20190414_Final_ICDC_guidebook_best_practices.pdf. Acesso em: 14 nov. 2020.
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).

Em âmbito internacional, a dupla carreira vem sendo discutida considerando-se diversos fatores que afetam direta e indiretamente a dinâmica da conciliação entre esporte e estudos (GUIROLA GÓMEZ et al., 2018GUIROLA GÓMEZ, Ivan et al. Remando contracorriente: facilitadores y barreras para compaginar el deporte y los estudios. Revista Andaluza de Medicina del Deporte, v. 11, n. 1, p. 12-17, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ramd.2016.08.002. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.ramd.2016.08.002. Acesso em: 24 nov. 2020.
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; LUPO et al., 2012LUPO, Corrado et al. Motivation for a dual-career: Italian and Slovenian student-athletes. Kinesiologia Slovenica, v. 18, n. 3, p. 47, 2012. Disponível em: https://www.kinsi.si/en/archive/2015/272/evropska-mreza-za-studente-sportnike. Acesso em: 01 out. 2019.
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; PEREZ-RIVASES et al., 2017PEREZ-RIVASES, Andrea et al. Seguimiento de la transición a la universidad en mujeres deportistas de alto rendimiento. Revista de Psicologia del Deporte, v. 26, p. 102-107, 2017. Disponível em: https://revistes.uab.cat/rpd/article/view/v26-n5-perez-rivases-torregrosa-etal. Acesso em: 24 nov. 2020.
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; TEKAVC; WYLLEMAN; CECIĆ ERPIČ, 2015TEKAVC, Janja; WYLLEMAN, Paul; CECIĆ ERPIČ, Saša. Perceptions of dual career development among elite level swimmers and basketball players. Psychology of Sport and Exercise, v. 21, p. 27-41, 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.psychsport.2015.03.002 Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1469029215000254. Acesso : 25 nov. 2020.
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). No Brasil, o tema é abordado mediante análises qualitativas e quantitativas para identificar perfis esportivos e educacionais, bem como suas dinâmicas de conciliação (MIRANDA; SANTOS; COSTA, 2020MIRANDA, I. S. DE; SANTOS, W. DOS; COSTA, F. R. DA. Dupla carreira de estudantes atletas: uma revisão sistemática nacional. Motrivivência, v. 32, n. 61, p. 01-21, 13 abr. 2020.).

As principais barreiras já identificadas foram a dificuldade de administração dos compromissos esportivos e educacionais, a política de financiamento para manutenção da condição atlética e para participação em treinos e competições, a incompreensão por parte dos atores envolvidos no processo da dupla carreira, além da ausência de regulamentação específica sobre o tema (AZEVEDO et al., 2017AZEVEDO, Marcio Faria de et al. Formação escolar e formação esportiva: caminhos apresentados pela produção acadêmica. Movimento, v. 23, n. 1, p. 185, 2017. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/61300. Acesso em: 24 nov. 2020.
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; ROCHA; SOARES, 2016SOARES, Antonio Jorge. Gonçalves; CORREIA, Carlus Augustus Jourand; MELO, Leonardo Bernardes Silva de. Tensões na administração da dupla carreira no esporte e na escola. In: Educação do corpo e escolarização de atletas: debates contemporâneos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016. p. 9-18.).

Nesse sentido, é necessário o entendimento holístico acerca do processo da dupla carreira, pautado na perspectiva dinâmica, multifatorial e simultânea de aspectos esportivos, educacionais/vocacionais, financeiros, psicológicos e psicossociais (WYLLEMAN; REINTS; DE KNOP, 2013WYLLEMAN, Paul; REINTS, Anke; DE KNOP, Paul. A developmental and holistic perspective on athletic career development. In: SOTIARADOU, Popi; DE BOSSCHER, Veerle (org.). Managing High Performance Sport. New York: Routledge. 2013. p. 159-182.). Um dos modelos teóricos que se dedicam a entender as diversas possibilidades para lidar com essas questões aponta a possibilidade de o atleta se dedicar exclusivamente ao esporte (trajetória linear), se dedicar priorizando o esporte (trajetória convergente), ou tentando equilibrar as rotinas de treino com estudo ou trabalho (trajetória paralela). Nas trajetórias convergente e paralela, os atletas buscam aproveitar ao máximo as oportunidades esportivas e escolares/acadêmicas, planejando com antecedência a sua retirada esportiva (PALLARÉS et al., 2011PALLARÉS, Susana et al. Modelos de trayectoria deportiva en waterpolo y su implicación en la transición hacia una carrera profesional alternativa. Cultura, Ciencia y Deporte, v. 6, n. 17, p. 93-103, 2011. DOI: https://10.12800/ccd.v6i17.36. Disponível em: https://ccd.ucam.edu/index.php/revista/article/view/36. Acesso em: 29 jul. 2019.
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).

Os saltos ornamentais fazem parte do Programa Olímpico desde 1912. No Brasil, a modalidade está alocada em um amplo bloco de esportes que são alvo de uma exposição midiática quadrienal, correspondente aos períodos de realização dos Jogos Olímpicos. Comparados a esportes mais populares e mediatizados - como futebol, voleibol e basquetebol -, os saltos ornamentais não encontram potencial de investimento privado que proporcione a profissionalização de seus atletas1 1 CONTEÚDO... Mercado & consumo, 4 dez. 2019. Disponível em: https://www.mercadoeconsumo.com.br/2019/11/23/conteudo-digital-e-a-formula-para-esportes-menos-populares-conquistarem-patrocinadores-e-fas/. . Dessa forma, são caracterizados como uma modalidade essencialmente não profissional, em que a possibilidade de ascensão esportiva para conquista de status socioeconômico elevado é limitada, tornando importante para os atletas, familiares, dirigentes esportivos e gestores educacionais uma reflexão crítica e consciente das oportunidades proporcionadas tanto pelo esporte quanto pela educação institucionalizada. Isso é fundamental para que não seja necessário priorizar uma carreira em detrimento da outra e para que haja bom aproveitamento educacional, permitindo-se a migração com sucesso, no momento oportuno, para o mundo do trabalho. Para tanto, a construção de análises consistentes, integrando evidências científicas com a prática da intervenção, é indispensável para o encaminhamento de políticas e programas esportivos de formação (JORDANA et al., 2019JORDANA, Anna et al. Implementación de un Programa de Asistencia de Carrera Dual en un Club multideportivo privado. Revista de Psicología Aplicada al Deporte y al Ejercicio Físico, v. 4, n. 2, p. 1-7, 2019. DOI: https://doi.org/10.5093/rpadef2019a8. Disponível em: https://www.revistapsicologiaaplicadadeporteyejercicio.org/art/rpadef2019a8. Acesso em: 24 nov. 2020.
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; RAMIS et al., 2019RAMIS, Yago et al. El modelo GEPE de práctica basada en la evidencia: integrando la evidencia científica en la práctica aplicada. Revista de Psicología Aplicada al Deporte y al Ejercicio Físico, v. 4, n. 2, p. 1-6, 2019. DOI: https://doi.org/10.5093/rpaedf2019a12. Disponível em: https://www.revistapsicologiaaplicadadeporteyejercicio.org/art/rpadef2019a12. Acesso em: 24 nov. 2020.
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), bem como para acompanhamento e apoio na fase de transição para fora do esporte de alto rendimento (RAMOS et al., 2017RAMOS, Javier et al. Events of athletic career: A comparison between career paths. Revista de Psicologia del Deporte, v. 26, n. 4, p. 115-120, 2017. Disponível em: https://revistes.uab.cat/rpd/article/view/v26-n6-ramos-lopez-de-etal. Acesso em 24 nov. 2020.
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).

Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi descrever e analisar o perfil esportivo e educacional dos atletas participantes do 49º Troféu Brasil de Saltos Ornamentais, realizado em Brasília, Distrito Federal, no ano de 2019. Esses atletas constituem a elite da modalidade brasileira, o que permite compreender como esse grupo seleto tem lidado com as questões esportivas, educacionais/vocacionais e financeiras relacionadas à dupla carreira. Os resultados poderão fornecer subsídios para a implementação de programas e políticas públicas para os jovens atletas desse esporte. Dentre os questionamentos a serem esclarecidos, problematizamos: a) qual o perfil esportivo e educacional do atleta de elite da modalidade de saltos ornamentais? b) seria, de fato, a formação esportiva para o alto rendimento uma barreira para a formação escolar ou acadêmica?

2 METODOLOGIA

Considerando o contexto multifatorial, dinâmico e simultâneo da dupla carreira (WYLLEMAN; REINTS; DE KNOP, 2013WYLLEMAN, Paul; REINTS, Anke; DE KNOP, Paul. A developmental and holistic perspective on athletic career development. In: SOTIARADOU, Popi; DE BOSSCHER, Veerle (org.). Managing High Performance Sport. New York: Routledge. 2013. p. 159-182.), o presente estudo se caracteriza como exploratório, contribuindo para a construção sobre a realidade dos atletas brasileiros de saltos ornamentais. Nesse sentido, a análise de caráter qualitativo apresentada a seguir buscou, por meio das percepções próprias da amostra, o aprofundamento de hipóteses e a descrição do fenômeno da dupla carreira no universo da elite dos saltos ornamentais no Brasil (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Pilar Baptista. Metodología de la investigación. 4. ed. Ciudad de México: McGraw-Hill, 2006.).

A população foi composta por 33 atletas - 17 homens e 16 mulheres - inscritos na 49º edição do Troféu Brasil de Saltos Ornamentais, que ocorreu no período de 20 a 23 de março de 2019 no Centro de Excelência em Saltos Ornamentais da Universidade de Brasília, no Distrito Federal.

Primeiramente, o convite para a participação no estudo foi feito à organização do evento, que forneceu o contato dos treinadores das equipes participantes. Em seguida, o primeiro autor da pesquisa entrou em contato com os treinadores por meio do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, explicando os objetivos do estudo e os procedimentos para coleta dos dados, facultando-lhes a decisão de participar ou não. Para confirmar o aceite, os atletas maiores de idade assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e, para os menores de idade, foi solicitada assinatura de um Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), bem como a assinatura do TCLE por seus treinadores ou responsáveis.

A amostragem foi intencional, pois se dirige para atletas de alto rendimento, e o recrutamento mediante voluntariado, logo, tem um viés de autosseleção. Participaram do estudo 15 atletas de quatro clubes, com idade média de 18,00 ± 4,27 anos2 2 Amostra (53,33% de homens e 46,66% de mulheres) e população (51,52% de homens e 48,48% de mulheres). . Foram tomadas providências por parte da equipe de pesquisadores para que a coleta dos dados não interferisse nas rotinas de concentração, deslocamentos entre hotel e competição, bem como descanso e realização das provas no evento, realizando-se o agendamento da entrevista no local de competição e de acordo com a disponibilidade de horário e conveniência dos atletas e treinadores.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário estruturado, impresso, aplicado pelos autores 1, 2 e 4. Os pesquisadores perguntavam e preenchiam as respostas dos atletas ao longo da aplicação, anotando informações relevantes que eram verbalizadas pelos atletas, minimizando dúvidas posteriores na análise. As questões foram pautadas em cinco eixos principais: a) Trajetória esportiva; b) Trajetória educacional; c) Conciliação entre esportes e estudos; d) Configuração familiar; e) Exigências financeiras da dupla carreira. Os eixos do questionário foram estabelecidos com base no Modelo Holístico de Desenvolvimento da Carreira Esportiva, proposto por Wylleman, Reinst, De Knop (2013WYLLEMAN, Paul; REINTS, Anke; DE KNOP, Paul. A developmental and holistic perspective on athletic career development. In: SOTIARADOU, Popi; DE BOSSCHER, Veerle (org.). Managing High Performance Sport. New York: Routledge. 2013. p. 159-182.), e em questionários estruturados já experimentados (COSTA, 2012COSTA, Felipe Rodrigues da. A escola, o esporte e a concorrência entre estes mercados para jovens atletas mulheres no futsal de Santa Catarina. 2012. 90 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2012.).

A pesquisa tem como denominador comum a análise do perfil esportivo e educacional dos atletas, com descrição e investigação de aspectos como idade de vínculo federativo esportivo, rotina de treinamentos, viagens realizadas em função do esporte, nível de escolarização do atleta e dos pais ou responsáveis, tempo dedicado aos estudos, reprovações escolares, expectativas em relação à formação educacional e aspectos financeiros para manutenção da carreira esportiva. Os atletas foram orientados a responder de maneira a reportar as condições contextuais que caracterizam a sua rotina de vida: treinos, competições, estudos e lazer, a fim de estimular o compartilhamento de experiências que possam ajudar a explicar as questões referentes à dupla carreira.

Após a coleta, todas as respostas foram transcritas e organizadas em planilhas no software Excel e posteriormente exportadas para o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Essa ferramenta possibilitou as análises descritivas dos dados por meio da frequência geral e específica - por grupos - das respostas. A análise do conteúdo das respostas ao questionário contemplou as diferentes perspectivas dos participantes a fim de não forçar a convergência em uma única interpretação da realidade (YIN, 2016YIN, Robert K. Pesquisa qualitativa: do início ao fim. Porto Alegre: Penso, 2016.).

As respostas foram, uma a uma, compiladas para permitir a sua codificação em fragmentos menores. Em seguida, as categorias conceituais relacionadas com os domínios financeiro, psicossocial (familiar), atlético e acadêmico/vocacional foram recompostas para identificar a existência de padrões interpretativos chaves para a descrição e análise dos significados que auxiliam a reflexão sobre os questionamentos advindos das análises preliminares e do referencial teórico utilizado (YIN, 2016YIN, Robert K. Pesquisa qualitativa: do início ao fim. Porto Alegre: Penso, 2016.).

Todos os dados colhidos no presente estudo foram tratados de maneira acadêmica, seguindo o protocolo do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (FS-UnB), com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE), número 06509018.4.0000.0030.

3 RESULTADOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA

O estudo reúne uma amostra intencional que pode ser considerada como típica da elite dos saltos ornamentais no Brasil, uma vez que reuniu 15 dos 33 principais atletas da modalidade que buscavam o credenciamento para competições internacionais, como o Grand Prix, organizado pela Federação Internacional de Desportos Aquáticos (FINA).

Os dados da caracterização sociodemográfica estão na Tabela 1, mostrando, com relação à formação acadêmica, que o grupo não apresentava atraso escolar3 3 Idade indicada segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional brasileira como limite para cumprimento da escolarização básica obrigatória. e que todos apresentavam expectativa de conclusão do ensino superior (sendo nove com expectativa de cursar pós-graduação). Considerando-se a média nacional, os responsáveis apresentavam elevado nível de escolarização. A maioria dos atletas - 13 dos 15 - declarou residir com os pais ou com parentes; uma atleta mora sozinha em apartamento alugado e um atleta habita o alojamento do clube. Enquanto nove atletas informaram que não realizavam atividades extracurriculares, os outros seis tinham alguma atividade adicional, além dos treinamentos e da escola.

Tabela 1
Característica da amostra.

3.2 DADOS EDUCACIONAIS

No grupo feminino (n = 7), três atletas estavam estudando, sendo uma no ensino médio e duas no ensino superior. Quatro atletas interromperam os estudos por necessidade esportiva (F4, F5, F6 e F7). No grupo masculino (n = 8), todos estavam estudando no momento da pesquisa, sendo quatro matriculados no ensino médio e quatro no ensino superior (Tabela 1). Vale ressaltar que dois afirmaram ter abandonado os estudos em algum momento anterior para se dedicarem ao esporte (M6 e M7).

Com relação ao tempo dedicado aos estudos, a análise foi feita separando os atletas que estavam no ensino médio daqueles que cursavam o ensino superior, pois são demandas que entendemos serem diferentes para formação educacional, tanto em âmbito organizacional como de dedicação propriamente dita. A atleta que estava cursando o 2º ano do ensino médio (F1) dedicava 25 horas semanais às atividades escolares, seguida pelas duas atletas com matrículas ativas no ensino superior (F3 e F6), que mantinham dedicação semanal de 11 e 12 horas, respectivamente. A única atleta inserida no mercado de trabalho (F4) tinha dedicação semanal de 23 horas ao ofício. No grupo masculino, os atletas que estavam cursando ensino médio (M1, M2, M3, M4, M8) dedicavam em média 26,00 ± 5,02 horas por semana aos estudos, enquanto os matriculados no ensino superior (M5, M6, M7) dedicavam em média 15,00 ± 2,00 horas semanais.

Com relação às expectativas sobre a formação educacional, das sete atletas mulheres, duas desejavam e acreditavam na possibilidade de completar o ensino superior, enquanto as demais manifestaram o sentimento de capacidade para conclusão do nível de pós-graduação. Dos oito homens, a metade desejava e acreditava na possibilidade de concluir o ensino superior, dado reforçado pelo atleta M1, que realizava curso preparatório para alcance desse objetivo (curso pré-vestibular). Os outros quatro atletas do sexo masculino desejavam concluir uma pós-graduação.

Os 11 atletas que estudavam afirmaram que conseguiam abono das faltas escolares; com exceção de uma, matriculada no ensino superior, que não tinha possibilidade de reposição de avaliações; e um atleta estudante do ensino médio, que afirmou ter a possibilidade de reposição de aulas. Com relação ao absenteísmo nos bancos educacionais, as mulheres se ausentaram das aulas por 8,0 ±5,31 dias, enquanto os homens por 21,0 ±51,67 dias em um período de um ano. Cabe destacar que dois atletas do sexo masculino se ausentaram das instituições acadêmicas por 120 dias, sendo que um deles foi reprovado na educação básica devido à decisão de passar esse período em um grande centro especializado na modalidade, possibilitando maior desenvolvimento no esporte.

3.3 ASPECTOS FAMILIARES

Na tentativa de compreender a valorização dos estudos durante a carreira esportiva da elite dos saltos ornamentais brasileira, foram coletadas informações sobre a escolarização dos responsáveis da amostra. Entre os responsáveis pelo grupo feminino, três mães e seis pais tinham o ensino médio completo e três mães completaram o ensino superior, sendo uma com o título de especialista. No grupo masculino, foi percebida maior escolarização dos responsáveis, havendo uma mãe com ensino técnico, três com ensino médio completo e três com ensino superior completo. Todos os pais tinham o ensino superior completo, sendo um deles com o título mestre e outro de doutor (Tabela 1).

3.4 DADOS ESPORTIVOS

Os dados referentes ao tipo de dedicação evidenciam que há uma tendência para a conciliação entre esporte e estudos/trabalho, dado que sete dos 15 atletas tentam equilibrar as carreiras, enquanto dois priorizam os estudos, uma atleta prioriza o trabalho e dois atletas priorizam o esporte. A dedicação exclusiva acontece para três atletas, todos com o ensino médio concluído (Tabela 2).

Tabela 2
Aspectos da carreira esportiva em relação à dupla carreira.

Ao serem questionados sobre a ocorrência de alguma reprovação escolar, três dos 15 atletas (F6, M2 e M7) relataram terem repetido uma série, o que pode indicar, para alguns adolescentes, a possibilidade de o envolvimento com o esporte comprometer o rendimento acadêmico. No entanto, quando agrupados pelos tipos de dedicação à dupla carreira, foram constatadas três respostas diferentes: um dos atletas afirmou priorizar o esporte, o outro disse tentar equilibrar a dedicação ao esporte e aos estudos, e o terceiro passou a dedicar-se exclusivamente ao esporte. Cada atleta, portanto, lida com essa situação de uma maneira particular, que deve ser alvo de uma análise criteriosa, mas, principalmente, deve ser respeitada e apoiada pelos que o cercam. Apenas um atleta, entretanto, relatou de maneira clara que a sua reprovação esteve relacionada ao esporte, tendo em vista a oportunidade de realização de um estágio de aperfeiçoamento fora do Brasil, quando ainda cursava o ensino fundamental.

Outro dado que reforça o ponto de vista de que o envolvimento com o esporte de alto rendimento pode interferir negativamente no percurso escolar/acadêmico é o alto índice de interrupção dos estudos para dedicação ao esporte. Esse é o contexto de seis dos 15 atletas - sendo quatro mulheres (F4, F5, F6 e F7) e dois homens (M7 e M6) -, os quais afirmaram já terem interrompido os estudos devido ao esporte em ocasião anterior à coleta dos dados. Isso evidencia a dificuldade de conciliação entre as duas atividades, problema que se amplia dada a ausência de políticas públicas consistentes que se apliquem ao projeto de dupla carreira sob a perspectiva holística da formação esportiva para o alto rendimento (ROCHA et al., 2020ROCHA, Hugo Paula Almeida da et al. A dupla carreira esportiva no Brasil : um panorama na agenda das políticas públicas. Revista Com Censo: Estudos educacionais do Distrito Federal, v. 7, n. 2, p. 52-59, 2020. Disponível em: http://www.periodicos.se.df.gov.br/index.php/comcenso/article/view/848. Acesso em: 24 nov. 2020.
http://www.periodicos.se.df.gov.br/index...
).

Vale mencionar o fato de as escolas se adaptarem de maneira limitada aos projetos individuais dos estudantes atletas, apenas remarcando provas ou abonando faltas. Por outro lado, quando a escola não favorece a conciliação das rotinas, o atleta tende a trocar de escola ou assume a possibilidade de uma reprovação, exatamente por não existir um sistema que ofereça suporte às suas demandas esportivas e educacionais (SOARES; CORREIA; MELO, 2016SOARES, Antonio Jorge. Gonçalves; CORREIA, Carlus Augustus Jourand; MELO, Leonardo Bernardes Silva de. Tensões na administração da dupla carreira no esporte e na escola. In: Educação do corpo e escolarização de atletas: debates contemporâneos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016. p. 9-18.). Pode-se exemplificar essa situação com os casos das quatro atletas mulheres que declararam não estudar, visto que duas delas, ao concluírem o ensino médio, suspenderam sua trajetória acadêmica, e as outras duas, já no ensino superior, decidiram também suspender sua formação educacional - por meio de trancamento de curso - para se dedicarem ao esporte de alto rendimento.

A carga horária dedicada aos treinos é, em média, de 24,4 ± 4,8 horas semanais, independentemente do nível de escolaridade - ensino médio ou superior. Isso indica que o tempo de dedicação requerido para os adolescentes (23,8 ± 2,7 horas) é aproximadamente o mesmo exigido para os adultos (25,0 ± 6,9 horas), sendo que estão sujeitos, ainda, às transições escolares e mudanças nas redes de apoio, que devem ser manejadas com acompanhamento especializado (SORKKILA et al., 2018SORKKILA, Matilda et al. The co-developmental dynamic of sport and school burnout among student-athletes: the role of achievement goals. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, v. 28, n. 6, p. 1731-1742, 2018. DOI: https://doi.org/10.1111/sms.13073. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/sms.13073. Acesso em: 24 nov. 2020.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/...
; STAMBULOVA et al., 2009STAMBULOVA, Natalia et al. ISSP position stand: Career development and transitions of athletes. International Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 7, n. 4, p. 395-412, 2009. DOI: https://doi.org/10.1080/1612197X.2009.9671916. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1612197X.2009.9671916. Acesso em: 24 nov. 2020.
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
).

Os atletas adultos relataram se tornar afiliados de uma associação esportiva - ou “federados”, na linguagem coloquial - por volta dos dez anos. Essa faixa etária continua a ser a mesma para a nova geração de atletas, que também ingressam nos treinos e nas competições representando um clube por volta dos dez anos de idade. O vínculo federativo caracteriza-se como requisito para participação em competições de nível nacional, ou seja, de maiores níveis de rendimento, alocando essas crianças e jovens em situação de expectativa por resultados desde os anos escolares iniciais, aspecto típico do processo de especialização precoce (LAPRADE et al., 2016LAPRADE, Robert F. et al. AOSSM Early Sport Specialization Consensus Statement. Orthopaedic Journal of Sports Medicine, v. 4, n. 4, 2016. DOI: http:// dx.doi.org/10.1177/2325967116644241. Disponível em: https://dash.harvard.edu/handle/1/27320269. Acesso em: 24 nov. 2020.
https://dash.harvard.edu/handle/1/273202...
; STAMBULOVA et al., 2009STAMBULOVA, Natalia et al. ISSP position stand: Career development and transitions of athletes. International Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 7, n. 4, p. 395-412, 2009. DOI: https://doi.org/10.1080/1612197X.2009.9671916. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1612197X.2009.9671916. Acesso em: 24 nov. 2020.
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
).

3.5 DADOS ECONÔMICOS

Outro importante ponto analisado, que diz respeito à sustentabilidade da carreira esportiva, é o suporte financeiro recebido pelos atletas. No caso da amostra estudada, foram detectados diversos tipos de suporte financeiro, passando pelo âmbito estatal, educacional, clubístico e familiar, havendo inclusive o recebimento de diferentes auxílios pelo mesmo atleta.

A principal fonte de apoio financeiro provém do Estado, principalmente no formato da Bolsa Atleta em diferentes níveis, a qual se fez presente em dez casos da amostra, seguida, em menor quantidade, pelo Programa Olímpico da Marinha, que contempla quatro atletas. Foram relatados, ainda, sete casos em que havia o apoio de instituições de ensino no formato de bolsas de estudo, que variavam de 30% a 100% de desconto nos valores de mensalidade. Além disso, quatro atletas recebiam auxílios provenientes dos clubes aos quais estavam vinculados, e dois atletas recebiam a ajuda da família.

4 DISCUSSÃO

O estudo tem por objetivo analisar como atletas brasileiros que compõem a elite dos saltos ornamentais conciliam, ao longo dos treinamentos e da participação em competições, a dedicação ora às questões esportivas ora aos estudos escolares. Para esclarecer se o esporte de alto rendimento cria ou não barreiras para a formação escolar é preciso considerar que o cerne da questão sobre a dupla carreira está, em primeiro plano, ligado às escolhas que os jovens atletas fazem durante a conciliação esporte-estudo e, em segundo, aos fatores que interferem nas tomadas de decisão. Portanto, é importante visualizar a dupla carreira como um processo dinâmico e multifatorial, demarcado por períodos de dedicação que, por sua vez, são delimitados por transições nos domínios atlético, acadêmico/vocacional, psicológico, psicossocial e financeiro, segundo a perspectiva holística de desenvolvimento da carreira esportiva (WYLLEMAN; ALFERMAN; LAVALLE, 2004WYLLEMAN, Paul; ALFERMANN, Dorothee; LAVALLEE, David. Career transitions in sport: European perspectives. Psychology of sport and exercise, v. 5, n. 1, p. 7-20, 2004. DOI: https://doi.org/10.1016/S1469-0292(02)00049-3. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1469029202000493. Acesso em: 27 nov. 2020.
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).

O potencial de investimento monetário de uma modalidade esportiva é um dos fatores determinantes para o atleta estudante ponderar sua dedicação durante a dupla carreira (FOLLE; NASCIMENTO; GRAÇA, 2015FOLLE, Alexandra; NASCIMENTO, Juarez Vieira do; GRAÇA, Amândio Braga dos Santos. Processo de formação esportiva: da identificação ao desenvolvimento de talentos esportivos. Revista da Educação Física UEM, v. 26, n. 2, p. 317-329, 2015. Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/23891. Acesso em: 24 nov. 2020.
http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.p...
; PALLARÉS et al., 2011PALLARÉS, Susana et al. Modelos de trayectoria deportiva en waterpolo y su implicación en la transición hacia una carrera profesional alternativa. Cultura, Ciencia y Deporte, v. 6, n. 17, p. 93-103, 2011. DOI: https://10.12800/ccd.v6i17.36. Disponível em: https://ccd.ucam.edu/index.php/revista/article/view/36. Acesso em: 29 jul. 2019.
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). No presente trabalho, os saltos ornamentais foram classificados como um esporte não profissional, pois os atletas, em geral, não recebem remuneração mediante pacto contratual. De fato, a característica principal do esporte profissional é a remuneração do atleta assegurada em contrato formal de trabalho (BRASIL, 1998). Nesse sentido, a principal fonte de custeio da condição esportiva dos atletas entrevistados provém do Estado, seguida por bolsas de estudos de instituições de ensino privadas e, por fim, auxílio financeiro dos clubes e das famílias.

Quanto ao suporte estatal, destaca-se, pelo número de beneficiários, o Programa Bolsa Atleta, que atende dez jovens da amostra, seguido pelo Programa Olímpico da Marinha do Brasil (PROLIM), o qual ampara quatro atletas. Ambos os programas oferecem incentivo financeiro temporário com o intuito de promover o desenvolvimento e alcance de metas esportivas, porém não garantem a estabilidade laboral elencada anteriormente, deixando de lado fatores referentes ao desenvolvimento psicológico, psicossocial e educacional (WYLLEMAN; ROSIER, 2016WYLLEMAN, Paul; ROSIER, N. Holistic Perspective on the Development of Elite Athletes. In: RAAB, Markus et al. (eds.). Sport and Exercise Psychology Research. New York: Academic, 2016. p. 269-288.). O Bolsa Atleta é um projeto de financiamento de atletas de alto rendimento que merece uma avaliação mais profunda, com o objetivo de ampliar o alcance desses bolsistas, qualificando os critérios de seleção, o tempo de duração do financiamento e a sua forma de pagamento, evitando atrasos e garantindo que o investimento será em benefício da sua condição esportiva. Martins (2019MARTINS, Fernando Bernardes. Análise da dupla carreira de atletas beneficiados pelo Programa Bolsa-Atleta do Governo do Distrito Federal: conciliação entre a trajetória esportiva e educacional. 2019. 150 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade de Brasília, Brasília, 2019. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/37072. Acesso em: 24 nov. 2020.
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), em pesquisa com amostra beneficiada pelo Programa Bolsa Atleta do Distrito Federal no período 2014/2015, constatou que apenas atletas que recebiam bolsas de níveis mais elevados - internacional e olímpico - conseguiram se manter no programa em um prospecto de três anos, enquanto os beneficiários de menores valores - estudantil e distrital - descontinuaram a participação no programa.

Por sua vez, o PROLIM oferece a seus recebedores a patente de 3º sargento na Marinha brasileira, que conta com percepção de benefícios diretos e indiretos por um período de até oito anos. Apesar de essa vigência ser equivalente a dois ciclos olímpicos, os atletas contemplados só conseguem prosseguir na carreira militar mediante aprovação comum em concurso público4 4 CARREIRA militar é... Disponível em: https://www.terra.com.br/esportes/lance/carreira-militar-e-trunfo-para-atletas-olimpicos-mas-ha-prazo-de-validade,696611347340951114e7656fd14bdeb88h7yhe0x.html. Acesso em: 6 out. 2020. . Logo, ainda que a temporalidade do suporte assegure estabilidade suficiente para a manutenção do alto rendimento, não há garantia quanto ao processo de transição para fora do esporte, de modo que os atletas quase sempre buscam construir carreiras alternativas paralelamente aos compromissos esportivos (BARKER et al., 2014BARKER, Dean et al. Moving out of Sports: A Sociocultural Examination of Olympic Career Transitions. International Journal Sports Science & Coaching, v. 9, n. 2, p. 255-270, 2014. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/265972375_Moving_out_of_Sports_A_Sociocultural_Examination_of_Olympic_Career_Transitions. Acesso em: 24 nov. 2020.
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).

Outro pilar decisivo para desenvolvimento da carreira esportiva é a participação da família, tanto no suporte financeiro e na promoção de uma rotina favorável ao desenvolvimento esportivo quanto na construção de expectativas em torno do processo de escolarização de seus filhos. No Brasil, a maioria da população com mais de 25 anos apresenta, no máximo, o ensino fundamental completo, ao passo que 17% das mulheres e 13% dos homens completam o ensino superior5 5 PNAD contínua 2016... Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/18992-pnad-continua-2016-51-da-populacao-com-25-anos-ou-mais-do-brasil-possuiam-no-maximo-o-ensino-fundamental-completo. . Na amostra analisada, 53% das mães e 47% dos pais tinham o ensino superior completo. Apesar dos desafios na conciliação dos compromissos, todos os atletas participantes do presente estudo afirmaram que desejavam e terminariam os estudos universitários, o que pode ser explicado, em parte, pela maior escolarização dos pais dos atletas dos saltos ornamentais. No futsal feminino e masculino, o cenário se apresenta de maneira semelhante, com alta expectativa de conclusão do ensino superior, aliada à alta escolarização dos pais (COSTA, 2012COSTA, Felipe Rodrigues da. A escola, o esporte e a concorrência entre estes mercados para jovens atletas mulheres no futsal de Santa Catarina. 2012. 90 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2012.; KLEIN; BASSANI, 2016KLEIN, Lucas Barreto; BASSANI, Jaison José. Perfil educacional de jovens atletas de futsal em Santa Catarina: concorrência entre projetos de formação. In: Educação do corpo e escolarização de atletas: debates contemporâneos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016. p. 51-78.). Para 57% os atletas do remo, a conclusão do ensino superior é uma aspiração e uma possibilidade, enquanto no futebol masculino, o ensino superior era uma aspiração de 56% dos atletas, mas uma possibilidade educacional para apenas 22% (CORREIA; SOARES, 2016SOARES, Antonio Jorge. Gonçalves; CORREIA, Carlus Augustus Jourand; MELO, Leonardo Bernardes Silva de. Tensões na administração da dupla carreira no esporte e na escola. In: Educação do corpo e escolarização de atletas: debates contemporâneos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016. p. 9-18.) - o que pode ser explicado, em parte, tanto pelo mercado econômico da modalidade quanto “[...] pela [...] origem social e herança cultural [do atleta]” (CORREIA; SOARES, 2016, p. 106).

O que chama atenção para a valorização do aspecto educacional são duas variáveis: a) o contexto familiar, projetando maior confiança na conclusão do ensino superior; e b) a perspectiva de retorno financeiro proporcionado pela modalidade. Essa relação carece de maior aprofundamento para que possamos afirmar de maneira mais precisa tanto sobre a escolarização familiar e o mercado esportivo - seja privado ou estatal - como a respeito de expectativas e possibilidades educacionais observadas pelos atletas.

Vilanova e Puig (2016VILANOVA, Anna; PUIG, Núria. Personal strategies for managing a second career: The experiences of Spanish Olympians. International Review for the Sociology of Sport, v. 51, n. 5, p. 529-546, 2016. DOI: https://doi.org/10.1177/1012690214536168. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1012690214536168. Acesso em: 25 nov. 2020.
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) detectaram, em um grupo de 23 atletas olímpicos espanhóis, a influência positiva do elevado grau de instrução da família quanto à preparação para a descontinuação esportiva e inserção em uma segunda carreira; ao passo que a ausência de atenção familiar contribuiu para a indiferença por parte dos atletas quanto à importância da formação educacional. Esse dado, a despeito das diferenças entre os contextos socioculturais, destacam a influência que a família, em conjunto com as possibilidades oferecidas pelo esporte enquanto retorno financeiro e da escola enquanto tempo/espaço de formação para o mercado de trabalho, constituem-se na base para as tomadas de decisão dos atletas sobre sua dedicação ao esporte e estudos ao longo da dupla carreira (KNIGHT; HARWOOD; SELLARS, 2018KNIGHT, Camilla J.; HARWOOD, Chris G.; SELLARS, Paul A. Supporting adolescent athletes’ dual careers: The role of an athlete’s social support network. Psychology of Sport and Exercise, v. 38, n. July 2017, p. 137-147, 2018. DOI: https://doi.org/10.1016/j.psychsport.2015.04.003. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1469029215000345?via%3Dihub. Acesso em: 24 nov. 2020.
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).

A escolarização dos pais, a capacidade de investimento familiar no esporte e a organização da modalidade enquanto mercado interferem no tipo de dedicação encontrada na elite dos saltos ornamentais do Brasil. De acordo com os resultados, a rotina de treinamentos associada aos estudos/trabalho é estruturada, para a maioria dos atletas investigados: ou por meio do equilíbrio entre as carreiras (como é o caso de sete atletas); ou pela prioridade aos estudos (condição de dois jovens da amostra), ou pela dedicação maior ao trabalho (situação vivida por uma das atletas). Entretanto, a dedicação exclusiva ao esporte - declarada por três atletas - e a priorização dos compromissos atléticos em relação aos estudos - informada por dois atletas - não indicam, respectivamente, o abandono ou a desvalorização da formação educacional na dupla carreira, mas a priorização da carreira esportiva no período analisado.

Sendo assim, mais importante do que definir os tipos de dedicação à carreira esportiva e aos estudos ou trabalho é compreender que, com base na natureza dinâmica e multifatorial da dupla carreira, as escolhas por parte do atleta podem sofrer alterações no decorrer do processo, devido às características individuais e pessoais presentes nos domínios educacional, esportivo e psicossocial da vida do esportista (WYLLEMAN; ALFERMAN; LAVALLEE, 2004WYLLEMAN, Paul; ALFERMANN, Dorothee; LAVALLEE, David. Career transitions in sport: European perspectives. Psychology of sport and exercise, v. 5, n. 1, p. 7-20, 2004. DOI: https://doi.org/10.1016/S1469-0292(02)00049-3. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1469029202000493. Acesso em: 27 nov. 2020.
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).

Essa variação de importância entre formação educacional ou vida laboral e desenvolvimento esportivo é denominada por Mateu et al. (2020MATEU, Pau et al. Living Life Through Sport: The Transition of Elite Spanish Student-Athletes to a University Degree in Physical Activity and Sports Sciences. Frontiers in Psychology, v. 11, p. 1-13, 2020. DOI: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.01367. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2020.01367/full. Acesso em: 24 nov. 2020.
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) como trajetórias de transição fluidas. Nelas, as situações vividas em diferentes momentos pelos atletas influenciam nas decisões sobre a dedicação demandada para ambas as carreiras. Dessa forma, por serem pequenas as possibilidades de ascensão esportiva para conquista de status socioeconômico elevado, torna-se imperioso para atletas, famílias, clubes e instituições de ensino o entendimento acerca da importância da dupla carreira, bem como a elaboração de estratégias que possibilitem o melhor aproveitamento de ambas as formações (EUROPEAN COMISSION, 2012).

Um dos maiores desafios presentes na dupla carreira diz respeito à gestão do tempo entre os compromissos esportivos e os educacionais. Os atletas da amostra que frequentavam o ensino médio afirmaram cumprir a carga horária total exigida pela legislação, sendo que apenas uma atleta, que cursava o ensino superior, apontou chegar atrasada ou sair mais cedo das aulas por causa dos treinamentos. Tanto no ensino básico quanto no superior, os alunos precisam estar presentes em obrigatoriamente 75% dos 200 dias letivos previstos na legislação, sendo alocados geralmente em turno único no ensino básico.

Nesse sentido, os atletas estudantes necessitam de estratégias de flexibilização que possibilitem o aproveitamento das demandas educacionais, garantindo-se a qualificação para a conquista de níveis superiores de formação e, por conseguinte, de melhores postos de trabalho após a carreira esportiva (BARRIOPEDRO; LÓPEZ DE SUBIJANA; MUNIESA, 2018BARRIOPEDRO, Maribel; LÓPEZ DE SUBIJANA, Cristina; MUNIESA, Carlos. Insights into life after sport for Spanish Olympians: Gender and career path perspectives. PLoS ONE, v. 13, n. 12, p. 1-13, 2018. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0209433. Acesso em: 08 out. 2019.
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). As estratégias de flexibilização escolar encontradas nos resultados do presente estudo foram majoritariamente o abono de faltas e a reposição de avaliações. Diante disso, outras estratégias, como a reposição de aulas, a disponibilização de um tutor responsável por acompanhar a gestão da dupla carreira dos atletas estudantes e a elaboração de ações de conscientização para comunidades acadêmicas e escolares, não só possibilitariam melhor aproveitamento educacional como desenvolveriam a autonomia dos atletas para enfrentamento de adversidades presentes na dinâmica da dupla carreira (SANCHÉZ PATO; ISIDORI; CALDERÓN, 2017SANCHÉZ-PATO, Antonio; ISIDORI, Emanuel; CALDERÓN, Antonio. Developing an innovative European Sport Tutorship for the dual career of athletes. Murcia: UCAM Catholic University of Murcia, 2017. Disponível em: http://www.dualcareer.eu/wp-content/uploads/2017/06/Handbook_Tutorship_Modell.pdf . Acesso em 27 nov. 2020.
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).

Além disso, no Brasil, a ausência de amparo legal quanto à qualificação dos compromissos educacionais, bem como de assistência para melhor aproveitamento da formação acadêmica, ilustra um cenário em que o atleta busca, por iniciativa própria, negociar com os professores as condições necessárias para conciliar os estudos com os treinamentos (CARVALHO; HAAS, 2015CARVALHO, Ricardo Antonio Torrado de; HAAS, Celia Maria Carvalho. Conflito na legislação brasileira referente à escolarização de seus jovens atletas. Revista de Estudios e Investigación en Psicología y Educación, n. 12, p. 11, 2015. Disponível em: https://revistas.udc.es/index.php/reipe/article/view/reipe.2015.0.12.421/pdf_325. Acesso em: 24 nov. 2020.
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; ROCHA et al., 2020ROCHA, Hugo Paula Almeida da et al. A dupla carreira esportiva no Brasil : um panorama na agenda das políticas públicas. Revista Com Censo: Estudos educacionais do Distrito Federal, v. 7, n. 2, p. 52-59, 2020. Disponível em: http://www.periodicos.se.df.gov.br/index.php/comcenso/article/view/848. Acesso em: 24 nov. 2020.
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).

Do mesmo modo, a atleta que trabalha afirma flexibilizar sua agenda laboral para atender as demandas exigidas pelos treinamentos - mesmo tendo declarado que o trabalho é uma prioridade na conciliação com o esporte de alto rendimento. Essa informação corrobora o entendimento de Pallarés et al. (2011PALLARÉS, Susana et al. Modelos de trayectoria deportiva en waterpolo y su implicación en la transición hacia una carrera profesional alternativa. Cultura, Ciencia y Deporte, v. 6, n. 17, p. 93-103, 2011. DOI: https://10.12800/ccd.v6i17.36. Disponível em: https://ccd.ucam.edu/index.php/revista/article/view/36. Acesso em: 29 jul. 2019.
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) sobre a importância de o empregador compreender a condição atlética de seu funcionário quando o esporte exigir sua ausência pontual.

Observamos que a idade de federação e a eventual entrada antecipada no esporte com início em competições se dá aos 8,00 ± 1,98 anos de idade para as mulheres e aos 10,00 ± 2,26 anos para os homens. Vale ressaltar que os atletas de ambos os sexos declararam autopercepção como atletas de alto rendimento a partir dos 12 anos. Sendo assim, a especialização na modalidade dos saltos ornamentais está alocada ainda no ensino básico, mais precisamente desde o primeiro ciclo do ensino fundamental. Esse período da educação conta com o cumprimento obrigatório de 7.200 horas aproximadamente (BRASIL, 1996), exigindo-se a conciliação entre os estudos e os compromissos esportivos de forma prematura.

Nesse sentido, as demandas esportivas de preparação para o alto rendimento e de manutenção ou ápice da performance esportiva estão presentes em fases educacionais diferentes: no ensino básico e no ensino superior. A realização de novos estudos que contemplem um número maior atletas de diferentes modalidades e que incluam a realização de entrevistas em profundidade trará mais informações sobre a dupla carreira, permitindo o aprofundamento a respeito de como ocorre a conciliação entre esporte e estudo/trabalho.

5 CONCLUSÕES

O presente estudo permitiu traçar o perfil educacional e esportivo da elite dos saltos ornamentais brasileira. Os resultados sugerem que os atletas conseguem conciliar as trajetórias educacional e esportiva de maneira satisfatória (cumprindo com a educação básica obrigatória), apesar de dedicarem aproximadamente 40 horas semanais, somadas as rotinas. Os resultados reforçam, ainda, a compreensão de que não existem padrões sobre como lidar com a dupla carreira. Para aqueles que estão dentro da faixa etária em que a escolaridade é obrigatória no Brasil, a conciliação entre as carreiras escolar e esportiva é uma imposição. Para os que têm mais de 18 anos, a dedicação total ao esporte pode significar ingressar no ensino superior na fase final da carreira esportiva, ou somente após a retirada do esporte.

Ressaltamos a existência de casos de interrupção dos estudos no ensino superior, espaço que precisa se adequar para receber e consolidar a formação acadêmica dos estudantes que compõem a elite esportiva, a exemplo do que já acontece em países como Portugal, Espanha e Colômbia. Logo, o desenvolvimento de estudos sobre dupla carreira é importante para subsidiar a construção de dispositivos legais e políticas institucionais, tanto dos clubes quanto das instituições de ensino, para oferecer aos jovens atletas, condições adequadas para investirem em sua formação humana, esportiva e profissional.

REFERÊNCIAS

  • AZEVEDO, Marcio Faria de et al. Formação escolar e formação esportiva: caminhos apresentados pela produção acadêmica. Movimento, v. 23, n. 1, p. 185, 2017. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/61300 Acesso em: 24 nov. 2020.
    » http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/61300
  • BARKER, Dean et al. Moving out of Sports: A Sociocultural Examination of Olympic Career Transitions. International Journal Sports Science & Coaching, v. 9, n. 2, p. 255-270, 2014. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/265972375_Moving_out_of_Sports_A_Sociocultural_Examination_of_Olympic_Career_Transitions Acesso em: 24 nov. 2020.
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  • FINANCIAMENTO

    O presente trabalho não contou com qualquer apoio financeiro.
  • ÉTICA DE PESQUISA

    Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE), número 06509018.4.0000.0030. Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (FS-UnB).
  • 1
    CONTEÚDO... Mercado & consumo, 4 dez. 2019. Disponível em: https://www.mercadoeconsumo.com.br/2019/11/23/conteudo-digital-e-a-formula-para-esportes-menos-populares-conquistarem-patrocinadores-e-fas/.
  • 2
    Amostra (53,33% de homens e 46,66% de mulheres) e população (51,52% de homens e 48,48% de mulheres).
  • 3
    Idade indicada segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional brasileira como limite para cumprimento da escolarização básica obrigatória.
  • 4
    CARREIRA militar é... Disponível em: https://www.terra.com.br/esportes/lance/carreira-militar-e-trunfo-para-atletas-olimpicos-mas-ha-prazo-de-validade,696611347340951114e7656fd14bdeb88h7yhe0x.html. Acesso em: 6 out. 2020.
  • 5
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Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga*, Elisandro Schultz Wittizorecki*, Ivone Job*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira*
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    28 Jun 2020
  • Aceito
    17 Fev 2021
  • Publicado
    04 Abr 2021
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
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