Resumo
Este artigo propõe uma análise crítica dos efeitos da militarização das políticas de segurança pública na trajetória de vida de jovens negros e no cotidiano de suas famílias, com ênfase nas dinâmicas da violência de Estado no contexto urbano do Rio de Janeiro. A partir de uma perspectiva interseccional, investigam-se as inter-relações entre raça, gênero, classe social e territorialidade na produção de experiências de sofrimento psíquico e resistência, esta concretizada em ações de mobilização social. O estudo fundamenta-se metodologicamente na cartografia, privilegiando narrativas de mulheres, especialmente mães de vítimas da letalidade policial, que ressignificam o luto em ações políticas voltadas à memória, à justiça e à reparação histórica. As trajetórias dessas mulheres são compreendidas como formas de resistência ao genocídio da juventude negra, representando sujeitos políticos emergentes na luta por direitos. Finalmente, discute-se o papel ético da Psicologia nesse cenário, apontando para a necessidade de seu comprometimento ativo com a promoção dos direitos humanos, da equidade racial e da valorização da vida.
Palavras-chave:
Psicologia; Segurança pública; Necropolítica; Interseccionalidade; Direitos humanos