Open-access O Florir da Violeta: Um Estudo de Caso em Avaliação Terapêutica

The Flowering of Violet: A Case Study In Therapeutic Assessment

La Flor de la Violeta: Un Estudio de Caso en Evaluación Terapéutica

Resumo

A Avaliação Terapêutica (AT) é um processo avaliativo e interventivo proposto para ser semiestruturado e colaborativo com o objetivo de promover mudanças positivas no cliente, que é convidado a ter uma participação ativa durante o processo. Na AT, os resultados dos testes psicológicos padronizados ganham destaque como facilitadores do processo de autoconhecimento do cliente. Desse modo, usualmente, integram-se os achados de testes psicológicos de autorrelato com os métodos projetivos para gerar informações que possam ampliar a visão que o cliente tem de si. Neste artigo, buscou-se compreender o potencial de uso dos testes psicológicos e da relação colaborativa a partir de um caso atendido na perspectiva da AT. A participante, Violeta (nome fictício), foi atendida em 10 sessões com duração entre 60 e 115 minutos. Foram utilizados os testes psicológicos Escala de Bem-Estar Psicológico (Ebep), Escala de Vulnerabilidade e Estresse no Trabalho (Event), Bateria Fatorial de Personalidade (BFP), Método de Rorschach e Inventários de Habilidades Sociais 2 (IHS-2). Observou-se que, durante o processo, Violeta ampliou sua autopercepção, o que possibilitou mudanças no modo de agir em seus relacionamentos amorosos e na reflexão sobre como sua postura era vista por si e por seus colegas de trabalho. Acredita-se que a AT cumpriu com o objetivo de estabelecer uma experiência terapêutica que possibilitasse mudanças positivas para a cliente. Este estudo de caso contribuiu para ampliar a compreensão sobre a importância e o uso dos testes psicológicos neste modelo de avaliação psicológica.

Palavras-chave: Avaliação Terapêutica; Sofrimento Psíquico; Avaliação Psicológica

Abstract

The Therapeutic Assessment (TA) is an evaluative and interventional process proposed to be semi-structured and collaborative with the objective of promoting positive changes in the client, who is invited to have an active participation during the process. At the TA, the results of standardized psychological tests are highlighted as facilitators of the client’s self-knowledge process. In this way, the findings of psychological self-report tests are usually integrated with projective methods to generate information that can broaden the client’s view of themselves. In this article, understanding the potential use of psychological tests and of the collaborative relationship from a case treated from the TA perspective was sought. The participant, Violet (fictitious name), was assisted in 10 sessions lasting between 60 and 115 minutes. The psychological tests Psychological Well-Being Scale (EBEP), Vulnerability and Stress at Work Scale (EVENT), Personality Factorial Battery (BFP), Rorschach Method and Social Skills Inventories 2 (IHS-2) were used. It was observed that, during the process, Violet increased her self-perception, which allowed changes in her way of acting in her love life and in her reflection on how her posture was seen by herself and herco-workers. It is believed that TA fulfilled the objective of establishing a therapeutic experience that would enable positive changes for the client. This case study contributed to broaden the understanding about the importance and use of psychological testing in this psychological assessment model.

Keywords: Therapeutic Assessment; Psychological Suffering; Psychological Assessment

Resumen

La Evaluación Terapéutica (ET) es un proceso de evaluación e intervención que se propone ser semiestructurado y colaborativo, con el objetivo de lograr cambios positivos en el cliente, quien es invitado a tener participación activa durante el proceso. En la ET se destacan los resultados de las pruebas psicológicas estandarizadas como facilitadoras del proceso de autoconocimiento del cliente. Los hallazgos de las pruebas psicológicas de autoinforme suelen integrarse con métodos proyectivos para generar información que pueda ampliar la visión que el cliente tiene de sí mismo. En este artículo se buscó comprender el uso potencial de las pruebas psicológicas y de la relación colaborativa a partir de un estudio de caso tratado desde la perspectiva de la ET. Atendieron a la participante Violeta (nombre ficticio), en 10 sesiones que duraron entre 60 y 115 minutos. Se utilizaron las pruebas psicológicas Escala de Bienestar Psicológico (EBEP), Escala de Vulnerabilidad y Estrés en el Trabajo (EVENT), Batería de Factorial de la Personalidad (BFP), Método de Rorschach e Inventario de Habilidades Sociales 2 (IHS-dos). Se observó que, durante el proceso, Violeta amplió su autopercepción, lo que permitió cambios en la forma de actuar en sus relaciones amorosas y en el reflejo de como ella y sus compañeros de trabajo veían su postura. Así, se cree que ET ha cumplido el objetivo de establecer una experiencia terapéutica que permitió cambios positivos a la cliente. Este estudio contribuyó a ampliar la comprensión sobre la importancia y el uso de las pruebas psicológicas en este modelo de evaluación psicológica.

Palabras clave: Evaluación Terapéutica; Sufrimiento Psíquico; Evaluación Psicológica

Introdução

A Avaliação Terapêutica (AT) consiste em um modelo interventivo, semiestruturado e colaborativo de Avaliação Psicológica (AP), cujo objetivo consiste em possibilitar aos clientes maior autoconhecimento, favorecendo o desenvolvimento de mudanças positivas em suas vidas (Finn, 2007/2017). Esse modelo de AP foi desenvolvido por Stephen Finn e por colaboradores nos Estados Unidos, e surge com uma perspectiva fenomenológica. Expandiu-se, posteriormente, para outros países, como Itália, França, Japão e, após a publicação do artigo de Villemor-Amaral (2016), também se tornou foco de pesquisas no Brasil.

Apesar de ser recente a introdução da AT no contexto de AP brasileira, não é nova a discussão e mudança de perspectiva da AP tradicional para uma proposta de AP mais acolhedora e interventiva, que não se restrinja a coleta de informações, diagnósticos e possibilidades de tratamento, mas que possa também viabilizar benefícios terapêuticos diretos (Villemor-Amaral, 2016). Nesse sentido, surgem diferentes tipos de AP interventiva, como o Psicodiagnóstico Interventivo (PI), Psicodiagnóstico Interventivo de Orientação Psicanalítica (Piop) ou a própria AT, os quais se propõem a ter um olhar mais humanizado para o cliente a partir de diferentes bases teóricas e métodos investigativos (Scaduto, Cardoso, & Heck, 2019).

O PI, por exemplo, com base fenomenológico-existencial, foca no acolhimento e utiliza técnicas de entrevista e observações para investigar as demandas avaliadas, além de mobilizar reflexões sobre a história de vida e de comportamentos do cliente que sejam necessárias para a avaliação. Enquanto o Piop tem seus princípios baseados na psicanálise, com pressupostos interpretativos para a avaliação. Assim, foca em método e técnicas que utilizam a associação livre, sendo os resultados interpretados pela avaliadora e dialogados com o cliente (Scaduto et al., 2019).

O que torna a AT diferente desses exemplos de AP interventiva é ser uma avaliação inteiramente apoiada no uso de testes psicológicos, mesclando instrumentos de autorrelato e projetivos, somando-se a utilização de técnicas de entrevista, de intervenção e de sumarização dos resultados, além de se propor a acompanhar o cliente após a finalização do processo. A AT prioriza o diálogo e o compartilhamento dos resultados apontados pelos instrumentos durante toda a avaliação. Dessa forma, busca a inclusão do cliente em seu processo de autoconhecimento, não sendo utilizada a interpretação dos resultados apenas pela terapeuta, mas o sentido dado por ambos, cliente e terapeuta, na relação terapêutica (Villemor-Amaral, 2016).

O uso dos testes psicológicos, então, extrapola a finalidade de gerar um diagnóstico, de planejar ou de compreender melhor o tratamento, uma vez que, na AT, é esperado que os resultados dos testes psicológicos sejam explorados de modo a promover mudanças positivas no âmbito individual e coletivo do cliente (Finn & Chudzik, 2010; Finn & Tonsager, 1992; Kamphuis & Finn, 2019). A partir dos estudos internacionais de eficácia terapêutica, observou-se que a AT pode ser caracterizada como um modelo abrangente de avaliação psicológica terapêutica ou de intervenção terapêutica breve, dependendo da aplicação e do objetivo clínico do modelo, bem como dos fatores que levaram o cliente a buscar apoio psicológico (Finn & Tonsager, 1992; Poston & Hanson, 2010; Smith, 2010).

A proposta da AT envolve seis etapas, que servem para orientar toda a avaliação. Essa divisão em etapas não deve ser encarada com rigidez no processo avaliativo, mas como facilitadora para psicólogas iniciantes neste modelo de atendimento, além de recurso para ensino/pesquisa (Finn, 2007/2017). Logo é permitida à psicóloga a flexibilidade no modo de estruturar cada uma dessas etapas conforme as demandas do cliente, da própria psicóloga e da relação terapêutica estabelecida (Villemor-Amaral, 2016). Assim, a AT é composta pelas seguintes etapas: sessões iniciais, sessões de aplicação de testes padronizados, sessão de intervenção, sessão de resumo e discussão, entrega da devolutiva por escrito e, por último, sessão de acompanhamento.

As sessões iniciais consistem na escuta do cliente e de suas demandas. O cliente é convidado a falar sobre suas dúvidas, dificuldades ou incertezas, e estimulado a elaborar perguntas sobre si mesmo, que deverão nortear o processo avaliativo (Finn, 2007/2017). De acordo com Finn (2012), essa etapa usualmente ocorre em uma ou duas sessões e é esperado que a terapeuta promova um ambiente em que o cliente se sinta calmo, pouco envergonhado e mais curioso sobre si, preparando o terreno para as possíveis mudanças terapêuticas que a avaliação possa ocasionar. Ao longo dos anos, tem se observado que, quando o processo é baseado nos questionamentos dos próprios clientes, estes tendem a aceitar com mais facilidade novas informações, visto que o processo focado no cliente gera um ambiente mais confortável e curioso diante do processo avaliativo (Finn, 2012; Kamphuis & Finn, 2019). Além disso, nessa etapa, a psicóloga obtém informações sobre a dinâmica de funcionamento do cliente, podendo investigar anseios, preocupações e temores sobre a avaliação (Finn, 2007/2017).

Nas sessões de aplicação dos testes padronizados, objetiva-se compreender aspectos do funcionamento psíquico do cliente que sejam pertinentes para responder às perguntas norteadoras (Finn, 2007/2017).Nesse sentido, recomenda-se que seja realizada uma avaliação multimétodo e que sejam usados testes de autorrelato e projetivos (De Saeger, 2014; Finn, 2011, 2007/2017; Sholander, O’Gorman, & Roy, 2018; Smith, 2010). A combinação desses métodos fornece dados nomotéticos que facilitam ao cliente compreender as respostas às suas perguntas ao mesmo tempo em que se asseguram informações idiográficas que evidenciam as particularidades do funcionamento psíquico do cliente (Martin & Frackowlak, 2017).

Finn (2007/2017) e Kamphuis e Finn (2019) ressaltam a importância de explicar para o cliente o motivo da escolha de cada instrumento, relacionando-o com as perguntas norteadoras, bem como de seguir as normas padronizadas no manual dos instrumentos para assegurar a validade e a precisão dos dados gerados. No Brasil, é necessário que os testes psicológicos utilizados estejam em conformidade com os critérios mínimos indicados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi) (Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2018).

Após a aplicação dos instrumentos, é comum realizar um inquérito estendido, isto é, discute-se sobre o teste respondido, proporcionando um espaço para que o cliente sinalize suas percepções quanto ao instrumento (Aschieri, 2012; Kamphuis & Finn, 2019; Villemor-Amaral & Resende, 2018). Nesse momento, a psicóloga aproveita para compartilhar também algumas impressões que teve durante a realização das atividades propostas (Finn, 2007/2017). O inquérito estendido pode se concentrar em qualquer aspecto que o cliente ou que a psicóloga considere importante para discutir, seja para abordar sobre a experiência de realizar o teste ou para discutir o conteúdo gerado pelo teste, tal como exemplificado nos casos relatados por Villemor-Amaral e Finn (2020). Quando se oferece ao cliente esse lugar de fala e de escuta dos seus sentimentos e dos seus pensamentos em relação aos testes, cria-se um ambiente cooperativo e motivador para o indivíduo (Finn, 2007/2017).

A sessão de intervenção, que constitui o terceiro passo da AT, deve possibilitar ao cliente a observação dos padrões de comportamento que ocasionam problemas em sua vida e que estão relacionados às respostas para suas perguntas, encorajando-o a perceber e a experimentar reações diferentes daquelas que frequentemente tem diante das situações que lhe geram incômodo. Pode-se dizer que a intervenção tem como objetivo ampliar a visão panorâmica do cliente sobre as perguntas norteadoras e descobrir novas maneiras de ser, de pensar e/ou de agir. Desse modo, para planejar a intervenção, a psicóloga precisa revisar e integrar cuidadosamente os resultados obtidos nos testes psicológicos com as informações obtidas sobre a história de vida e clínica do cliente sem perder o foco das perguntas norteadoras (Finn, 2007/2017).

A sessão de resumo e discussão, quarta etapa do processo, consiste em organizar todos os resultados da avaliação de modo a facilitar o diálogo e a compreensão do cliente. Os resultados são discutidos a partir dos níveis de percepção que o cliente tem sobre si mesmo (Finn, 2011). Assim, os resultados são mais facilmente compreendidos e aceitos pelo cliente quando são expostas, primeiramente, as informações que confirmam o que o cliente pensa sobre si. Sugere-se que, em seguida, sejam apresentados os conteúdos que reformulam ou que ampliam a visão que o cliente tem de si mesmo. Não é recomendado que sejam apresentados os resultados mais densos que poderiam conflitar totalmente com a forma como os clientes se percebem, pois essas informações requerem um aprofundamento da autopercepção do cliente, o que demanda tempo, sendo resultados mais indicadas para processos terapêuticos de médio e de longo prazo. Essa forma de comunicação dos resultados é importante por possibilitar diminuir a probabilidade de o cliente responder de forma defensiva aos resultados ou de ficar ansioso diante do processo avaliativo (Finn, 2007/2017). A sessão de resumo e discussão caracteriza a natureza colaborativa da AT ao considerar que as respostas às perguntas são discutidas com o cliente, sem apresentar para ele dados definitivos sobre sua forma de ser. Desse modo, maximizam-se os efeitos que os resultados do processo avaliativo podem ter na vida do cliente (Martin & Frackowlak, 2017).

Na quinta etapa, a psicóloga escreve e envia ao cliente uma carta, na qual são registrados os resultados da avaliação, utilizando exemplos, metáforas e imagens fornecidas pelo cliente que são significativas para ele e contextualizadas em sua vida (Finn, 2007/2017). No Brasil, algumas psicólogas têm optado por fornecer ao cliente um laudo psicológico (Fernandes, Targino, Giasson, & Cardoso, 2021), pois o formato carta, ainda que tecnicamente respaldado no modelo de AT, não é um documento regulamentado pelo Conselho Federal de Psicologia (2019).

O último passo da AT é a sessão de acompanhamento, em que ocorre o reencontro entre o cliente e a psicóloga após um período de dois a três meses. O objetivo dessa sessão é propiciar um novo momento de diálogo sobre a avaliação para verificar como o cliente está em relação às demandas abordadas e para conferir se, eventualmente, surgiram novas questões a partir do processo avaliativo realizado (Finn, 2007/2017; Smith, Eichler, Norman, & Smith, 2015).

Ressalta-se que é comum as sessões da AT serem gravadas com recursos audiovisuais (Finn, 2007/2017). Esse procedimento facilita que a psicóloga analise com atenção especificidades do caso, além de possibilitar a utilização dos vídeos como recurso durante as sessões de intervenção (Finn, 2007/2017) e de facilitar o registro para o desenvolvimento de pesquisas. De acordo com Thomas (2019), o êxito na AT está relacionado com a capacidade de a psicóloga compreender o cliente e de este sentir que suas questões foram entendidas e respeitadas pela profissional, bem como de o processo de investigação e de respostas das perguntas norteadoras possibilitarem alguma mudança significativa na vida do cliente. Além disso, é necessário que a psicóloga se apresente de forma empática durante todo o processo e que se mantenha em contato com seu desejo de ajudar, com suas emoções particulares e com suas fragilidades (Finn, 2007/2017).

Tendo em vista que as discussões sobre a AT foram recentemente introduzidas no Brasil (Villemor-Amaral, 2016), é importante a compreensão dos mecanismos que a fazem funcionar (Fernandes et al., 2021; Villermor-Amaral, 2016; Villemor-Amaral & Resende, 2018). A condução de estudos de casos pode ser considerada uma estratégia primária à apreensão e compreensão de como a AT funciona. Destaca-se que, a partir do estudo de caso, outros profissionais poderão entender as etapas de condução do processo de AT em seus pressupostos teóricos, bem como observar os desdobramentos da aplicação prática. Desse modo, este artigo tem por objetivo compreender o potencial de uso dos testes psicológicos e da relação colaborativa a partir de um caso atendido na perspectiva da AT, descrevendo os delineamentos adotados em cada etapa pela terapeuta que conduziu o atendimento e a viabilidade de uso desse modelo no Brasil.

Método

Participante

Violeta (nome fictício), mulher, 38 anos de idade, solteira, residia com uma colega e atuava em um cargo de gestão numa instituição pública. Violeta havia tido um relacionamento estável alguns anos antes do atendimento, mas terminou após o noivo ter sido infiel e, desde então, preferiu relacionamentos pontuais. Além disso, durante as férias do trabalho, Violeta viajava para outro país, onde cursava um MBA, contudo sentia que não estava se dedicando adequadamente para essa formação.

Instrumentos

Os cinco testes psicológicos utilizados no processo de AT da Violeta foram escolhidos a partir das perguntas norteadoras da cliente. Todos estavam com parecer favorável para uso pelo Satepsi, sendo detalhados a seguir.

A Escala de Bem-Estar Psicológico (Ebep) avalia o nível de bem-estar psicológico em seis dimensões, a saber: relações positivas com outros, autonomia, domínio do ambiente, crescimento pessoal, propósito na vida e autoaceitação. É composta por 18 itens, respondidos em uma escala de cinco pontos (Machado, Bandeira, & Pawlowski, 2013).

A Escala de Vulnerabilidade e Estresse no Trabalho (Event), objetiva avaliar o quanto as condições de trabalho se associam à vulnerabilidade e ao estresse em um indivíduo. É composta por 40 itens e os resultados são apresentados por quatro diferentes fatores, a saber: clima e funcionamento organizacional, pressão no trabalho, infraestrutura e rotina, além do fator geral (Miguel & Noronha, 2007).

A Bateria Fatorial da Personalidade (BFP), que visa avaliar a personalidade do indivíduo a partir do modelo dos Cinco Grandes Fatores, que inclui as dimensões neuroticismo, extroversão, socialização, realização e abertura à experiência. É um instrumento autoaplicável composto por 126 itens com respostas em escala do tipo Likert de sete pontos (Nunes, Hutz, & Nunes, 2014).

O Método de Rorschach, que é composto por dez pranchas que exibem borrões de tinta com contornos pouco definidos e tem por objetivo avaliar a personalidade do indivíduo. Neste estudo, sua administração foi realizada de acordo com o Sistema de Avaliação por Performance (R-PAS) de Meyer, Viglione, Mihura, Erard e Erdberg (2017).

O Inventário de Habilidades Sociais 2 (IHS-2) é um instrumento de autorrelato com objetivo de aferir o repertório de habilidades sociais do indivíduo nos contextos do trabalho, da escola, da família e do cotidiano. É composto por 38 itens que abordam habilidades consideradas indispensáveis para relações saudáveis e bem-sucedidas (Del Prette & Del Prette, 2018).

Procedimentos

Este estudo de caso deriva de um projeto mais amplo que objetiva avaliar a contribuição de estratégias usadas na Avaliação Terapêutica para o diagnóstico e o enfrentamento do sofrimento psíquico. Após aprovação do projeto de pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, ele foi divulgado e os voluntários passaram por uma triagem para verificar os critérios de inclusão, que era estar vivenciando uma situação de sofrimento psíquico; e os critérios de exclusão, que foram apresentar sintomas psicóticos ou quadros psicopatológicos agudos.

O primeiro encontro com Violeta ocorreu no momento da triagem, quando a cliente concordou em participar voluntariamente da pesquisa e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), autorizando as filmagens audiovisuais das sessões. Após concluir que a cliente estava apta para participar da pesquisa, considerou-se a disponibilidade da psicóloga e da cliente e agendou-se a primeira sessão da avaliação. Os atendimentos foram realizados no Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) de uma universidade pública e conduzidos por uma psicóloga que cursava mestrado acadêmico na mesma instituição. O processo avaliativo se desdobrou em 10 atendimentos presenciais, que tiveram duração entre 60 e 115 minutos, ocorridos em 2019. As informações relevantes do caso foram descritas, seguindo a estrutura proposta da AT, e passaram por uma análise qualitativa.

Resultados

Passo 01 - sessões iniciais

A primeira sessão de AT com a Violeta ocorreu sete meses após a triagem e foram necessários três encontros para formulação das perguntas norteadores. A psicóloga justificou a necessidade de estender o número de sessões iniciais para respeitar o ritmo da cliente, que demandou tempo para se permitir acessar de modo autêntico seus conflitos internos.

Como ponto de partida dessas sessões, a psicóloga retomou com Violeta a explicação de como se daria o processo de AT, ressaltando o caráter colaborativo dos atendimentos. A psicóloga incentivou que Violeta contasse como se sentia e se tinha dúvidas sobre si mesma que pudessem ser respondidas por meio do processo avaliativo. A cliente demonstrava atenção e expressava sua opinião com facilidade por meio de um discurso coerente com o curso da sessão, sugerindo boa organização do pensamento. Entretanto constantemente recorria ao relato de fatos ocorridos na relação com outras pessoas para falar de si, indicando um funcionamento, predominantemente, racional e autocentrado com dificuldade para expressar suas emoções.

Violeta também abordou sobre sua dificuldade de confiar nas pessoas devido aos traumas ocorridos em seu contexto de vida, que foram caracterizados por ela como traições. Essas situações traumáticas reverberaram no modo de funcionar da cliente, que priorizava comumente o lado negativo das situações que vivenciava. Ademais, relatou ter dificuldades em desempenhar seu papel como gestora, por não conseguir falar com assertividade com sua equipe de trabalho e por não ser capaz de se organizar nas diversas atividades que exercia, como o MBA e o trabalho.

No final dessa etapa, as demandas apresentadas pela cliente se mantiveram associadas ao trabalho e aos relacionamentos interpessoais. As perguntas norteadoras elaboradas foram “Como posso melhorar para me adaptar ao contexto de liderança?”; “Como posso me organizar para dar conta de todas minhas tarefas?”; e “Por que eu penso em desistir quando tenho dificuldades?”.

Passo 02 - sessões de testes padronizados

Para contemplar as perguntas norteadoras elaboradas pela cliente, optou-se pela utilização de cinco instrumentos psicológicos administrados no decorrer de quatro sessões. Na primeira sessão destinada à aplicação dos testes, administrou-se a Event, abordando, primeiramente, o conteúdo observado como mais emergente nos atendimentos anteriores, isto é, as dificuldades apresentadas no contexto laboral. Os resultados da Event indicaram, no fator geral, ausência de vulnerabilidade e estresse no trabalho, e nível superior de estresse e vulnerabilidade no fator específico pressão no trabalho. Após responder à Event, Violeta mencionou que alguns itens provocaram reflexões no que tange a aprender a delegar responsabilidades e tarefas ao grupo que coordenava. Também percebeu que, muitas vezes, evitava tomar decisões para não correr o risco de errar. Além disso, a cliente ressaltou que o instrumento não avaliava suas reais dificuldades no contexto laboral, visto que muitos dos seus conflitos laborais enfrentados se relacionavam com a equipe coordenada por ela, apontando “O que pode gerar estresse também são . . . comportamentos de algumas pessoas. Aqui não tem isso, porque fala só do superior . . . mas existe o assédio moral inverso também, dos inferiores para com os gestores”.

Na mesma sessão, foi administrada a Ebep, com o objetivo de investigar o funcionamento psicológico positivo. O resultado do fator geral indicou bem-estar psicológico com maiores índices nos fatores específicos de autonomia e aceitação de si e menores pontuações nos fatores domínio do meio e relações positivas. Nessa sessão, a cliente sinalizou que estava se sentindo mais confortável para falar sobre si: “estou me sentindo bem, estou me sentindo à vontade”, o que lhe proporcionava melhor percepção sobre si, reconhecendo que algumas mudanças em sua postura poderiam ser favoráveis: “com relação ao meu trabalho, eu tô [sic] me sentindo melhor, eu acho que posso ajustar algumas coisas”.

Na segunda sessão da aplicação de testes padronizados, foi utilizada a BFP com o objetivo de verificar aspectos da personalidade da cliente. Por meio da BFP, verificou-se que três das quatros facetas do neuroticismo estavam acima da média normativa, a saber: instabilidade, passividade e depressão. Todas as facetas de extroversão, isto é, a comunicação, a altivez, o dinamismo e as interações sociais se apresentaram acima da média. Em relação à socialização, duas facetas se revelaram abaixo da média normativa, que foram confiança e prossociabilidade. Das três facetas de realização, apenas ponderação se mostrou abaixo da média. No que se refere às facetas de abertura, a busca por novidades ficou acima da média, e a abertura a ideias se apresentou abaixo da média esperada.

Durante o inquérito estendido da BFP, Violeta relatou que, frequentemente, não dava a devida atenção ao que outras pessoas falavam por se manter concentrada em seus próprios pensamentos. A cliente afirmou que esse comportamento também ocorria durante os atendimentos, ocasionando desatenção sobre assuntos que a psicóloga abordava.

Na terceira sessão da aplicação de testes padronizados, foi administrado o Rorschach, objetivando avaliar aspectos emocionais e de relacionamento interpessoal da Violeta. Em um protocolo de 26 respostas, a cliente apresentou elevada produtividade (Pu = 3), propensão para fantasia e para ideação passiva (Mp/Ma+Mp aumentado), além de interpretar as experiências de modo mais individualista e subjetivo (FQu% aumentado). Além disso, demonstrou tendência a comportamentos mais agressivos (AGM aumentado).

Na sessão seguinte, a psicóloga introduziu o inquérito estendido retomando duas das respostas que a cliente deu no teste de Rorschach. A primeira foi uma resposta dada ao cartão II (R6):

Aqui embaixo (Dd99), eu vejo dois animais com as cabeças unidas, como se fosse um enfrentamento. Como se essa imagem aparentemente representasse união e confronto ao mesmo tempo. É como se ela passasse a ideia de união e confronto ao mesmo tempo.

A segunda resposta foi a da prancha IX - R24: “Duas cabeças (D11) de um animalzinho com um olhinho bem desconfiado (DdS29)”. A cliente, imediatamente, relacionou a resposta da prancha II com suas vivências como gestora, pois acreditava que seu papel seria o de propor a união da equipe, mas acabava ocupando-se muito mais com os confrontos. Já no que se refere à resposta da prancha IX, Violeta afirmou que o animalzinho poderia ser ela mesma, por se considerar uma pessoa bastante desconfiada.

Na quarta e última sessão da aplicação de testes padronizados, foi administrado o IHS-2. Ao saber sobre o teste que seria administrado, Violeta comentou que não tinha habilidades sociais e precisava desenvolvê-las. No entanto os resultados apontaram para um alto índice no fator geral em habilidades sociais. Os fatores conversação assertiva, abordagem afetivo-sexual, autocontrole/enfrentamento e desenvoltura social estavam acima da média, e o único fator específico na média foi expressão de sentimento positivo. Não houve fatores abaixo da média. Após aplicação do IHS-2, Violeta, espontaneamente, verbalizou que seguir as regras é algo muito importante para ela, por isso faz questão de as cumprir e busca não fazer nada errado. Dessa forma, se percebe sendo vista como uma pessoa chata e burocrática. Em seguida, Violeta fez uma associação com os conflitos no trabalho, afirmando que buscava ser correta em suas ações, mas os colegas de trabalho preferiam soluções menos burocráticas, mesmo se essas conflitassem com as regras estabelecidas.

Passo 03 - sessão de intervenção

A etapa correspondente à intervenção ocorreu em um único atendimento. Considerando que as demandas de Violeta perpassavam pelo modo como ela estabelecia as relações interpessoais e o fato de Violeta evitar falar sobre como se sentia e ter um funcionamento mais racional, a psicóloga propôs conduzir um diálogo aberto a partir de dois direcionamentos principais. O primeiro foi conversar sobre a relação estabelecida entre a psicóloga e a cliente, e o outro foi abordar sobre a percepção de si que a cliente apresentou no decorrer do processo.

A sessão foi iniciada com Violeta relatando seu desligamento do cargo de gestão por pressão dos profissionais que compunham sua equipe. A cliente se mostrou bastante mobilizada mediante o contexto apresentado e conseguiu expressar com mais facilidade suas emoções ao responder perguntas da psicóloga sobre seus sentimentos, diferente de como ela agia nas sessões anteriores.

Algumas falas são importantes de serem destacadas, pois demonstraram o acesso da cliente a conteúdos mais subjetivos: “Eu não sei mais nem como reagir, mas eu não aguento mais a pressão que eu tô sofrendo no trabalho, entendeu!?”; “Eu tô me sentindo mal, bem mal com tudo isso, eu fico entristecida”. Nesse momento, a psicóloga sinalizou a importância de a cliente considerar o que estava sentindo e de não apenas ignorar seus sentimentos. Violeta concordou, dizendo “eu tava passando por tantas coisas que até a imagem de como eu era eu já tinha esquecido”, ressaltando que saber como os outros a enxergavam interferia em sua autoimagem.

Em outro momento da sessão, a cliente ressaltou estar triste por não conseguir conciliar as diversas atividades que exercia, ao ponto de ignorar sua saúde, e compreendeu que sair do cargo terminou sendo benéfico para ela, mas que gostaria de ter passado a imagem de uma mulher forte. Ademais, diante da situação vivenciada, a cliente se percebeu buscando o auxílio de pessoas que confiava para conversar. Nessa situação, a psicóloga ressaltou que era a primeira vez que a cliente verbalizava, nos atendimentos, a atitude de confiar em alguém.

Passo 04 - sessão de resumo e discussão

A sessão de resumo e discussão ocorreu em apenas um atendimento, no qual foram retomadas as perguntas norteadoras e apresentados os resultados dos instrumentos utilizados. A psicóloga iniciou o atendimento explicando o objetivo da sessão, que era discutir e relacionar os resultados dos testes com as perguntas norteadoras. Antes da discussão dos resultados avaliativos, Violeta mencionou que notava uma postura própria diferente e mais positiva diante dos conflitos e das situações que, no início do processo de AT, geravam sofrimento para ela. Durante todo o diálogo, foi incentivado que a cliente verbalizasse suas percepções e os sentidos que atribuía diante do que lhe era apresentado.

Em um momento da sessão, a psicóloga apresentou para Violeta que seus resultados apontavam para uma tendência a não perceber aspectos positivos nas relações interpessoais. Então Violeta afirmou: “posso estar começando a perceber que as relações estão precisando ficar mais positivas”. A psicóloga relembrou as dificuldades que a cliente demonstrou para expressar sentimentos positivos e de estabelecer relações saudáveis. Nesse sentido, Violeta verbalizou:

Às vezes, eu acho que o problema tá em mim ou às vezes, eu acho que posso ter impressões distorcidas ou criadas de algumas pessoas. E eu não posso dizer que a minha impressão é uma verdade. Então, quando eu tenho alguma impressão ruim de alguma pessoa, eu me isolo. E, às vezes, a imagem que eu construo, eu acabo consolidando.

A psicóloga questionou Violeta sobre o que ela havia aprendido sobre si mesma com os conflitos vivenciados no trabalho enquanto atuava no cargo de gestão. A cliente respondeu: “Aprendi que eu não tenho condições de manter a saúde e o cargo de gestão. Assumir isso é triste, é triste pra realidade”. No diálogo, a cliente concordou com a psicóloga sobre a importância da ampliação do autoconhecimento para compreender o que faria sentido investir em sua vida. Violeta também disse que desempenhava muitas funções e que gostava de um ritmo de vida mais acelerado, mas que o cargo de gestão estava tirando seu tempo de realizar outras atividades que, igualmente, lhe interessavam e eram mais prazerosas. Desse modo, acreditava que a saída do cargo lhe permitiria uma organização mais leve com suas tarefas.

Ao final da sessão, a psicóloga ressaltou acreditar que provavelmente havia sido desafiador para Violeta tamanha exposição, como, permitir-se ser filmada. A cliente respondeu: “Falar de mim diante de uma câmera não é difícil. Difícil, na verdade, é ser a Violeta nesses momentos de dificuldade. Isso é difícil, sim”. Por fim, completou: “Se eu pudesse, eu recomendaria pra todo mundo um momento assim, de reflexão, acompanhada por um profissional”.

Passo 05 - elaboração da carta terapêutica

A carta terapêutica elaborada pela psicóloga reuniu informações que considerava importantes no processo da AT de Violeta, tendo como ponto de partida as perguntas norteadoras. Além disso, a psicóloga ressaltou sua gratidão e admiração pela cliente, afirmando que conduzir o atendimento também lhe havia feito crescer enquanto profissional. Considerando o quanto, para Violeta, ainda era difícil confiar em outras pessoas de forma a estabelecer relações mais saudáveis, a psicóloga enfatizou que “relacionar-se é uma via de mão dupla, em que há a troca do que é bom e do que não é bom. Os dois lados podem errar ou acertar”.

Passo 06 - sessão de acompanhamento

A sessão de acompanhamento aconteceu três meses e 18 dias após a etapa anterior. Nesse atendimento, Violeta relatou sobre sua rotina de vida nos últimos meses, como a diminuição dos conflitos laborais, encerrando definitivamente suas atividades de gestão e se organizando de forma mais eficiente nas tarefas do MBA e de outras atividades que realizava no período dos atendimentos. A psicóloga questionou se Violeta ainda tinha alguma dúvida ou consideração para fazer mediante o que haviam trabalhado nas sessões anteriores. Violeta relatou que se sentia melhor em relação ao sofrimento vivenciado no início da avaliação e que havia outros tipos de conflitos na sua vida, mas não se estendeu a conversar sobre eles. Disse que havia começado um relacionamento amoroso há alguns meses e se sentia feliz com a relação, além de afirmar que se tratava de uma experiência nova, na qual estava aprendendo a estabelecer vínculos de confiança com o companheiro, a verbalizar mais suas emoções e a comunicar o que lhe fazia bem ao parceiro.

Por fim, a psicóloga retomou a importância de que Violeta continuasse o processo de ampliar seu autoconhecimento e agradeceu novamente a cliente por sua disponibilidade e pela disposição para participar do processo avaliativo. Violeta salientou que também se sentia grata, tanto por ter sido ajudada como por ter contribuído com a pesquisa. Além da carta terapêutica, foi disponibilizado para Violeta o laudo psicológico resultante de sua avaliação psicológica.

Discussão

Os atendimentos com Violeta seguiram a orientação da sequência de seis passos apresentados por Finn (2007/2017) e, neste caso, foram necessários três atendimentos para formular as perguntas norteadoras. Ainda que Finn (2012) mencione que, usualmente, as sessões iniciais ocorrem em uma ou duas sessões, pondera-se que a preocupação com a construção do vínculo terapêutico expressado pela psicóloga é importante para seguir os princípios da AT descritos por Finn e Chudzik (2010) e é compatível com o fato da AT ser uma proposta semiestruturada, que permite ajustes conforme demandas da psicóloga ou do cliente (Finn, 2007/2017; Villemor-Amaral, 2016). Essa conduta da psicóloga se manteve alinhada com as propostas de AP interventivas, cuja manutenção do foco nas necessidades do cliente deve ocorrer de forma acolhedora e colaborativa (Scaduto et al., 2019).

Nas primeiras sessões, Violeta demonstrou dificuldade de falar sobre seus sentimentos associados às suas experiências. No entanto, a partir do quarto atendimento, afirmou estar se sentindo em um ambiente de confiança, o que lhe possibilitou acessar seus sentimentos de forma menos reservada. Além disso, a quarta sessão correspondeu à aplicação de testes padronizados, que é uma tarefa mais estruturada e próxima ao modo de funcionar da cliente, e o primeiro instrumento administrado foi a Event, que tinha uma relação direta com as perguntas norteadoras. Nota-se uma intersecção com as observações de Aschieri (2012), ao afirmar que os testes psicológicos podem ser usados para contar a história do cliente e ser um intermédio de diálogo e de discussão entre terapeuta e cliente, possibilitando um ambiente de identificação pelo cliente. Além disso, a experiência dos clientes com os testes pode fazê-los perceber sentidos que possibilitem mudanças nos dilemas enfrentados (Finn, 2012; Scaduto et al., 2019).

Nas sessões de testes padronizados, a cliente se mostrou engajada, frequentemente afirmando estar ansiosa para descobrir mais sobre si mesma. Os inquéritos estendidos possibilitaram que a cliente relatasse seus posicionamentos sobre os relacionamentos interpessoais, proporcionando uma ampliação do entendimento sobre como se sentia em relação às situações vivenciadas e sobre as expectativas que nutria das relações laborais. O momento do inquérito estendido é importante para que a terapeuta evite interpretações equivocadas sobre os resultados dos testes, além de escutar e dialogar sobre os pensamentos e sobre as associações do cliente que foram evocados durante a aplicação do instrumento (Aschieri, 2012; Kamphuis & Finn, 2019; Villemor-Amaral & Resende, 2018).

Em todas as sessões de testes padronizados, Violeta teve participação ativa e colaborativa, usufruindo do espaço para falar sobre situações cotidianas que lhe geravam sofrimento, descobrindo as implicações pessoais desses conflitos. Como postulado por Finn (2007/2017), os resultados dos testes ajudam a organizar as observações e as hipóteses geradas, mas é o cliente quem dará sentido a eles, pois a AT considera o cliente especialista em si mesmo. Além disso, como abordado por Kamphuis e Finn (2019), ao usar vários testes em diferentes sessões, o avaliador, gradualmente, introduz novas informações sobre como o cliente funciona que, por vezes, são incongruentes com a forma de pensar e agir, usualmente tidos e expressados pelo cliente. A partir desse processo, avaliador e cliente começam a coconstruir uma nova narrativa que é mais coerente, precisa, compassiva e útil (Kamphuis & Finn, 2019; Villemor-Amaral & Finn, 2020).

Ao responder à Event, por exemplo, Violeta pontuou que os itens do instrumento não contemplavam sua realidade, tendo em vista que a escala abordava situações do trabalhador com seus superiores, mas que suas dificuldades eram com seus “inferiores”, como mencionado por ela. Violeta tinha expectativas que sua gestão seguisse a lógica hierárquica de comando, na qual suas ideias deveriam ser acatadas pelos demais colegas. A partir dessa discussão, Violeta compreendeu que as pessoas poderiam se relacionar de formas diferentes e ter prioridades distintas das suas, além de percepções hierárquicas e de regras divergentes do seu modo de pensar. Outro exemplo da relevância do inquérito estendido foi o momento em que, após preencher a BFP, a cliente percebeu que desprendia sua atenção do outro e voltava para si mesma, focando em seus próprios pensamentos.

Destaca-se, ainda, que na sessão de aplicação do Rorschach, Violeta identificou e discutiu junto com a psicóloga sobre sua postura de desconfiança, como também sobre seu empenho e suas frustrações nas relações interpessoais e nas atividades do cargo de gestão. Essas percepções de si ampliaram as possibilidades da cliente de desenvolver novos repertórios de atitudes, uma vez que, compreendendo seu funcionamento, tornou-se favorável a modificá-lo. Violeta também refletiu largamente, na sessão de aplicação do IHS-2, sobre suas reações nos relacionamentos interpessoais, reconhecendo que seguir regras era extremamente importante para sua forma de pensar e de agir, mas que essa atitude poderia gerar incômodo em outras pessoas.

Há, nesse ponto, convergência com a teoria de Finn (2007/2017), observando-se que momentos como o inquérito estendido podem potencializar e ampliar o processo de percepção do cliente, favorecendo o desenvolvimento da própria avaliação. Assim como afirmaram Smith (2010) e Kamphuis e Finn (2019), o espaço de discussão com os clientes sobre suas percepções acerca dos testes é um potencializador de mudanças na AT.

Acrescenta-se, por fim, que a escolha dos testes psicológicos utilizados durante as sessões de AT seguiu a lógica da testagem multimétodo, otimizando as chances de obter uma formulação individualizada que seria útil para responder às perguntas contextualizadas da cliente. Percebeu-se que a integração dos resultados de testes de autorrelato com os métodos projetivos favoreceu a compreensão do funcionamento da cliente. De Saeger (2014), Finn (2011) e Smith (2010) salientam que a avaliação multimétodo desempenha um papel útil, ou até mesmo essencial, quando se objetiva facilitar mudanças na forma como os clientes se percebem e como se relacionam com os outros. Finn (2011) ressalta que os clientes mostram um padrão que se torna reconhecível em avaliações com métodos múltiplos que extrapolam a identificação de sintomas ou de comportamentos evidentes, permitindo, assim, a observação de características cognitivas e emocionais importantes sobre os dilemas vividos pelos clientes, além de padrões emocionais, individuais e interpessoais.

O Rorschach tem sido apontado como um componente crucial na avaliação multimétodo, considerando que fornece conteúdo que não está disponível em testes de autorrelato (Sholander et al., 2018), fornecendo novas informações sobre o cliente que, na maioria das vezes, não estão no campo de conhecimento e de entendimento do cliente (Martin & Frackowlak, 2017; Villemor-Amaral & Finn, 2020). Nos resultados do Rorschach, foram identificados dados sobre o funcionamento autocentrado da cliente, conteúdo que foi utilizado pela psicóloga para ajudar Violeta a compreender que sua forma de perceber as situações ao seu redor poderia ser diferente das formas como as outras pessoas percebiam as mesmas situações, mas que ela nutria uma expectativa de que os outros agissem de forma semelhante a ela.

Tendo em vista que a cliente mantinha uma postura, predominantemente, racional e desconfiada, um ponto significativo em seu processo avaliativo foi sua percepção de que poderia agir de modo diferente, por exemplo, ao conversar sobre como se sentia. Na sessão de intervenção, que foi também marcada por sua saída do cargo de gestão, pela primeira vez, Violeta demonstrou estar amplamente disponível para ouvir a psicóloga, mostrando-se mais aberta para as intervenções e para o diálogo. Mesmo que o conteúdo abordado fosse delicado para a cliente, ela se manteve participativa e, pode-se dizer, de maneira mais horizontal, sem buscar controlar a direção e o foco do diálogo que estava sendo abordado sobre seu modo de ser e de agir. Tal atitude não foi observada em sessões anteriores, na quais Violeta manteve uma postura de pouca abertura na relação. Essa postura mais ativa na busca de respostas facilitou o processo de insight sobre como se comportava nos relacionamentos interpessoais de um modo geral.

Nesse sentido, De Saeger (2014) pontuam que o processo de melhora de um cliente após a AT pode ser notado não apenas a partir da diminuição de um sintoma específico, mas por meio da observação de reflexões mais profundas sobre si, comportamentos de adaptação, ganhos em insights e autoaceitação. A mesma autora acrescenta que, em clientes com aspectos racionais mais intensificados, a capacidade introspectiva tende a ser mais limitada. Desse modo, a flexibilidade apresentada por Violeta ao reconhecer suas emoções com maior facilidade e acompanhar a psicóloga em um diálogo horizontal configura-se em adaptações importantes que sugeriram melhora no comportamento, majoritariamente, lógico e autocentrado apresentado pela cliente.

Na sessão de resumo e discussão, é importante que a psicóloga apresente e discuta os resultados dos testes psicológicos mantendo uma postura empática e respeitosa, sustentando o espaço colaborativo. Esse movimento possibilita que os clientes se sintam menos envergonhados sobre o que possa ter sido evidenciado a seu respeito e sobre como suas características individuais podem estar relacionadas com as situações-problemas (Finn, 2007/2017). Esse ambiente e o vínculo construído com a terapeuta durante a avaliação possibilitaram a Violeta, que tinha demonstrado pouca abertura para abordar diretamente seus sentimentos, falar sobre características próprias que dificultavam suas relações com os colegas de trabalho e com possíveis parceiros afetivo-sexuais. Assim, Violeta demonstrou estar à vontade no setting terapêutico para refletir sobre suas contradições, emoções negativas e as frustrações consigo, principalmente quando não conseguia agir como gostaria.

Enquanto a psicóloga e Violeta conversavam sobre a dificuldade da cliente em perceber aspectos positivos em suas relações, foi possível observar a disposição de Violeta em realizar mudanças nesse sentido. Esse ponto de mudança foi observado quando Violeta notou que tende a superestimar os aspectos negativos dos seus relacionamentos interpessoais, e que seu movimento de se fixar em ideias pré-concebidas sobre as pessoas dificultava mais suas interações com os pares. Nota-se que, por meio da AT, a cliente pôde, aos poucos, entrar em contato com seus pensamentos, emoções e experiências. Por isso, o diálogo entre terapeuta e cliente sobre os resultados dos testes e sobre os comportamentos observados ou relatados pode provocar mudanças, que continuam mesmo após o encerramento da avaliação (Finn, 2007/2017). Essas mudanças puderam ser percebidas quando Violeta disse, por exemplo, que aprendeu a reconhecer seus limites ao abordar que não tinha condições de manter a atividade do cargo de gestão sem sobrecarregar sua saúde, mesmo que ela gostasse dessa atividade laboral. Compreendeu, ainda, que para saber mais sobre como organizar suas atividades, precisaria se dedicar ao seu processo de autoconhecimento.

Nesse atendimento, também foi possível evidenciar que o vínculo com a psicóloga foi bem estabelecido e que o ambiente de atendimento foi percebido como acolhedor por Violeta. Enquanto nas sessões iniciais a cliente se mostrava desconfiada, nessa sessão ela verbalizou que o difícil não foi a exposição diante da câmera, mas ser a Violeta fora do setting terapêutico. Conforme recomendado para AP interventivas, é importante que a terapeuta se empenhe em buscar a colaboração e participação do cliente durante todo o processo, construindo um vínculo de respeito, que possibilite compreender as dificuldades do cliente de forma empática, acolhendo seu modo de ser e seu ritmo de processamento das informações discutidas e obtidas (Thomas, 2019; Scaduto et al., 2019; Villemor-Amaral, 2016).

Essa postura de respeito e acolhida foi mantida na elaboração da carta terapêutica, que apresentou todo o processo construído e vivenciado pela cliente e pela terapeuta. A carta terapêutica é um recurso fortalecedor da relação terapêutica na medida em que, ao seguir as diretrizes de Finn (2007/2017), ela é escrita de maneira pessoal para relatar a experiência que a cliente e a psicóloga compartilharam. Além da carta terapêutica, a psicóloga disponibilizou para a cliente o laudo psicológico, conforme as normativas do CFP (2019) sobre os documentos escritos e sugerido por Fernandes et al. (2021).

A última etapa do processo ocorreu pouco mais de três meses depois da sessão de resumo e discussão, período que, segundo Finn (2007/2017), é considerado favorável para que o cliente possa pensar sobre a avaliação e falar sobre possíveis mudanças percebidas após o encerramento. Violeta deu seguimento às mudanças observadas durante o processo de AT, como melhorar a interação nas relações interpessoais estabelecidas, falar mais sobre seus sentimentos e organizar suas tarefas de modo que não se sentisse sobrecarregada. Na sessão de acompanhamento, foi possível perceber a redução do sofrimento psíquico pela cliente a partir do seu relato e das mudanças apresentadas, tal como seria esperado, de acordo com Smith et al. (2015) e Kamphauis e Finn (2019).

O processo de AT permitiu a Violeta ampliar sua percepção sobre a realidade, principalmente no contexto laboral, pois, ao construir as perguntas norteadoras e ampliar a discussão sobre elas a partir dos instrumentos psicológicos e da intervenção, Violeta conseguiu perceber e refletir sobre características suas que afetavam as relações com seus colegas de trabalho, já que apresentava uma forma de comportamento mais autocentrado que impactava nas relações interpessoais. Além disso, a cliente abordou a importância do processo para ela, ao afirmar que a AT estava facilitando o enfrentamento das situações vivenciadas no contexto laboral. Também foi possível observar que a cliente se permitiu vivenciar experiências novas, como ter um parceiro afetivo-sexual, buscando superar a dificuldade para confiar e para expor o que pensa e o que sente.

Ademais, o processo de AT possibilitou a Violeta refletir sobre diversos aspectos da sua personalidade, constituindo-se como um processo que permitiu trabalhar as características percebidas pela cliente, além dos aspectos da personalidade que a própria cliente não tinha conhecimento ou dissociava, mas que eram observados em sua rotina de vida e em suas relações interpessoais. Da mesma forma que pontuado por Finn (2011), compreendeu-se, neste estudo, que a busca pela resolução das perguntas norteadoras de Violeta foi uma porta de entrada para que ela pudesse acessar outros conteúdos e se permitisse uma reinvenção de si mesma. Além disso, o processo destacou a potencialidade terapêutica que os testes psicológicos podem ter para expandir o autoconhecimento dos clientes sobre eles mesmos e possibilitar mudanças, sendo um dos principais diferenciais observados pela AT diante de outras propostas de AP interventiva (Scaduto et al., 2019; Villemor-Amaral, 2016).

Considerações finais

Neste trabalho, discutiu-se algumas estratégias na AT que, utilizadas em conjunto, parecem potencializar o vínculo terapêutico. Entre essas estratégias, podem-se citar a avaliação multimétodo e o inquérito estendido, bem como a proposta de intervenção, de discutir os resultados dos testes com o cliente e a escrita de uma carta terapêutica. Essas estratégias não são exclusivas da AT e podem ser utilizadas em outros modelos de avaliação psicológica. Porém destaca-se que o modo peculiar como essas estratégias são integradas e relacionadas na semiestrutura da AT a tornam um modelo de avaliação psicológica único e diferenciado quando comparado a outros modelos avaliativos interventivos.

Nota-se, como dito, que a semiestrutura da AT não a torna um processo rígido. O fato de ter uma organização preestabelecida que permite a flexibilização dos processos possibilitou que a psicóloga tivesse liberdade para perceber as demandas da cliente e se adaptar a elas. Por exemplo, quando ampliou o número de sessões iniciais e o uso de uma situação recentemente vivenciada pela cliente para testar, no consultório, outros modos de a cliente responder à demanda.

Outro ponto importante a ser reforçado é o pressuposto colaborativo que permeia todas as etapas da AT. É fundamental que a avaliação seja conduzida no ritmo do cliente, viabilizando que ele possa participar ativamente de todo o processo. Essa postura colaborativa é incentivada desde as sessões iniciais, com a formulação conjunta das perguntas a serem respondidas, com a escolha do conteúdo a ser avaliado para responder as perguntas norteadoras, com o inquérito estendido, com as reflexões após a intervenção, com a interpretação dos dados gerados no decorrer do processo, entre outras.

Considera-se que a AT é um modelo viável de ser adotado no Brasil e que, para isso, requer atenção das psicólogas para alguns pontos. O primeiro trata da inclusão das orientações normativas do CFP, que usualmente ocorrem nos processos tradicionais de avaliação psicológica, e não estão previstas na AT, tais como, somente utilizar instrumentos que estejam com parecer favorável no Satepsi e de, além da entrega da carta terapêutica, garantir que o cliente possa ter acesso ao laudo psicológico.

Outro ponto de atenção se refere à compreensão de que a AT não é tão simples como possa parecer à primeira vista. As particularidades da AT não se restringem ao uso de técnicas específicas e em seguir etapas preestabelecidas, pois é demandada uma mudança de postura da psicóloga para o estabelecimento da relação terapêutica. Por fim, destaca-se a relevância de que os profissionais que se propõem a praticar a AT invistam em um processo contínuo de estudo e com uma formação sólida.

No tocante às limitações do estudo, salientam-se as dificuldades decorrentes da apropriação do modelo de AT, tendo em vista que a condução de atendimentos a partir desse modelo avaliativo requer do profissional um intenso preparo, que se desdobra em apropriação teórica e em desenvolvimento prático. Entende-se que a condução da sessão de intervenção, por exemplo, distanciou-se de alguns pressupostos importantes, como a reprodução do comportamento-problema no setting.

Nesse sentido, este relato de experiência ofereceu uma visibilidade sobre a prática da AT e de algumas implicações práticas desse modelo, ampliando a compreensão sobre o processo como um todo e evidenciando aspectos que podem gerar desafios. Ademais, tendo em vista que a literatura nacional sobre a temática é limitada, este artigo também se propõe a contribuir como fonte bibliográfica.

Ressalta-se a importância de novos estudos sobre a temática para ampliar os espaços de formação e de práxis em AT, favorecendo a discussão sobre os benefícios alcançados pela AT no contexto brasileiro. A continuidade dos estudos é essencial para auxiliar na prática de outros profissionais, ampliando a compreensão desse processo avaliativo como um todo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Mar 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    04 Out 2020
  • Aceito
    19 Ago 2021
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