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Contribuição para o estudo dos Rhinotragini (Coleoptera, Cerambycidae). II. Revisão de Ommata White, 1855

Resumos

O gênero Ommata é revisto e dividido em quatro gêneros: Ommata sensu strictu, Acatainga gen. nov. (espécie-tipo Odontocera (?) maia Newman, 1841), Etimasu gen. nov. (espécie-tipo Ommata cosmipes Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2003) e Pyrpotyra gen. nov. (espécie-tipo Ommata (Ommata) paradisiaca Tippmann, 1953). São descritas cinco espécies novas provenientes do Brasil e Bolívia: Ommata nigricollis (Brasil, Espírito Santo), O. andina (Bolívia), Pyrpotyra pytinga (Brasil, Pará), P. capixaba (Brasil, Espírito Santo) e P. paraensis (Brasil, Pará). As seguintes espécies são transferidas de Ommata para os novos gêneros, além das espécies-tipos: Acatinga boucheri (Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005), comb. nov.; A. gallardi (Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004), comb. nov.; A. quinquemaculata (Zajciw, 1966), comb. nov.; Pyrpotyra albitarsis (Galileo & Martins, 2010), comb. nov.

Novos gêneros; Novas espécies; Revisão; Taxonomia


The genus Ommata is reviewed and divided into four genera: Ommata sensu strictu, Acatinga gen. nov. (type species Odontocera (?) maia Newman, 1841), Etimasu gen. nov. (type species Ommata cosmipes Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2003) and Pyrpotyra gen. nov. (type species Ommata (Ommata) paradisiaca Tippmann, 1953). Five new species are described: Ommata nigricollis (Brazil, Espírito Santo), Ommata andina (Bolivia), Pyrpotyra pytinga (Brazil, Pará), P. capixaba (Brazil, Espírito Santo), and P. paraensis (Brazil, Pará). The following species were transferred from Ommata to the new genera, besides the type species: Acatinga boucheri (Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005), comb. nov.; A. gallardi (Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004), comb. nov.; A. quinquemaculata (Zajciw, 1966), comb. nov.; Pyrpotyra albitarsis (Galileo & Martins, 2010), comb. nov.

New genera; New species; Revision; Taxonomy


Contribuição para o estudo dos Rhinotragini (Coleoptera, Cerambycidae). II. Revisão de Ommata White, 1855

Antonio Santos-SilvaI,IV; Ubirajara R. MartinsI,II,V; Robin O.S. ClarkeIII

IMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasi

IIPesquisador do CNPq

IIIHotel Flora & Fauna, Casilla 2097, Santa Cruz de la Sierra, Bolivia. E-mail: hotelfandf@hotmail.com

IVE-mail: toncriss@uol.com.br

VE-mail: urmsouza@usp.br

RESUMO

O gênero Ommata é revisto e dividido em quatro gêneros: Ommata sensu strictu, Acatainga gen. nov. (espécie-tipo Odontocera (?) maia Newman, 1841), Etimasu gen. nov. (espécie-tipo Ommata cosmipes Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2003) e Pyrpotyra gen. nov. (espécie-tipo Ommata (Ommata) paradisiaca Tippmann, 1953). São descritas cinco espécies novas provenientes do Brasil e Bolívia: Ommata nigricollis (Brasil, Espírito Santo), O. andina (Bolívia), Pyrpotyra pytinga (Brasil, Pará), P. capixaba (Brasil, Espírito Santo) e P. paraensis (Brasil, Pará). As seguintes espécies são transferidas de Ommata para os novos gêneros, além das espécies-tipos: Acatinga boucheri (Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005), comb. nov.; A. gallardi (Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004), comb. nov.; A. quinquemaculata (Zajciw, 1966), comb. nov.; Pyrpotyra albitarsis (Galileo & Martins, 2010), comb. nov.

Palavras-chave: Novos gêneros; Novas espécies; Revisão; Taxonomia.

ABSTRACT

The genus Ommata is reviewed and divided into four genera: Ommata sensu strictu, Acatinga gen. nov. (type species Odontocera (?) maia Newman, 1841), Etimasu gen. nov. (type species Ommata cosmipes Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2003) and Pyrpotyra gen. nov. (type species Ommata (Ommata) paradisiaca Tippmann, 1953). Five new species are described: Ommata nigricollis (Brazil, Espírito Santo), Ommata andina (Bolivia), Pyrpotyra pytinga (Brazil, Pará), P. capixaba (Brazil, Espírito Santo), and P. paraensis (Brazil, Pará). The following species were transferred from Ommata to the new genera, besides the type species: Acatinga boucheri (Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005), comb. nov.; A. gallardi (Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004), comb. nov.; A. quinquemaculata (Zajciw, 1966), comb. nov.; Pyrpotyra albitarsis (Galileo & Martins, 2010), comb. nov.

Keywords: New genera; New species; Revision, Taxonomy.

INTRODUÇÃO

No primeiro trabalho da série "Contribuição para o estudo dos Rhinotragini", todos os subgêneros de Ommata White, 1855 foram considerados gêneros distintos e Agaone Pascoe, 1859 foi revisto.

Neste segundo trabalho sobre os Rhinotragini Thomson, 1860, tratamos de Ommata, visando uma revisão geral da tribo que, com algumas exceções (e.g., Monné & Magno, 1988; Giesbert, 1991), permanece pouco estudada e com inúmeros problemas, particularmente na alocação das espécies em gêneros. Em muitos casos, as espécies incluídas em alguns gêneros não possuem os caracteres que permitiriam sua inserção, o que demonstra claramente a fragilidade do conhecimento do grupo. Ommata é um dos gêneros que engloba espécies com caracteres muito distintos, que permitem dividi-lo em vários gêneros.

Monné & Bezark (2009) elencaram nove espécies em Ommata (Ommata) e Galileo & Martins (2010) e Clarke (2010) incluíram mais duas espécies provenientes, respectivamente, do Brasil (Rondônia) e da Bolívia. Dessas onze espécies, apenas quatro realmente compartilham caracteres genéricos com O. elegans White, 1855, espécie-tipo, o que torna necessário transferir as demais para novos gêneros, porque também não é possível incluí-las em nenhum dos descritos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os acrônimos utilizados no texto correspondem às seguintes instituições: ACMT, American Coleoptera Museum, San Antonio; AMNH, American Museum of Natural History, Nova York; BMNH, The Natural History Museum, Londres; CASC, California Academy of Sciences, San Francisco; CHSV, Coleção Herbert Schmid, Viena; DZUP, Coleção Entomológica Padre Jesus Santiago Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba; FSCA, Florida State Collection of Arthropods, Gainesville; INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus; IRSN, Institute Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Bruxelas; MCNZ, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; MEFP, Museu Entomológico Fritz Plaumann, Seara; MNRJ, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; MPEG, Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém; MZUSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo; MNHN, Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris; MNKM, Museo Noel Kempff Mercado, Universidad Autónoma Gabriel René Moreno, Santa Cruz de la Sierra; OXUM, Hope Entomological Collections, University Museum, Oxford; RCSZ, Robin Clarke/Sonia Zamalloa Collection, Buena Vista; UNAM, Universidad Nacional Autónoma de México, México; USNM, National Museum of Natural History, Washington D.C.

As referências bibliográficas sob cada táxon correspondem à descrição original, citação do catálogo de Monné (2005), sinonímias, omissões e acréscimos posteriores a esse catálogo.

No item "Distribuição geográfica" das espécies, a obra indicada após o país/estado, refere-se à primeira citação.

Todos os táxons descritos neste trabalho são de autoria dos três autores, exceto uma das novas espécies de Ommata, que é de autoria do terceiro autor, conforme indicado.

Ommata White, 1855

Ommata White, 1855: 194; Martins & Santos-Silva, 2010: 393.

Ommata (Ommata); Monné, 2005: 480 (cat.); Monné & Hovore, 2005: 119 (checklist); 2006: 119 (checklist); Monné, 2006: 175 (cat.).

Espécie-tipo: Ommata elegans White, 1855.

Diagnose: Ommata difere de Acatinga gen. nov. pela presença de tufo de pelos nas metatíbias e pela pubescência ao longo da sutura elitral que não atinge o escutelo. Em Acatinga as metatíbias não possuem tufo de pelos e a pubescência ao longo da sutura elitral atinge o escutelo. De Pyrpotyra gen. nov. diferencia-se pelos élitros com extensa área vítrea, com carena nítida e o quarto apical convexo. Em Pyrpotyra os élitros não possuem áreas vítreas nem carena e o quarto apical é subplano. Ommata separa-se de Etimasu gen. nov. pela presença de antenômeros branco-amarelados, pelos élitros com extensa área vítrea e pelas metatíbias notavelmente mais curtas. Etimasu possui os antenômeros unicolores, os élitros com área subvítrea na metade basal e as metatíbias notavelmente longas.

Comprimento pequeno (6,0-10,0 mm): Corpo estreito (maior largura ca. 0,2 vezes o comprimento), não deprimido. Tegumento não metálico.

Macho: Cabeça não prolongada atrás dos olhos (margem posterior dos olhos, na área de junção dos lobos oculares, muito próxima da borda anterior do protórax); comprimento do rostro variável (de 0,35 a 0,65 vezes a altura dos lobos oculares inferiores em vista frontal). Olhos grandes, fortemente emarginados. Distância entre os lobos oculares inferiores menor que 0,2 vezes a largura de um lobo. Lobos oculares superiores muito mais estreitos do que os inferiores; borda interna atinge o nível do ápice dos tubérculos anteníferos; distância entre os lobos igual à aproximadamente o dobro da largura de um lobo. Base dos tubérculos anteníferos moderadamente próximas entre si; ápice arredondado. Labro transversal, mais curto do que a metade da largura. Comprimento das antenas de pouco menor do que o dobro do comprimento elitral até pouco maior; face ventral do escapo, pedicelo e antenômeros III-IV (às vezes III-V ou III-VI) com pelos longos, grossos e moderadamente abundantes, mas sempre gradativamente mais curtos e esparsos em direção aos segmentos apicais; extremo apical da face ventral dos antenômeros V-VII ou VII-VIII com alguns pelos longos e grossos (antenômeros sem pelos longos no restante da superfície ventral); antenômero III de 1,5 a 1,7 vezes mais longo que o escapo; antenômeros III-VI escuros, finos, fracamente alargados para o ápice; antenômero VII inteiramente escuro, gradual e nitidamente alargado para o ápice; antenômeros VIII-X grossos, fracamente alargados para o ápice, com, pelo menos um deles, totalmente ou em grande parte branco-amarelado; antenômero XI tão grosso nos dois terços basais quanto o ápice do antenômero X, nitidamente aguçado para o ápice no terço apical, com coloração variável; antenômeros VII-X com o ápice externo fracamente projetado sobre o antenômero seguinte.

Protórax subcilíndrico, pouco mais largo na base do que no ápice (às vezes, subigual), alargado lateralmente na região mediana, sem tubérculos laterais; margens laterais com faixa de pubescência indistinta. Disco do pronoto com escultura variável, mas sempre com pontos moderadamente esparsos; pubescência variável na forma, na concentração e disposição, mas com pelos longos e dispersos. Prosterno pubescente na região próxima das procoxas e glabro ou subglabro na região mais próxima da cabeça. Cavidades procoxais fechadas (fracamente abertas em O. andina Clarke, sp. nov.). Processo prosternal estreitado na região mediana e truncado e alargado no ápice, que é quase verticalmente inclinado. Processo mesosternal elevado na base; carenas laterais inconspícuas; metade apical cordiforme. Mesepisterno fracamente intumescido, parcialmente visível dorsalmente acima dos úmeros. Metasterno um pouco elevado próximo das metacoxas; pontuação moderadamente fina. Metepisternos estreitos e sub-retangulares, base não alargada, ápice fracamente acuminado.

Escutelo pubescente, alongado, longitudinalmente côncavo. Élitros não cobrem totalmente o abdome (às vezes, atingem apenas a base ou o meio do urosternito IV ou V), estreitados para o ápice; disco subplano, exceto no terço anterior, onde é elevado em direção à sutura, com área longitudinal subvítrea (mais distinta na metade apical) que se estende da base até próximo do ápice, emoldurada por área escura; cada élitro com uma costa úmero-apical, muito nítida, principalmente nos 3/4 apicais, e quase vertical entre a costa e a epipleura; quarto apical convexo; margens laterais subparalelas nos dois terços apicais; ápice arredondado, sem espinhos; sutura não divergente em toda extensão; superfície com pontuação grossa e moderadamente abundante no terço basal (às vezes, até quase o meio) e nitidamente mais fina e esparsa nos dois terços apicais; pubescência distinta apenas no quarto apical ao longo da sutura e na margem distal; metade anterior com pelos longos ou moderadamente longos, eretos e dispersos.

Pernas anteriores e medianas nitidamente mais curtas do que as posteriores. Pro- e mesocoxas sem espículo. Fêmures clavados; superfície inferior sem grânulos; ápice dos metafêmures ultrapassa nitidamente o ápice elitral. Metatíbias com tufo de pelos, bem evidente, na metade apical. Metatarsômero I tão ou pouco mais longo do que II-III reunidos.

Abdome estreito e alongado, não curvado para baixo; margens laterais subparalelas entre os urosternitos I-IV. Processo abdominal inclinado em relação à superfície do urosternito I (ca. 20º). Urosternitos em nível nitidamente mais baixo do que o da superfície do metasterno; metade centro-apical do urosternito V não deprimida, sem elevação nas laterais; urosternitos pubescentes. Genitália: lobos laterais (Fig. 1) divergentes e com pelos curtos no ápice; lobo médio pouco arqueado de perfil (Fig. 2) e com o lobo ventral (Fig. 3) aguçado no ápice e o dorsal arredondado.


Fêmea: Distância entre os lobos oculares inferiores subigual a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores de apenas menor até maior do que o triplo da largura de um lobo; antenas pouco mais curtas do que no macho; élitros menos estreitados na metade apical; abdome proporcionalmente mais largo; urosternitos não fortemente rebaixados em relação ao nível do metasterno; margens laterais do abdome subparalelas entre os urosternitos I-III; processo abdominal quase coplanar com a superfície do urosternito I.

Espécies incluídas: Ommata elegans White, 1855; O. hirtipes Zajciw, 1965; O. tibialis Fuchs, 1961; Ommata buddemeyerae Clarke, 2010; O. nigricollis sp. nov.; O. andina sp. nov.

Distribuição geográfica: México até Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Brasil (Espírito Santo, Santa Catarina), Bolívia.

Chave para as espécies de Ommata

1. Metatarsômeros I-III branco-amarelados. México até Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa ........................................ O. elegans White, 1855 Metatarsômeros I-III castanhos ou pretos .............................................. 2 2(1). Protórax não notavelmente estreito, distintamente alargado na metade basal ou no meio (Figs. 10-11). Brasil (Santa Catarina) ........ O. hirtipes Zajciw, 1965




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Ommata elegans White, 1855

(Fig. 4)

Ommata elegans White, 1855: 194; Ødegaard & Frame, 2007: 705 (hosts).

Ommata (Ommata) elegans; Monné, 2005: 480 (cat.); Monné & Hovore, 2005: 119 (checklist); 2006: 119 (checklist); Wappes et al., 2006: 17 (checklist); Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2007: 100; Swift et al. 2010: 27 (checklist).

Diagnose: Ommata elegans difere das demais espécies do gênero por ter os metatarsômeros I-III branco-amarelados (mais escuros nas demais espécies).

Tegumento preto. Escapo castanho-avermelhado; antenômero III castanho-escuro; antenômeros IV-VII dos machos inteiramente castanhos; antenômeros IV-VII das fêmeas castanho-escuro; antenômero VIII inteiramente branco-amarelado; antenômero IX branco-amarelado; antenômeros X-XI pretos. Cabeça e protórax dos machos pretos e, nas fêmeas, avermelhados. Área vítrea do terço basal dos élitros de castanho-avermelhada; do ápice do terço médio até aproximadamente o quarto apical de nitidamente translúcido até moderadamente escurecido; quarto apical castanho. Profêmures castanhos, com a base do pedúnculo um pouco mais clara; meso- e metafêmures castanhos, com aproximadamente a metade basal do pedúnculo castanho-amarelado. Tíbias castanhas. Pro- e mesotarsos castanhos, em geral, com o tarsômero V mais escuro do que os demais; metatarsômeros I-II branco-amarelados; metatarsômero III castanho; metatarsômero V branco-amarelado.

Variabilidade cromática: tegumento castanho-escuro; escapo castanho-escuro ou preto (às vezes, castanho com partes enegrecidas); antenômero III preto; antenômeros IV-VII dos machos com colorido muito variável, de inteiramente castanhos até totalmente pretos, ou castanho-avermelhados até castanhos na base (desde apenas na base até cerca de 3/4 da extensão do antenômero) e pretos no restante (os espécimes examinados, provenientes do México, apresentam esses antenômeros distintamente anelados); antenômeros IV-VII nas fêmeas, de castanho-escuro até pretos; antenômero VIII de inteiramente branco-amarelado até avermelhado, frequentemente, com área enegrecida no ápice (essa área, às vezes, ocupa a maior parte do antenômero); antenômero IX de branco-amarelado até avermelhado na base (extensão variável, mas frequentemente até aproximadamente o meio), com o restante preto; antenômeros X-XI pretos (frequentemente, o ápice do antenômero XI é castanho-escuro); prosterno das fêmeas, frequentemente, com a área mais próxima das coxas, de acastanhada até enegrecida; área vítrea do terço basal dos élitros de castanho-avermelhada até preta; quarto apical dos élitros de castanho até castanho-escuro; profêmures castanho-escuros, exceto na base, que é mais clara; meso- e metafêmures castanho-escuros, exceto na metade basal do pedúnculo, que é mais clara; tíbias castanho-escuras (às vezes, as tíbias posteriores são enegrecidas); pro- e mesotarsos castanho-escuros; metatarsômero III castanho até castanho-escuro; metatarsômero V castanho-amarelado na metade basal e castanho-escuro ou enegrecido no restante.

Macho (Fig. 4): Rostro curto, aproximadamente tão longo 1/4 do comprimento dos lobos oculares inferiores. Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,05 a 0,15 vezes a largura de um lobo. Distância entre os lobos oculares superiores de 2,3 a 2,5 vezes a largura de um lobo. Antenas de 2,2 a 2,3 vezes mais longas do que os élitros. Área dorsal da cabeça, entre os olhos, com pubescência esbranquiçada.

Pronoto com calosidades distintas (às vezes, pouco marcadas), brilhantes, em geral, com pontos mais grossos e esparsos do que no restante do disco: uma longitudinal, alongada, que se inicia próximo da base e termina no meio (às vezes, prolongada até proximidades da borda anterior); duas transversais localizadas aproximadamente no meio, frequentemente fundidas a calosidade longitudinal, conferindo aspecto de "T" ou "Y" quando essa termina no mesmo nível das transversais, ou de cruz, quando essa se prolonga em direção à borda anterior; margem anterior pouco mais estreita do que a posterior; disco com pontuação abundante e confluente, pubescente (exceto sobre as calosidades) e com pelos longos e moderadamente abundantes. Laterais do protórax e metade do prosterno mais próxima das procoxas com pubescência branco-acinzentada bem visível. Metasterno convexo, aplanado no meio; pilosidade abundante, branco-acinzentada mais abundante ao longo da sutura metasternal; pontuação grossa e abundante nas laterais. Élitros com pelos longos e moderadamente dispersos no terço basal, glabros ou subglabros no restante, exceto no extremo apical, que é marginado por pelos curtos e abundantes, branco-amarelados ou branco-acinzentados. Urosternitos com pubescência branco-acinzentada, entremeada por pelos longos. Metatarsômero I aproximadamente um pouco mais longo que II-III reunidos.

Fêmea: Distância entre os lobos oculares superiores de 3,3 a 3,5 vezes a largura de um lobo. Antenas de 2,1 a 2,3 vezes mais longas que os élitros.

Dimensões em mm (/): Comprimento total, 6,7-7,8/6,8-8,7; comprimento do protórax, 1,5-1,6/1,5-2,0; largura anterior do protórax, 0,9-1,1/1,0-1,3; largura posterior do protórax, 1,0-1,2/1,1-1,4; largura umeral, 1,2-1,4/1,3-1,7; comprimento elitral, 4,4-5,2/4,6-5,6.

Tipo, localidade-tipo: Holótipo macho (Fig. 4), coletado na Venezuela, depositado no BMNH. Sharon Shute (BMNH) enviou-nos a seguinte informação sobre o holótipo: "The registration of the O. elegans type 1844-21 says purchased of Pamplin (collector ?)".

Distribuição geográfica: México [Jalisco (Giesbert, 1991)], Costa Rica (Hovore, 1990), Panamá (Giesbert, 1991), Colômbia (Monné, 2001), Venezuela (White, 1855), Guiana (Williams, 1931), Guiana Francesa (Tavakilian et al., 1997), Bolívia (Monné & Hovore, 2005) e Brasil (Gemminger & Harold, 1872). Um dos parátipos de O. buddemeyerae, proveniente da Bolívia, estava identificado como O. elegans. Esse foi o espécime utilizado para registrar a espécie para a Bolívia. Assim, excluímos essa espécie da fauna boliviana.

Discussão: Zajciw (1966) incluiu O. elegans, em chave, entre as espécies sem tufo de pelos nas tíbias, o que foi um equívoco. White (1855) registrou na descrição original do gênero: "tibiae with a longish brush of hairs surrounding them at the tips".

Giesbert (1991) foi o primeiro a registrar o dimorfismo sexual na coloração do pronoto: "sexual dichromatism of the head and pronotum (piceous in the male, reddish in the female)". É provável que a cor do protórax apresente variação nos dois sexos (conforme ocorre em Acantiga maia). No entanto, todos os machos examinados possuem o protórax preto.

De todas as espécies de Ommata [inclusive aquelas originalmente incluídas em O. (Ommata)], O. elegans é a que apresenta maior variação no colorido dos antenômeros apicais e dos élitros. Os três machos provenientes do México (Jalisco) apresentam os antenômeros distintamente anelados, com a maior parte deles avermelhada e a área mais apical preta. Nos demais espécimes examinados e no holótipo, o anelamento está ausente ou não é bem delimitado e, nesse caso, em geral, a parte mais clara não se estende além do meio do antenômero. Também nos espécimes do México, o pedúnculo dos metafêmures é avermelhado em quase toda extensão, enquanto que nos espécimes do Panamá, a área mais clara, em geral, não ultrapassa o meio do pedúnculo.

Material examinado: MÉXICO, Jalisco: Estación de Biologia Chamela (UNAM), 1 ♂, 09-19.VII.1983, J.E. Wappes col. (ACMT); 1 ♂, 10-20.VII.1985, E. Giesbert col. (FSCA); 1 ♂, 10-20.VII.1985, E. Giesbert col. (MZUSP); PANAMÁ, Panamá: cerca de 10 km N El Llano, 28.V-03.V.1984, 1 ♀, E. Giesbert col. (FSCA); 8-10 km N El Llano, 2 ♂♂, 26.IV-04.V.1992, E. Giesbert col. (FSCA); 7-10 km N El Llano, 1 ♂, 1 ♀, 14-22.V.1993, E. Giesbert col. (FSCA); 3 ♂♂, 1 ♀, 21-30.IV.1995, E. Giesbert col. (FSCA); El Llano Carti Rd km 8-11, 1 ♀, 26.IV-02.V.1992, J.E. Wappes col. (ACMT); Bayano District (15 km W. Ipeti), 1 ♀, 05.V.1984, E. Giesbert col. (FSCA); Cerro Campana, 2 ♂♂, 03-05.VI.1981, E. Giesbert col. (FSCA); 33 ♂♂, 4 ♀♀, 18-19.V.1984, E. Giesbert col. (FSCA); 1 ♂, 1 ♀, 18-19.V.1984, E. Giesbert col. (MZUSP); 5 ♂♂, 1 ♀, 19.V.1984, E. Giesbert col. (FSCA); 1 ♂, 18.V.1987, E. Giesbert col. (FSCA); 1 ♂, 1 ♀, 17.V.1987, E. Giesbert col. (FSCA).

Ommata tibialis Fuchs, 1961

(Figs. 5, 6)

Ommata (Ommata) tibialis Fuchs, 1961: 10; Monné, 2005: 481 (cat.); Monné & Hovore, 2005: 119 (checklist); 2006: 119 (checklist).

Diagnose: Ommata tibialis assemelha-se a O. hirtipes pelo protórax avermelhado nos dois sexos, mas difere pela forma mais estreita, principalmente do protórax.

A descrição abaixo se baseia na descrição original e nas fotografias do holótipo fêmea e alótipo macho.

Fêmea (Fig. 6): Cabeça e protórax avermelhados; pernas pretas, com a base dos meso- e metafêmures amarelada; antenas pretas, com os antenômeros IX-X e metade basal do XI branco-amarelados; élitros amarelados, brilhantes, com as bordas pretas; meso-, metatórax e urosternitos enegrecidos.

Distância entre os lobos oculares superiores e inferiores igual a aproximadamente o triplo da largura do escapo na base. Fronte com pontuação moderadamente grossa e esparsa. Genas um pouco mais curtas do que a largura dos lobos oculares inferiores. Vértice com pontuação fina e abundante. Antenas ultrapassam o ápice abdominal no ápice do antenômero IX; antenômero III mais longo do que o escapo e o antenômero IV; antenômero IV aproximadamente tão longo quanto o VII; antenômeros VI-XI gradualmente mais curtos; antenômeros VII-XI mais grossos do que os basais.

Protórax longitudinal, quase cilíndrico, brilhante; borda anterior marginada; margens laterais suavemente convexas. Pronoto com pontuação moderadamente abundante, principalmente nas laterais, exceto na região central que é quase lisa; pilosidade longa, ereta e dispersa. Escutelo pequeno e pubescente. Élitros com o triplo do comprimento do protórax; cobrem o abdome até aproximadamente o ápice do urosternito IV; margens externas suavemente curvadas, convergentes até aproximadamente o meio e subparalelas no restante; ápice arredondado; disco com pontos esparsos e pelos eretos e dispersos no terço basal. Pro-, meso-, metatórax e urosternitos pubescentes.

Macho (Fig. 5): Cabeça preta; antenômero IX enegrecido na base; antenômero X escurecido no terço apical; antenômero XI preto. Distância entre os lobos oculares inferiores igual a aproximadamente a largura do antenômero III na base. Antenas ultrapassam o abdome no ápice do antenômero VIII. Metatarsômero I esbelto.

Dimensões em mm (Fuchs, 1961): Comprimento total, 6,5-8,0.

Tipos, localidade-tipo: Holótipo fêmea (Fig. 6) e alótipo (Fig. 5), depositados na CHSV (ex-Coleção E. Fuchs) e parátipo fêmea depositado na MEFP, todos provenientes do Brasil (Santa Catarina: Seara, Nova Teutônia).

Distribuição geográfica: Brasil [Santa Catarina (Fuchs, 1961)].

Discussão: Fuchs (1961) afirmou que os élitros nas fêmeas são 2,5 vezes mais longos do que o protórax. No entanto, a fotografia do holótipo fêmea permite observar que, na verdade, os élitros são um pouco mais longos do que o triplo do comprimento do protórax. Além disso, Fuchs (op. cit.) escreveu que O. tibialis é facilmente distinguível das outras espécies do subgênero Ommata, devido à presença de tufo de pelos nas metatíbias. Essa afirmação é incompreensível, porque O. elegans, espécie-tipo do gênero, também possui esse caráter.

Zajciw (1966) utilizou dois caracteres variáveis para separar O. hirtipes de O. tibialis: "protórax um pouco mais longo que largo, mais claro" (para O. hirtipes) e "protórax distintamente mais longo que largo, mais escuro" (para O. tibialis). Com relação ao segundo caráter utilizado, forma do protórax, além de normalmente variável, no dilema não há dicotomia. A única diferença entre as alternativas é que naquela que conduz para O. hirtipes foi repetida a palavra "metade". Embora o protórax em O. tibialis seja realmente mais esguio, ao menos nos únicos espécimes formalmente conhecidos (holótipo e dois parátipos), a chave em questão pouco ajuda sem o exame de uma figura para avaliar a forma do protórax (que, mesmo assim, seria de pouca valia, levando-se em consideração a variabilidade esperada). Comparando-se fotografias do holótipo (O. hirtipes) e parátipo (O. tibialis) machos de ambas, observa-se que a diferença entre o comprimento e a largura é muito pequena, ao contrário do que afirmou Zajciw (op. cit.). Acreditamos que a melhor diferença está no comprimento da antena que, nos tipos de O. tibialis é proporcionalmente menor.

É possível que O. hirtipes seja sinônima de O. tibialis e que as diferenças encontradas sejam apenas variação específica. No entanto, a pequena quantidade de exemplares conhecidos não permite tal conclusão.

Ommata nigricollis sp. nov.

(Figs. 7, 8)

Etimologia: Latim, niger: negro; collum: pescoço. Alusivo ao protórax negro do holótipo.

Diagnose: Ommata nigricollis sp. nov. (Fig. 7) difere de O. hirtipes (Fig. 10) (macho): corpo mais esguio; antenas pouco mais longas; antenômero VIII quase tão longo quanto o dobro do comprimento do escapo; protórax preto; ápice elitral pouco mais estreito; metatarsômero I (Fig. 8) mais esbelto; tufo de pelos das metatíbias menos hirto. Em O. hirtipes (Fig. 10) o corpo é mais robusto, as antenas são mais curtas, o antenômero VIII é aproximadamente tão longo quanto 1,5 vezes o comprimento do escapo, o protórax é avermelhado, o ápice elitral é mais largo, o metatarsômero I (Fig. 9) é mais largo, o tufo de pelos das metatíbias é mais hirto. Difere de O. elegans, principalmente, pelos metatarsômeros castanho-escuros (branco-amarelados em O. elegans).

Macho (Fig. 7): Tegumento preto. Élitros com grande área longitudinal amarelo-pálida emoldurada por área escura. Escapo, pedicelo e antenômeros III-VIII e XI pretos; antenômeros IX escurecido até pouco depois do terço basal e branco-amarelado no restante; antenômero X branco-amarelado. Terço basal dos metafêmures amarelado; meso- e metatíbias quase pretas; tarsos castanho-escuros.

Rostro curto. Distância entre os lobos oculares inferiores igual a 0,1 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores igual a 1,7 vezes a largura de um lobo. Antenas ultrapassam o ápice elitral antes do ápice do antenômero VII; antenômero VII engrossado para o ápice; antenômeros VIII-XI fortemente engrossados.

Protórax proporcionalmente estreito. Pronoto com pelos longos, eretos e dispersos entremeados por pelos mais curtos; base com faixa de pubescência esbranquiçada; pontuação fina e dispersa. Élitros pouco mais longos que o triplo do comprimento do protórax; pontuação grossa e esparsa na área circum-escutelar, gradualmente mais fina e dispersa em direção ao ápice; terço basal com pelos longos e dispersos. Metatarsômero I esbelto (Fig. 8), pouco mais longo que II-III reunidos. Metatarsos com pelos brancos abundantes.

Dimensões em mm (): Comprimento total, 6,3 (sem o abdome); comprimento do protórax, 1,3; maior largura do protórax, 1,0; largura umeral, 1,2; comprimento elitral, 4,4.

Material-tipo: Holótipo ♂, BRASIL, Espírito Santo: Santa Teresa, 12.X.1964, C. Elias col. (MZUSP).

Ommata hirtipes Zajciw, 1965

(Figs. 10, 11)

Ommata (Ommata) hirtipes Zajciw, 1965: 122; Monné, 2005: 480 (cat.); Monné & Hovore, 2005: 119 (checklist); 2006: 119 (checklist).

Diagnose: A forma geral do corpo assemelha-se àquela de O. nigricollis sp. nov., da qual difere, principalmente, pela cor avermelhada do protórax do macho (preta em O. nigricollis).

Macho (Fig. 10): Tegumento preto. Protórax avermelhado. Élitros com grande área longitudinal amarelo-pálida emoldurada por área escura. Escapo e pedicelo pretos; antenômeros III-VIII, terço basal do IX e antenômero XI castanho-escuros (principalmente o XI); antenômero X e dois terços apicais do IX branco-amarelados. Profêmures castanho-escuros; metade basal do pedúnculo dos meso- e metafêmures amarelados e a metade apical e a clava castanho-escuras; pro- e mesotíbias castanho-escuras; metatíbias castanho-escuras no terço basal e amarelo-avermelhadas no restante.

Rostro curto. Distância entre os lobos oculares inferiores menor do que a largura basal do escapo. Antenas com aproximadamente o dobro do comprimento elitral; antenômero VII engrossado para o ápice; antenômeros VIII-XI fortemente engrossados.

Protórax proporcionalmente estreito, distintamente alargado entre o meio e a base. Pronoto com pelos longos e dispersos e faixa basal, transversal, de pubescência esbranquiçada. Élitros pouco mais longos que o triplo do comprimento do protórax; pontuação grossa e esparsa na área circum-escutelar, gradualmente mais fina e dispersa para o ápice; terço basal com pelos longos e dispersos. Metatarso com pelos brancos abundantes; metatarsômero I moderadamente largo, pouco mais curto que II-III reunidos.

Fêmea (Fig. 11): Rostro pouco mais longo do que nos machos. Distância entre os lobos oculares superiores igual a 2,8 vezes a largura de um lobo. Antenas atingem o ápice elitral no meio do antenômero VIII; escapo e pedicelo enegrecidos, com o extremo apical castanho; antenômeros III-VIII castanho-escuros; antenômero IX castanho-escuro na base e branco-amarelado no restante; antenômero X branco-amarelado; antenômero XI branco-amarelado na metade basal e castanho-escuro na metade apical. Protórax avermelhado; demais áreas do corpo com coloração similar à do macho.

Dimensões em mm (/): Comprimento total, 8,0 (Zajciw, op. cit.)/9,8; comprimento do protórax (fêmea), 1,7; maior largura do protórax (fêmea), 1,4; largura umeral, 1,3 (Zajciw, op. cit.)/1,6; comprimento elitral (fêmea), 5,6.

Tipo, localidade-tipo: Holótipo macho (Fig. 10), proveniente do Brasil (Santa Catarina: Mafra), depositado no MNRJ (ex-Coleção H. Zellibor; ex-Coleção C. Seabra).

Distribuição geográfica: Brasil [Santa Catarina (Zajciw, 1965)].

Discussão: Zajciw (1965) comentou sobre O. hirtipes: "De O. (O.) tibialis Fuchs, 1961, ela se distingue pelo protórax proporcionalmente mais curto, mais estreitado na sua parte anterior e mais claro, pelas tíbias posteriores ocráceas, com o tufo que não sobrepassa o meio da tíbia, etc.". Todos esses caracteres são variáveis em Ommata e outros gêneros próximos. Por exemplo, o exame de considerável série de espécimes de Acatinga maia (Newman, 1841), revelou variação na forma do protórax e na coloração do protórax e das tíbias.

Zajciw (op. cit.) afirmou sobre os élitros do holótipo de O. hirtipes: "sem pelos visíveis, salvo na parte íntero-apical de cada élitro". A fêmea examinada possui pelos nítidos no terço basal dos élitros. Fotografias do holótipo, enviadas por Monné (MNRJ), mostram que há pelos longos no terço basal dos élitros como, em geral, também ocorre nas demais espécies do gênero. No entanto, observamos que esse caráter também é variável em outras espécies de Rhinotragini, como por exemplo, em Acatinga maia. Zajciw (op. cit.) também afirmou "antenas negras, com o 9º e 10º artículos brancos" e "o 9º na base escurecido", mas as fotografias do holótipo mostram que os antenômeros III-VIII e o terço basal do IX são castanho-escuros.

Material examinado: BRASIL, Santa Catarina: Seara (Nova Teutônia, 27º11'S, 52º23'W, 300-500 m), 1 ♀, XI.1972, F. Plaumann col. (MZUSP).

Ommata buddemeyerae Clarke 2010

(Figs. 9, 12)

Ommata (Ommata) buddemeyerae Clarke, 2010: 247.

Diagnose: Assemelha-se a O. hirtipes da qual difere pelo protórax mais alongado.

Tegumento brilhante, castanho-enegrecido até preto. Escapo e pedicelo pretos; antenômeros III-VIII, nos dois sexos, castanho-escuros, gradualmente mais claros em direção ao ápice antenal. Antenômero IX dos machos com a metade basal acastanhada e a metade apical branco-amarelada, ou inteiramente acastanhado ou branco-amarelado; nas fêmeas, branco-amarelado. Antenômero X dos machos inteiramente branco-amarelado ou dessa cor apenas na base; nas fêmeas, branco-amarelado. Antenômero XI dos machos acastanhado; nas fêmeas, branco-amarelado na metade basal e acastanhado na metade apical. Pronoto enegrecido nos machos e avermelhado nas fêmeas (caráter que, provavelmente, pode variar). Fêmures castanho-amarelados na maior parte do pedúnculo e castanho-escuros no restante. Tíbias castanho-escuras. Pro- e mesotarsos castanhos; metatarsos castanho-claros.

Macho (Fig. 12): Rostro curto. Distância entre os lobos oculares superiores igual a aproximadamente o dobro da largura de um lobo. Antenas ultrapassam o ápice do abdome na ponta do antenômero VII (às vezes, no ápice do antenômero VIII); antenômeros IX-XI fortemente engrossados.

Protórax proporcionalmente largo. Pronoto com pelos longos, eretos e dispersos; terço distal com pelos curtos, decumbentes, não concentrados; faixa de pubescência esbranquiçada, moderadamente estreita na base, interligada a uma larga faixa lateral que se projeta em direção à cavidade procoxal e sobe em direção à região látero-anterior do disco; pontuação do disco moderadamente grossa e abundante, principalmente na metade basal, exceto sobre as calosidades que são lisas. Élitros com pontos grossos e esparsos na área circum-escutelar e moderadamente abundantes na área entre a costa úmero-apical e a epipleura (mais finos e dispersos próximo do úmero). Metatarsômero I (Fig. 9) moderadamente robusto, um pouco mais longo quanto II-III reunidos.

Fêmea: Rostro pouco mais longo do que nos machos; distância entre os lobos oculares inferiores maior do que a largura de um lobo; antenas ultrapassam o ápice abdominal no meio do antenômero IX; disco pronotal mais densamente pontuado do que nos machos.

Dimensões em mm (/) (Clarke, 2010): Comprimento total, 5,80-7,90/7,50-7,75; comprimento do protórax, 1,20-1,60/1,55-1,60; largura do protórax, 0,90-1,20/1,20-1,25; largura umeral, 1,10-1,50/1,40; comprimento elitral, 4,00-4,30/4,50-4,75.

Tipos, localidade-tipo: Holótipo macho, proveniente da Bolívia (Santa Cruz, Buena Vista, Hotel Flora & Fauna), depositado no MNKM. Parátipos: seis machos e três fêmeas provenientes da Bolívia (Santa Cruz, 5 km SSE Buena Vista e 1 km W de Candelaria), depositados no MZUSP, MNRJ, RCSZ e FSCA.

Distribuição geográfica: Bolívia (Clarke, 2010).

Discussão: Clarke (2010) comparou O. buddemeyerae com O. hirtipes e O. tibialis, baseado apenas na literatura, e afirmou: "O. (O.) tibialis (and O. (O.) buddemeyerae) separated from O. (O.) hirtipes by the more elongate pronotum"; "O. (O.) buddemeyerae would separate from O. (O.) tibialis by the brushes on metatibia occupying half its length, in the latter more than half". Na verdade, o protórax em O. buddemeyerae é pouco mais longo do que no holótipo de O. hirtipes e, quando se comparam fotografias dos holótipos dessas duas espécies e de O. tibialis, observa-se que os três possuem comprimento muito similar, mas que, das três espécies, O. buddemeyerae é a que possui o protórax mais longo. Além disso, conforme visto acima, esse caráter é muito variável e não permite nenhuma comparação confiável. Com relação ao tufo de pelos nas metatíbias, ao contrário do que afirmou Clarke (op. cit.), em O. tibialis ele ocupa toda a metade posterior (macho e fêmea) e, portanto, não permite separar as duas espécies.

Clarke (op. cit.) registrou ainda as seguintes diferenças entre O. buddemeyerae e O. tibialis, que necessitam ser comentadas: "interocular twice width of scape at base (O. (O.) buddemeyerae almost three times width of scape)"; "pronotum not widened (O. (O.) buddemeyerae distinctly widened behind middle)"; "elytra 2.5 times longer than pronotum (O. (O.) buddemeyerae 3.0 longer)". Embora Fuchs (1961) tenha registrado "Stirn zwischen den Augen doppelt so breit wie dei Dicke der Basis des ersten Fühlergliedes", o exame da fotografia do holótipo fêmea mostra perfeitamente que a distância entre os lobos oculares (superiores e inferiores) é idêntica aquela de O. buddemeyerae e que, sem dúvida, essa distância não é igual ao dobro da largura do escapo na base, conforme afirmou Fuchs (op. cit.), mas sim, igual a aproximadamente o triplo da largura. O protórax nessas duas espécies é proporcionalmente muito similar e, embora seja uniformemente mais estreito em O. tibialis, nas duas espécies são alargados na região mediana e suavemente mais estreitos no ápice do que na base. Fuchs (op. cit.) registrou, equivocadamente: "Die Flügeldecken sind zwei und einhalb mal solang wie der Prothorax". Na realidade, os élitros do holótipo fêmea de O. tibialis são um pouco mais longos do que o triplo do comprimento do protórax, portanto, como em O. buddemeyerae.

Para este estudo, examinamos o holótipo e os parátipos de O. buddemeyerae.

Ommata andina Clarke, sp. nov.

(Fig. 13)

Etimologia: Alusivo a região na qual o holótipo foi coletado.

Diagnose: Ommata andina sp. nov. difere de todas as outras espécies do gênero pela cavidade procoxal fracamente aberta e todos os tarsos pretos. Assemelha-se a Ommata buddemeyerae Clarke, 2010, mas difere: antenômeros I-VIII e XI pretos; tarsos pretos; abdome quase tão longo quanto a cabeça e o tórax reunidos; distância entre os lobos oculares inferiores 3,7 vezes mais estreita do que a largura de um lobo; clava metafemoral não ultrapassa inteiramente o ápice elitral. Em O. buddemeyerae apenas os dois ou três primeiros antenômeros são pretos, os tarsos são acastanhados, o abdome é distintamente mais curto do que a cabeça e o tórax reunidos, a distância entre os lobos oculares inferiores é 5,0 vezes mais estreita do que a largura de um lobo e a clava metafemoral ultrapassa nitidamente o ápice elitral. Além disso, as duas espécies ocorrem em regiões ecológicas diferentes: O. andina sp. nov. ocorre em área submontana (1.893 m) de floresta subtropical e O. buddemeyerae em terras mais baixas (440 m) com floresta tropical.

Macho (Fig. 13): Corpo, peças bucais, antenas e pernas (incluindo os tarsos) quase inteiramente preto brilhante, exceto: antenômeros IX e XI acastanhados (IX ocráceo-opaco em direção ao ápice); antenômero X branco-amarelado com o extremo apical acastanhado; élitros testáceo-translúcidos, irregularmente acastanhados no terço basal e com o ápice, os lados (incluído os úmeros) e sutura pretos; pedúnculo mesofemoral na maior parte amarelado; pedúnculo metafemoral amarelado na metade basal. Lados do submento com setas longas; pronoto e centro do metasterno com pelos grossos; lado inferior dos antenômeros III e IV e parte do V com pelos finos e curtos; lado inferior do antenômero VI sem pelos longos; protórax pubescente, exceto no terço anterior do prosterno e disco do pronoto; quarto apical da margem sutural dos élitros com pubescência moderadamente esparsa; abdome, meso- e metasterno, metepisternos, dois terços posteriores do prosterno com pilosidade abundante e moderadamente longa; pro- e mesocoxas e profêmures revestidos de pelos longos; mesofêmures fimbriados e pelos muito curtos; clava metafemoral com alguns pelos finos; metatíbias esparsamente pilosas na metade basal, com pelos pretos na maior parte da metade apical (brancos no quinto apical); metatarsos com pelos longos, brancos, não notavelmente densos.

Pontuação do corpo, na maior parte, oculta pela pubescência, distinta apenas na frente do processo prosternal e lado do pronoto, como uma mistura de pontos finos e grossos, e esparsa e fina na fronte, vértice, meso- e metatórax; abdome reticulado e densamente micro-pontuado; mento e submento lisos e brilhantes na região central, lateralmente com pontos moderadamente grandes e carenas vestigiais; terço apical do prosterno finamente carenado e com fileiras transversais de pontos profundos e abundantes; área em torno das calosidades do disco do pronoto com pontos grossos e pontos apenas finos, moderadamente abundantes, que atingem a metade apical da área central (pontos mais finos na depressão basal); terço basal dos élitros com pontos finos até moderadamente largos, esparsos; uma única fileira de pontos da base até o ápice na epipleura e adjacente à sutura.

Cabeça + tórax (4,10 mm) 1,12 vezes mais longos do que o abdome (3,65 mm). Rostro largo (0,75 mm) e curto (0,25 mm), com aproximadamente 0,42 vezes o comprimento dos lobos oculares inferiores; labro curto e moderadamente largo com a margem distal largamente escavada; distância entre os lobos oculares inferiores igual a 0,15 mm; distância entre os lobos oculares superiores igual a 0,35 mm; tubérculos antenais baixos e arredondados e com distância entre eles igual a 1,8 vezes a largura do escapo; antenas longas, ultrapassam o ápice do abdome no ápice do antenômero VII.

Protórax cilíndrico, 1,32 vezes mais longo que largo, distintamente alargado na metade basal; constrição basal moderadamente forte, mas estreita. Pronoto moderadamente convexo; área mediana ligeiramente elevada em direção aos dois terços basais, com dois pares de calosidades lisas a cada lado (um par localizado no meio e o outro adjacente a constrição basal). Prosterno com depressão estreita e transversal na área média e no terço apical. Cavidades procoxais fracamente abertas. Declividade mesosternal não profunda e não abrupta; processo mesosternal quase completamente oculto pela pubescência, largo (ca. 0,23 mm); cavidade mesocoxal aberta em direção ao mesepimero. Escutelo fracamente cordifome. Élitros atingem o ápice do urosternito IV, longos (5,0 mm), 3,45 vezes mais longos do que a largura umeral (1,45 mm).

Relação do comprimento das pernas (anterior para posterior) igual a 1,0:1,9:3,2. Clava dos metafêmures apenas ultrapassa o ápice elitral. Metatarsômero I (0,45 mm) mais longo do que II e III reunidos e com comprimento subigual ao V (0,40 mm).

Dimensões em mm (holótipo ): Comprimento total, 8,00; comprimento do protórax, 1,45; maior largura do protórax, 1,10; largura umeral, 1,20; comprimento elitral, 5,00.

Material-tipo: Holótipo ♂, BOLÍVIA, Santa Cruz: Província Florida, Floripondio [18º08'S, 63º45'W; 1.893 m; em voo sobre flores de Lithraea ternifolia (Gill.) ("Lloque colorado")], 01.XI.2009, R. Clarke col. (RCSZ).

Acatinga gen. nov.

Etimologia: Tupi, aka: chifre; tinga: branco. Alusivo aos antenômeros brancos. Gênero feminino.

Espécie-tipo: Odontocera (?) maia Newman, 1841.

Diagnose: Acatinga difere de Etimasu pela presença de antenômeros branco-amarelados, pelos élitros com extensa área vítrea e pelas metatíbias notavelmente mais curtas. Etimasu possui os antenômeros unicolores, os élitros com área subvítrea na metade basal e as metatíbias notavelmente longas. Vide discussão sobre Ommata.

Comprimento pequeno (5,3-12,0 mm). Corpo estreito (maior largura ca. 0,2 vezes o comprimento), não deprimido. Tegumento não metálico.

Macho: Cabeça não prolongada atrás dos olhos (margem posterior dos olhos, na área de junção dos lobos oculares, muito próxima da borda anterior do protórax); rostro curto ou um pouco alongado (comprimento de 0,35 a 0,50 vezes a altura dos lobos oculares inferiores em vista frontal). Olhos grandes, fortemente emarginados. Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,25 a 0,70 vezes a largura de um lobo. Lobos oculares superiores muito mais estreitos do que os inferiores; ápice atinge o nível da ponta dos tubérculos anteníferos; distância entre os lobos de 2,0 a 2,4 vezes a largura de um lobo. Base dos tubérculos anteníferos moderadamente próxima; ápice subarredondado. Labro transversal, apenas mais curto do que a metade da largura. Comprimento das antenas igual a quase o dobro do comprimento elitral (ca. 1,7 a 1,9 vezes); face ventral do escapo, pedicelo e antenômeros III-VII com pelos longos, grossos e moderadamente abundantes, mas sempre gradativamente mais curtos e esparsos em direção aos segmentos apicais; antenômero III de 1,4 a 1,7 vezes mais longo que o escapo; antenômeros III-VI inteiramente escuros ou anelados, finos, fracamente alargados para o ápice; antenômero VII inteiramente escuro ou anelado, gradual e nitidamente alargado para o ápice; antenômeros VIII-X grossos, fracamente alargados para o ápice, com pelo menos um deles [exceto nos machos de A. boucheri (Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005)], totalmente ou em grande parte branco-amarelados; antenômero XI tão grosso nos dois terços anteriores quanto o ápice do antenômero X, nitidamente aguçado para o ápice no terço apical, com coloração variável; antenômeros VII-X com o ápice externo fracamente projetado sobre o antenômero seguinte.

Protórax subcilíndrico, alargado lateralmente na região mediana, sem tubérculos laterais; margens laterais com faixa de pubescência muito nítida, conectada àquela da face ventral, mas bem destacada em relação a essa última. Disco do pronoto com escultura variável, mas sempre com pontuação evidente e moderadamente abundante; pubescência variável na forma, na concentração e na disposição, com pelos longos e dispersos. Prosterno pubescente na região mais próxima das procoxas e glabro ou subglabro na região mais próxima da cabeça. Cavidades procoxais fechadas. Processo prosternal nitidamente estreitado na região mediana e truncado e alargado no ápice, que é quase verticalmente inclinado. Processo mesosternal elevado na base; carenas laterais inconspícuas; metade apical cordiforme. Mesepisterno fracamente intumescido, parcialmente visível dorsalmente acima dos úmeros. Metasterno pouco elevado próximo das metacoxas; pontuação moderadamente fina. Metepisternos estreitos e sub-retangulares, base não alargada, ápice fracamente acuminado.

Escutelo pubescente, alongado, longitudinalmente côncavo. Élitros não cobrem totalmente o abdome (em geral, apenas o último segmento abdominal exposto), nitidamente estreitados para o ápice; disco subplano, exceto no terço anterior, onde é distintamente elevado em direção à sutura, com área longitudinal subvítrea (mais distinta na metade apical), que se estende da base até próximo do ápice, emoldurada por área escura; cada élitro com uma costa úmero-apical, muito nítida, principalmente nos 3/4 apicais, que não atinge o ápice, e é quase vertical entre a costa e a epipleura; quarto apical convexo; margens laterais subparalelas nos dois terços apicais; ápice arredondado, sem espinhos (exceto em Acatinga boucheri, que apresenta um pequeno dente sutural); margens suturais não divergentes em toda extensão; superfície com pontuação grossa no terço basal (às vezes, até quase o meio), abundante ou moderadamente abundante e nitidamente mais fina e esparsa nos dois terços apicais; pubescência distinta ao longo de toda a sutura ou apenas na metade posterior e na margem distal; superfície com pelos eretos, moderadamente curtos e dispersos (mais abundantes na base).

Pernas anteriores nitidamente mais curtas do que as medianas e as posteriores; medianas mais curtas do que as posteriores (às vezes, pouco mais curtas). Pro- e mesocoxas sem espículo. Fêmures clavados; superfície inferior sem grânulos; ápice dos metafêmures ultrapassa nitidamente o ápice elitral. Metatíbias sem tufo de pelos ou, no máximo, com pelos apenas mais agrupados na metade apical. Metatarsômero I tão ou pouco mais longo do que II-III reunidos.

Abdome estreito e alongado, não curvado para baixo; margens laterais subparalelas entre os urosternitos I-IV. Processo abdominal fracamente inclinado em relação à superfície do urosternito I (menos de 20º). Urosternitos em plano nitidamente inferior ao da superfície do metasterno; metade centro-apical do urosternito V não deprimida, sem elevação nas laterais; urosternitos pubescentes. Genitália como em Ommata.

Fêmea: Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,7 a 1,1 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores de 1,8 a 2,5 vezes a largura de um lobo; antenas pouco mais curtas do que no macho; abdome proporcionalmente mais largo e mais elevado (urosternitos não fortemente rebaixados em relação ao plano do metasterno); margens laterais do abdome subparalelas entre os urosternitos I-III; processo abdominal de coplanar até fracamente inclinado em relação à superfície do urosternito I.

Espécies incluídas: Acatinga boucheri (Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005), comb. nov.; A. gallardi (Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004), comb. nov.; A. maia (Newman, 1841), comb. nov.; A. quinquemaculata (Zajciw, 1966), comb. nov.

Distribuição geográfica: Peru, Guiana Francesa, Bolívia, Brasil (Rondônia, Bahia ao Rio Grande do Sul), Paraguai e Argentina.

Chave para as espécies de Acatinga

1. Pronoto com cinco tufos grandes de pubescência. Peru, Bolívia, Brasil (Rondônia, Mato Grosso) ............... A. quinquemaculata (Zajciw, 1966) Pubescência não forma tufos isolados sobre o pronoto ou, se forma, com menos de cinco tufos ............................................................................. 2 2(1). Pubescência ao longo da sutura elitral distinta do meio até o ápice. Guiana Francesa ...................... A. boucheri (Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005) Pubescência ao longo da sutura elitral distinta do escutelo ao ápice ....... 3 3(1). Antenômeros X-XI inteiramente escuros. Brasil (Bahia ao Rio Grande do Sul), Argentina, Uruguai .................................................. A. maia (Newman, 1841) Antenômero X branco-amarelado ou bicolor. Guiana Francesa ............................. A. gallardi (Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004)

Acatinga quinquemaculata

(Zajciw, 1966), comb. nov.

(Fig. 16)


Ommata (Ommata) quinquemaculata Zajciw, 1966: 89; Monné, 2005: 481 (cat.); Monné & Hovore, 2005: 119 (checklist); 2006: 119 (checklist); Clarke, 2010: 249.

Diagnose: Acatinga quinquemaculata difere das demais espécies do gênero por possuir cinco tufos grandes de pubescência no pronoto (sem tufos de pubescência ou com menos de cinco nas demais espécies), e pelo último segmento dos palpos maxilares distintamente securiforme (não ou fracamente securiforme nas demais espécies).

Tegumento preto. Antenômeros VIII branco-amarelado; antenômero IX totalmente branco-amarelado ou com o extremo apical escurecido; antenômero X inteiramente branco-amarelado ou com o terço ou a metade apical escurecida; metasterno e urosternitos avermelhados; élitros com a região circum-escutelar escurecida. Fêmures castanho-avermelhados, mais escuros em direção ao ápice. Protíbias castanho-avermelhadas, com áreas mais escuras; mesotíbias castanho-avermelhadas ou enegrecidas; metatíbias branco-amareladas. Pro- e mesotarsos acastanhados; metatarsos branco-amarelados.

Macho (Fig. 16): Área dorsal da cabeça, entre e atrás dos olhos, com pubescência esbranquiçada. Rostro curto, aproximadamente tão longo quanto a metade do comprimento dos lobos oculares inferiores. Distância entre os lobos oculares inferiores igual a aproximadamente 0,4 vezes a largura de um lobo. Distância entre os lobos oculares superiores igual a aproximadamente 2,5 vezes a largura de um lobo. Antenas ultrapassam o ápice abdominal no meio do antenômero IX. Último segmento dos palpos maxilares e labiais distintamente securiforme.

Protórax com manchas de pubescência branco-amareladas: cinco sobre o disco pronotal (uma na área centro-basal; duas na área látero-central; e duas no terço apical, mais próximas entre si do que as látero-centrais); duas nas laterais (a primeira oblíqua, sub-retangular, no terço apical; a segunda, alongada, inicia-se no meio e atinge a base); uma transversal na área central do prosterno, larga e retangular. Pronoto com calosidades pouco distintas; margem anterior apenas mais estreita do que a posterior; disco com pelos longos e moderadamente esparsos e com pontos moderadamente abundantes e profundos. Metasterno moderadamente convexo, aplanado no meio; pubescência abundante, esbranquiçada, exceto na área triangular próxima das metacoxas, na qual a pubescência é pouco conspícua. Metepisternos recobertos por pubescência esbranquiçada. Élitros com pelos eretos e dispersos na metade basal, mais nítidos no terço basal; faixa sutural de pubescência dos élitros alarga-se próximo do escutelo. Urosternitos microreticulados, com pontos pequenos e esparsos, mais densos nas laterais.

Fêmea: Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,7 a 1,0 vezes a largura de um lobo. Distância entre os lobos oculares superiores igual à cerca de 1,8 vezes a largura de um lobo. Antenas ultrapassam o ápice elitral no meio do antenômero X.

Tipos, localidade-tipo: Holótipo e parátipo fêmeas, procedentes do Peru (Junín, Chanchamayo), depositados no MNRJ (ex-Coleção Zellibor; ex-Coleção Seabra).

Distribuição geográfica: Peru (Zajciw, 1966), Bolívia (Clarke, 2010) e Brasil [Rondônia e Mato Grosso (Monné, 1990)].

Discussão: Clarke (2010) redescreveu pormenorizadamente essa espécie. O material examinado é o mesmo registrado em Clarke (op. cit.).

Acatinga boucheri

(Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005), comb. nov.

(Fig. 17)

Ommata (Ommata) boucheri Tavakilian & Peñaherrera-Leiva 2005: 28; Monné & Hovore, 2005: 119 (checklist); 2006: 119 (checklist); Monné, 2006: 175 (cat.); Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2007: 99.

Diagnose: Assemelha-se a A. gallardi e A. maia, mas difere de ambas pela pubescência ao longo da sutura elitral presente apenas do meio até o ápice (do escutelo ao ápice em A. gallardi e A. maia).

Macho (Fig. 17): Tegumento castanho-claro, com as seguintes partes escurecidas: pronoto, ápice do escapo, pedicelo, ápice dos antenômeros III-VII, meio do antenômero VIII, X e XI; costa úmero-apical, margem, sutura e ápice elitrais castanho-escuros. Tíbias e profêmures (antes da articulação com a tíbia) fracamente escurecidos dorsalmente; extremo apical dos mesofêmures, 2/3 apicais dos metafêmures, pro- e mesotarsos e metade apical dos tarsômero V castanho-escuros; demais regiões dos metatarsos brancos; extremidade apical das metatíbias esbranquiçadas.

Distância entre os lobos oculares inferiores menor do que a largura basal do antenômero III. Distância entre os lobos oculares superiores igual a aproximadamente o triplo da largura basal do antenômero III. Antenas atingem o ápice elitral no terço basal do antenômero VIII. Ápice sutural dos élitros com um dente pequeno, oculto pela pubescência. Metatarsômero I pouco mais longo do que II-III reunidos. Último segmento dos palpos maxilares e labiais fracamente securiforme.

Fêmea: Pronoto avermelhado; antenômero VII inteiramente escuro; 2/3 basais do antenômero VIII escuros; antenômero IX, extremidade das metatíbias e metatarsômeros I-III esbranquiçados. Distância entre os lobos oculares superiores e inferiores pouco maior do que o dobro da largura basal do antenômero III.

Tipos, localidade-tipo: Holótipo macho e dois parátipos (macho, fêmea) procedentes da Guiana Francesa, depositados no MNHN; um parátipo fêmea também da Guiana Francesa, depositado na Coleção Odette Morvan. Todos os espéciemes foram coletados na "Route de Kaw" km 35 (holótipo) e 34 e 46 (parátipos).

Distribuição geográfica: Guiana Francesa (Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2005).

Discussão: Tavakilian & Peñaherrera-Leiva (2005) não comentaram a cor do antenômero IX dos machos. No entanto, é possível inferir que a cor é a mesma do tegumento (castanho-claro), o que parece ser confirmado pela fotografia do holótipo. Dessa forma, os machos de Acatinga boucheri são aberrantes em relação às outras espécies do gênero, que possuem parte dos antenômeros branco-amarelados e não acastanhados.

Material examinado: Não foram estudados espécimes dessa espécie, mas examinamos fotografias dos tipos.

Acatinga maia (Newman, 1841), comb. nov.

(Figs. 1-3, 14)

Odontocera ? maia Newman, 1841: 92.

Ommata (Ommata) maia; Monné, 2005: 480 (cat.); Monné & Hovore, 2005: 119 (checklist); 2006: 119 (checklist).

Odontocera alboscutellata Fisher, 1947: 4; Monné & Giesbert, 1992: 250 (syn.).

Diagnose: Acatinga maia difere de A. gallardi, pelos antenômeros X-XI inteiramente escuros (antenômero X branco-amarelado ou bicolor em A. gallardi).

Tegumento castanho. Escapo castanho-avermelhado ou castanho; antenômeros III-VII castanho-escuros; antenômero VIII inteiramente branco-amarelado ou com o extremo apical acastanhado; antenômero IX branco-amarelado; antenômeros X-XI castanho-escuros ou enegrecidos. Protórax avermelhado, castanho-avermelhado ou acastanhado com ou sem áreas mais escuras no pronoto, ou ainda, inteiramente preto. Meso- e metafêmures com o pedúnculo amarelado ou castanho-claro na metade basal e castanho-escuro na apical; clava castanha. Pro- e mesotíbias castanho-escuras com o ápice pouco mais claro; metatíbias castanho-escuras, gradualmente mais claras para o ápice que pode ser castanho-claro ou branco-amarelado. Pro- e mesotarsos castanhos; metatarsos branco-amarelados.

Macho: Rostro curto, aproximadamente tão longo quanto a metade do comprimento dos lobos oculares inferiores. Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,5 a 0,7 vezes a largura de um lobo. Distância entre os lobos oculares superiores de 2,0 a 2,4 vezes a largura de um lobo. Antenas de 1,7 a 1,9 vezes mais longas do que os élitros. Área dorsal da cabeça, entre os olhos, com pubescência esbranquiçada. Último segmento dos palpos maxilares e labiais não securiforme.

Protórax com manchas de pubescência branco-acinzentadas: duas sobre o disco pronotal (uma grande na área centro-basal e outra menor, centro-apical – esta última, às vezes, ausente); a cada lado, uma longitudinal, interligadas entre si através do prosterno e, às vezes, interligada na base a mancha de pubescência centro-basal do pronoto. Pronoto com calosidades pouco distintas; margem anterior pouco mais estreita do que a posterior; disco com pelos longos e moderadamente esparsos e com pontos moderadamente abundantes e profundos, exceto na faixa longitudinal sublisa da área central. Metasterno convexo, aplanado no meio; pubescência abundante, branco-acinzentada. Metepisternos recobertos por pubescência branco-acinzentada. Élitros com pelos eretos, longos e dispersos na base e distintamente mais curtos no restante da superfície. Laterais dos urosternitos com mancha de pubescência compacta; pubescência mais rala nas áreas restantes. Metatarsômero I quase tão longo quanto II-V.

Fêmea (Fig. 14): Distância entre os lobos oculares superiores de 2,0 a 2,5 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares inferiores de 0,8 a 1,1 vezes a largura de um lobo. Antenas com 1,7 vezes o comprimento elitral.

Dimensões em mm (/): Comprimento total, 6,9-9,5/8,7-10,4; comprimento do protórax, 1,5-2,1/1,9-2,2; largura anterior do protórax, 0,9-1,3/1,1-1,4; largura posterior do protórax, 1,1-1,5/1,4-1,6; largura umeral, 1,4-1,9/1,8-2,0; comprimento elitral, 4,8-6,6/5,9-7,0.

Tipos, localidade-tipo: De Odontocera maia: Holótipo (sexo desconhecido), procedente do Brasil (Rio de Janeiro, "near Rio"), depositado no OXUM.

De Odontocera alboscutellata: Holótipo fêmea, procedente do Brasil (Santa Catarina: Caúna), depositado no AMNH.

Distribuição geográfica: Brasil [Goiás (Gounelle, 1911), Bahia (Monné, 1993), Minas Gerais (Zajciw, 1966), Espírito Santo (Zajciw, 1966), Rio de Janeiro (Newman, 1841), São Paulo (Zajciw, 1966), Paraná (Zajciw, 1966), Santa Catarina (Fisher, 1947), Rio Grande do Sul (Buck, 1959)], Argentina (Monné & Giesbert, 1994), Uruguai (Zajciw & Ruffinelli, 1962).

Discussão: A forma do protórax de Acatinga maia apresenta notável variação nos dois sexos, não associada à distribuição geográfica. A fotografia do holótipo de Odontocera alboscutellata permite concordar com a sinonímia proposta por Monné & Giesbert (1992).

Material examinado: BRASIL, fêmea, (sem data de coleta e nome do coletor) (IRSN). Goiás: Rio Verde, 1 ♂, 2 ♀♀, 20.XI.1966, Kloss col. (MZUSP); Vianópolis, fêmea, XI.1931, R. Spitz col. (MZUSP). Minas Gerais: Catas Altas (Serra do Caraça; Engenho), 1 ♂, XI.1961, Kloss, Lenko, Martins & Silva col. (MZUSP); Coronel Pacheco, 1 ♀, (sem data de coleta e nome do coletor) (MZUSP); Passa Quatro, 4 ♂♂, 2 ♀♀, XI.1915, E. Jaeger col. (MZUSP); 2 ♂♂, 3 ♀♀, X.1916, E. Jaeger col. (MZUSP); 3 ♂♂, 7 ♀♀, XI.1916, E. Jaeger col. (MZUSP); 1 ♀, I.1918, E. Jaeger col. (MZUSP). Espírito Santo: Barra do São Francisco (Córrego Itá), 24 ♂♂, 13 ♀♀, XI.1956, W. Zikán col. (MZUSP); Santa Tereza, 1 ♀, 15.XI.1922, O. Conde col. (MZUSP); 1 ♂, 1 ♀, 01.XII.1928, O. Conde col. (MZUSP). Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 1 ♂, X.1935, P. Gagarin col. (MZUSP). São Paulo: Amparo, 9 ♂♂, 5 ♀♀, 1931, P. Recck col. (MZUSP); São Paulo (Ipiranga), 1 ♀, Luederwaldt col. (MZUSP); (Jabaquara), 1 ♂, XI.1943, H. Zellibor col. (MZUSP); 1 ♀, 05.XI.1941, Dirings (MZUSP); (Saúde), 2 ♂♂, 1 ♀, 16.XI.1916, Melzer col. (MZUSP). Paraná: Rolândia, 1 ♀, IX.1952, Dirings (MZUSP). Santa Catarina: Joinville, 1 ♂, 1 ♀, XI.1920, Smith col. (MZUSP); 3 ♀♀, XII.1920, Smith col. (MZUSP); 1 ♀, XI.1935, B. Pohl col. (MZUSP); Timbó, 1 ♀, XII.1953, Dirings (MZUSP); 1 ♀, III.1956, Dirings (MZUSP). Rio Grande do Sul: Canela, 1 ♂, 15.XII.1999, Bonaldo & Silva col. (MCNZ); Porto Alegre, 1 ♀, X.1928, P. Buck col. (MZUSP); São Francisco de Paula, 1 ♀, 05.XI.1998, L. Moura col. (MCNZ).

Acatinga gallardi

(Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004), comb. nov.

(Fig. 15)

Ommata (Ommata) gallardi Peñaherrera-Leiva & Tavakilian 2004: 126; Monné & Hovore, 2005: 119 (checklist); 2006: 119 (checklist); Monné, 2006: 175 (cat.); Tavakilian & Peñaherrera-Leiva, 2007: 100.

Diagnose: Acatinga gallardi assemelha-se a A. maia, da qual difere, principalmente, pelo protórax preto nos dois sexos (em geral, avermelhado em A. maia) e pelo antenômero X claro (escuro em A. maia).

Tegumento preto. Escapo, pedicelo e antenômeros III-VII castanho-escuros; antenômeros VIII-X das fêmeas inteiramente branco-amarelados ou com extremo apical externo acastanhado; antenômero VIII dos machos branco-amarelado com o ápice (lados externo e ventral) castanhos ou amarelados com o ápice e toda a face ventral castanho-escuras; antenômero IX dos machos branco-amarelado com o ápice (lados externo e ventral) castanhos; antenômero XI castanho-escuro. Metasterno com área central, triangular, avermelhada, ou escuro apenas nas áreas junto aos metepisternos. Urosternitos castanho-claros. Profêmures castanho-claros; meso- e metafêmures castanho-claros com a metade basal do pedúnculo mais clara (às vezes, pouco perceptível). Tíbias inteiramente castanho-escuras ou com o terço apical mais claro. Pro- e mesotarsos castanhos; metatarsos branco-amarelados.

Macho (Fig. 15): Rostro notavelmente curto, aproximadamente tão longo quanto 1/3 do comprimento dos lobos oculares inferiores. Distância entre os lobos oculares inferiores de 2,0 a 2,1 vezes a largura de um lobo. Distância entre os lobos oculares superiores de 0,25 a 0,35 vezes a largura de um lobo. Antenas de 1,8 a 2,0 vezes mais longas do que os élitros. Área dorsal da cabeça, entre e atrás dos olhos, com pubescência branco-acinzentada.

Protórax revestido de pubescência branco-acinzentada, exceto na faixa glabra centro-longitudinal do disco do pronoto, na área com pontuação grossa a cada lado da metade basal do pronoto e pouco mais do que o terço distal do prosterno, onde a pubescência é pouco conspícua; disco do pronoto com pelos longos, eretos e dispersos. Calosidades do pronoto baixas, porém distintas. Metasterno com pubescência branco-acinzentada, mais rala na área triangular centro-basal. Metepisternos com pubescência branco-acinzentada. Élitros com pelos eretos, longos e dispersos na base e distintamente mais curtos no restante. Laterais dos urosternitos com mancha de pubescência moderadamente compacta; pubescência mais rala nas áreas restantes. Metatarsômero I tão longo quanto II-V.

Fêmea: Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,75 a 1,00 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores de 2,0 a 2,5 vezes a largura de um lobo. Antenas com 1,7 vezes o comprimento elitral.

Dimensões em mm (/): Comprimento total, 5,80-7,20/7,00-8,90; comprimento do protórax, 1,30-1,60/1,50-1,90; largura anterior do protórax, 0,90-1,05/1,05-1,30; largura posterior do protórax, 0,95-1,10/1,10-1,40; largura umeral, 1,10-1,30/1,35-1,70; comprimento elitral, 3,90-4,75/4,60-6,10.

Tipos, localidade-tipo: Holótipo macho, coletado na Guiana Francesa ("Montagne des Chevaux"), depositado no MNHN. Trinta e quatro parátipos machos e vinte e oito fêmeas, depositados no MNHN, MZUSP, Coleção Odette Baloup, ex-Coleção F. Hovore (provavelmente depositada no CASC), Coleção J.-L. Giuglaris e Coleção G. Duranton.

Distribuição geográfica: Guiana Francesa (Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004).

Material examinado: GUIANA FRANCESA, "Montagne des Chevaux" (ex. larva em Maytenus sp.), parátipo ♂, 03.VII.1990, G. Tavakilian col. (MZUSP); (ex. larva em Maytenus sp.), parátipo 1 ♀, 15.VIII.1990, G. Tavakilian col. (MZUSP).

Etimasu gen. nov.

Etimologia: Tupi, etymã: perna; guâsu: grande. Alusivo ao comprimento das pernas posteriores. Gênero feminino.

Espécie-tipo: Ommata cosmipes Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2003.

Diagnose: Etimasu gen. nov. difere de Ommata e Acatinga pelas antenas unicolores, pela ausência de faixa de pubescência na lateral do protórax, pelos élitros não subvítreos e pelas pernas posteriores com quase o dobro do comprimento corporal. Em Ommata e Acatinga as antenas são bicolores, as laterais do protórax têm faixa de pubescência, os élitros possuem áreas subvítreas e as pernas posteriores são distintamente mais curtas do que o dobro do comprimento corporal. Difere de Pyrpotyra gen. nov. pelas antenas unicolores, pela presença de costa úmero-apical nítida nos élitros e pelas metatíbias com tufo de pelos. Em Pyrpotyra gen. nov. as antenas são bicolores, os élitros não possuem costa úmero-apical nítida e as metatíbias não possuem tufo de pelos.

Comprimento pequeno (6,8-8,8 mm). Corpo estreito (maior largura pouco menor do que 0,2 vezes o comprimento), não deprimido. Tegumento não metálico.

Macho: Cabeça não prolongada atrás dos olhos (margem posterior dos olhos, na área de junção dos lobos oculares, muito próxima da borda anterior do protórax); rostro curto. Olhos grandes, fortemente emarginados. Lobos oculares superiores muito mais estreitos do que os inferiores; ápice atinge o nível do ápice dos tubérculos anteníferos. Lobos oculares inferiores subcontíguos. Base dos tubérculos anteníferos moderadamente próximas entre si; ápice arredondado. Antenas unicolores, estreitas até o antenômero VI, distintamente alargadas a partir do VII; face ventral do pedicelo e antenômeros III-X com pelos longos e grossos, gradativamente mais curtos e esparsos em direção aos segmentos apicais e mais nítidos apenas no ápice a partir do antenômero VI; comprimento maior do que o dobro do comprimento elitral; antenômero III mais longo do que o IV e mais curto do que o V.

Protórax subcilíndrico, fracamente alargado lateralmente próximo do meio, sem tubérculos laterais; margens laterais sem faixa de pubescência. Disco do pronoto com tubérculos distintos e pontuação grossa e moderadamente abundante. Prosterno pubescente na região mais próxima das procoxas e glabro na região mais próxima da cabeça. Cavidades procoxais fechadas. Processo prosternal estreitado na região mediana e truncado e alargado no ápice, que é oblíquo. Mesepisterno fracamente intumescido, não visível dorsalmente acima dos úmeros. Metasterno não fortemente elevado próximo das metacoxas. Metepisternos estreitos e sub-retangulares, base não alargada, ápice fracamente acuminado.

Escutelo pubescente, alongado, longitudinalmente côncavo. Élitros não cobrem totalmente o abdome (em geral, apenas o último segmento abdominal exposto), estreitados para o ápice; disco subplano, exceto no terço anterior, onde é distintamente elevado em direção à sutura, sem área vítrea; cada élitro com uma costa úmero-apical, muito nítida, principalmente nos 3/4 apicais (não atinge o ápice) e quase vertical entre a costa e a epipleura no terço médio; quarto apical moderadamente convexo; margens laterais subparalelas nos dois terços apicais; ápice estreitamente arredondado, sem espinhos; sutura não divergente em toda extensão; superfície com pontuação grossa, moderadamente dispersa e subigual em toda superfície; terço basal com pelos moderadamente longos e dispersos e restante da superfície com pelos curtos, decumbentes e esparsos; sem faixa de pubescência ao longo da sutura e da epipleura.

Pernas anteriores nitidamente mais curtas do que as medianas e estas mais curtas do que as posteriores; pernas posteriores quase tão longas quanto o dobro do comprimento corporal. Pro- e mesocoxas sem espículo. Fêmures clavados. Metatíbias com tufo de pelos. Metatarsômero I pouco mais longo do que II-III reunidos. Abdome estreito e alongado, não curvado para baixo. Urosternitos em nível nitidamente mais baixo do que o da superfície do metasterno; metade centro-apical do urosternito V não deprimida, sem elevação nas laterais; urosternitos pubescentes.

Fêmea: Lobos oculares inferiores distintamente afastados entre si; antenas com aproximadamente o dobro do comprimento elitral; protórax um pouco mais alargado lateralmente próximo do meio do que nos machos; margens laterais do abdome subparalelas entre os urosternitos I-III; processo abdominal quase coplanar com a superfície do urosternito I.

Espécie incluída: Etimasu cosmipes (Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2003), comb. nov.

Distribuição geográfica: Guiana Francesa e Brasil (Amazonas).

Etimasu cosmipes

(Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2003), comb. nov.

(Fig. 18)

Ommata cosmipes Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2003: 183; Monné, 2005: 480 (cat.); Monné & Hovore, 2005: 120 (checklist); 2006: 119 (checklist).

Tegumento castanho-escuro, terço basal dos élitros com área subtriangular que se inicia na base (área mais larga), não atinge a sutura e os úmeros.

Fêmea (Fig. 18): distância entre os lobos oculares inferiores de 0,70 a 0,75 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores igual aproximadamente 2,1 vezes a largura de um lobo. Disco pronotal com área centro-longitudinal lisa e brilhante. Metatarso estreito, revestido de pelos brancos, longos, decumbentes e abundantes.

Macho: Difere da fêmea pelos élitros proporcionalmente mais curtos e o abdome mais cilíndrico.

Dimensões em mm (): Comprimento total, 7,6-8,4; comprimento do protórax, 1,6-1,8; largura anterior do protórax, 0,9; largura posterior do protórax, 0,9-1,0; largura umeral, 1,2-1,4; comprimento elitral, 4,8-5,4. Comprimento, de acordo com Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, (2003), ♂ e ♀: "6,8 à 8,8 mm".

Tipos, localidade-tipo: Holótipo macho, coletado na Guiana Francesa ("Petit-Saut, Bassin Du Sinnamary"), depositado no MNHN. Seis parátipos machos depositados no MNHN e seis parátipos fêmeas, depositados no MNHN (5) e MZUSP (1).

Discussão: Peñaherrera-Leiva & Tavakilian (2003) ao descreverem Ommata cosmipes não especificaram o subgênero. É possível inferir que deixaram de registrá-lo formalmente por pertencer ao então subgênero Ommata.

Registramos a espécie pela primeira vez para o Brasil (Amazonas).

Material examinado: GUIANA FRANCESA, Sinnamary (Crique Plomb), parátipo 1 ♀, 30.VIII.1993, G. Tavakilian col. (MZUSP). BRASIL, Amazonas: Presidente Figueiredo (Estrada para Balbina, km 24; 02º01'05"S, 59º49'60"W), 1 ♀, 01-12.IX.2002, Felipe Xavier & Barbosa col. (INPA).

Pyrpotyra gen. nov.

Etimologia: Tupi, pyr: visitar; potyra: flor. Alusivo ao comportamento das espécies de Rhinotragini. Gênero feminino.

Espécie-tipo: Ommata (Ommata) paradisiaca Tippmann, 1953.

Diagnose: Pyrpotyra assemelha-se a Rhopalessa Bates, 1873, pelos élitros não vítreos, que não cobrem totalmente o abdome e com ápice arredondado, mas difere, notavelmente, pelos élitros mais convexos no terço posterior, pelas antenas mais longas, que ultrapassam nitidamente o ápice elitral nas fêmeas, e pela existência de antenômeros branco-amarelados. Em Rhopalessa os élitros são subplanos no terço posterior, as antenas das fêmeas ultrapassam um pouco ou não o ápice elitral e não há antenômeros branco-amarelados. Vide discussão sobre Ommata, Acatinga e Etimasu.

Comprimento pequeno (6,0-11,0 mm). Corpo estreito (maior largura ca. 0,2 vezes o comprimento), não deprimido. Tegumento não metálico, exceto nos élitros (parte ou todo).

Macho: Cabeça não prolongada atrás dos olhos (margem posterior dos olhos, na área de junção dos lobos oculares, muito próxima da borda anterior do protórax); rostro curto (comprimento igual a aproximadamente 0,4 vezes a altura dos lobos oculares inferiores em vista frontal), exceto em P. paraensis sp. nov. (comprimento igual a 0,6 vezes a altura dos lobos oculares inferiores em vista frontal). Olhos grandes, fortemente emarginados. Distância entre os lobos oculares inferiores igual à aproximadamente 0,2 vezes a largura de um lobo. Lobos oculares superiores muito mais estreitos do que os inferiores; ápice atinge o nível do ápice dos tubérculos anteníferos; distância entre os lobos de 1,6 a 1,7 vezes a largura de um lobo. Base dos tubérculos anteníferos moderadamente próximas entre si; ápice arredondado. Labro transversal, mais curto do que a metade da largura. Comprimento das antenas igual a aproximadamente o dobro do comprimento elitral; face ventral do pedicelo e antenômeros III-VI com pelos longos, grossos e moderadamente abundantes, mas sempre gradativamente mais curtos e esparsos em direção aos segmentos apicais; extremo apical da face ventral dos antenômeros VII-VIII com alguns pelos longos e grossos (antenômeros sem pelos longos no restante da superfície ventral); antenômero III ca. 1,5 vezes mais longo do que o escapo; antenômeros III-VI inteiramente escuros ou largamente anelados de escuro, finos, fracamente alargados para o ápice; antenômero VII inteiramente escuro ou largamente anelado de escuro, gradual e nitidamente alargado para o ápice; antenômeros VIII-X, grossos, fracamente alargados para o ápice, com pelo menos um deles, totalmente ou em grande parte branco-amarelado; antenômero XI tão grosso nos dois terços anteriores quanto o ápice do antenômero X, nitidamente aguçado para o ápice no terço apical, com coloração variável; antenômeros VI-X, com o ápice externo fracamente projetado sobre o antenômero seguinte.

Protórax subcilíndrico, pouco mais largo na base do que no ápice (às vezes, subigual), alargado lateralmente na região mediana, sem tubérculos laterais; margens laterais sem faixa de pubescência ou com faixa localizada muito próxima da face ventral, fundida à pubescência ventral, da qual não se destaca. Disco do pronoto com escultura variável, mas sempre com pontos moderadamente esparsos; pubescência variável na forma, na concentração e disposição, mas com pelos longos e dispersos. Prosterno pubescente na região mais próxima das procoxas e glabro ou subglabro na região mais próxima da cabeça. Cavidades procoxais fechadas. Processo prosternal estreitado na região mediana e truncado e alargado no ápice, que é oblíquo ou fortemente oblíquo. Processo mesosternal elevado na base; carenas laterais inconspícuas; metade apical cordiforme. Mesepisterno fracamente intumescido, parcialmente visível dorsalmente acima dos úmeros. Metasterno não fortemente elevado próximo das metacoxas. Metepisternos estreitos e sub-retangulares, base não alargada, ápice fracamente acuminado.

Escutelo pubescente, alongado, longitudinalmente côncavo. Élitros não cobrem totalmente o abdome (às vezes, quase cobrem), fracamente estreitados para o ápice; disco subplano nos 3/4 basais, exceto no terço anterior, onde é distintamente elevado em direção à sutura, sem área longitudinal vítrea; carenas elitrais largas, não notavelmente marcadas; quarto apical convexo ou subplano; área lateral, entre a carena e a epipleura, quase vertical na metade basal, gradualmente obliqua em direção ao ápice, exceto em P. capixaba sp. nov., na qual a área lateral é fortemente obliqua no terço basal e gradualmente mais plana em direção ao ápice; margem lateral subparalela nos dois terços apicais; ápice arredondado, sem espinhos; sutura não divergente em toda extensão; superfície com pontuação grossa, abundante, em parte confluente; pelos eretos restritos ao terço basal ou presentes em toda a superfície; metade anterior com pelos longos e moderadamente longos, eretos e dispersos.

Pernas anteriores e medianas nitidamente mais curtas do que as posteriores; medianas mais curtas do que as posteriores. Pro- e mesocoxas sem espículo. Fêmures clavados; superfície inferior sem grânulos; ápice dos metafêmures ultrapassa nitidamente o ápice elitral. Metatíbias sem tufo de pelos. Metatarsômero I, em geral, um pouco mais longo do que II-III reunidos.

Abdome estreito e alongado, não curvado para baixo; margens laterais subparalelas entre os urosternitos I-IV. Processo abdominal fracamente inclinado em relação à superfície do urosternito I (menos de 20º). Urosternitos em nível mais baixo do que o da superfície do metasterno; metade centro-apical do urosternito V não deprimida, sem elevação nas laterais; urosternitos pubescentes. Genitália como em Ommata.

Fêmea: Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,6 a 0,9 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores de 1,8 a 2,9 vezes a largura de um lobo; antenas pouco mais curtas do que nos machos; abdome proporcionalmente mais largo e mais alto (urosternitos não fortemente rebaixados em relação ao nível do metasterno); margens laterais do abdome subparalelas entre os urosternitos I-III; processo abdominal quase coplanar com a superfície do urosternito I.

Espécies incluídas: Pyrpotyra paradisiaca (Tippmann, 1953), comb. nov.; P. albitarsis (Galileo & Martins, 2010), comb. nov.; P. pytinga sp. nov.; P. capixaba sp. nov.; P. paraensis sp. nov.

Distribuição geográfica: Colômbia, Peru, Guiana Francesa, Brasil (Amazonas, Rondônia, Pará, Espírito Santo).

Chave para as espécies de Pyrpotyra

1. Antenômero XI branco-amarelado; faixa clara dos élitros atinge, no mínimo, o terço basal. Colômbia, Peru, Guiana Francesa, Brasil (Amazonas) .................................................... P. paradisiaca (Tippmann, 1953) Antenômero XI, no mínimo, em parte enegrecido; faixa clara dos élitros restrita, no máximo, ao quinto basal ............................................................................ 2 2(1). Metatarso escuro. Brasil (Pará) .......................................... P. paraensis sp. nov. Metatarso, na maior parte, branco-amarelado ................................................ 3 3(2). Élitros com pelos muito evidentes em toda a superfície. Brasil (Espírito Santo) ........................................................................................... P. capixaba sp. nov. Élitros com pelos evidentes apenas no terço basal ..................................... 4 4(3). Região ao longo da sutura elitral com pubescência abundante (mais distinta em vista obliqua). Brasil (Pará) .................................................... P. pytinga sp. nov. Região ao longo da sutura elitral com pubescência esparsa. Brasil (Amazonas, Rondônia) ............................................... P. albitarsis (Galileo & Martins, 2010)

Pyrpotyra paradisiaca

(Tippmann, 1953), comb. nov.

(Fig. 19)



Ommata (Ommata) paradisiaca Tippmann, 1953: 213; Monné, 2005: 480 (cat.); Monné & Hovore, 2005: 120 (checklist); 2006: 119 (checklist).

Diagnose: Pyrpotyra paradisiaca difere das demais espécies do gênero pelo antenômero XI inteiramente branco-amarelado (no mínimo, em parte enegrecido em P. pytinga sp. nov. e P. albitarsis).

Tegumento castanho-escuro até preto. Cabeça com ou sem áreas castanho-avermelhadas que, nas fêmeas, podem ocupar toda a face ventral; antenômeros V-VII parcialmente castanho-avermelhados (extensão variável) [IV-VI podem ser completamente pretos (Zajciw, 1960)]; antenômeros IX-XI branco-amarelados ou amarelos (Tippmann, 1953); protórax avermelhado dorsalmente e preto ou parcial ou totalmente avermelhado ventralmente; élitros azul-metálico escuros com reflexos violáceos e/ou esverdeados, exceto faixa triangular castanho-clara que se inicia na base e ultrapassa ou não o meio (parte mais estreita voltada para o ápice); pedúnculo dos fêmures amarelado; metatarsômeros I-IV branco amarelados ou castanho-amarelados (em geral, III-IV fracamente acastanhados); metatarsômero V branco-amarelado ou castanho-claro em extensão variável.

Macho: Rostro e área entre os lobos oculares inferiores e os tubérculos anteníferos com pubescência branco-acinzentada abundante, principalmente na margem do olho. Distância entre os lobos oculares inferiores igual a aproximadamente 0,2 vezes a largura de um lobo. Distância entre os lobos oculares superiores de 1,6 a 1,7 vezes a largura de um lobo. Antenas de 2,2 a 2,3 vezes mais longas que os élitros; antenômero VIII pouco mais curto que o IX. Pronoto com pelos longos e esparsos, principalmente lateralmente, e pubescentes na região basal; pontuação grossa e esparsa, mas parcialmente confluente em algumas áreas. Quarto apical dos élitros convexo. Superfície ventral do protórax e abdome revestida de pubescência branco-acinzentada, exceto no terço do prosterno mais próximo da cabeça.

Fêmea (Fig. 19): Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,55 a 0,75 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores de 1,8 a 2,5 vezes a largura de um lobo. Antenas 1,9 vezes mais longas do que os élitros.

Dimensões em mm (/): Comprimento total, 8,0-8,2/7,3-11,4; comprimento do protórax, 1,7/1,6-2,4; largura anterior do protórax, 1,1/1,1-1,5; largura posterior do protórax, 1,2/1,2-1,7; largura umeral, 1,4-1,5/1,4-2,1; comprimento elitral, 5,1-5,2/4,8-7,0.

Tipos, localidade-tipo: Holótipo macho, procedente do Peru (Ucayali, Pucallpa), depositado no MNRJ e um parátipo macho, também coletado no Peru e depositado no USNM.

Distribuição geográfica: Colômbia (novo registro), Peru (Tippmann, 1953), Guiana Francesa (Tavakilian et al. 1997), Brasil [Amazonas (novo registro)].

Discussão: Não examinamos nenhum espécime proveniente da Guiana Francesa, mas as fotografias de todos os espécimes dessa região que tivemos acesso mostram que o antenômero XI é escuro. De acordo com Tippmann (1953) os antenômeros IX-XI são amarelos. Os espécimes examinados por nós, provenientes da Colômbia e do Brasil (Amazonas, Benjamin Constant), concordam com a descrição original e fotografia do holótipo em relação à coloração do antenômero XI. No entanto, dois espécimes do Brasil (60 km N Manaus) têm o antenômero XI negro, como os espécimes da Guiana Francesa. Como não encontramos diferenças morfológicas associadas com a mudança da cor do antenômero XI, acreditamos que é apenas uma variação da espécie.

Material examinado: COLÔMBIA, Putumayo: Parque Nacional Natural "La Paya Cabaña Chagra" (00º07'S, 74º56'W; 320 m), 1 ♂, 01-15.XII.2001, E. Lozano col. (MZUSP). BRASIL, Amazonas: Benjamin Constant (Rio Javari), 1 ♀, XI.1960, Dirings (MZUSP); 60 km N Manaus (Fazenda Esteio; ZF-3, km 23; Malaise), 1 ♂, 1 ♀, 25.IX.1984, B.C. Klein col. (INPA).

Pyrpotyra paraensis sp. nov.

(Fig. 20)

Etimologia: Alusivo ao estado brasileiro de origem do holótipo (Pará).

Diagnose: Pyrpotyra paraensis sp. nov. difere das demais espécies do gênero pelos metatarsômeros castanhos.

Fêmea (Fig. 20): Tegumento castanho-escuro, quase preto. Protórax alaranjado, exceto uma larga faixa preta que cobre quase todo o prosterno interligada a outra, estreita e da mesma cor, que circunda todo o protórax junto à cabeça. Antenômero VIII branco-amarelado; antenômero IX branco-amarelado no terço basal. Élitros com reflexos azuis e violáceos. Metatarsômeros castanhos.

Rostro, área entre os lobos oculares inferiores e faixa longitudinal na região dorsal com abundante pubescência branco-acinzentada. Distância entre os lobos oculares inferiores igual a 0,8 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores igual a 2,8 vezes a largura de um lobo. Antenas tão longas quanto o dobro do comprimento elitral; comprimento do antenômero VIII subigual ao do IX. Pronoto com pontos grossos e abundantes, exceto sobre uma calosidade moderadamente larga, pouco elevada e longitudinal, que se estende do quinto basal até aproximadamente o meio; pubescência muito curta, abundante, entremeada por pelos longos, eretos e moderadamente abundantes. Élitros com faixa de pubescência abundante, que inicia na base, onde quase atinge os úmeros, estreita-se gradualmente até proximidades do meio e segue junto à sutura até o ápice, circundando-o; metade basal com pelos longos, esparsos, gradualmente menores em direção ao ápice; demais áreas com alguns pelos curtos; carena elitral pouco conspícua, atinge o terço apical; área lateral, entre a carena e a epipleura fortemente obliqua no terço basal e gradualmente mais plana em direção ao ápice; margens laterais subparalelas nos dois terços apicais; quarto apical fracamente convexo. Metasterno com pontos pouco grossos e moderadamente abundantes, gradualmente mais finos e esparsos em direção à sutura metasternal. Face ventral com pubescência branco-acinzentada, curta e abundante, exceto no terço do prosterno mais próxima da cabeça.

Dimensões em mm (): Comprimento total, 9,2; comprimento do protórax, 1,9; largura anterior do protórax, 1,2; largura posterior do protórax, 1,3; largura umeral, 1,6; comprimento elitral, 5,9.

Material-tipo: Holótipo ♀, BRASIL, Pará: Paragominas (PA-70, km 32), 14-15.XI.1979, W. França col. (MPEG).

Pyrpotyra capixaba sp. nov.

(Fig. 21)

Etimologia: Tupi, kapi'xawa: terra de plantação, roça. Alusivo ao estado do Espírito Santo.

Diagnose: Pyrpotyra capixaba sp. nov. difere das demais espécies do gênero pela presença de pelos moderadamente longos em toda a superfície elitral.

Fêmea (Fig. 21): Tegumento castanho-escuro. Cabeça (inclusive mandíbulas) castanho-avermelhada, com o ápice do rostro e das mandíbulas enegrecidas. Antenômeros VIII-IX branco-amarelados. Protórax avermelhado. Região epipleural, abaixo dos úmeros, com pequena área avermelhada. Terço apical dos meso- e metafêmures castanhos. Quinto apical das metatíbias e metatarsômeros branco-amarelados, exceto o quarto apical do metatarsômero V e as garras.

Rostro e área entre os lobos oculares inferiores com pubescência branco-acinzentada. Distância entre os lobos oculares inferiores igual a 0,65 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores igual a 2,8 vezes a largura de um lobo. Antenas tão longas quanto 1,8 vezes o comprimento elitral; comprimento do antenômero VIII subigual ao do IX. Pronoto com pontos grossos e abundantes, exceto sobre uma calosidade estreita que se estende longitudinalmente desde próximo da base até a base do terço distal; pilosidade curta e abundante, entremeada por pelos eretos em toda a superfície e distintamente pubescente na base. Élitros com pelos longos em toda a superfície; carena elitral pouco conspícua e restrita a metade basal; área lateral, entre a carena e a epipleura fortemente obliqua no terço basal e gradualmente mais plana em direção ao ápice; margem lateral subparalela nos dois terços apicais; quarto apical subplano. Metasterno com pontos grossos e moderadamente abundantes, gradualmente mais finos e mais esparsos em direção à sutura metasternal. Face ventral com pubescência branco-acinzentada, curta e abundante (notavelmente nas laterais do metasterno e nos metepisternos), exceto na metade do prosterno mais próxima da cabeça.

Dimensões em mm (): Comprimento total, 7,0; comprimento do protórax, 1,6; largura anterior do protórax, 1,0; largura posterior do protórax, 1,1; largura umeral, 1,3; comprimento elitral, 4,8.

Material-tipo: Holótipo ♀, BRASIL, Espírito Santo: Linhares, 22-31.X.1973, C.T. & C. Elias col. (DZUP).

Pyrpotyra pytinga sp. nov.

(Fig. 22)

Etimologia: Tupi, py: pé; tinga: branco. Alusivo a cor dos metatarsos.

Diagnose: Pyrpotyra pytinga sp. nov. (Fig. 22) assemelha-se a P. albitarsis (Fig. 23), mas difere: antenômero XI inteiramente escuro; protórax proporcionalmente mais longo; região ao longo da sutura elitral com pubescência abundante. Em P. albitarsis o antenômero XI possui a área basal parcialmente branco-amarelada, o protórax é proporcionalmente mais curto e a região ao longo da sutura elitral apresenta pubescência mais esparsa.

Fêmea (Fig. 22): Tegumento castanho, moderadamente escuro. Face dorsal da cabeça, castanho-escura no rostro e entre os lobos oculares inferiores e a base dos tubérculos anteníferos e castanho-avermelhada no restante; face ventral castanho-avermelhada em direção ao protórax e enegrecida em direção ao mento; escapo, pedicelo e antenômeros III-IV ou III-V enegrecidos; antenômeros V-VIII ou VI-VIII castanho-escuros; antenômeros IX-X branco-amarelados; antenômero XI castanho-escuro; protórax alaranjado, exceto na borda anterior do pronoto e no terço ventral mais próximo da cabeça, que são acastanhados (principalmente na face ventral); élitros azul-escuros metálicos, com reflexos violáceos (metade apical com áreas mais acastanhadas), exceto uma macha branco-amarelada, subtriangular, localizada na base a cada lado do escutelo e que não atinge o úmero; pedúnculo dos fêmures branco-amarelados; metatarsômeros branco-amarelados, exceto o ápice do metatarsômero V e as garras, que são acastanhadas.

Rostro e área entre os lobos oculares inferiores com pubescência branco-acinzentada, mais abundante na orla dos olhos. Distância entre os lobos oculares inferiores de 0,6 a 0,7 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores de 2,4 a 2,7 vezes a largura de um lobo. Antenas tão longas quanto o dobro do comprimento elitral; comprimento do antenômero VIII subigual ao IX. Pronoto com pontos grossos e dispersos e pelos longos e dispersos, mais nítidos nas laterais; base com pubescência branco-acinzentada, pouco evidente. Élitros com faixa sutural de pubescência branco-acinzentada, mais nítida em vista oblíqua; quarto apical convexo. Face ventral com pubescência branco-acinzentada, muito curta, exceto na área acastanhada do protórax e na cabeça.

Dimensões em mm (): Comprimento total, 7,1-7,6; comprimento do protórax, 1,6-1,8; largura anterior do protórax, 1,0-1,1; largura posterior do protórax, 1,1-1,2; largura umeral, 1,3-1,5; comprimento elitral, 4,8-5,3.

Material-tipo: Holótipo ♀, BRASIL, Pará: Serra Norte ("Est. Manganês"), 12.VI.1983, W. França col. (MPEG). Parátipo ♀, mesmos dados do holótipo (MZUSP).

Pyrpotyra albitarsis

(Galileo & Martins, 2010), comb. nov.

(Fig. 23)

Ommata (Ommata) albitarsis Galileo & Martins, 2010: 7.

Diagnose: Difere de P. pytinga sp. nov. pela região ao longo da sutura elitral com pubescência esparsa (abundante em P. pytinga).

Fêmea (Fig. 23): Tegumento preto. Face dorsal da cabeça avermelhada com os tubérculos antenais pretos; gula preta na região anterior e avermelhada na posterior; escapo, pedicelo e antenômeros III-VIII pretos; antenômeros IX-X branco-amarelados; antenômero XI branco-amarelado na metade basal e preto no restante. Protórax avermelhado; prosterno com faixa preta próximo das procoxas; metepisternos com suave brilho esverdeado. Élitros verde-metálicos, com área azulada na região basal e pequenas áreas avermelhadas aos lados do escutelo (essas áreas podem ou não ultrapassar o ápice do escutelo). Trocânteres avermelhados; profêmures com ou sem faixa avermelhada na face ventral; mesofêmures avermelhados na base; pedúnculo dos metafêmures branco-amarelados; metatarsômeros I-IV branco-amarelados; metatarsômero V branco-amarelado na base e avermelhado no restante.

Fronte moderadamente pontuada, coberta por pubescência amarela; região anterior do vértice, entre os tubérculos anteníferos, com o mesmo tipo de pubescência; rostro mais curto do que a largura de um lobo ocular inferior. Distância entre os lobos oculares inferiores igual a aproximadamente 0,8 vezes a largura de um lobo; distância entre os lobos oculares superiores igual a aproximadamente 2,7 vezes a largura de um lobo. Antenas atingem o ápice elitral quase no ápice do antenômero VIII. Pronoto e lados do prosterno pontuados. Metade posterior do prosterno, mesosterno e metasterno cobertos por pubescência esbranquiçada. Lados do metasterno e metepisternos pontuados. Escutelo com pubescência esbranquiçada. Élitros densamente pontuados em toda superfície; quarto apical convexo. Urosternitos cobertos por pubescência esbranquiçada.

Dimensões em mm (): Comprimento total, 8,5-10,5 (espécime sem a cabeça); comprimento do protórax, 2,1-2,3; largura anterior do protórax, 1,1-1,5; largura posterior do protórax, 1,4-1,6; largura umeral, 1,9-2,1; comprimento elitral, 6,0-6,8.

Tipo, localidade-tipo: Holótipo fêmea, procedente do Brasil (Rondônia), depositado no MZUSP.

Distribuição geográfica: Brasil (Rondônia) (Galileo & Martins, 2010) e Amazonas (novo registro).

Discussão: Galileo & Martins (2010) compararam Pyrpotyra albitarsis com P. paradisiaca, e registraram os seguintes caracteres diferenciais: "It differs by antennomere XI White with apical half black; prosternum, with a black band next to each procoxa; mesofemora black with a narrow basal area reddish and elytra unicolor (excepting the reddish basal line beside the scutellum)". De acordo com esses autores, em P. paradisiaca: "antennomere XI is entirely White, the prosternum is entirely black, the basal halves of mesofemora are White and the elytra present a yellowish longitudinal band, which gradually narrows from the base to the middle".

O exame de outras espécies de gêneros próximos mostra que a faixa escura do prosterno é variável, podendo ou não estar presente. Da mesma forma, a coloração dos mesofêmures também pode apresentar variação considerável. O exame de uma segunda fêmea de P. albitarsis demonstra que a mancha clara da base dos élitros também sofre variação no seu comprimento, podendo ou não ultrapassar o ápice do escutelo.

Material examinado: BRASIL, Rondônia: Porto Velho (Parque Ecológico), holótipo ♀, 08.VIII.2008 (sem nome do coletor) (MZUSP). Amazonas: Lábrea (Ramal Apaeral, km 09; Sitio São Raimundo; 07º19'10"S, 64º40'07"W; Malaise), ♀, VI.2006, F.F. Xavier Filho col. (INPA); Maturacá (Rio Negro), ♀, 17.I.1963, J. & B. Bechyné col. (MZUSP).

AGRADECIMENTOS

A James Wappes (ACMT), Michael C. Thomas (FSCA), José Albertino Rafael e Augusto Henriques (INPA) pelo empréstimo de material para estudo. A Ian Swift e Larry G. Bezark pelas informações sobre algumas espécies de Ommata. A Sharon Shute (BMNH) pelas fotografias e informações sobre o holótipo de Ommata elegans.

Recebido em: 06.08.2010

Aceito em: 22.09.2010

Impresso em: 10.12.2010

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Dez 2010
  • Data do Fascículo
    2010

Histórico

  • Aceito
    22 Set 2010
  • Recebido
    06 Ago 2010
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