Resumo
Este texto tem como objetivo refletir a respeito da pretensa universalidade do conhecimento, discutindo o modo como explicações eurocêntricas sobre o mundo acabam por orientar nossa produção acadêmica. Parte-se da ideia de que a colonialidade epistemológica, ao designar aquelas(es) que teriam direito de produzir teorias, acaba por criar uma série de não existências o que, em última instância, leva ao desperdício de experiências. A partir do conceito de pensamento de fronteira, desenvolvido pela perspectiva decolonial, trago a obra da escritora Carolina Maria de Jesus para discutir a possibilidade de se pensar a realidade a partir da ferida aberta pela diferença colonial. Com suas narrativas, Carolina permite que se compreenda que o conhecimento é gerado a partir de uma geopolítica que procura excluir algumas vozes e que, a despeito de incontáveis estratégias de subalternização, essas vozes teimam em resistir. Deseja-se aqui desempalidecer epistemes e produzir olhares “outros” para a produção de conhecimento em psicologia social.
Palavras-chave:
Colonialidade; Feminismos; Intervenções Psicossociais; Carolina Maria de Jesus