EDITORIAL
Ao analisarmos os artigos que se fazem presentes na revista Psicologia: Ciência e Profissão, em seu número 31.3, podemos observar diferentes expressões da Psicologia na produção acadêmica brasileira e na prática profissional de psicólogos.
A Psicologia, ao comemorar 50 de anos de profissão, em 2012, traz consigo um legado de mudanças, de transformações que passam pela ampliação da compreensão do humano - quer pela diversidade de abordagens, quer pelo número de temáticas estudadas.
Crianças, adolescentes, adultos, idosos, indivíduos, instituições, representações sobre a realidade, propostas de atuação profissional, a morte, os registros profissionais, as formas de avaliação e de tratamento... todas essas dimensões, abordadas por pesquisas ou discussões apresentadas neste número da revista, estão presentes no campo da Psicologia como Ciência e Profissão.
É importante considerar que discussões que se fazem presentes no campo psi, principalmente nos últimos 30 anos, no bojo de implantação do Estado democrático brasileiro, possibilitaram que a Psicologia fosse uma das profissões que mais tem se destacado na realização de questionamentos às suas finalidades e ao seu destino.
Podemos afirmar que nenhuma das áreas da Psicologia permanece a mesma no interior do Estado democrático!!! As questões postas pela sociedade atual, os desafios de uma sociedade ainda marcada pela desigualdade social e em que direitos básicos são violados trazem para o campo da Psicologia a necessidade de compreender o humano e o processo de constituição da subjetividade no campo dos determinantes sociais, históricos, políticos e culturais.
Pesquisa recente sobre o perfil do profissional em Psicologia no Brasil aponta na direção de ampliação de inserções dos psicólogos no âmbito das políticas públicas, principalmente nas áreas de saúde, assistência social e educação. Essa presença do psicólogo nesses campos e a proximidade cada vez maior com populações excluídas inserem, na formação profissional e na atuação, questões de outra natureza que precisam ser respondidas e consideradas.
Muito temos a fazer e a refletir: estariam nossas teorias suficientemente consolidadas permitindo compreender a complexidade da constituição do humano? Nossos métodos nos permitem uma aproximação com a realidade social e com a complexidade do humano? Que mediações precisamos construir para compreender os significados atribuídos pelos indivíduos à sua existência e atuação?
Se tomarmos para nós as provocações presentes nos versos de Fernando Pessoa, as respostas a essas perguntas indicam que temos ainda muito que caminhar:
Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
22 Nov 2011 -
Data do Fascículo
2011