Resumo
Os atributos ecomorfológicos dos peixes são influenciados por diversos fatores inerentes ao seu ambiente, o que permite que sejam indicadores das condições ambientais resultantes da perda de habitat. Nós avaliamos a variação nas características ecomorfológicas da fauna de peixes considerando a porcentagem de cobertura florestal em riachos da bacia do rio Iguaçu, uma ecorregião caracterizada por alto endemismo. As variáveis ambientais foram medidas junto com a coleta de peixes por meio de pesca elétrica, com quatro amostras por local. Avaliamos 12 índices ecomorfológicos para 26 espécies. A combinação de variáveis ambientais resultantes da perda da cobertura florestal e do assoreamento levou à homogeneização do habitat, que foi um fator importante na estruturação morfológica. Os riachos expostos a maior pressão humana apresentaram prevalência de características morfológicas associadas a um desempenho aumentado em margens assoreadas, como razão de aspecto da nadadeira anal e caudal, área relativa da nadadeira dorsal, largura relativa do pedúnculo caudal, razão de aspecto da nadadeira pélvica e área relativa da nadadeira anal. Em contrapartida, a proporção da nadadeira peitoral e a orientação da boca ventral foram características positivamente relacionadas ao substrato rochoso e aos riachos florestais. Portanto, a perda e a mudança de habitat impuseram pressões de seleção sobre as espécies com traços morfológicos e usos do habitat mais especializados. Essas descobertas reforçam a importância da preservação da cobertura florestal para manter a diversidade de peixes.
Palavras chave:
Ecomorfologia; Filtro ambiental; Peixes de água doce; Perda de habitat; Pressão humana