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Tendências

Tendências

Tendências enfoca aspectos da questão democrática no Brasil, Chile e Peru. Para o Chile, com base na série histórica de dados produzidos pelo CERC- Centro de Estudios de la Realidad Contemporanea, este Encarte apresenta opiniões e tendências sobre a política e a economia chilenas que abordam o regime Pinochet, a transição democrática e os governos de Patrício Alywin, Eduardo Frei e Ricardo Lagos (1986 a 2002).

Para o Peru, com os dados do GOP-Grupo de Opinión Publica, da Universidad de Lima, Tendências apresenta dados de avaliação da democracia peruana na conjuntura política recente de 2001 e 2002.

Na sessão Brasil estão organizadas informações produzidas pela Criterium - Pesquisas de Opinião Pública e Avaliação de Políticas Públicas em pesquisas realizadas em 2002, no período logo anterior às eleições presidenciais de outubro. O grau de preferência pela democracia, as expectativas da população com o país no futuro governo, e as opiniões e percepções sobre a candidatura de Luis Inácio Lula da Silva são os principais aspectos abordados.

ASPECTOS DA DEMOCRACIA

A preferência pelo regime democrático

Em pesquisa realizada em agosto de 2002, 17 anos após o início da democratização de 1985, quase 60% dos entrevistados preferem a democracia a outro regime político.

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Observados segundo a preferência partidária, destaca-se que os identificados com o PT são os que mais apóiam incondicionalmente a democracia:

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Os que não consideram as diferenças entre democracia e ditadura são também os que menos se identificam com algum partido político e que menos sabem em quem votar para presidente:

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Sobre os problemas do país, a maioria dos entrevistados concorda que a melhor solução para o Brasil está no envolvimento da população nas decisões de governo:

Entre aqueles que concordam com...

"A participação da população nas decisões importantes do governo"

destacam-se os de maior escolaridade (2º grau completo e superior):

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Entre os que apontam para a solução através da ...

"Atuação de um líder forte que coloque as coisas no lugar",

destacam-se aqueles com menor escolaridade (com 1º grau incompleto):

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EXPECTATIVAS COM A ECONOMIA

Opiniões sobre o futuro desempenho na economia do presidente eleito em 2002

Os dados da pesquisa mostram que predominava a expectativa de mudança na política econômica do futuro governo.

Para os entrevistados, seria bom que o futuro presidente ...

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Dentre aqueles que afirmaram preferir a continuidade da maior parte da política econômica, destacam-se os de menor renda (até 2 salários mínimos) e de baixa escolaridade (até 1º grau completo).

É o que mostram os gráficos seguintes

Perfil socioeconômico dos que gostariam que o próximo presidente ...

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Perfil socioeconômico dos que gostariam que o próximo presidente ....

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Perfil socioeconômico dos que gostariam que o próximo presidente ...

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OPINIÃO SOBRE O CANDIDATO LULA

A mudança de Lula

Em pesquisa realizada em Setembro de 2002, mais de 50% dos entrevistados percebiam mudanças em Lula. A maior parte avaliava que as mudanças eram positivas.

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A opinião sobre votar em Lula

Na mesma pesquisa, a grande maioria dos entrevistados – mais de 80% - mostravam uma opinião positiva sobre votar em Lula, mas destes, 24% declaravam medo.

Entre os entrevistados, destacam-se as mulheres e os mais velhos que afirmavam medo ou recusa em votar em Lula. Vejamos o perfil de cada grupo com diferentes opiniões.

Perfil socioeconômico para os 57,8% dos entrevistados que...

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Perfil socioeconômico para os 24% dos entrevistados que...

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Perfil socioeconômico para os 17,9% dos entrevistados que...

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Os motivos para nunca votar em Lula:

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O despreparo do candidato, a possibilidade de desordem e a perda de confiança de investidores são as principais idéias que, para os entrevistados, justificam a recusa do voto em Lula.

Vejamos como é o perfil dos eleitores representados nestes 3 principais motivos

Perfil socioeconômico para os que afirmaram que...

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Perfil socioeconômico para os que afirmaram que...

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Perfil socioeconômico para os que afirmaram que...

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O passado de Lula faz diferença?

Para quase metade dos entrevistados o passado operário e a trajetória de liderança sindical e política são aspectos que tornam Lula preparado para governar.

Devido à sua história, Lula....

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Dentre os que consideram Lula mais preparado que outros candidatos para governar com justiça, destacam-se os homens (55,1%) e aqueles que têm renda familiar de até um salário mínimo (25,2%).

Dentre os que consideram que Lula não tem condições para governar o país, destacam-se as mulheres (52,3%) e aqueles que têm renda familiar de um a dois salários mínimos (33,9%).

Vejamos os gráficos a seguir

Perfil socioeconômico para os que afirmaram que Lula...

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Perfil socioeconômico para os que afirmaram que Lula...

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Afinal, Lula estaria preparado para governar?

Na pesquisa realizada em Setembro de 2002, próximo às eleiçõs presidenciais, para quase 46% dos entrevistados, Lula havia amadurecido e, portanto, estava pronto para governar.

Considerações dos entrevistados sobre o preparo de Lula para governar:

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Para as quatro afirmações apresentadas, os homens e aqueles de menor faixa de renda familiar (até um salário mínimo) destacam-se nas opiniões positivas, enquanto as mulheres destacam-se nas opiniões negativas.

O perfil dos entrevistados está nos gráficos a seguir

Perfil socioeconômico para os que afirmaram que...

Perfil socioeconômico para os que afirmaram que ...

Perfil socioeconômico para os que afirmaram que...

Perfil socioeconômico para os que afirmaram que ...

CHILE-SÉRIE HISTÓRICA

Evolução do apoio à Democracia (1986-2002)

O período entre 1986 e 2002 aborda o fim da ditadura Pinochet e o ínicio da redemocratização chilena, estabelecida através dos três governos de esquerda eleitos a partir de 1989.

Nesse longo período, o apoio dos chilenos à democracia se destaca em três momentos: em Novembro de 1988, logo após o plebiscito de Outubro que definiu o fim do período Pinochet e as eleições democráticas de 1989, e no início dos governos de Patrício Aylwin e Eduardo Frei.

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Preferência por tipo de governo (1996-2002)

Apesar da preferência majoritária pela democracia no período que abrange a segunda metade do governo Eduardo Frei e o governo Ricardo Lagos, ocorrem oscilações em favor do autoritarismo.

As mulheres são as que mais desconsideram as diferenças entre regimes políticos.

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Preferência por regime político, segundo grau de escolaridade

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Preferência por regime político, segundo faixas de idade

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Percepção da legitimidade e eficácia da Democracia, 1989 - 2002

A legitimidade democrática é percebida mais positivamente pelos cidadãos chilenos do que a eficácia do regime político para a resolução dos problemas do país.

As altas proporções de legitimidade no final do governo Pinochet refletem a expectativa com as eleições presidenciais que ocorreriam em Dezembro de 89, e elegeram Patrício Aylwin, que acolhe no início de seu governo proporções significativas de apoio à democracia.

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Interesse por política, 1990-2002

Durante todo o período, a maioria dos chilenos afirma não ter interesse por política, mas é a partir de 1995 que se desenham às maiores proporções deste desinteresse.

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O voto partidário entre 1988 e 2002

Em que pese o alto desinteresse por política, a grande maioria dos entrevistados afirma sua identificação com partidos políticos. Esta forte identidade partidária dos chilenos se expressa nas altas proporções de votos em partidos políticos, observadas durante todo o período.

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A identidade partidária também orienta o posicionamento político dos chilenos com relação aos partidos do governo e da oposição, como mostra o auto posicionamento dos entrevistados, durante o governo Patrício Aylwin:

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Auto-posicionamento dos entrevistados em relação às idéias dos partidos do governo ou da oposição, durante o governo Eduardo Frei:

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Auto-posicionamento dos entrevistados em relação às idéias dos partidos do governo ou da oposição, durante o governo Ricardo Lagos:

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Avaliação de Pinochet

Em 1998, Pinochet foi detido em Londres a pedido do juiz espanhol Baltasar Garzon, que então investigava tortura, homicídio e genocídio durante o governo do general. Após a polêmica entre Chile e Inglaterra sobre sua extradição, Pinochet retornou ao país em Março de 2000.

Os dados abaixo mostram que em 2001 e em 2002, a maioria dos chilenos tinha uma opinião negativa sobre o general, mas com pouca diferença em relação àqueles que afirmavam opinião favorável ao ex-ditador.

Opinião sobre Augusto Pinochet:

No decorrer do período democrático, a opinião sobre o regime do general Pinochet não se mostrou polarizada: entre Outubro de 1989 e Setembro de 2002, 55% dos chilenos, em média, consideravam que o regime havia sido " tanto mal quanto bom"

Avaliação do regime do general Pinochet

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Percepção da imagem de Pinochet 1996-2002

Ao longo do período 1996-2002 foi consolidando-se a opinião negativa sobre Pinochet para a maioria dos chilenos

Avaliação da Situação Econômica do País (1986-2002)

Para todo o período que inclui o fim do regime Pinochet, a transição democrática e os governos eleitos de Patrício Alywin, Eduardo Frei e Ricardo Lagos, a avaliação da situação econômica do Chile é predominantemente regular e ruim.

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O período Ricardo Lagos é o que mais se destaca neste sentido: entre maio de 2000 e dezembro de 2002, as avaliações negativa e regular somavam mais de 90%

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Avaliação da situação econômica

Expectativa com o futuro do país

A expectativa positiva com a economia do país no período Pinochet apresenta um aumento significativo a partir do Plebiscito de 1988, que define o fim do regime e a volta das eleições presidenciais em 1989.

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Já no período Patrício Alywin, a forte expectativa positiva do início do governo sofre uma queda de 20 pontos entre abril de 1990 e março de 1993

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Para os períodos dos governos de Eduardo Frei e Ricardo Lagos, a mesma tendência decrescente das expectativas positivas com a economia se repete :

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PERU

Satisfação com a democracia

Os dados da pesquisa realizada em novembro de 2002 apontam a forte insatisfação dos peruanos com a democracia: mais de 70% dos entrevistados afirmam estar pouco ou nada satisfeitos

Segundo a percepção dos peruanos, as soluções para a insatisfação com a democracia estão predominantemente ligadas à melhora da economia e ao combate à corrupção. É também significativo o percentual dos que crêem que é necessário "mudar os políticos" para melhorar a democracia peruana. Estes aspectos são abordados em seguida.

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Avaliação da situação econômica

A afirmação de que a melhora da democracia está associada à melhora da economia reflete-se na avaliação da situação econômica do país:

Mais de 90% dos entrevistados consideram que a situação econômica é regular ou ruim

Os peruanos também não crêem que houve melhora da realidade econômica. Quando comparam a economia atual com o ano anterior, mais de 50% não vêem mudanças em relação ao desempenho econômico e aproximadamente 25% avaliam que a situação econômica do país era até melhor. Para o futuro, as expectativas são um pouco melhores: embora 26% acreditem que a situação econômica vá piorar ainda mais, diminui o percentual daqueles que crêem que a situação permanecerá igual e aumenta a expectativa positiva com a economia do país.

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Confiança em instituições

Corroborando a insatisfação e o diagnóstico dos problemas da democracia peruana, os dados mostram que é bastante baixa a confiança nas instituições em geral. No conjunto de instituições estatais, destacam-se os organismos eleitorais e o poder judiciário:

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Para o conjunto das instituições não-estatais, apenas tem destaque a confiança na Igreja Católica:

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Confiança em instituições: O Poder Judiciário

Os dados da pesquisa de janeiro de 2003 indicam que a alta proporção de não-confiança no poder judiciário peruano está fortemente ligada à corrupção:

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Por outro lado, não é clara para a maioria dos entrevistados a solução para sua melhora: mais de 50% declaram não saber o que fazer para melhorar o poder judiciário e 28% apontam a melhora através da mudança de juízes.

Partidos políticos: confiança e funcionamento

Os gráficos abaixo mostram que os peruanos apresentam um baixo grau de confiança nos partidos, são amplamente favoráveis à regulação de suas atividades, mas não apóiam o papel do Estado no seu financiamento.

Avaliação do funcionamento dos partidos

Apesar do baixo o grau de confiança nos partidos, quase 80% dos entrevistados são favoráveis a que os próprios partidos elejam internamente seus candidatos às eleições:

Posicionamento Ideológico

A distribuição dos entrevistados no gradiente ideológico aponta um cenário de forte tendência ao centro-direita: 27,7% se auto-localizam no centro, 38,5% à direita e 16,7% à esquerda do gradiente.

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Opinião sobre a Reforma Constitucional

A descrença no Congresso Nacional e a idéia de que "mudar os políticos" é uma solução para a democracia reflete o baixo grau de confiança das instituições, apresentado anteriormente.

Apenas 23% dos entrevistados julgam o atual Congresso Nacional capaz de elaborar uma nova constituição para o país:

Avaliação da situação política peruana

Entre os meses de outubro e dezembro de 2002, a grande maioria dos entrevistados, ou mais de 80%, percebiam a instabilidade política peruana.

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Praticamente a metade dos peruanos não via melhora na situação política do país comparada à do ano anterior : em outubro de 2002, apenas 19% achavam que a situação política estava mais estável do que há um ano. Com relação ao futuro, praticamente o mesmo percentual -18%- acreditavam que a situação política estaria melhor.

Por outro lado, de outubro 2002 a janeiro 2003, há um aumento de 10 pontos percentuais do número de peruanos com expectativa mais positiva sobre a estabilidade da situação política do país:

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Eleições 2002

Mais de 90% dos entrevistados declararam ter votado nas eleições municipais e regionais de 2002 e, ainda que a maioria tenha afirmado interesse pelas eleições, é expressivo o número – mais de 20% - dos que se disseram "não interessados" .

Quanto aos motivos para votar, em torno de 70% apontaram ter votado por obrigação ou "por ser um dever do cidadão".

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Percepção dos problemas nacionais

Embora a corrupção seja amplamente citada como um grave problema da democracia e apareça em segundo lugar entre os problemas mais importantes do país, as maiores preocupações dos entrevistados dizem respeito às questões socioeconômicas: de outubro de 2002 a janeiro de 2003, o desemprego foi apontado por mais de 30% dos entrevistados como o principal problema do país. Além disso, entre os problemas mais citados figuram a pobreza e a crise econômica.

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Opinião sobre a gestão do Presidente Alejandro Toledo

É forte a desaprovação da gestão do Presidente Alejandro Toledo, apesar da significativa queda entre outubro de 2002 e janeiro de 2003. Dentre os motivos para a desaprovação, em janeiro de 2003 os entrevistados apontaram o não-cumprimento de promessas e a ineficiência:

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Não obstante, para aqueles que aprovam a gestão de Alejandro Toledo, os motivos para sua aprovação são justamente a eficiência e suas "boas intenções":

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Fichas Técnicas

Tabela

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Ago 2003
  • Data do Fascículo
    Maio 2003
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