Resumo
Este estudo analisa as concepções de bem-estar entre homens e mulheres indígenas dos povos Karajá e Javaé e não indígenas da região Centro-Oeste do Brasil, considerando os efeitos do gênero na construção dessas percepções. Fundamentado em abordagens decoloniais e críticas à hegemonia dos modelos WEIRD de bem-estar, foram realizados seis grupos focais e um grupo operativo para validação com participação de indígenas estudantes da Licenciatura Intercultural da Universidade Federal de Goiás (UFG) e adultos não indígenas. As respostas às três perguntas norteadoras foram analisadas por meio de nuvens de palavras e redes de sentido. Os resultados indicam que, em todos os grupos, relações interpessoais e familiares aparecem como centrais para o bem-estar. No entanto, entre os indígenas, há ênfase nas relações comunitárias, cultura e espiritualidade; entre os não indígenas, sobressaem o autocuidado, conquistas individuais e estabilidade emocional. A análise de gênero revela a influência de papéis sociais distintos, especialmente entre mulheres indígenas, cuja percepção de bem-estar está fortemente ligada à família e à vida comunitária. As diferenças encontradas evidenciam a importância de considerar epistemologias plurais e contextos culturais na compreensão do bem-estar. Contribui-se, assim, para uma Psicologia Positiva mais crítica, inclusiva e sensível à diversidade de modos de vida.
Palavras-chave:
Bem-estar; Povos indígenas; Decolonialidade; Gênero