Open-access O QUE OS ESTUDOS SOBRE DESINFORMAÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO BRASILEIRA TÊM A NOS DIZER?

WHAT DO STUDIES ON MISINFORMATION IN BRAZILIAN INFORMATION SCIENCE HAVE TO TELL US?

RESUMO

Considerando os efeitos danosos da desinformação no contexto geral da vida humana, que se desdobram nas dinâmicas sociais, econômicas, ambientais e culturais, esta investigação apresenta uma visão geral dos estudos sobre "desinformação" no campo da Ciência da Informação. A análise baseou-se no conjunto de documentos indexados na base BRAPCI desde a primeira ocorrência, até final de 2023. Identificou-se que a configuração dos estudos sobre o tema é caracterizada por três cenários: o primeiro, abrange um período de cinco anos e é marcado por um interesse limitado no tópico, com apenas 15 publicações durante esse período; o segundo cenário se destaca pelo aumento significativo do interesse no tema, com aumento percentual de 453% de publicações em relação ao primeiro cenário. Quanto ao terceiro cenário, é marcado pela incerteza. Uma análise contextual em comparação com o contexto social mostra que os impactos práticos do tema estimularam um maior interesse acadêmico. Identificou-se que ao longo de nove anos a maior parte das pesquisas é de cunho bibliográfico, das quais nota-se a ausência de colaborações interdisciplinares com outras áreas. A ênfase excessiva na teoria em detrimento da aplicabilidade pode potencialmente limitar e subestimar a capacidade do campo de abordar questões práticas relacionadas à mitigação dos impactos das desordens informacionais, e que têm um impacto direto na vida cotidiana.

Palavras-chave:
Desinformação; Bibliometria; Infodemia; Ciência da Informação

ABSTRACT

Considering the harmful effects of misinformation in the overall context of human life that unfold in social, economic, environmental, and cultural dynamics, this investigation presents an overview of studies on "misinformation" in Information Science. The analysis was based on the documents indexed in the BRAPCI database from the first occurrence until the end of 2023. It was identified that the configuration of the studies on the topic is characterized by three scenarios: the first one covers five years and is marked by a limited interest in the topic, with only 15 publications during this period; the second scenario stands out for the significant increase in interest in the topic, with a considerable increase in the number of publications, with a 453% increase in publications compared to the first scenario. As for the third scenario, it is marked by uncertainty. A contextual analysis compared to the social context shows that the practical impacts of the topic have stimulated greater academic interest. It was identified that over nine years, most of the research is bibliographic, from which the absence of interdisciplinary collaborations with other areas is noted. The excessive emphasis on theory at the expense of applicability can potentially limit and underestimate the field's ability to address practical issues related to mitigating the impacts of informational disorders, which directly impact everyday life.

Keywords:
False information; Bibliometrics; Infodemics; Information Science

1 INTRODUÇÃO

No âmbito do contexto dos efeitos danosos da desinformação na sociedade, diversos termos - tais como, fake news, teorias da conspiração, aquecimento global, negacionismo científico, polarização político-partidária, movimentos antivacinas, infodemia, deepfakes, câmaras de eco e filtros bolha - ganharam destaque e têm suscitado discussões substanciais também no âmbito científico nos últimos cinco anos (Salaverría; Cardoso, 2023; Santos-d’Amorim; Miranda, 2021; Wardle; Derakhshan, 2018).

Mesmo destacando-se recentemente devido a eventos que impactam diretamente a vida cotidiana, as estratégias de disseminação de desinformação em grande escala têm raízes históricas e transcendem o contexto atual. A propaganda, por exemplo, um tipo reconhecido de desordem informacional frequentemente empregada no âmbito político para influenciar e manipular comportamentos - recorre ao apelo emocional em vez da lógica racional, um efeito análogo à teoria do reflexo condicionado de Pavlov, que liga um estímulo a uma resposta previsível das massas -, remonta à Idade Antiga (Fallet, 2001; Iorgulescu, 2016) e demonstra que a utilização de técnicas para moldar a percepção pública não é novidade.

Nesta senda, a partir de eventos recentes ocorridos globalmente1, o crescente interesse em investigar as diversas manifestações de desinformação passou a integrar a agenda de pesquisa de distintas disciplinas. Nesse contexto, evidências quanto ao uso de peças desinformativas em massa no ambiente on-line e seus desdobramentos na sociedade têm sido relatadas com frequência na literatura, assumindo principalmente um caráter investigativo das dinâmicas pós-acontecimentos (Kuo; Marwick, 2021; Santos-d’Amorim; Santos, 2022).

Como destaca Le Coadic (2021), nessa conjuntura global de crise, a Ciência da Informação está diante novas questões associadas à uma crise de informação para as quais não foi preparada, mas que é capaz de dominar, mobilizando seus conceitos, teorias, leis e modelos. Nessa perspectiva, enquanto o conceito de crise pode insinuar a noção de uma perturbação eventual em um sistema, simultaneamente evoca a possibilidade de uma oportunidade para aprimorá-lo (Santos, 2019).

Estudos anteriores no campo da Ciência da Informação têm investigado a dinâmica do tema desinformação ou de conceitos subjacentes. O trabalho de Nogueira, Domingues e Araújo (2023), por exemplo, mapeou os estudos indexados na Base de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI) entre 2019 e 2023, com ênfase nos termos "fake news" e "desinformação". Melo, Prado e Silva (2024) realizaram uma análise da presença do termo "fake news" também nos trabalhos indexados na BRAPCI, tendo discutido sobre a crescente relevância das chamadas “fake news” na sociedade contemporânea.

No presente estudo, adota-se a premissa fundamental de que o conceito de desinformação é central para a investigação e a compreensão dos desafios inerentes à circulação de informações enganosas (intencionais) ou incorretas (não intencionais). Em contraste com os trabalhos anteriores, esta pesquisa apresenta uma análise segmentada em três cenários, com ênfase nas abordagens adotadas por estes estudos, nos conceitos discutidos, além de indicadores bibliométricos, como periódicos e artigos de destaque.

Assim, partindo desse contexto, o objetivo geral desta pesquisa é caracterizar as abordagens e perspectivas que pesquisadores da Ciência da Informação, no Brasil, tem desenvolvido no âmbito dos estudos sobre desinformação.

Para tanto, têm-se como pergunta de pesquisa norteadora: Como se configuram os estudos sobre desinformação no campo da Ciência da Informação no Brasil?

Parte-se da hipótese de que a Ciência da Informação brasileira tem predominantemente focado em aspectos teóricos, em detrimento da colaboração interdisciplinar para abordar questões práticas que possam mitigar os danos causados por desordens informacionais, que têm incidência direta na vida prática.

A justificativa e a motivação que respalda esta proposta é dada pela importância do tema, uma vez que ele desempenha um papel significativo nas questões práticas que impactam a sociedade em níveis macro, meso e micro.

2 DAS “ONDAS” DA WEB AO ECOSSISTEMA DE (DES)INFORMAÇÃO ATUAL

Por sua ubiquidade, a informação é recurso fundamental para o funcionamento das sociedades. Por exemplo, Gleick (2011, p. 10) ao fazer referência a períodos históricos antigos para ilustrar a essência da onipresença da informação, destaca que “mesmo quando o dinheiro parecia ser um tesouro material, ocupando espaços nos bolsos, nos compartimentos de carga dos navios e nos cofres dos bancos, ele sempre foi informação”.

É amplamente conhecido que a abertura da internet comercial na década de 1990, após a Advanced Research Projects Agency Network (ARPANET), transformou o modo de obtenção, processamento, transmissão e recuperação da informação, exigindo novos recursos, novas formas de comunicação e novas maneiras de lidar com a produção e a circulação da informação. A progressão da World Wide Web, conforme ilustrado na Figura 1, também revelou novas perspectivas quanto às aplicações e interações da informação e comunicação. Enquanto a Web 1.0 constituía-se em um oráculo de busca ativa por conteúdos, a Web 2.0 acrescentou recursos de comunicação e interatividade por meio de sites de redes sociais e de ferramentas de conversação.

Figura 1
As “ondas” da Web e suas principais características

Por seu turno, a Web 3.0 adicionou novas camadas de complexidade, caracterizando-se pela web semântica, imbuída de atributos como descentralização de dados, interoperabilidade entre plataformas, inteligência artificial e aprendizado de máquina. Já a Web 4.0, caracterizada pelo conceito de “Internet das Coisas”, adicionou novas formas de experiências simbióticas entre humanos e máquinas. Como geração mais recente, a Web 5.0 ou a “Web dos pensamentos e emoções” caracteriza-se pela interoperabilidade entre máquinas massivamente por meio de inteligência artificial generativa (Rani; Das; Bhardwaj, 2021). E por sua vez, a prospecção para a Web 6.0 baseia-se no uso mais refinado das informações, tendo como bússola a manipulação emocional e ideológica (Cabalquinto; Büscher, 2022).

Observa-se que a partir da segunda geração da Web, o indivíduo desempenha simultaneamente os papéis de consumidor e produtor de informações. A situação atual, portanto, fundamenta-se em um contexto caracterizado por uma proliferação de fontes de informação, mas também uma multiplicação de fontes de desinformação. Sob este ecossistema, discernir entre informações confiáveis e informações não confiáveis apresenta desafios epistemológicos complexos (Levine, 2005).

Nesse sentido, também pode-se destacar que a desintermediação da informação, isto é, a autonomia dos usuários na busca por informação (Silva; Lopes, 2011) denota também a propensão dos indivíduos a buscarem e consumirem informações de fontes que confirmam suas próprias opiniões ou crenças, o que reflete uma relação emocional com a informação recebida. Esse comportamento pode levar à formação de "bolhas de (des)informação", espaços onde indivíduos com crenças e convicções similares se reúnem, resultando em grupos cada vez mais homogêneos em termos de pensamento e opinião, chegando ao ponto de distorcerem ou negarem a realidade (Pariser, 2012). Isso tem gerado graves problemas e impactado diretamente na esfera pública (Melleuish, 2021; Santos-d’Amorim; Santos, 2022; Sunstein, 2018).

Somado a esse contexto, em relatório divulgado em 2021 pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com dados do exame Pisa, identificou-se nativos digitais - pessoas nascidas a partir de 1995 - não sabem buscar conhecimento na internet e que em média o nível de alfabetização digital entre jovens em todo o mundo permanece estagnado desde o ano 2000, traduzindo-se em desafios significativos (Organization…, 2021).

No âmbito conjuntural das potenciais aplicações e da interação simbiótica entre seres humanos e máquinas, no âmbito da Web 6.0, um exemplo problemático é a eficácia que as estratégias algorítmicas comerciais têm demonstrado ao moldar a opinião pública em tópicos de interesse, como destacado por Bezerra (2017), num contexto de um novo regime de informação.

Este pano de fundo parece convergir com a visão prevista por Marshall McLuhan, que utilizou o conceito de “guerras” para enfatizar a magnitude da sua previsão. Para o filósofo canadense, a Terceira Guerra Mundial seria uma “guerra de guerrilhas de informação, sem divisão entre a participação militar e civil” (McLuhan, 1970, p. 66, tradução nossa).

3 ANTIGOS DESAFIOS PARA A FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO

Uma análise direcionada para as discussões sobre os atributos do conceito de ‘desinformação’ na Filosofia da Informação revela que as interpretações podem, de forma abrangente, ser categorizadas em duas perspectivas, as quais estão intimamente relacionadas com o próprio conceito de ‘informação’.

Na primeira, há o entendimento de que uma informação só é verdadeira quando carrega consigo a concepção de verdade, conforme defendido por Floridi (2005; 2011). Isso implica que, por outro lado, uma desinformação é uma informação semântica falsa (Floridi, 2007). Já na segunda abordagem, leva-se em conta a natureza aleticamente2 neutra da informação semântica, o que possibilita a interpretação do conceito de desinformação como algo aberto a múltiplas possibilidades (Fallis, 2014), incluindo a noção de intencionalidade.

Essa discussão encontra espaço principalmente ao considerar que existem diferentes verbetes para ‘desinformação’ na língua inglesa, sendo estes intrinsecamente associados à intencionalidade da ação:

  • a) misinformation, desinformação não-intencional, onde o radical “mis” relaciona-se com a palavra “mistake”, que na língua inglesa significa erro;

  • b) disinformation, desinformação intencional; e

  • c) malinformation, quando informações confidenciais e sensíveis são compartilhadas para causar danos ou fornecer vantagem em nome de pessoas ou instituições (Santos-d’Amorim; Miranda, 2021; Wardle; Derakhshan, 2018).

Ainda, é imperativo ressaltar que no contexto das discussões da Filosofia da Informação, o atributo “verdade” não se configura como uma novidade para os estudos no tema, pelo contrário, a análise dos atributos de informação em contraposição à desinformação e, também, em paralelo com a dicotomia entre verdade e falsidade, tem garantido extensas discussões ao longo dos anos (Søe, 2019). Sobre isso, González de Gomez (2022) comenta que a abordagem verística não se confunde ou se iguala à abordagem alética, porque a primeira está mais preocupada com a credibilidade e a possibilidade de verificação da informação, enquanto a segunda está preocupada com a essência da verdade na informação.

De 2005 - marco fundamental das discussões mais proeminentes - ou de um desacordo metalinguístico protagonizado por Luciano Floridi e Don Fallis, como destacado por Søe (2019), aos estudos mais recentes no tema, como em Lundgren (2017, p. 2898), que corrobora com a noção alética da informação semântica, compreende-se que a possibilidade de resolução desse problema parte da interpretação fundamental de se distinguir “entre a propriedade de ser informação e a propriedade de ser informativa”.

Embora a solidificação de um conceito possa criar uma base teórica sólida para esse domínio, a consideração de pensar e reagir para além das dicotomias de verdade e falsidade pode potencialmente gerar vantagens mais substanciais na resolução dos reais problemas decorrentes da desinformação em suas diversas manifestações na esfera pública (Devine, 2018; Søe, 2019).

De outra forma, isso significa que promover a formação de competências críticas em informação, enfatizando o pensamento reflexivo (Mello; Martínez-Ávila, 2021), bem como a experimentação e o raciocínio lógico (Bezerra; Capurro; Schneider, 2017), considerando também os elementos subjacentes à desinformação - tais como os agentes propagadores e o valor intrínseco dessa desinformação -, pode representar um marco promissor para o desenvolvimento efetivo nesse domínio e no Campo da Ciência da Informação.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este é um estudo de natureza descritiva que faz uso de métodos e técnicas bibliométricas. Para o levantamento da produção científica sobre o tema aqui investigado, a BRAPCI foi consultada em 29 de outubro de 2023, utilizando-se como palavras-chave, em consultas distintas, as palavras: “desinformação” e desord* informaciona*, esta última, havendo a necessidade do uso de operadores de truncamento para comportar o uso de plural no termo.

Justifica-se o uso da BRAPCI (Bufrem et al., 2010) por indexar parte significativa da produção científica da Ciência da Informação e por ser amplamente utilizada para análise de cenários historiográficos a partir da produção científica na área. Considerou-se os artigos indexados nesta base até a data da coleta, não havendo delimitação temporal inicial para o levantamento das publicações.

A fim de estabelecer um critério de inclusão que assegurasse a confiabilidade em relação ao objetivo deste estudo, isto é, centrado no âmbito da Ciência da Informação, após o levantamento na BRAPCI, uma etapa analítica em todos os artigos recuperados foi feita em três estágios:

  • a) no primeiro, considerou-se manter no corpus final apenas os documentos que abordavam o tema "desinformação";

  • b) no segundo, identificou-se a afiliação institucional dos autores, mantendo-se unicamente os autores afiliados a alguma instituição de ensino ou pesquisa no Brasil; e

  • c) no terceiro, verificou-se a área de atuação dos autores: se o primeiro autor não estivesse vinculado ao campo da Ciência da Informação, considerando áreas relacionadas, como Biblioteconomia ou Gestão da Informação, por exemplo, procedia-se à análise dos coautores. Se algum destes estivesse associado à Ciência da Informação, o artigo permanecia no conjunto final, como um exemplo da interdisciplinaridade do campo.

Como parte dos critérios de inclusão e exclusão, foram incluídos na amostra final para análise artigos de periódicos científicos e resumos publicados em anais de eventos da área. As situações fora desse escopo se encaixaram nos critérios de exclusão, resultando na eliminação do registro do corpus final. Foram identificados no levantamento inicial 265 registros, nos quais os resumos foram examinados. Desses, após análise, foram suprimidos 26 registros duplicados e 122 foram excluídos do corpus final por não estarem em conformidade com os critérios de inclusão precitados.

Para fins bibliométricos foram extraídos para análise (1) os nomes dos autores; (2) o ano da publicação e (3) o título do periódico. Para a identificação dos elementos caracterizadores das produções científicas coletadas foram analisados: (1) o título do artigo; (2) as palavras-chave; (3) o objetivo da pesquisa; (4) a metodologia empregada; e, quando aplicável, (5) a temática secundária desses documentos.

Após a conclusão da fase de refinamento dos dados levantados, realizou-se uma análise de conteúdo no texto completo desses documentos, com o propósito de rotulá-los de acordo com as categorias de análise apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1
Categorias analíticas para caracterização do conteúdo dos artigos

Ainda, nessa etapa de análise buscou-se minimizar potenciais equívocos de rotulação na indexação, que são intrínsecos a qualquer base de dados (Shamsi et al., 2022). Assim sendo, foram checados o ano da publicação e os nomes dos respectivos autores. Nesta etapa algumas falhas foram identificadas e corrigidas.

Com auxílio da ferramenta OpenRefine (versão 3.7.5) os dados foram minerados e posteriormente analisados. A ferramenta foi utilizada para limpeza dos dados e para agrupamentos dos mesmos em facetas, em que foi possível a visualização inicial de padrões em grupos de registros semelhantes. Após esta pré-análise, os dados foram exportados para uma planilha no Microsoft ® Excel (versão 16.89.1), onde foram submetidos a uma análise posterior.

Seguindo os princípios da Ciência Aberta, os dados que fundamentaram este estudo estão armazenados em repositório de dados e podem ser solicitados para seu reuso (10.5281/zenodo.13901065).

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O corpus final desta pesquisa parte da análise de 117 artigos para identificação das abordagens e perspectivas desenvolvidas âmbito da Ciência da Informação no Brasil em estudos sobre desinformação, a partir de dados da base BRAPCI.

No âmbito dos periódicos, foram identificados 41 títulos que publicaram os artigos analisados. "Liinc em Revista" se destaca como o periódico com o maior volume de trabalhos sobre o tema, contabilizando 13 publicações, seguida da "Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação", que registra 10 contribuições.

A Tabela 1 apresenta um resumo dos periódicos que tiveram pelo menos três artigos publicados no tema. Ao todo 23 periódicos, editados nacionalmente, publicaram pelo menos dois artigos no tema, enquanto 17 publicaram pelo menos um artigo na temática.

Tabela 1
Periódicos como lócus de discussão do tema

A avaliação da evolução ao longo do tempo dessas publicações possibilitou identificar a existência de três cenários, tal como ilustrado na Figura 2. O primeiro deles abrange um período de cinco anos e se caracteriza pelo limitado interesse no tema, com um total de 15 publicações durante essa janela cronológica. O segundo cenário se destaca pela crescente atenção ao tema, uma vez que se observa um substancial aumento no número de publicações em apenas três anos, totalizando 83 documentos - que corresponde a um aumento percentual de 453% em relação ao primeiro cenário.

Figura 2
Configuração temporal das pesquisas sobre desinformação na CI

Uma análise contextual baseada na conjuntura social revela que os impactos do tema na vida prática se refletiram em um crescente interesse acadêmico (Fig. 2). O terceiro cenário destaca-se pela sua natureza incerta, uma vez que a percebida diminuição no número de estudos relacionados ao tema pode não necessariamente indicar um decréscimo no interesse. Tal fenômeno pode ser resultado tanto da maneira como os artigos são incorporados à base de dados selecionada para análise quanto de um contexto que continua em processo de formação e que naturalmente poderá ser mais precisamente avaliado e expandido em futuras análises sobre o tema.

As análises que seguem são igualmente subdivididas pelos três cenários precitados, seguindo a lógica da exploração dos estudos mais citados em cada período; e em seguida sucedida de análise abrangente, realizada por meio da exploração dos termos mais recorrentes utilizados nesses trabalhos.

5.1 Cenário 1: Tímido interesse pelo tema

Utilizando a métrica de citações para identificar os documentos de maior interesse, a Tabela 2 exibe os cinco estudos mais citados cenário de análise 1, que compreende os anos entre 2015 e 2019.

Tabela 2
Artigos mais influentes no cenário de análise 1 (2015-2019)

Considerando a estratégia adotada de não delimitação inicial de busca de artigos em função do tempo da publicação, foi possível identificar que a primeira publicação no tema data de 2015, intitulada “Poder informacional e desinformação”, de autoria de Brito e Pinheiro (2015). O estudo, apresentado no Grupo de trabalho 5 (GT 5) - Política e Economia da Informação, do XVI Encontro Nacional de Pós-Graduação em Ciência da Informação (ENANCIB), em 2015, foi publicado no periódico Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação neste mesmo ano. Brito e Pinheiro (2015), buscaram explorar como os Estados Unidos da América usam a Internet para ganhar influência e poder, mostrando que a criação dessa rede global, inclui estratégias de informação, mas também de desinformação e de operações psicológicas para manter sua hegemonia.

Em estudos posteriores, como os de Zattar (2017) e Brisola e Romeiro (2018), podem ser identificadas as primeiras propostas de pesquisa relacionando o tema da desinformação com os domínios da “competência em informação” e “competência crítica em informação” na área de Ciência da Informação brasileira, de acordo com os dados da BRAPCI. Zattar (2017), com base principalmente na International Federation of Library Association and Institutions, discorre sobre três critérios de avaliação de uma informação: autoridade de uma fonte, atualidade do conteúdo e precisão das fontes de informação. Já Brisola e Romeiro (2018) destacam a ética como elemento fundamental e relevante em todos os aspectos relacionados à informação e à capacidade de analisar criticamente uma informação. Também enfatizam a importância de investigar como os espaços informacionais e educativos (como museus, bibliotecas, escolas e universidades) podem promover a “competência crítica em informação”. Ripoll e Matos (2017) se utilizam da analogia de uma “epidemia zumbi”, para ilustrar a disseminação descontrolada de desinformação em diferentes manifestações e, também, sugerem o pensamento crítico e a conscientização ética digital como uma saída para os problemas gerados no âmbito do que eles nomeiam por “caos informacional”.

Tomando como referência o contexto de popularização do termo "pós-verdade", no primeiro estudo que aborda a complexidade da definição do que pode ser considerado como verdade ou não, com base na consideração de que as discussões sobre verdade e falsidade são tão antigas quanto a história da filosofia, Bezerra, Capurro e Schneider (2017) apontam que, embora seja difícil alcançar a verdade de forma absoluta, é possível chegar a uma forma de verdade ao comparar explicações melhores e piores das coisas, seja por meio da lógica, da experimentação ou de ambos.

Quando se avalia a configuração desses estudos no geral, durante esse período de análise, é possível observar que os estudos bibliográficos são predominantes (n=9). São percebidos também estudos de cunho teórico-bibliográficos (n=2), estudos de caso com grupo focal (n=2), teórico (n=1), e de análise de conteúdo (n=1).

Os subtemas observados para esse período incluem, mas não se limitam a termos como: competência crítica em informação (n=2), bibliotecários (n=2), biblioteca pública (n=1), checagem de fatos (n=1), preservação digital (n=1), educação superior (n=1), ditadura militar (n=1) e saúde (n=1). As palavras-chave para esse cenário 1 são apresentadas na Figura 3, cuja representação gráfica é dada pelo formato de um pilar. Observa-se a multiplicidade de discussões, embora o foco sejam em tópicos como pós-verdade (n=7) e fake news (n=6). De modo correspondente, Melo, Prado e Silva (2024) mencionam um aumento no interesse por pesquisas em fake news e desinformação iniciado em 2017. Esse aumento mostra uma relação entre acontecimentos na esfera pública, como o rápido crescimento de notícias falsas em sites de redes sociais. Ainda, em 2017 que “fake news” foi nomeada a palavra do ano pelo dicionário de língua inglesa Collins.

Figura 3
Palavras-chave para o cenário de análise 1 em representação gráfica de um pilar

5.2 Cenário 2: Aumento considerável do interesse no tema

O segundo cenário de análise deste estudo, caracterizado pelo aumento do interesse na investigação do tema, também associado ao contexto de crescentes repercussões dos impactos da desinformação na esfera pública, apresenta um total de 83 documentos ao longo de três anos, de acordo com os dados da BRAPCI.

A Tabela 3 elenca os artigos mais citados, em que se pode observar a predominância de artigos de cunho de revisão bibliográfica ou de literatura. Santos-d’Amorim e Miranda (2021) baseiam-se na literatura publicada sobre o tema para elucidar os termos relacionados à desinformação, considerando as distinções das palavras “desinformação” na língua inglesa, que estão diretamente relacionadas com a intencionalidade da ação: misinformation, disinformation e malinformation. As autoras também apresentam 16 arranjos de desinformação, classificando-os de acordo com a intencionalidade subjacente em cada um deles.

Tabela 3
Artigos com maior visibilidade no cenário de análise 2 (2020-2022)

O contexto da pandemia também gerou debates sobre como lidar com a situação em que a quantidade de informações relacionadas ao tema atingiu o status de "infodemia" - uma pandemia de informações na qual se tornou desafiador distinguir informações confiáveis das informações errôneas. No âmbito desse cenário, Lima et al. (2020) observam que a pandemia intensificou as discussões sobre o uso e manipulação de informações para influenciar a opinião pública, ressaltando preocupações quanto à veracidade e confiabilidade das informações disponíveis. Também nesse contexto, Ferreira, Lima e Souza (2021) discutem como a competência crítica em informação e o trabalho de verificação de fatos (fact-check) desempenham um papel fundamental na gestão dos efeitos prejudiciais da desinformação durante a pandemia. Zattar (2020) também discute a competência em informação como basilar para o controle da infodemia. Para a autora, ao capacitar as pessoas com habilidades para avaliar, compreender e utilizar informações de maneira crítica e ética, promove-se não apenas o acesso à informação, mas também a capacidade de a utilizar de forma benéfica para a sociedade e para os indivíduos. Heller, Jacobi e Borges (2021) também apresentam uma revisão de literatura sobre o tema, defendendo a ideia da integração da competência em comunicação como meio de fomentar o desenvolvimento de habilidades infocomunicacionais.

Quando se avalia a configuração desses estudos no geral, considerando não apenas os mais citados, mas todos os artigos indexados nesse período observa-se a predominância de estudos bibliográficos (n=30), seguidos de estudos de casos em sites ou redes sociais, com foco para a técnica de análise de conteúdo (n=23), pesquisas bibliográficas-documentais (n=10), teóricos (n=7), estudos de caso via questionários eletrônicos (n=4), e outros métodos combinados, como análise documental e análise de citações (n=1), dentre outros (n=8).

Os subtemas observados em maior frequência para esse período incluem estudos que discutem ou que se baseiam no pano de fundo de domínios como: COVID-19 (n=18), competência em informação (n=11), desinformação política (n=6), saúde (n=5), práticas informacionais (n=3), bibliotecários (n=3), checagem de fatos (n=3), letramento informacional (n=2), algoritmos (n=2) e hesitação vacinal (n=2). As palavras-chave para esse cenário 2 são apresentadas na Figura 4, com destaque para COVID-19 (n=17), fake news (n= 17), pós-verdade (n=14), infodemia (n=11), redes sociais (n=9), competência em informação (n=8).

Figura 4
Palavras-chave para o cenário de análise 2 em representação gráfica de um pilar

Problemas associados à pandemia de COVID-19 representaram forte influência na produção científica do campo: dos 83 estudos que compuseram esse cenário de análise, 25 (30%) se relacionam diretamente com esse tema. Apesar das críticas ao termo fake news (Habgood-Coote, 2019), este também suscitou crescente interesse (n=19, 23%), seguido de pós-verdade, com nove trabalhos (11%) que mencionaram o termo em seus títulos, e 14 em suas palavras-chave.

Em segunda análise, foi possível identificar o subtópico “competência em informação” também denota uma grande parte do interesse do campo. Onze pesquisas se dedicaram exclusivamente a este tópico, e esse número aumenta para quinze ao incluir variantes do conceito, tais como "competência crítica em informação" ou "competência infocomunicacional". Entre esses, somente quatro estudos não estão vinculados ao contexto da pandemia. De forma análoga, ao analisarem os trabalhos indexados na BRAPCI de 2019 a 2023 relacionados à desinformação, Nogueira, Domingues e Araújo (2023) observaram uma tendência similar de foco em competência em informação e fake news nesse intervalo de tempo.

Em última análise, a biblioteconomia, bibliotecas e as pessoas bibliotecárias foram objeto de estudo em seis documentos, seguidos de quatro estudos sobre desinformação política, e de itens dispersos.

Neste ínterim, estudos como os de Araújo (2021) têm advogado sobre uma necessidade de readequar os objetos de estudo da Ciência da Informação, agora, reposicionando a centralidade nos atributos subjacentes à pós-verdade como desafio para o campo. Em contraponto, González de Gomez (2022, p. 190) argumenta não acreditar ser possível tecer previsões sobre a redefinição dos estudos da informação tomando como base apenas os efeitos causais da pandemia, dado que as “linhas temporais do conhecimento empírico e reflexivo são sinuosas e novas ondas de preocupação trazem à superfície tanto velhas questões como temas inovadores”.

5.3 Cenário 3: O suficiente é suficiente?

No que se refere ao cenário de análise 3 (2023-), que ainda está em andamento, considerando a publicação recente dos artigos publicados ainda em 2023, não foram identificadas citações a esses artigos. No entanto, indícios quali-quantitativos indicaram para esse cenário de análise a continuação da predominância de estudos bibliográficos (n=7), seguida por pesquisas documentais (n=7), pesquisas bibliográficas-documentais (n= 3), estudos de caso com grupo focal (n=1) e pesquisa teórica (n=1). A Figura 5 mostra as palavras-chave que caracterizam esses estudos, ainda que parcialmente.

Figura 5
Palavras-chave para o cenário de análise 3 em representação gráfica de um pilar

No âmbito contextual social, o cenário 3 é aqui caracterizado por uma aparente normalidade, embora os efeitos da desinformação em diferentes frentes (sociais, econômicas, ambientais e culturais) ainda perdurem e estejam longe de um estado de normalidade anterior a estes eventos. Por “aparente normalidade” entende-se que após vivenciados processos eleitorais conturbados e marcados por graves desfechos, que incluem, mas não se limitam à ataques antidemocráticas como os do 08 de janeiro de 2023, pandemia e uma infodemia, parece ser possível retomar às atividades em um cenário que aparenta ter retornado à normalidade em termos operacionais.

A revisão dos cenários anteriores fornece insights sobre o passado recente e abre espaço para reflexões acerca do futuro. Neste estudo, entende-se que prospectar o futuro pode ser desafiador, especialmente porque tal previsão pode ser influenciada por um contexto recente turbulento, complexo e difuso. É crucial um esforço de pesquisa coletivo para se discernir até onde as discussões teóricas alcançam e identificar como aplicações práticas podem ser desenvolvidas para impactar significativamente as práticas sociais, buscando um equilíbrio entre teoria e prática.

É nessa senda que a colaboração interdisciplinar com distintas áreas do conhecimento pode potencializar esforços. No entanto, é salutar observar que essas colaborações devem ser performadas seguindo os princípios preconizados por um domínio de estudo que perpassa todas os campos do conhecimento - a integridade em pesquisa. Nesse âmbito, boas práticas em pesquisa sugerem que a interdisciplinaridade demanda o sério engajamento de pesquisadores envolvidos em ambas as áreas do conhecimento - não há interdisciplinaridade em propostas ditas interdisciplinares, mas que são desenvolvidas de forma isolada. Por exemplo, em pesquisas que promovem a junção de conhecimentos em Ciência da Informação e a Psicologia, é essencial que haja um compromisso mútuo de pesquisadores de ambas as áreas para que se possa garantir uma compreensão apropriada e um desenvolvimento eficaz, tanto no aspecto teórico quanto na prática e na sua efetividade. Espera-se que num futuro próximo, esse cenário possa ser caracterizado por estudos práticos e efetivos, de modo que se possa ser possível inferir com maior clareza o potencial de ciência social aplicada do campo nesse domínio de investigação.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo diacrônico objetivou apresentar um retrato do domínio “desinformação” no campo da Ciência da informação, considerando os artigos publicados por pesquisadores da área, a partir de documentos indexados na BRAPCI desde a primeira ocorrência do assunto até novembro de 2023, data do levantamento. Este retrato, é, portanto, uma representação das dinâmicas de propostas e ideias desenvolvidas neste período estudado.

Identificou-se que a configuração dos estudos no tema é caracterizada por três cenários: o primeiro, abrange um período de cinco anos e é marcado por uma escassa atenção ao tópico, com apenas 15 publicações ao longo desse período. O segundo cenário se diferencia por um aumento significativo no interesse pelo tema, com um aumento considerável no número de publicações em apenas três anos, totalizando 83 documentos. Uma análise contextual, em comparação com o contexto social, revela que os impactos práticos do tópico impulsionaram esse maior interesse acadêmico. Em relação ao terceiro cenário, sua característica marcante é a incerteza, especialmente considerando que o cenário precedente foi fortemente impactado pelos acontecimentos na esfera pública, com os estudos emergindo quase como uma resposta aos efeitos prejudiciais da desinformação em diversas frentes.

É imperativo ressaltar que os resultados estão alinhados com a hipótese apresentada, uma vez que as pesquisas realizadas ao longo de nove anos de análise são principalmente de natureza bibliográfica e se caracterizam pela ausência de colaboração interdisciplinar com outras áreas. Destaque-se que estas colaborações podem potencialmente ensejar a abordagem de questões práticas, visando a redução dos impactos das desordens informacionais, que afetam diretamente a vida cotidiana, e percebidas em escala abrangente no contexto geral da vida humana, seja em termos sociais, políticos, econômicos, ambientais ou culturais.

Num primeiro momento é natural conceber que um domínio de um campo científico se organize em torno de discussões teóricas a fim de promover uma base epistemológica sólida. Contudo, um excesso de foco na teoria pode se tornar um entrave para o progresso desse domínio, criando uma percepção de distanciamento das aplicações práticas e dos problemas reais. A falta de abordagens práticas também pode limitar a capacidade do campo de oferecer diretrizes ou ferramentas que possam ser utilizadas por atores estratégicos como, formuladores de políticas, educadores, ou pela própria sociedade para combater estratégias cada vez mais sofisticadas de desinformação. Podem ser notadas demandas crescentes voltadas à alfabetização midiática e informacional, de modo que seja possível capacitar pessoas a avaliar criticamente a veracidade das informações que consomem, seja nos primeiros anos de vida ou em diferentes estágios da vida adulta. Além disso, soluções tecnológicas como sistemas de checagem automática de fatos, algoritmos mais transparentes e intervenções em plataformas digitais podem ser atividades de interesse para profissionais de informação.

Este estudo possui duas limitações. A primeira é relacionada à fonte de coleta de dados, na qual não é possível afirmar com certeza que todos os estudos publicados sobre o tema em análise estão devidamente indexados na BRAPCI. A segunda, diz respeito à natural e inerente possibilidade de erros classificatórios durante a etapa de caracterização dos documentos analisados.

Em última análise pode-se destacar que este estudo contribui para reforçar a relevância dos estudos métricos da informação. Tais investigações não apenas se estabelecem como instrumentos de análise indispensáveis, mas também desempenham um papel crucial na definição de políticas científicas e na investigação do desenvolvimento historiográfico de domínios científicos, com vistas ao seu melhoramento e a possibilidade de mudanças estratégicas de ações, como a que aqui se propõe.

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  • 1
    Estes eventos incluem, mas não se limitam aos já amplamente debatidos, como o referendo do Brexit no Reino Unido em 2016, as eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2016 e no Brasil em 2018 ou a infodemia provocada pela torrente de informações imprecisas no âmbito da pandemia de Coronavirus Disease 2019 (COVID-19).
  • 2
    A palavra é derivada grego "aletheia" (verdade). Utilizada especialmente em discussões filosóficas e lógicas sobre a verdade e a correspondência entre proposições e a realidade.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Nov 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    26 Fev 2024
  • Aceito
    09 Out 2024
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