Desafio ( defiance ) |
Afronta e desafio: a expressão de consternação, o posicionamento como alvo de perseguição, e o nome como ethos político |
Afrontar e desafiar mediante expressão de consternação, posicionando-se como alvo de algum tipo de perseguição, enaltecendo o caráter do ethos político próprio ao enunciador/praticante desse tipo de resposta estratégica. |
A legitimidade está sendo reivindicada pelo personagem histórico ( ethos ); A surpresa e a consternação relatam o tom afetivo da resposta, em detrimento à resposta técnica; A ideia de perseguição política traz nebulosidade ao conceito de verdade. |
Construção gramatical regida pela mesma ordem, com oração explicativa causal (primeira sentença com expressão de consternação e segunda como explicação que se deve à “lista de Fachin”); Ampla adjetivação e uso de hipérbole; Emprego e uso da linguagem que apele a um tom afetivo emocional e desafiador. |
A complexidade e a pluralidade institucionais configuram tanto a base de sustentação quanto o resultado final da estratégia – ao intensificá-las –, pois estas são tratadas e consideradas por meio da ideia de construção discursiva da verdade, por parte do enunciador/praticante desse tipo de resposta estratégica. |
Compromisso ( compromise ) |
Empatia e afetividade: o apoio e o reforço das ações anticorrupção |
Transmitir a ideia de que o acusado compartilha as expectativas do leitor/ouvinte por justiça, reforçando o anseio coletivo pelo processo de investigação e de revelação da verdade. |
O tom afetivo e de empatia afasta a conduta bélica, de confrontação, e promove a aproximação entre interlocutor e leitor/ouvinte; A expectativa pela investigação confere certa cientificidade ao discurso, que atende aos objetivos midiáticos de busca pela verdade. |
Uso de verbos com convergência de sentido, tais como "reafirmar", "apoiar", "reforçar", "acreditar"; Repetição do léxico "confiança" e suas derivações; Desfecho do sentido semântico em torno do vocábulo "investigação"; Emprego de construções discursivas ritmadas, de tom inflamado, com alto potencial de fixação mental. |
As respostas compreendem a pluralidade ambiental, por meio do balanceamento e da pacificação das expectativas institucionais. A remissão à investigação opera com a noção de provisoriedade , uma vez que proporciona conforto a ideia de esperar a investigação, a justiça e a verdade. |
Manipulação ( manipulate ) |
O protagonismo e a centralidade do “personagem político”: o apelo à trajetória e à reputação ilibada |
Avocar para si o reconhecimento de legitimidade, levando o leitor/ouvinte a refletir se a mera citação em uma lista de acusados realmente macula anos de vida pública. |
A presença de elementos retóricos e o tom de persuasão caracterizam o sentido de consternação e confronto; A legitimidade é angariada pelo agente público ao destacar o longo tempo de vida e exposição pública, pelo uso de tom emocional. |
As construções discursivas apresentam a contradição entre o uso do tom pessoal (como do pronome de posse "meu", "minha") e a noção de impessoalidade, em que se usa como sujeito a trajetória política e o ethos ; A linguagem persuasiva e o uso de advérbios de modo e tempo em condição de exacerbação ("categoricamente", "veementemente", "nunca", "jamais") são características do texto em análise. |
Centralizam-se os esforços na questão da complexidade institucional, ante a extensa teia de entendimentos que caracteriza o campo em momentos de crise. A estratégia adotada é extremamente arrojada e passional, visando manipular valores e critérios e alçando derrubar o fortalecimento de uma lógica dominante. Assim, o discurso político trabalha com a adesão , com a efervescência do clamor pela figura pública. |
Manipulação ( manipulate ) |
A não conformidade: a negação e o uso do argumento de desconhecimento do contido nas acusações |
Rechaçar diametralmente as acusações, pelo desprestígio da figura do delator. Como o delator já possui sua culpa reconhecida, o interlocutor coloca em xeque a legitimidade dessa figura. |
O uso das propriedades de negação ( denial ) em tom de attack ; O argumento de desconhecer o contido desonra a forma como a citação é realizada, impactando sua legitimidade; Reside a intenção de denunciar um estratagema de perseguição política deliberada; Em extremo, a construção discursiva adota tons de narrativa, que prega a delação e a citação como enredo de ficção científica. |
A linguagem de negação centra-se no uso de vocábulos de sentido negativo, presentes nos verbos, advérbios e adjetivos; Há perda da neutralidade da linguagem, dando força ao tom emocional e agressivo; A similaridade léxica se dá em progressão, que avança da mentira para calúnia, para a perseguição e, por fim, para peça de ficção científica. |
Ao compreender a complexidade institucional, o interlocutor adota uma estratégia extremamente arrojada, que encaminha o leitor/ouvinte a uma postura polarizada (a verdade ou a mentira). O risco reside no aspecto binário da negação. O uso da provisoriedade é o atributo em destaque, tendo em vista o artifício de indicar a existência de um novo vilão – o delator – de forma com que se visualize uma narrativa de "mocinho e bandido". |
Evasão ( avoidance ) |
O benefício da dúvida: a ambiguidade presente no enunciado "a verdade aparecerá" |
Tirar momentaneamente o foco de atenção do leitor/ouvinte sobre os fatos, aproveitando-se do lapso temporal entre a citação e a sentença. Suscitar o ideário do enlace favorável ao acusado, calçado pelo benefício da dúvida. |
O benefício da dúvida é manifestado pela ambiguidade, em especial, a ambiguidade adaptativa, que faz uso da provisoriedade e temporalidade; Adota-se um tom positivo, de confiança na justiça, o que ajuda a sugerir o desfecho favorável ao acusado; A luz está lançada sobre a ideia de reestabelecimento e prevalência da verdade e da justiça. |
As construções discursivas operam com a noção paralela de dois momentos: o atual e o momento futuro, em que "a verdade aparecerá"; A ambiguidade de cunho especialmente semântico estabelece um momento de dúvida. |
A pluralidade é versada pela ambiguidade . O benefício da dúvida é democrático, presta-se a inúmeras interpretações. O lapso temporal é regido de forma vantajosa ao interlocutor, permitindo a evasão interina do fato negativo e criando uma nova perspectiva, que propõe a expectativa pelo final favorável. |