Na medida em que a clínica e a pesquisa da maternidade reafirmam a importância do suporte social às mães, pretendemos investigar o imaginário de estudantes universitários sobre o cuidado materno. Partindo do pressuposto de que narramos para elaborar experiências vividas, reconhecemos no narrar um procedimento privilegiado de acesso aos sentidos afetivo-emocionais que subjazem a toda conduta humana. Elaboramos uma narrativa fictícia sobre o abandono materno para que estudantes de Educação Física e Jornalismo a completassem. Tais produções imaginativas, consideradas psicanaliticamente, apontam para uma abordagem ambígua. A mãe é responsabilizada pelo destino do filho, ainda que a compreensibilidade de sua conduta seja situada em termos do contexto social. Tal postura parece traduzir o contraste entre o pretendido tratamento ético da questão materna e as expectativas sociais em relação à figura materna, usualmente ocultas pelo discurso contemporâneo do politicamente correto.
maternidade; imaginário; narrativa; psicanálise