Resumo
O artigo analisa a nova face político-ideológica dos usineiros da zona da cana nordestina, formada pelos três principais estados produtores da região: Alagoas, Pernambuco e Paraíba. O argumento central é que esse tradicional segmento das classes dominantes passou por mudanças significativas nas duas últimas décadas, resultando em uma ampliação de sua composição interna e sua acomodação à dinâmica do agronegócio. Assim, moldaram uma nova retórica de legitimação, baseada na defesa do monocultivo da cana-de-açúcar como um negócio agro-social, recorrendo a noções como sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. Os limites e as contradições desse discurso são problematizados à luz dos conflitos de classe e da dimensão econômica e político-ideológica neles contida, capazes de explicar as razões pelas quais os usineiros, através de suas instâncias de representação, buscam legitimidade social para o pleno exercício da atividade que praticam. A metodologia utilizada se concentrou na análise da retórica patronal, recorrendo à interlocução com documentos originários de sindicatos e associações de usineiros e artigos jornalísticos diretamente relacionados ao assunto.
Palavras-chave:
Agronegócio; classes sociais; cana-de-açúcar; transformações agrárias; Nordeste.