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Autogestão como instrumento para a organização da contra-hegemonia

A premissa básica deste artigo é que o ser humano não existe fora da "comunidade", ou seja, não existe fora da organização, e que a organização molda a vida humana na sua forma material e é moldada por esta (DUSSEL, 2002). A questão, portanto, é a seguinte: se somos ou estamos todos organizados de alguma maneira, porque não organizar a contra-hegemonia desde baixo e a partir de dentro do próprio sistema dominante? Discuto, portanto, neste ensaio, sobre a possibilidade de que o modo de organizar, ou de uma determinada forma organizativa, pode contribuir para a construção ou organização da contra-hegemonia ao sistema dominante. O argumento utilizado é gramsciano, ou seja, a construção da (contra)hegemonia se dá a partir da organização do consentimento, sem qualquer recurso à violência ou à coerção, isto é, pela construção ideológica, entendendo-se que é na ideologia e por meio da ideologia que uma classe pode exercer sua hegemonia sobre outras, ou seja, pode assegurar a adesão e o consentimento (GRAMSCI, 1978). O objetivo é mostrar que organizações com propostas autogestionárias já trazem o gérmen da contra-hegemonia, pois são pautadas por relações horizontais e democráticas que têm rompido com as relações hierárquicas, assimétricas e clientelistas que se mantiveram durante séculos.

Contra-hegemonia; Autogestão; Organização


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