RESUMO
Este artigo examina a produção de imaginários nacionalistas hegemônicos entre cubanos de Havana e Miami, no contexto da luta entre o Estado socialista cubano e seus opositores exilados. O artigo argumenta que, depois de mais de cinco décadas de um conflito intenso que saturou os espaços públicos dessas duas cidades com referências nacionalistas, as ideologias das duas elites políticas cubanas não se tornaram hegemônicas em nenhuma das duas metrópoles, mas que as premissas ideológicas profundas que elas compartilham gozam de validade quase inconteste entre os cubanos das duas cidades. O artigo focaliza a celebração do herói nacional José Martí - a quem ambas as elites tomam como predecessor e inspirador - para argumentar que o conflito político ajuda a tornar imaginários nacionais hegemônicos ao naturalizar símbolos, concepções e narrativas que as partes em conflito compartilham e tomam por tácitos.
PALAVRAS-CHAVE: Nacionalismo; hegemonia; socialismo real; Cuba; Miami