Este artigo sumariza os resultados de uma pesquisa sobre o processo de organização das Empresas Assumidas por Trabalhadores (EAT) - empresas convencionais em processo falimentar que acabam administradas por ex-trabalhadores. A questão central é de que maneira o grupo de trabalhadores recria os vínculos, interações sociais e práticas administrativas herdadas? A resposta fundamenta-se na psicossociologia dos grupos e propõe um construto teórico designado gestor coletivo: nome dado ao conjunto de mecanismos operantes na elaboração subjetiva do grupo humano ao longo do processo de auto-organização. O construto é apresentado por meio de um estudo de caso, numa proposta expositiva de diálogo entre teoria e campo empírico. Os resultados corroboram o entendimento de que o trabalho de auto-organização é correlato ao trabalho de autolimitação do grupo humano. No caso das EAT, o processo parece orientar-se pelo ajuste seletivo e permanente de uma práxis transformadora - gestada pelo grupo - às restrições e contradições do entorno.
Empresas recuperadas; Autogestão; Psicossociologia; Grupos humanos; Gestão coletiva