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Surdos e interação na web: análise do Currículo Lattes - CNPq

Deaf people and interaction on the web: analysis of the Lattes Curriculum - CNPq

RESUMO

O avanço tecnológico vem influenciando as relações entre os indivíduos, com diferentes necessidades e habilidades. Nesse cenário, encontram-se os Surdos que usam a Libras como primeira língua e principal forma de comunicação e expressão. Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que buscou compreender como se dá a interação do usuário Surdo com a informação na web, especificamente no contexto da página do currículo Lattes - CNPq. A abordagem é quali-quantitativa, com propósito descritivo, método direto e natureza aplicada. É baseado no levantamento de dados a partir de um roteiro com observação e análise no estudo comparativo. Constatou-se que a web é capaz de democratizar a informação e promover a interação do usuário Surdo. É necessário, no entanto, a implementação de iniciativas que considerem suas especificidades linguísticas.

Palavras-chave:
Surdos; Web; Língua de sinais; Currículo Lattes

ABSTRACT

Technological advancement has been influencing relationships between individuals, with different needs and skills. In this scenario, the Deaf use Libras as their first language and main form of communication and expression. The article presents a research that sought to understand how Deaf users interact with information on the web, specifically in the context of the Lattes - CNPq curriculum page. The approach is quali-quantitative, with descriptive purpose, direct method and applied nature. It is based on collecting data from a script with observation and analysis in the comparative study. It was found that the web is able to democratize information and promote Deaf user interaction. However, it is necessary to implement initiatives that consider their linguistic specificities.

Keywords:
Deaf; Web; Sign language; Curriculum Lattes

1 Introdução

A crescente evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) vem influenciando os hábitos e a forma como os indivíduos se relacionam entre si e com o meio digital (GOULART, 2018GOULART, A. H. Adolescência, internet e práticas informacionais. 2018. 203 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) -Universidade de Brasília, Brasília, 2018.), dentre os quais encontram-se pessoas com diferentes necessidades, habilidades e limitações. Sob um olhar diferenciado para os usuários das tecnologias, esta pesquisa busca evidenciar as especificidades de um público comumente marcado como minoritário linguisticamente e “invisível” socialmente, que são as pessoas Surdas (CHALHUB; GOMES, 2018CHALHUB, T.; GOMES, M. Museus como atividade educativa: o que pensam os alunos surdos sobre acessibilidade? In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO. Londrina, 19, 2018, p. 5806-5826. Anais [...] Londrina: ENANCIB, 2018. Disponível em: http://enancib.marilia.unesp.br/index.php/XIX_ENANCIB/xixenancib/paper/view/1172. Acesso em: 16 set. 2021.
http://enancib.marilia.unesp.br/index.ph...
; MIGLIOLI; SANTOS, 2017MIGLIOLI, S.; SANTOS, G. A.; Acessibilidade e serviços inclusivos para minorias sociais: a biblioteca do Instituto Nacional de Educação de Surdos. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 136-149, dez./mar. 2017. Disponível em: https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/1278. Acesso em: 16 set. 2021.
https://revista.acbsc.org.br/racb/articl...
).

A partir da evolução dos meios de comunicação em massa, historicamente representada pelo surgimento do rádio, telefone, TV, computador até o smartphone, mudanças inegáveis foram estabelecidas, essencialmente pela priorização da imagem e do vídeo em detrimento ao áudio na produção e disseminação de conteúdo na internet. Goettert (2014GOETTERT, N. Tecnologias digitais e estratégias comunicacionais de surdos: da vitalidade da língua de sinais a necessidade da língua escrita. 2014. 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2014.) lembra que os computadores têm papel fundamental na transformação da vida dos Surdos visto que, com o acesso às tecnologias digitais, surgiram novas formas de interação com textos e outras mídias disponíveis.

De acordo com a Pesquisa TIC Domicílios 2019, realizada pelo Cetic.br1 1 O Cetic.br é um departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br), que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet do Brasil (Cgi.br). http://www.cetic.br/sobre/ , 74% da população brasileira tem acesso à internet, o que representa 134 milhões de usuários com 10 ou mais anos de idade (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, 2019). Por meio do acesso à internet, é possível realizar cada vez mais tarefas que antes despediam de tempo, deslocamento e presença física. Ainda, segundo dados da pesquisa, entre os usuários de Internet, quase a totalidade utilizou a rede pelo telefone celular (99%), e para 58% destes, o acesso foi feito exclusivamente pelo celular. A preferência pelo uso da televisão cresceu e alcançou quase um terço (37%) dos usuários da rede em 2019, possivelmente pelos serviços disponibilizados com a TV Digital e a internet.

No caso dos usuários Surdos, estes sujeitos podem ser favorecidos com a implementação de estratégias que facilitem seu acesso à informação na web, tendo em vista a característica visual destes indivíduos e a crescente produção de conteúdo imagético. Segundo Miglioli e Souza (2015MIGLIOLI, S.; SOUZA, R. F. Aspectos sociais da ciência da informação e uso da informação por sujeitos surdos na web. In: MOLLICA, M. C. M.; PATUSCO, C. A. P.; BATISTA, H. R. (Orgs.). Sujeitos em ambientes virtuais. Parábola: 2015. cap. 3, p. 49-65.), essa especificidade visual enfatiza os benefícios que as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) podem promover, no sentido de uma abordagem diferenciada dos recursos de tecnologias em prol da acessibilidade desse público. Segundo as autoras, a web possibilita que os Surdos, mesmo com diferenças linguísticas, possam interagir com a sociedade por meio de ferramentas que influenciam o comportamento humano.

A importância de se conhecer o usuário passa pela certeza de que todos necessitam de informação e de que cada indivíduo, de acordo com o grupo ou a comunidade a que pertencem, precisa de informações diferentes (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015CUNHA, M. B. da; AMARAL, S. A.; DANTAS, E. B. Manual de Estudo de Usuários da Informação. São Paulo: Atlas, 2015.). Para tanto, a pesquisa busca compreender como se dá a interação do usuário Surdo com a informação na web, especificamente no contexto de uso da página do currículo Lattes - CNPq.

2 Estudo de Usuários

Estudos de usuários são investigações que servem para compreender o que os indivíduos precisam em termos de informação ou se as suas necessidades de informação estão sendo satisfeitas de forma adequada. Por meio destes estudos, é possível verificar o comportamento do usuário, ou seja, por que, como e para que usam informação (FIGUEIREDO, 1994).

O usuário da informação é o indivíduo que “necessita de informação para executar suas atividades” [tradução nossa] (MARTÍN MORENO, 2007MARTÍN MORENO, C. Metodología de investigación en estudios de usuarios. Revista General de Información y Documentación, Madri, v. 17, n. 2, p. 129-149, 2007. Disponível em: https://revistas.ucm.es/index.php/RGID/article/view/RGID0707220129A. Acesso em: 16 set. 2021.
https://revistas.ucm.es/index.php/RGID/a...
, p. 130). Considerando que os usuários possuem hábitos diversificados, é importante não apenas questioná-los a respeito das suas necessidades, mas observar seu comportamento diante da busca da informação (FIGUEIREDO, 1994), com relação aos sentidos que são mais empregados. Por exemplo, um usuário com Deficiência Visual (DV) pode interagir com a informação a partir da audição ou do tato, diferentemente do usuário com Deficiência Auditiva (DA) que tem a visão como principal sentido utilizado.

A relevância do estudo de usuários na Ciência da Informação (CI) está em conhecer quem é esse indivíduo, quais as suas necessidades de informação, como a utilizam e quais seus comportamentos de busca (KAFURE et al., 2013KAFURE, I.; ROCHA, S.; RODRIGUES, V.; SOUZA, A.; BASTOS, K.; RAPOSO, P.; MALHEIROS, T.; BOERES, S.; FEITOSA, A. A terminologia no estudo do usuário da informação. Biblios, Brasília, n. 51, p. 1-19, 2013. Disponível em: http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios/article/view/87. Acesso em: 16 set. 2021.
http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/bi...
). Além disso, é importante perceber como se dá a Interação Humano-Computador (IHC), tendo em vista o uso crescente e acelerado das tecnologias e as diferentes mídias empregadas, como texto, áudio, vídeo, por meio dos diversos aplicativos que surgem com o intuito de auxiliar na realização de atividades da vida diária ou do trabalho do usuário.

3 Usuário Surdo

Sujeitos Surdos, embora não façam uso primordial do sentido da audição para a captura de informações, têm ampliadas as possibilidades de percepção pelo sentido da visão, caracterizando-os como visuo-espaciais e sendo, portanto, o que os diferencia dos não surdos que são oral-auditivos (CAMPELLO, 2008CAMPELLO, A. R. e S. Aspectos da visualidade na educação de surdos. 2008. 245 f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.; GESSER, 2009GESSER, A. LIBRAS? Que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.; QUADROS; CAMPELLO, 2010QUADROS, R. M. de; CAMPELLO, A. R. e S. A constituição política social e cultural da língua brasileira de sinais - Libras. In: VIEIRA-MACHADO, L. M. C.; LOPES, M. C. (Orgs.), Educação de surdos: políticas, língua de sinais, comunidade e cultura surda. Edunisc: Santa Cruz do Sul, 2010.; STROBEL, 2018STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. 4. ed. Florianópolis, Editora da UFSC, 2018.).

Pode-se afirmar que há um senso comum de que os Surdos não ouvem, mas conseguem ler e compreender a língua escrita gerando uma crença de que a legenda é suficiente para atendê-los. Goettert (2014GOETTERT, N. Tecnologias digitais e estratégias comunicacionais de surdos: da vitalidade da língua de sinais a necessidade da língua escrita. 2014. 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2014., p. 49) aponta que “a legenda exerce papel fundamental na aproximação dos surdos com a língua portuguesa”. No entanto, segundo Gomes e Góes (2011GOMES, R. C.; GOES, A. R. S. E-acessibilidade para surdos. Revista Brasileira de Tradução Visual. Recife, v.7, n.7, 2011., p. 4), “é preciso considerar as características linguísticas implicadas no processo de navegação do usuário surdo” que, no caso do Brasil, faz uso da Libras - Língua Brasileira de Sinais como primeira língua (L1) e da língua portuguesa escrita como segunda língua (L2).

A partir do reconhecimento da Libras, com a Lei nº 10.436/2002, percebeu-se um fortalecimento da identidade dos usuários dessa língua, assumida como meio legal de comunicação e expressão (BRASIL, 2002). Em seu texto, a referida lei entende a Libras como o “sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, que constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas Surdas do Brasil”.

O emprego da língua de sinais como a primeira língua de instrução da criança Surda caracteriza o bilinguismo, a partir da qual será constituída como indivíduo e será educada. Para tanto, o contato da criança Surda com a língua de sinais deve ser o mais cedo possível para marcar o início do “reconhecimento de sua pessoa e seu acesso direto a uma língua, pois ela é visual” (STUMPF, 2006STUMPF, M. R. Práticas de Bilinguismo - Relato de Experiência. Educação Temática Digital, Campinas, v. 7, n. 2, p. 285-291, jun. 2006. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/809. Acesso em: 16 set. 2021
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/in...
, p. 284). As Comunidades Surdas são caracterizadas, primordialmente, pelo uso da Libras como língua materna, visto que é um símbolo de identidade por meio da qual os Surdos se reconhecem como parte de uma comunidade (QUADROS; CAMPELLO, 2010QUADROS, R. M. de; CAMPELLO, A. R. e S. A constituição política social e cultural da língua brasileira de sinais - Libras. In: VIEIRA-MACHADO, L. M. C.; LOPES, M. C. (Orgs.), Educação de surdos: políticas, língua de sinais, comunidade e cultura surda. Edunisc: Santa Cruz do Sul, 2010.; STROBEL, 2018STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. 4. ed. Florianópolis, Editora da UFSC, 2018.).

Para a linguista Audrei Gesser (2012GESSER, A. O ouvinte e a surdez: sobre ensinar e aprender a Libras. São Paulo: Parábola Editorial, 2012., p. 94), foi graças ao “estudo científico da legitimidade das línguas de sinais e o reconhecimento via órgão público com a oficialização da Libras” que a vida dos Surdos foi impulsionada e foi dada mais visibilidade a estes sujeitos no Brasil. Tal fato deu à Libras o status de língua de instrução e promoveu mais oportunidades para repensar a Educação de Surdos.

Este trabalho evidencia o uso do termo Surdo (ou Surda) para enfatizar a diferença linguística e cultural desses indivíduos, que se opõe ao discurso de normalização e de medicalização embutido quando se trata da “pessoa com surdez” (PIVETTA; SAITO; ULBRICHT, 2014PIVETTA E. M.; SAITO, D. S.; ULBRICHT, V. R. Surdos e Acessibilidade: Análise de um Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem, Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 20, n. 1, p. 147-162, Jan.-Mar. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbee/a/MkmjfJdhgjyj9MZq4jswDjv/?lang=pt. Acesso em: 16 set. 2021.
https://www.scielo.br/j/rbee/a/MkmjfJdhg...
) que, por sua vez, remete a uma concepção patológica, algo que foge à normalidade, caracterizando-a como incapaz (MARTINS; LINS, 2015MARTINS, L. M. N.; LINS, H. A. de M. Tecnologia e educação de surdos: possibilidades de intervenção. Nuances: estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 26, n. 2, p. 188-206, maio/ago. 2015. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/view/3481. Acesso em: 16 set. 2021.
https://revista.fct.unesp.br/index.php/N...
). Além disso, o emprego da palavra grafada com “S” maiúsculo serve para “indicar que se trata de uma pessoa que luta por seus direitos políticos, linguísticos e culturais, ou seja, pessoa que faz parte de uma comunidade surda” e é usuária da Libras (FELIPE, 2007FELIPE, T. A. Libras em Contexto: curso básico - livro do estudante. 8ª ed., Rio de Janeiro: WalPrint Gráfica e Editora, 2007., p. 33).

4 Acessibilidade e Usabilidade na web

A partir da disseminação da Internet ao Brasil, mudanças consideráveis foram percebidas nas formas de acessar e recuperar a informação, passando, principalmente, pela transformação do suporte da informação, tradicionalmente centralizado em papel, para o formato digital e descentralizado, ampliando as possibilidades de acesso remoto. No entanto, a disponibilidade da informação na web não necessariamente significa o atendimento às demandas dos usuários, visto que estar acessível pode não ser equivalente à possibilidade de ser usado.

O Guia de Acessibilidade para Conteúdos da Web (WCAG)2 2 WCAG < https://www.w3.org/TR/WCAG20/ > . Acesso em: 16 set. 2021. afirma que os critérios de acessibilidade na web devem considerar todas as necessidades específicas, incluindo: deficiência auditiva, deficiência física, deficiência visual, de fala, cognitiva e neurológica para possibilitar a todas as pessoas usarem seus serviços. De forma complementar, a usabilidade é uma das características que deve ser observada no desenvolvimento de produtos para que os usuários possam ter suas necessidades atendidas com autonomia, eficiência e eficácia (DIAS, 2003DIAS, C. Usabilidade na Web: criando portais mais acessíveis. Rio de Janeiro: Alta Books, 2003. 296 p.).

Portanto, ainda que uma informação esteja disponível na web, esta pode não estar acessível a todos os usuários. Perceba a seguinte situação: uma página web que disponibiliza uma notícia em formato textual pode atender àqueles usuários que têm conhecimento da língua escrita específica, os quais poderão fazer leitura ou mesmo usar um software tradutor para converter para outro idioma. Pensando em uma pessoa com DV, a informação textual pode ser igualmente acessada e convertida para áudio. No entanto, um vídeo sem áudio e sem legenda pode não atender às necessidades deste mesmo usuário, que irá depender de outro para compreender o conteúdo da mensagem visual. Neste caso, o acesso é fornecido, mas a usabilidade foi prejudicada, uma vez que não houve autonomia.

5 Plataforma Lattes - CNPq

O CNPq é o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, concebido em 1951, com sede em Brasília, Distrito Federal, sendo uma agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Sua principal função é “fomentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a formação de pesquisadores brasileiros”3 3 CNPq. Disponível em: < http://memoria.cnpq.br/o-cnpq >. Acesso em: 22 jan. 2020. .

A Plataforma Lattes do CNPq integra as três bases de dados que compõem o sistema de informações deste órgão, sendo: (1) Currículo Lattes utilizado por estudantes e pesquisadores que atuam em instituições brasileiras; (2) Diretório de Grupos de Pesquisa que reúne o histórico de todos os grupos em atividade no Brasil e; (3) Diretório de Instituições que agrupa o registro das organizações e das entidades relacionadas a estudantes e pesquisadores do país. Dessa forma, a Plataforma Lattes se destaca como um importante instrumento de preservação da memória da atividade de pesquisa do país.

O acesso à página principal da Plataforma Lattes é dado a partir de um navegador web, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1
Página principal da Plataforma Lattes - CNPq

Neste trabalho, serão enfatizados o papel e a importância do Currículo Lattes na vida acadêmica do pesquisador Surdo. Para tanto, abordaremos com mais detalhes exigências para manuseio do Currículo Lattes - CNPq.

5.1 Currículo Lattes - CNPq

O Currículo Lattes é o principal veículo de informação para divulgação da carreira e da produção acadêmica de pesquisadores e estudantes, principalmente, brasileiros. A partir do cadastro do Currículo Lattes é possível compartilhar informações, como a publicação de trabalhos científicos, a participação em eventos e em bancas avaliadoras, além servir como uma comprovação da atuação profissional, no caso de exigência para a participação em editais de fomento à pesquisa e à capacitação.

Para efetivar o cadastro do Currículo Lattes, é obrigatório que o pesquisador possua registro no Cadastro de Pessoa Física (CPF), tanto brasileiros quanto estrangeiros. Além do cadastro, a atualização dos dados é uma ação que deve ser realizada com frequência, sempre que uma nova atividade é realizada. A interface na web do Currículo Lattes é apresentada na Figura 2.

Figura 2
Página principal do Currículo Lattes - CNPq

6 Procedimentos metodológicos, coleta e análise dos dados

Trata-se de um estudo de caso na página web do Currículo Lattes - CNPq. A pesquisa tem abordagem quali-quantitativa e de propósito descritivo, cujo intuito é expor as características de determinada população no contexto em que está inserida, e de natureza aplicada com a intenção de “gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigida à solução de problemas específicos” (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010KAUARK, F. da S.; MANHÃES, F. C.; MEDEIROS, C. H. Metodologia da pesquisa: Guia Prático. Itabuna, BA: Via Litterarum, 2010., p. 26).

Para o levantamento dos dados, foram adotadas como técnicas de coleta a aplicação de um roteiro e a observação. A coleta de dados utilizou o método direto que permite a análise das características dos usuários a partir de informações fornecidas por eles próprios (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015CUNHA, M. B. da; AMARAL, S. A.; DANTAS, E. B. Manual de Estudo de Usuários da Informação. São Paulo: Atlas, 2015.). Para tanto, foi elaborado um roteiro que propõe a realização de uma tarefa com a finalidade de acessar o Currículo Lattes e atualizar informações, segundo a sequência de passos pré-definidos e fornecidos ao participante. Segundo Kafure (2004KAFURE, I. Usabilidade da imagem na recuperação da informação no catálogo público de acesso em linha. 2004. 328 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Departamento de Ciência da Informação e Documentação, Universidade de Brasília, Brasília, 2004. Disponível em: http://www.repositorio.unb.br/handle/10482/5864. Acesso: 17 ago. 2019.
http://www.repositorio.unb.br/handle/104...
), a tarefa corresponde ao trabalho previamente definido para ser realizado pelo usuário a fim de alcançar o objetivo.

O universo da pesquisa é composto pelos professores Surdos que atuam como docentes de Libras em instituições de ensino do Distrito Federal, Brasil. A amostra é composta por quatro indivíduos com idade entre 32 e 36 anos, todos usuários da Libras e servidores de instituições públicas de ensino. Destes, dois estavam frequentando cursos de pós-graduação, sendo um em nível de doutorado e o outro, de mestrado. Quanto à experiência na docência, trabalham há, no mínimo, sete anos como professores e possuem formação superior na Licenciatura em Letras-Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), obtida entre 2010 e 2012, além de outras graduações.

Sendo o objeto da pesquisa a página web do Currículo Lattes - CNPq, adotou-se o pressuposto de que todos os participantes já possuem cadastro nesta plataforma, uma vez que são pesquisadores, atuam em projetos de pesquisa e extensão e são estudantes de cursos de pós-graduação em universidades públicas.

A participação da pesquisadora em um grupo de pesquisa institucional, majoritariamente composto por Surdos, oportunizou o envio do convite e a concordância dos participantes na pesquisa, cuja coleta foi realizada no ambiente de trabalho dos participantes à escolha dos mesmos.

O instrumento de coleta foi desenvolvido em Libras, priorizando a oferta de acessibilidade aos entrevistados por meio da língua de sinais. A pesquisadora atuou na interpretação e na gravação em vídeo das questões do roteiro, realizando a sinalização em Libras, fato que se mostra como um diferencial para a construção e a melhoria do instrumento de coleta concebido no decorrer da pesquisa (SANTOS, 2016SANTOS, S. K. da S. de L. Acessibilidade e usabilidade na busca e recuperação da informação por usuários surdos em um site. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 7., 2016, São Carlos, SP. Anais [...] Campinas, SP: Galoá, 2016.; 2019; SANTOS; KAFURE, 2018). No entanto, uma vez que a pesquisadora não é fluente na Libras, buscou-se o auxílio de um especialista com proficiência na língua para contribuir com a adaptação do roteiro, inicialmente desenvolvido na forma escrita, e adequá-lo à nova proposta para dar legitimidade ao trabalho.

A aplicação do instrumento foi realizada a partir da exibição das questões em Libras e a coleta dos dados com captura das respostas em formato vídeo, utilizando a câmera do computador da pesquisadora. Antes da coleta, cada participante teve acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e ao Termo de uso da imagem e som da voz para ter conhecimento do procedimento da pesquisa e dar ciência com a assinatura na versão impressa em língua portuguesa. Com base na navegação do participante na web, durante o cumprimento da tarefa, houve a captura da tela e a produção de um arquivo de vídeo com o auxílio do software Ezvid4 4 Ezvid é um editor de vídeo completo e gravador de tela, usado para criar vídeos para redes sociais e sites de conteúdo gerado por usuários. https://www.ezvid.com , instalado no computador da pesquisadora, para que fosse possível a análise posterior.

O roteiro da tarefa, fornecido também no formato impresso a cada participante, é composto por cinco passos, ou etapas, para serem seguidos, preferencialmente, na ordem em que são apresentados. A conclusão da tarefa ocorre com o cadastro da participação do docente na banca de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), mediante o acesso com CPF e senha na página web do Currículo Lattes na Plataforma do CNPq. Juntamente com o roteiro, foi fornecido um texto introdutório com a contextualização da tarefa a ser realizada para possibilitar o preenchimento dos dados fictícios no currículo.

O quadro 1 mostra os cinco passos estabelecidos no roteiro da tarefa.

Quadro 1
Roteiro para realização da tarefa proposta

Após o cumprimento dos passos 1 a 3 do roteiro da tarefa, o participante foi convidado a expressar sua opinião quanto às possíveis dificuldades, podendo sugerir como sua experiência poderia ser melhorada com mudanças, por exemplo, na apresentação das páginas navegadas, inclusive com alteração na cor, ícone, fonte, descrição e vídeos.

Para auxiliar a organização e a visualização dos dados coletados, foi escolhido o software de planilha eletrônica Excel® que é comumente adotado em pesquisas qualitativas para gerar tabulações e estatísticas. A análise qualitativa teve o suporte do software de análise textual IRaMuTeQ5 5 IRaMuTeQ. Disponível em: < http://iramuteq.org/ > Acesso em: 29 ago. 2019. , cuja denominação deriva do francês Interface de R Pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires. Este é um software livre que permite a análise estatística de corpus textuais, um conjunto de textos que se deseja analisar, e tabelas, como planilhas e banco de dados (CAMARGO; JUSTO, 2018CAMARGO, B. V.; JUSTO, A. M. Tutorial para uso do software IRaMuTeQ. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. Disponível em: http://iramuteq.org/documentation/fichiers/tutoriel-portugais-22-11-2018. Acesso em: 29 ago. 2019.
http://iramuteq.org/documentation/fichie...
).

Ressalta-se que a coleta dos dados ocorreu nos meses de maio e julho de 2018, somente após a aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética de Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais (CEP/CHS) da Universidade de Brasília, mediante análise por meio da Plataforma Brasil.

A seguir, serão relatados os resultados obtidos.

7 Resultados

Para o cumprimento da tarefa proposta, observou-se que os participantes utilizaram os seguintes termos de busca para acessar a página web do Currículo Lattes - CNPq: “curriculo lattes”, “cnpq”, “plataforma lattes” e “curriculo lattes cnpq”. Antes de iniciar a tarefa, a pesquisadora perguntou aos participantes se eles lembravam a senha. Dos quatro participantes, dois não se recordavam da senha e um deles fez a recuperação utilizando o próprio celular, por sugestão da pesquisadora. O outro participante afirmou que acessava raramente a página web do Currículo Lattes, pois quem atualiza seus dados é um parente próximo. Neste caso, a recuperação da senha ocorreu após a troca de mensagens com esse familiar antes de iniciar a tarefa.

A Figura 3 mostra a nuvem de palavras criada para auxiliar na visualização do corpus textual produzido a partir das respostas dos participantes.

Figura 3
Nuvem de palavras do corpus textual da tarefa

Em destaque, encontra-se a palavra “Lattes”, seguida de “informação”, “atualizar”, “colocar”, “vídeo”, e assim por diante. Percebe-se que a frequência no aparecimento das palavras em destaque envolve um discurso em torno da página web em questão, que direciona à principal ação, que é o preenchimento (atualizar, colocar) da informação.

Além do apoio à análise dos dados por meio da nuvem de palavras, também buscou-se visualizar a conexão estabelecida entre as palavras mencionadas pelos participantes pelo emprego do recurso Análise de Similitude, cuja árvore é mostrada na Figura 4.

Figura 4
Análise de similitude do corpus textual da tarefa

Observa-se que a palavra “Lattes” mantém relação com o professor e com a “informação” a partir de “colocar”, sugerindo o processo de preenchimento do currículo. Por sua vez, a “informação” denota um vínculo com as palavras “facilidade” e “difícil”, o que aponta para a característica de interação com a página web estudada. Em menor frequência, mas não menos importante, está “Libras” que aparece ligada à “vídeo”, “claro” no sentido de clareza, “precisar” e “lei” sugerindo a importância da legislação para permitir a presença da Libras no processo de atualização do Currículo Lattes.

Fundamentada na análise prévia do corpus textual, é possível inferir alguns caminhos que os participantes seguiram e as considerações pontuadas nas falas. A seguir, será analisada a experiência de cada participante durante o cumprimento da tarefa.

O Docente 1 escolheu utilizar o termo “currículo lattes”, cuja busca trouxe o link que o levou à página principal da Plataforma Lattes como primeiro resultado. Salienta-se que a esta página destaca em seu menu lateral direito as opções de acesso direto para buscar, atualizar e cadastrar um novo currículo.

Após acessar o currículo, o participante relatou que começou a buscar as palavras de seu interesse no menu de opções da página, navegou pelo menu, fez a leitura das opções e, finalmente, clicou sobre o submenu “Bancas”.

Eu vou procurando as palavras do meu interesse. Quando eu encontro, eu clico abre essa opção e eu vou colocando as informações. [...] Mas a pesquisa tem falhas. Eu não conheço todas aquelas palavras. Onde encontrar? Tem muitas opções. É difícil! Você clica e vai abrindo uma série de informações, de palavras, demora um pouco (Docente 1).

O Docente 1 enfatizou a sua insatisfação com o percurso realizado até o término da tarefa. Seu desempenho demonstrou que ele conhecia as funcionalidades principais da página, pois já havia realizado uma tarefa semelhante anteriormente, após a participação em uma banca de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Essa vivência reflete o que Barbosa e Silva (2010BARBOSA, S. D. J.; SILVA, B. S. da. Interação humano-computador. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010., p. 30) chamam de “facilidade de recordação” e corresponde ao esforço mental realizado pelo usuário para “lembrar como interagir com a interface do sistema interativo”.

Já a Docente 2 afirmou que não costuma atualizar com frequência seus dados acadêmicos no Currículo Lattes e, portanto, acredita não ter muita experiência como um usuário da página do Currículo Lattes.

O CNPq, eu não uso muito. Eu acho um pouco difícil. Uso raramente. Sempre peço para outra pessoa fazer para mim. Colocar certificado, fazer atualização. Eu, não! Eu não tenho muita facilidade com tecnologia (Docente 2).

Essa negatividade fica mais evidente quando, durante a realização da tarefa, observou-se que a falta de familiaridade da participante com a página ora estudada levou à escolha de um caminho diferente do esperado e planejado. A tarefa pediu a atualização dos dados no Currículo Lattes, mas a participante escolheu a opção de consulta dos dados do seu currículo. Neste momento, a pesquisadora julgou necessária uma intervenção e pediu que a participante revisse o roteiro da atividade para que, em seguida, pudesse fazer a atualização com os dados da banca de TCC. Em sua fala, a Docente 2 transparece a sensação de dificuldade quando tentou interagir com a página (GOMES; GÓES, 2011GOMES, R. C.; GOES, A. R. S. E-acessibilidade para surdos. Revista Brasileira de Tradução Visual. Recife, v.7, n.7, 2011.): “Eu comecei a clicar, vendo caminhos. São difíceis esses caminhos. Tem muita informação. Tem caminho cheio de informações. Você fica meio voando” (Docente 2).

Você vai clicando os caminhos para dar continuidade. É muita coisa. Vai clicando. A primeira vez você fica assustado com tanta informação. A segunda vez, a terceira, a quarta. Você vai acostumando. Vai usando com mais facilidade. Eu não tenho muita facilidade de usar. Uso pouco, mas vou seguindo o caminho, procurando e vou clicando também. É bom. Mas, o CNPq é para pessoas que utilizam pesquisa, currículo. Pessoas que usam muito. Isso não é a maioria, isso é a minoria que utiliza (Docente 2).

Depreende-se, a partir do relato da Docente 2, que o CNPq é um órgão direcionado principalmente a pesquisadores, que são a minoria, segundo ela. Tal opinião reforça a concepção tradicional de alguns professores que enxergam sua atuação meramente de transmissão de conhecimento, relegando o seu papel de produtor de conhecimento, orientador de projetos de pesquisa e inovação, coordenador de projetos de extensão, entre outras funções que vão além da sala de aula e exclusiva e tradicionalmente relegada ao ensino.

Antes de dar início à tarefa, o Docente 3 solicitou que não fosse gravado o momento em que ele faz o acesso à página web do Currículo Lattes, ou seja, quando informa login e senha. Neste caso, o software de captura de tela foi pausado, o entrevistado fez o acesso e, logo após, a gravação foi reiniciada. Essa atitude demonstra um cuidado com o fornecimento de dados pessoais em computadores de terceiros, reforçando questões de segurança da informação na internet (GOETTERT, 2014GOETTERT, N. Tecnologias digitais e estratégias comunicacionais de surdos: da vitalidade da língua de sinais a necessidade da língua escrita. 2014. 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2014.).

A navegação do Docente 3 prosseguiu com a busca da opção correspondente no menu. O cursor do mouse parou na indicação da opção “Produções” e, logo depois, foi diretamente à opção “Bancas”. No entanto, o participante clicou em “participação em bancas de comissões julgadoras”, que se encontra abaixo da opção correta que é “participação em bancas de trabalho de conclusão”. Neste momento, o participante sinalizou que havia finalizado a tarefa e foi necessária a intervenção da pesquisadora para mostrar o roteiro da tarefa e indicar que se fazia necessária a inclusão dos dados. A partir das informações de seu currículo, foi possível perceber que o Docente 3 tinha experiência no acesso à página web do Currículo Lattes, pois já havia participado como avaliador em seis bancas de TCC, segundo o histórico do cadastro. Possivelmente, devido a essa vivência, o participante começou a preencher os dados, mas não concluiu, afirmando que era suficiente para responder à pesquisa. É possível que o cansaço tenha interferido no julgamento de conclusão antecipada do participante, pois no momento de realização da tarefa já havia se passado uma hora e meia desde o início da coleta, sem intervalo, a pedido do próprio entrevistado.

Em oposição à opinião da Docente 2, que afirmou ser o Currículo Lattes uma página web mais voltada a pesquisadores, o Docente 3 ressaltou a importância de todos os acadêmicos usarem o Lattes e fazerem a constante atualização.

Eu comecei a usar a plataforma Lattes desde muito tempo. Já quando eu entrei na minha primeira graduação, alguns professores me orientaram. Também me deram dicas importantes para usar Lattes, porque é muito importante usar o Lattes, porque Lattes ajuda a preservar meu perfil e também o Lattes garante a minha profissão [...]. Quem nunca usou o Lattes pode colocar as informações simples no começo. Exemplo: quando você tiver quatro anos de graduação, atualiza. Depois você entra na pós-graduação, por exemplo, na especialização. Terminou? Atualiza. Você entrou no mestrado, tem palestra, artigo, atualiza também. Muitos anos até você aposentar (Docente 3).

O Docente 3 também evidenciou a importância de todos os acadêmicos (professores, técnicos e estudantes) possuírem o cadastro no Currículo Lattes, ao argumentar que este é um instrumento que registra o histórico de informações do pesquisador, agrega valor à sua profissão, tem acesso aberto a quem tiver interesse em consultar e, por isso, fornece visibilidade ao trabalho do pesquisador.

Precisa sempre atualizar o Lattes porque o Lattes ajuda a visibilidade. Exemplo: a minha chefe pode olhar meu Lattes, meus alunos podem olhar o meu Lattes, todos os profissionais acadêmicos são livres para ver meu Lattes, porque é importante reconhecer a minha profissão. Reconhecimento e também confiança. Ajuda a melhorar o sistema acadêmico, o sistema universitário. Ajuda muito. Se não tem Lattes, não tem valor. Junto com Lattes tem bastante valor (Docente 3).

Apesar de reforçar a importância de os pesquisadores terem o cadastro no Currículo Lattes e atualizarem com frequência, o Docente 3 também reconheceu as dificuldades enfrentadas pelos professores que acessam o Currículo Lattes. Na sua opinião, enquanto alguns professores já estão habituados com o Lattes, outros padecem e enfrentam dificuldades, indicando que a atualização é uma tarefa árdua e cansativa.

Então, não só eu, todos professores universitários, pesquisadores, de pós-graduação tem momentos difíceis, tem momentos fáceis com o Lattes, porque o Lattes tem muita informação. Tem muitas informações, mais ou menos, burocráticas. Tem professores que ficam travados, tem dificuldade. Tem outros que já são acostumados com o Lattes. Tem acesso fácil. Depende do momento (Docente 3).

Com relação às sugestões para uma melhor acessibilidade do Currículo Lattes para o usuário Surdo, o Docente 3 pontuou que, atualmente, esta página web tem muitas informações em português. Segundo ele, há muitos termos desconhecidos dos Surdos que utilizam o português como L2, o que acarreta dificuldades na compreensão e na utilização da página, sendo essencial considerar o desenvolvimento de uma versão em Libras. Essa opinião está de acordo com os resultados obtidos por Goettert (2014GOETTERT, N. Tecnologias digitais e estratégias comunicacionais de surdos: da vitalidade da língua de sinais a necessidade da língua escrita. 2014. 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2014., p. 78) que relaciona problemas comunicacionais dos surdos pelo “desconhecimento do significado dos vocábulos” e da “estrutura a língua portuguesa”.

Penso que o CNPq e o Lattes precisam discutir um espaço de acessibilidade para o surdo. Não só para o surdo, mas para o surdocego também. Eu acho importante abrir um espaço, porque no futuro vai ter mais professores surdos, pesquisadores surdos, acadêmicos surdos. Vai precisar usar a plataforma Lattes (Docente 3).

As preocupações que o Docente 3 agrega, após a sua participação na Tarefa, demonstram uma relevante contribuição, visto que as dificuldades enfrentadas com a compreensão dos termos estritamente técnicos não são de exclusividade do Surdo, mas também de outros pesquisadores que fazem parte do convívio da pesquisadora e que, regularmente, pedem auxílio para saber onde incluir determinada informação no Currículo Lattes - CNPq.

Finalmente, o Docente 4, embora tenha afirmado que acessa com frequência a página do Currículo Lattes, demonstrou dificuldades para cumprir a tarefa. Segundo ele, o tempo que levou para acessar a página principal foi ocasionado porque estava acessando em outro computador, diferentemente do seu equipamento pessoal, no qual o link da página já está salvo e facilita o acesso rápido. Por outro lado, o comportamento do Docente 4 durante a navegação indicou que não se atentou ao primeiro link da lista de resultados do buscador, que o levaria à página principal da Plataforma Lattes.

Assim, após idas e vindas, a navegação do Docente 4 teve início a partir da página de cadastro do Currículo Lattes, retornou à tela de resultados, escolheu o segundo link da página, novamente retornou, clicou sobre a logomarca da Plataforma Lattes, retornou e passou por diversas vezes pela página de resultados sem acessar o primeiro link, o que reforçou sua desconfiança. Após quase três minutos, o participante alterou o link na barra de endereços, de modo a permanecer apenas “lattes.cnpq.br” e, finalmente, alcançou a página principal do Currículo Lattes do CNPq. A partir daí, fez o acesso com login e senha, acessou diretamente o menu “Bancas” e prosseguiu com o preenchimento dos campos do formulário até o cumprimento da tarefa proposta.

O Docente 4 sugeriu o uso de vídeo em Libras como recurso de acessibilidade para os usuários Surdos, pois se mostra como um importante artifício de apoio para deixar as informações mais claras e eficientes para a comunicação (GOETTERT, 2014GOETTERT, N. Tecnologias digitais e estratégias comunicacionais de surdos: da vitalidade da língua de sinais a necessidade da língua escrita. 2014. 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2014.). No entanto, o participante reconhece a inexistência de pessoas que saibam a Libras nas instituições, incluindo as equipes de desenvolvimento de sistemas, evidenciando a barreira de comunicação (GOMES; GÓES, 2011GOMES, R. C.; GOES, A. R. S. E-acessibilidade para surdos. Revista Brasileira de Tradução Visual. Recife, v.7, n.7, 2011.). Segundo ele, são necessárias mudanças na legislação para estabelecer uma transformação real.

Também parece que a Lei não mostra a obrigatoriedade de forma clara. Precisa criar uma lei específica para o tratamento da pessoa surda nas instituições do governo. Por exemplo: vídeos em Libras. Hoje a lei não é clara. Precisa criar uma lei clara. Também, o vídeo é preciso, por exemplo: ele lê o português, não entendeu nada, ele clica no vídeo e ali vão estar as informações, igual no site do Letras Libras que tem português e também tem o vídeo (Docente 4).

De acordo com o Docente 4, a página web do Curso Letras-Libras6 6 Página web do curso Letras-Libras da UFSC. < https://libras.ufsc.br/ > , ofertado pela UFSC, é um excelente exemplo de sucesso para a acessibilidade em Libras adotado durante a formação de docentes Surdos e não surdos, além de fornecer, de forma complementar, o conteúdo em Língua Portuguesa (CAMPELLO, 2008CAMPELLO, A. R. e S. Aspectos da visualidade na educação de surdos. 2008. 245 f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.). O participante reitera a necessidade de incluir vídeo em Libras nos sítios do governo brasileiro para facilitar o entendimento do Surdo: “como pesquisar, como fazer, incluir uma sequência que explique o conceito e o objetivo”. E conclui: “fica mais fácil em Libras!”.

Ao ser questionado se atualizava com frequência o Currículo Lattes, o Docente 4 afirmou:

Sempre, sempre! A palestra acabou, no mesmo dia eu coloco no Lattes. Também eu pesquiso referências. Por exemplo, o autor, eu olho se é do Brasil, se combina com minha pesquisa ou não, se é autor ou não, eu olho, também o livro eu olho, o Lattes também (Docente 4).

Após o relato das falas dos entrevistados, partiu-se para a abordagem de um outro ponto elencado para a análise dos dados da tarefa relacionado aos indicadores quantitativos, que são: o tempo gasto para realizar a tarefa, a quantidade de cliques acionados no mouse e a quantidade de telas navegadas pelo participante (Tabela 1).

Tabela 1
Tempo gasto e quantidade de cliques e telas durante a Tarefa

Observa-se que os números obtidos durante o cumprimento da tarefa, de acordo com a Tabela 1, alcançaram valores médios semelhantes para dois participantes (Docentes 1 e 4), com relação ao tempo gasto para concluir a tarefa. O tempo demandado pela Docente 2 foi superior à média, o que pode ser justificado pelo seu relato, o qual demonstra ser um usuário não frequente da página do Currículo Lattes. O Docente 3 demonstrou agilidade na navegação dos links, embora tenha se equivocado na escolha do link “Bancas” (julgadora e avaliadora).

Supõe-se que, quanto maior o número de cliques, mais longo foi o caminho percorrido pelo usuário em sua navegação pela página até a efetivação da tarefa. Esse comportamento do usuário serve como um indicativo de que foi necessário um tempo maior para concluir a tarefa. Por outro lado, infere-se que quanto maior a quantidade de termos utilizados na busca, mais refinado pode ser o resultado da consulta e maior a chance de sucesso para o cumprimento da tarefa. Além disso, as chances de sucesso dependem, também, da precisão do vocábulo adotado na busca, o que remete aos termos usados para a indexação da página na base de dados do navegador (ARAÚJO JÚNIOR; TARAPANOFF, 2006ARAÚJO JÚNIOR, R. H. de; TARAPANOFF, K. Precisão no processo de busca e recuperação da informação: uso da mineração de textos. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 3, p. 236-247, set./dez. 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ci/a/wshBz99WbXhPWtD8MLQpDLd/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 16 set. 2021.
https://www.scielo.br/j/ci/a/wshBz99WbXh...
).

Outro fator que pode interferir na satisfação do participante está relacionado com a experiência do usuário, ou seja, se já acessou previamente a página e a frequência de acesso, o que pode significar que ele lembra do login e da senha e não precisa recuperar. Além disso, pode servir como um indício de que já conhece o layout do sítio web, o percurso, o menu, as opções e as funcionalidades oferecidas para concluir a tarefa e alcançar o objetivo.

8 Considerações Finais

A internet e os recursos disponibilizados pela web são mecanismos capazes de promover a democratização da informação, sendo inegável o impacto para a melhoria na vida das pessoas, incluindo os Surdos, que passaram a dispor de fontes de informação e de comunicação mais tangíveis. No entanto, essas ferramentas também geraram imposições aos usuários que se viram forçados a acompanhar as mudanças com a Sociedade da Informação e do Conhecimento.

A realização da pesquisa, com a proposta de cumprimento da tarefa para preenchimento de dados no Currículo Lattes - CNPq, possibilitou conhecer algumas dificuldades e preferências de uma parcela de usuários pouco investigados na Ciência da Informação. A partir do relato dos docentes Surdos e da análise dos dados, foram elencadas algumas sugestões, sendo: (1) uso de textos curtos, com termos ‘simples e usuais’, o que remete ao conhecimento prévio do usuário de forma coloquial; (2) vídeos em Libras como complemento à informação textual da página; (3) uso de legenda em português nos vídeos para atender ao usuário, segundo a sua preferência; (4) emprego de intérprete humano nos vídeos em Libras, ao invés de um avatar, comumente disponibilizados por softwares de tradução automática português e Libras (por exemplo, VLibras); e (5) menus mais curtos e com opções mais intuitivas para viabilizar a experiência do usuário e a compreensão do significado dos termos.

Essas sugestões podem servir como recomendações de acessibilidade às equipes responsáveis pelo desenvolvimento de soluções web para páginas do governo brasileiro, como é o caso do Currículo Lattes - CNPq, não apenas para satisfazer às demandas dos usuários Surdos mas, possivelmente, atender os anseios de outros perfis de usuários que tenham as mesmas necessidades para melhorar a interação com a tecnologia e a informação.

A pesquisa constatou que já existem outras soluções voltadas para melhorar a interação do usuário Surdo na web, com a produção de conteúdo que atende às suas necessidades e considera sua primeira língua. É o caso da página web do Instituto Federal de Santa Catarina, Câmpus Palhoça bilíngue7 7 IFSC. Câmpus Palhoça bilíngue. Disponível em: < http://www.palhoca.ifsc.edu.br/index.php > Acesso em: 25 jan. 2020. , que conta com janelas de Libras, vídeos com legenda, imagens e escrita de sinais. No âmbito da administração federal, existe o “Dicionário de Libras - Termos político-legislativos8 8 Câmara dos Deputados. Acessibilidade. Dicionário de Libras - Termos político-legislativos. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/gestao-na-camara-dos-deputados/responsabilidade-social-e-ambiental/acessibilidade/dicionario-de-libras. Acesso em: 25 jan. 2020. ”, mantido pela Câmara dos Deputados e indicado como uma das soluções de acessibilidade ao cidadão.

Estudos de usuário servem para orientar o desenvolvimento de conteúdo para páginas web e podem reforçar a necessidade de criar ações de acessibilidade voltadas a todas as pessoas, desde a concepção do projeto. No entanto, ações efetivas que visem atender o usuário em suas especificidades ainda permanecem em evolução. Por isso, torna-se importante realizar investigações que considerem as experiências dos diferentes usuários que podem acessar as páginas web.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2022

Histórico

  • Recebido
    25 Jan 2020
  • Aceito
    18 Mar 2022
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