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DA PSICODINÂMICA À PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO NO BRASIL: (IN)DEFINIÇÕES E POSSIBILIDADES 1 1 Esse artigo foi desenvolvido com fomento da CAPES no Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior -88881.187927/2018-01

DE LA PSICODINÁMICA A LA PSICOPATOLOGÍA DEL TRABAJO EM BRASIL: (IN)DEFINICIÓNES Y POSIBILIDADES

RESUMO.

O presente artigo analisou o estado da arte da psicopatologia do trabalho no Brasil, como objeto de pesquisa e como disciplina, a partir de revisão bibliográfica sistemática integrativa. Foi realizado levantamento em bases de dados virtuais utilizando os descritores ‘psicopatologia do trabalho’ e ‘psicopatologia’ (AND) ‘trabalho’. Foram incluídos artigos disponibilizados integralmente em português publicados em revistas com revisão cega de pares contendo os descritores no título, resumo, palavras-chave e/ou corpo do texto. O conjunto final dos textos analisados se constituiu de 28 artigos publicados entre 1992 e 2019 majoritariamente em periódicos da psicologia com psicodinâmica do trabalho como referencial teórico e/ou metodológico. Foram ainda identificadas três tendências no uso do termo ‘psicopatologia do trabalho’ nos artigos: 1) psicopatologia do trabalho como objeto de estudo; 2) como disciplina; e 3) para debater as compreensões das relações entre trabalho e patologias e suas implicações na prática. Enquanto objeto de estudo, as relações entre trabalho e doença mental são negligenciadas. Como disciplina, identificaram-se imprecisões que flexibilizam ou ignoram os limites entre psicopatologia e psicodinâmica do trabalho. Ambas as tendências da literatura podem estar relacionadas com a desconsideração de fatores históricos na determinação da construção dos campos de estudo.

Palavras-chave:
Psicopatologia; trabalho; Brasil

RESUMEN.

El presente artículo analizó el estado del arte de la Psicopatología del Trabajo en Brasil, como objeto de investigación y como disciplina, a partir de revisión bibliográfica sistemática integrativa. Se realizó un levantamiento en bases de datos virtuales utilizando los descriptores ‘psicopatología del trabajo’ y ‘psicopatología’ (AND) ‘trabajo’. Se incluyeron artículos disponibles integralmente en portugués publicados en revistas con revisión ciega de pares conteniendo los descriptores en el título, resumen, palabras clave y/o cuerpo del texto. El conjunto final de textos analizados se constituyó de 28 artículos publicados entre 1992 y 2019 mayoritariamente en periódicos de Psicología con Psicodinámica del Trabajo como referencial teórico y/o metodológico. Se identificaron tres tendencias en el uso del término ‘psicopatología del trabajo’ en los artículos: 1) psicopatología del trabajo como objeto de estudio; 2) como disciplina; y 3) para debatir las comprensiones de las relaciones entre trabajo y patologías y sus implicaciones en la práctica. En cuanto objeto de estudio, las relaciones entre el trabajo y la enfermedad mental son poco estudiadas. Como disciplina, se identificaron imprecisiones que flexibilizan o ignoran los límites entre Psicopatología y Psicodinámica del Trabajo. Ambas tendencias de la literatura pueden estar relacionadas con la desconsideración de factores históricos en la determinación de la construcción de los campos de estudio.

Palabras clave:
Psicopatología; trabajo; Brasil

ABSTRACT.

This article analyzed the state of the art of psychopathology of work in Brazil, as an object of study and as a subject, by performing an integrative systematic literature review. A search was conducted in virtual databases using the descriptors ‘psychopathology of work’ and ‘psychopathology’ (AND) ‘work’. We included articles available in full in Portuguese, published in blind peer-reviewed journals containing the descriptors in the title, abstract, keywords and/or body of the text. The final set of texts consisted of 28 articles published between 1992 and 2019, mostly in psychology journals using psychodynamics of work as theoretical and/or methodological reference. Three trends were also identified in the use of the term ‘psychopathology of work’ in the articles: 1) psychopathology of work as an object of study; 2) as a subject; and 3) to discuss the understandings of the relationships between work and pathologies and their practical implications. As an object of study, the relationship between work and mental illness is neglected. As a subject, inaccuracies that flexibilize or ignore the limits between psychopathology of work and psychodynamics of work were identified. Both trends in the literature may be related to the lack of reflections that consider the Brazilian context to understand the relations between work and pathology.

Keywords:
Psychopathology; work; Brazil

Introdução

A saúde mental do trabalhador enquanto tópico de interesse começa a ser formalmente citada durante a Revolução Industrial, na Europa, com o advento da medicina do trabalho - como medicina legal e higiene do trabalho - e dos serviços médicos nos locais de trabalho. Esses serviços tinham como objetivo a prevenção de acidentes e doenças e estavam centrados na figura do médico, voltados para o bom funcionamento dos processos de trabalho. Contudo, a promoção de saúde, embora pudesse ser consequência dessas ações, nunca esteve entre seus objetivos (Alves, 2015Alves, N. C. R. (2015). A construção sociopolítica dos transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.).

Por algum tempo, boa parte dos estudos em psicologia e psiquiatria da época se voltaram para atender aos interesses de aumento de produtividade. Albuquerque (1978Albuquerque, J. A. (1978). Metáforas da desordem: o contexto social da doença mental. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra.) argumenta que a ascensão da burguesia ao poder foi fator importante na mudança da medida do que é normal e do que é patológico e a improdutividade passou a significar exclusão nesse contexto. Para ser considerado normal seria preciso estar em atividade e atender aos parâmetros de trabalho estabelecidos pelos donos dos meios de produção.

Embora na Inglaterra alguns estudos tenham se diferenciado das linhas voltadas para o aumento da produtividade - como os de Menzies (1960Menzies, I. E. P. (1960). A case in the functioning of social systems as a defence against anxiety: a report on a study of the nursing service of a general hospital. Human Relations, 13, 95-121.) e Jaques (1951Jaques, E. (1951). The changing culture of a factory: a study of authority and participation in an industrial setting. Londres, UK: Tavistock Press.), a partir de abordagens psicanalíticas das relações de trabalho - é na França que a psicopatologia do trabalho floresceu interessada nas consequências do trabalho sobre a saúde do trabalhador (Billiard, 2002Billiard, I. (2002). Les pères fondateurs de la psychopathologie du travail en butte àl’énigme du travail. Revue Cliniques méditerranéennes, 11-29. https://doi.org/10.3917/cm.066.0011
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). Como área de estudo inicialmente vinculada à psiquiatria, Paul Sivadon utilizou o termo pela primeira vez em artigo na ‘L’évolution psychiatrique’ em 1952 para sinalizar a existência de um conjunto de práticas e questionamentos inovadores surgidos após a Segunda Guerra Mundial que uniu e dividiu as psiquiatras.

Segundo Lima (1998Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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), outro marco importante, também nos anos 50, foi a publicação do estudo de Le Guillant sobre o adoecimento mental no trabalho. Ao apresentar a ‘neurose das telefonistas’, o autor investigou relações entre características do trabalho e o tipo de perturbação apresentada por várias trabalhadoras de uma mesma categoria profissional. Entre os anos 70 e 90, a psicopatologia do trabalho passou a se configurar na França como abordagem instigada pelos problemas psicológicos emergentes face à industrialização e as novas formas de trabalho e sua gestão no país.

Nos anos 80, um novo movimento se iniciou na disciplina (Lima, 1998Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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; Billiard, 2002Billiard, I. (2002). Les pères fondateurs de la psychopathologie du travail en butte àl’énigme du travail. Revue Cliniques méditerranéennes, 11-29. https://doi.org/10.3917/cm.066.0011
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). Dejours argumenta que a psicopatologia do trabalho tem como objeto de estudo o sofrimento (Dejours, 1989Dejours, C. (1989). Introdução à psicopatologia do trabalho. Tempo Social - Revista de Sociologia da USP, 1, 97-103.) e que é a normalidade, e não mais a doença mental, o enigma. A partir de então, Dejours propõe que a disciplina seja renomeada de ‘Psicodinâmica do Trabalho’. Com essa proposta, buscou proporcionar uma visão do trabalho também como estruturante psíquico, além de propiciar reflexões sobre novos destinos para o sofrimento, como o prazer e a saúde (Dejours, 2004Dejours, C. (2004). Addendum da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In S. Lancman & L. Sznelwar (Orgs.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Rio de Janeiro, RJ: Fiocruz.).

De acordo com Lima (1998Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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), a transição para a psicodinâmica do trabalho proposta por Dejours se baseou no argumento do autor de que não foi possível estabelecer relações de causa e efeito entre certos distúrbios psíquicos e determinadas formas de organização do trabalho. Como alternativa, o autor propôs o trabalho como possível ‘desencadeador’ e não como ‘causa’ dos distúrbios, questionando a ideia de causalidade nas relações entre doença e trabalho. Dejours (2011)Dejours, C. (2011). A carga psíquica do trabalho. In C. Dejours, E. Abdoucheli, C. Jayet & M. I. S. Betiol (Coords.), Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho (1a ed., 12. reimpr., p. 21-32). São Paulo, SP: Atlas. sugeriu ainda que a passagem da psicopatologia do trabalho para a psicodinâmica do trabalho estava ancorada no pressuposto de que a relação entre homem e organização do trabalho está em contínuo movimento.

A psicodinâmica do trabalho tem sido considerada ora como ampliação da psicopatologia - uma continuação (Billiard, 2002Billiard, I. (2002). Les pères fondateurs de la psychopathologie du travail en butte àl’énigme du travail. Revue Cliniques méditerranéennes, 11-29. https://doi.org/10.3917/cm.066.0011
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) - ora como uma disciplina distinta (Dejours, 1992Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho (5a ed. ampl.). São Paulo, SP: Cortez.). Diante da falta de consenso, acerca do status da psicodinâmica do trabalho em relação à psicopatologia - e vice-versa - o retorno à psicopatologia do trabalho como título de uma obra de Dejours e Gernet em 2012, Psychopathologie du travail, nos instigou a refletir sobre o estado da arte da psicopatologia do trabalho no Brasil.

Método

Realizou-se a revisão bibliográfica sistemática integrativa. De acordo com Whitemore e Kanfl (2005Whittemore, R., & Knafl, K. (2005). Uma revisão integrativa: uma metodologia atualizada. Journal of Advanced Nursing, 52(5), 546-553.), esse tipo de revisão possibilita o desenvolvimento de teorias e áreas de estudo através da apresentação do estado da arte de um tema. Botelho, Cunha e Macedo (2011Botelho, L. L. R., Cunha, C. C. A., & Macedo, M. (2011). O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, 5(11), 121-136. https://doi.org/10.21171/ges.v5i11.1220
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) sugerem seis etapas para esse tipo de revisão: (1) identificação do tema e seleção da questão de pesquisa; (2) estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão; (3) identificação dos estudos pré-selecionados; (4) categorização dos estudos selecionados; (5) análise e interpretação dos resultados; e (6) síntese do conhecimento. Nesta seção do artigo descrevemos as etapas (2), (3) e (4).

Entre fevereiro de 2018 e maio de 2019 foram levantados estudos nas bases de dados eletrônicas Biblioteca Virtual Saúde Psicologia (BVS-Psi), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior) utilizando os descritores ‘Psicopatologia do trabalho’ e ‘Psicopatologia’ (AND) ‘Trabalho’. Antes de aplicar os critérios de inclusão e exclusão, foram identificados 815 textos para ‘Psicopatologia’ (AND) ‘Trabalho’ e 45 para ‘Psicopatologia do Trabalho’. Os textos foram pré-selecionados a partir da leitura do resumo por três autoras deste artigo. Após a primeira avaliação, 54 e 27 textos foram selecionados, respectivamente, a partir de cada um desses conjuntos.

O conjunto de 81 textos foi novamente avaliado de acordo com os seguintes critérios de inclusão: (a) artigos contendo o termo ‘Psicopatologia do Trabalho’ no título ou corpo do texto; (b) publicados em língua portuguesa; (c) em periódico com revisão cega de pares; (d) disponibilizado de forma integral virtualmente. Considerando esses critérios, foram selecionados 34 artigos. Foram excluídos (a) dissertações, teses, trabalhos de conclusão de curso, livros, capítulos de livro, resenhas, editoriais; (b) artigos em duplicidade; (c) artigos cujos descritores constavam apenas nas referências e (d) artigos que não estavam integralmente disponíveis. A aplicação desses critérios excluiu seis artigos, e o conjunto final de textos analisados foi constituído por 28 publicações.

A extração de dados foi realizada a partir dos textos integrais por todas as autoras. Ao final desse processo, houve discussão de possíveis desacordos na classificação dos textos em busca de consenso. Os 28 artigos selecionados para a revisão foram categorizados de acordo com (a) ano da publicação; (b) natureza do estudo - teórico ou empírico; (c) desenho de pesquisa em estudos empíricos - qualitativo ou quantitativo; (d) categoria profissional estudada; (e) referencial teórico utilizado; e (f) emprego do termo ‘psicopatologia do trabalho’. Esses dados foram analisados quantitativa e qualitativamente e são apresentados a seguir.

Resultados

A maioria dos 28 estudos selecionados foi publicada entre os anos 2000 e 2009 (n=16). O artigo mais antigo foi publicado em 1992 e o mais recente em 2019. Não foram identificadas tendências de crescimento ou diminuição da publicação que faz uso do termo. Embora os estudos que utilizam o termo pareçam também ser de interesse de áreas diversas, mais da metade da publicação foi na área de psicologia (n=15). Os demais estavam pulverizados entre nove outras áreas. A Tabela 1 ilustra esses dados.

Mais da metade dos estudos foi empírico e utilizou métodos qualitativos (n=14). A Tabela 2 apresenta as características dos estudos de acordo com sua natureza, desenho de pesquisa e amostra. Grande parte dos estudos empíricos teve como amostra uma categoria de trabalhador específica, sendo seis deles com profissionais de saúde ou outras atividades de cuidado.

TABELA 1
Artigos publicados por década e por área/tema da revista

TABELA 2
Artigos publicados por década e por área/tema da revista

Foram identificados oito diferentes referenciais teóricos em 22 estudos, conforme indicaram seus autores direta ou indiretamente. Os seis artigos em que não foi possível a identificação foram revisões de literatura ou estudos teóricos discutindo diversas abordagens teóricas. Os referenciais identificados foram: Clínica da Atividade, ergonomia, psicanálise, psicodinâmica do trabalho, psicopatologia do trabalho, sociologia do lazer, teoria das representações sociais e teorias do estresse. A psicodinâmica do trabalho foi a preferida pelos autores. A Tabela 3 indica o número de publicações que utilizaram cada um deles:

TABELA 3
Referencial teórico utilizado por artigo

Mais de um referencial teórico foi indicado em sete artigos. É o caso em Fernandes, Ferreira, Albergaria e Conceição (2002Fernandes, J. D., Ferreira, S. L., Albergaria, A. K., & Conceição, F. M. D. (2002). Saúde mental e trabalho feminino: imagens e representações de enfermeiras. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 10(2), 199-206. https://doi.org/10.1590/S0104-11692002000200012
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) que utilizaram a psicodinâmica do trabalho junto à teoria das representações sociais para investigar saúde mental e trabalho feminino. Em ‘Lazer, trabalho e promoção da saúde mental para os trabalhadores de hospital’ (Camargo & Bueno, 2004Camargo, R. A. A. D., & Bueno, S. M. V. (2004). Lazer, trabalho e promoção da saúde mental para os trabalhadores de hospital. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 8(1), 71-80.) a escolha foi por sociologia do lazer e psicodinâmica do trabalho, e em Vieira, Oliveira, Silva e Couto (2012Vieira, C. E. C., Oliveira, A. C., Silva, I. A., & Couto, R. I. (2012). Os bastidores da produção de fogos de artifício em Santo Antônio do Monte: degradação das condições de trabalho e saúde dos pirotecnistas. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 15(1), 135-152. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v15i1p135-152
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) por ergonomia e psicopatologia do trabalho em estudo com pirotecnistas. A psicanálise e a psicopatologia do trabalho foram indicadas juntas como referencial teórico em quatro trabalhos (Goulart, Santiago & Drugg, 2003Goulart, J. A., Santiago, A. R. F., & Drügg, Â. (2003). Afastamento para tratamento de saúde: sintoma institucional e recurso precário no enfrentamento do sofrimento psíquico no trabalho docente. Revista Mal Estar e Subjetividade, 3(2), 372-394.; Echeverria & Pereira, 2007Echeverria, A. L. P. B., & Pereira, M. E. C. (2007). A dimensão psicopatológica da LER/DORT (lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 10(4), 577-590. https://dx.doi.org/10.1590/S1415-47142007000400002
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; Mendes, Chaves, Santos, & Neto, 2007Mendes, L., Chaves, C. J. A., Santos, M. C., & Neto, G. A. R. M. (2007). Da arte ao ofício: vivências de sofrimento e significado do trabalho de professor universitário. Revista Subjetividades, 7(2), 527-556.; Vieira, 2014) que abordaram vivências de sofrimento, LER/DORT e afastamento para tratamento de saúde entre docentes.

Mendes et al. (2007Mendes, L., Chaves, C. J. A., Santos, M. C., & Neto, G. A. R. M. (2007). Da arte ao ofício: vivências de sofrimento e significado do trabalho de professor universitário. Revista Subjetividades, 7(2), 527-556.) e Vieira (2014Vieira, S. R. S. (2014). Sofrimento psíquico e trabalho. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 17(1), 114-124. https://doi.org/10.1590/S1415-47142014000100009
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) se referem à psicopatologia do trabalho como “[...] a Psicopatologia do Trabalho de Dejours” (p. 530 e p. 114 respectivamente). Embora Goulart et al. (2003Goulart, J. A., Santiago, A. R. F., & Drügg, Â. (2003). Afastamento para tratamento de saúde: sintoma institucional e recurso precário no enfrentamento do sofrimento psíquico no trabalho docente. Revista Mal Estar e Subjetividade, 3(2), 372-394.) e Echeverria e Pereira (2007Echeverria, A. L. P. B., & Pereira, M. E. C. (2007). A dimensão psicopatológica da LER/DORT (lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 10(4), 577-590. https://dx.doi.org/10.1590/S1415-47142007000400002
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) não coloquem da mesma forma, utilizam prioritariamente os trabalhos de Christophe Dejours para indicar a psicopatologia do trabalho como referencial teórico. Esses dados nos levam para outra classificação dos artigos: o uso do termo ‘psicopatologia do trabalho’ nas obras selecionadas.

Os estudos utilizaram o termo para se referir a um objeto de estudo e/ou a um referencial teórico. No caso da referência enquanto objeto de estudo, o termo foi referido em letras minúsculas, ‘psicopatologia do trabalho’. Quando referida como referencial teórico que fundamentou - ou não - o estudo realizado, apareceu quase sempre em letras maiúsculas. Foi referida ora como disciplina específica, definida pelas suas origens e foco na compreensão da gênese das psicopatologias relacionadas ao trabalho, ora como abordagem dentro da área dos estudos em saúde mental e trabalho.

Não foi possível identificar a definição única de objeto de estudo ou conceitos-chave da psicopatologia do trabalho quando utilizada como referencial teórico. Contudo, a tendência predominante nos textos foi atribui-la a Christophe Dejours, utilizando conceitos característicos da psicodinâmica do trabalho. Sua menção, como objeto ou como referencial teórico, também foi associada a debates sobre a relação entre patologia e trabalho ou sobre a atuação de profissionais de saúde, mais especificamente psicólogos, em casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho.

Podemos ainda dizer, abordando essas características em profundidade, que foram identificadas três tendências no uso do termo ‘psicopatologia do trabalho’ nos artigos: 1) psicopatologia do trabalho; 2) (In)definições de psicopatologia do trabalho; e 3) debates da psicopatologia do trabalho. Na primeira tendência, descreve-se o uso do termo como objeto de estudo. Na segunda são descritos os diferentes usos quando foi adotada como referencial teórico. Na terceira tendência descrevemos os debates sobre a disciplina e aqueles gerados a partir dela. Aprofundamos o relato desses resultados nas subseções seguintes.

1) ‘psicopatologia do trabalho’

Em algumas publicações o uso do termo psicopatologia do trabalho foi feito como referência a objeto de estudo, a um fenômeno a ser investigado - partindo principalmente da designação genérica de patologias da esfera psíquica relacionadas ao trabalho, como depressão e LER/DORT. Esta abordagem foi mais frequente em estudos empíricos sobre psicopatologias em variadas categorias profissionais empregando diferentes referenciais teóricos nas duas primeiras décadas dos anos 2000 (Echeverria & Pereira, 2007Echeverria, A. L. P. B., & Pereira, M. E. C. (2007). A dimensão psicopatológica da LER/DORT (lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 10(4), 577-590. https://dx.doi.org/10.1590/S1415-47142007000400002
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; Monteiro, Oliveira, Ribeiro, Guisa, & Agostini, 2013Monteiro, J. K., Oliveira, A. L. L., Ribeiro, C. S., Grisa, G. H., & de Agostini, N. (2013). Adoecimento psíquico de trabalhadores de unidades de terapia intensiva. Psicologia: Ciência e Profissão, 33(2), 366-379. https://doi.org/10.1590/S1414-98932013000200009
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; Vieira, 2014Vieira, S. R. S. (2014). Sofrimento psíquico e trabalho. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 17(1), 114-124. https://doi.org/10.1590/S1415-47142014000100009
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; Rubin & Roso, 2018Rubin, A. L., & Roso, A. (2018). Trabalho e depressão: tendências na produção de conhecimento. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 13(1), 1-18.).

Outros exemplos de uso do termo como objeto, mas de maneira diferente, são o relato de pesquisa que abordou estratégias organizacionais para lidar com as psicopatologias (Vasconcelos & Faria, 2008Vasconcelos, A., & Faria, J. H. (2008). Saúde mental no trabalho: contradições e limites. Psicologia & Sociedade, 20(3), 453-464. https://doi.org/10.1590/S0102-71822008000300016
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) e o artigo teórico que apresentou as diferentes abordagens em saúde mental e trabalho, mas tratou a psicopatologia como objeto, referindo-se à psicopatologia do trabalho e à psicodinâmica do trabalho como uma mesma abordagem teórica (Jacques, 2003Jacques, M. D. G. C. (2003). Abordagens teórico-metodológicas em saúde/doença mental & trabalho. Psicologia & Sociedade, 15(1), 97-116. https://doi.org/10.1590/S0102-71822003000100006
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).

2) (In)definições da psicopatologia do trabalho

Quando o termo foi utilizado como referencial teórico, seu uso foi feito de diversas formas, indicando a pluralidade na maneira de abordá-lo que dificulta a definição clara. As ocorrências foram: psicopatologia do trabalho, psicopatologia e psicodinâmica do trabalho e psicopatologia como psicodinâmica do trabalho. Em alguns desses estudos não foi possível precisar se foi considerada ou não como uma disciplina ou campo de estudo diferente da psicodinâmica do trabalho.

Aqueles que a definiram como ‘disciplina’, assim o fizeram a partir de suas origens na França pós-Segunda Guerra Mundial no seio da psiquiatria, além de ressaltar as tensões e diversidade teórica de seus fundadores em busca da compreensão da relação entre trabalho e adoecimento (Lima, 1998Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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; Nassif, 2005Nassif, L. E. (2005). Origens e desenvolvimento da Psicopatologia do Trabalho na França (século XX): uma abordagem histórica. Memorandum: Memória e História em Psicologia, 8, 79-87. https://doi.org/10.35699/1676-1669.2005.6764
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). Com relação aos objetos e objetivos de estudo em psicopatologia do trabalho, alguns outros autores apresentaram suas definições, como Palácios, Duarte e Câmara (2002Palácios, M., Duarte, F., & Câmara, V. D. M. (2002). Trabalho e sofrimento psíquico de caixas de agências bancárias na cidade do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública, 18(3), 843-851. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2002000300028
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, p. 844): “[...] reunimos sob o título de Psicopatologias do Trabalho, os estudos que se dirigem aos efeitos psicopatológicos relacionados ao trabalho. Sofrimento psíquico e desgaste mental são exemplos”.

Os mesmos autores definiram também, indiretamente, do que as psicopatologias do trabalho se ocupam: “[...] esse estudo anterior, inseriu-se no campo das psicopatologias do trabalho, uma vez que seu objeto foi o sofrimento psíquico dos trabalhadores” (Palácios et al., 2002Palácios, M., Duarte, F., & Câmara, V. D. M. (2002). Trabalho e sofrimento psíquico de caixas de agências bancárias na cidade do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública, 18(3), 843-851. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2002000300028
https://doi.org/10.1590/S0102-311X200200...
, p. 845). Bertoncini (2002Bertoncini, E. M. L. (2002). Trabalho, identidade e aposentadoria precoce: notas teóricas sobre o sofrimento do trabalhador. Revista de Psicologia da UNESP, 1(1), 38-50., p. 39) compartilhou perspectiva semelhante sobre o objetivo da psicopatologia do trabalho: “[...] a análise dinâmica dos processos psíquicos modificados pela confrontação do sujeito com a realidade de trabalho”.

Há ainda aqueles que se referiram a ela como psicopatologia e psicodinâmica do trabalho (Fernandes et al., 2002Fernandes, J. D., Ferreira, S. L., Albergaria, A. K., & Conceição, F. M. D. (2002). Saúde mental e trabalho feminino: imagens e representações de enfermeiras. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 10(2), 199-206. https://doi.org/10.1590/S0104-11692002000200012
https://doi.org/10.1590/S0104-1169200200...
; Camargo & Bueno, 2004Camargo, R. A. A. D., & Bueno, S. M. V. (2004). Lazer, trabalho e promoção da saúde mental para os trabalhadores de hospital. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 8(1), 71-80.; Souza & Leite, 2011Souza, A. L. & Leite, M. L. (2011). Condições do trabalho e suas repercussões na saúde dos professores da educação básica no Brasil. Educação & Sociedade, 32(117), 1105-1121. https://doi.org/10.1590/S0101-73302011000400012
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) e aqueles que utilizaram psicopatologia do trabalho usando conceitos da psicodinâmica do trabalho (Mendes et al., 2007Mendes, L., Chaves, C. J. A., Santos, M. C., & Neto, G. A. R. M. (2007). Da arte ao ofício: vivências de sofrimento e significado do trabalho de professor universitário. Revista Subjetividades, 7(2), 527-556.; Zilotto & Oliveira, 2014Ziliotto, D. M., & Oliveira, B. O. D. (2014). A organização do trabalho em call centers: implicações na saúde mental dos operadores. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 14(2), 169-179.; Vieira, 2014Vieira, S. R. S. (2014). Sofrimento psíquico e trabalho. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 17(1), 114-124. https://doi.org/10.1590/S1415-47142014000100009
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). Dentre esses últimos se diferenciaram ainda aqueles que usaram a expressão ‘a Psicopatologia do Trabalho de Christophe Dejours’, dado já indicado no uso conjunto de psicanálise e psicopatologia do trabalho como referenciais teóricos.

Com relação ainda a essa tendência, cabe também observar seu desenvolvimento sob uma perspectiva temporal. A partir dos anos 2000 se tornaram mais frequentes as referências à psicodinâmica do trabalho ou a atribuição da psicopatologia do trabalho a Christophe Dejours. Ainda sobre esse uso, alguns autores se referem à psicodinâmica do trabalho como ampliação dos estudos em saúde mental e trabalho (Goulart et al., 2003Goulart, J. A., Santiago, A. R. F., & Drügg, Â. (2003). Afastamento para tratamento de saúde: sintoma institucional e recurso precário no enfrentamento do sofrimento psíquico no trabalho docente. Revista Mal Estar e Subjetividade, 3(2), 372-394.). Bertoncini (2002Bertoncini, E. M. L. (2002). Trabalho, identidade e aposentadoria precoce: notas teóricas sobre o sofrimento do trabalhador. Revista de Psicologia da UNESP, 1(1), 38-50.) afirma que

Hoje, dos estudos iniciais da Psicopatologia do Trabalho, onde se focavam as questões do sofrimento nas situações de trabalho, as pesquisas se ampliaram e evoluíram para os conceitos da Psicodinâmica do Trabalho, que supera os estudos sobre a dinâmica saúde-doença, para trabalhar num campo onde o enfoque se faz tanto em relação aos processos de trabalho, como nas questões do sofrimento humano em suas relações com a organização do trabalho (p. 40).

3) Debates da psicopatologia do trabalho

Os debates da psicopatologia do trabalho apresentaram perspectiva histórica (Lima, 1998Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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; Gomes, 2004Gomes, A. M. G. (2004). Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho: trajetórias da escola francesa. Revista de psicologia, 22(1), 27-31.; Nassif, 2005Nassif, L. E. (2005). Origens e desenvolvimento da Psicopatologia do Trabalho na França (século XX): uma abordagem histórica. Memorandum: Memória e História em Psicologia, 8, 79-87. https://doi.org/10.35699/1676-1669.2005.6764
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), situando a disciplina em suas origens na França. Gomes (2004)Gomes, A. M. G. (2004). Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho: trajetórias da escola francesa. Revista de psicologia, 22(1), 27-31.abordou a psicopatologia do trabalho em seu texto para contextualizar a psicodinâmica do trabalho. Lima (1998)Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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e Nassif (2005)Nassif, L. E. (2005). Origens e desenvolvimento da Psicopatologia do Trabalho na França (século XX): uma abordagem histórica. Memorandum: Memória e História em Psicologia, 8, 79-87. https://doi.org/10.35699/1676-1669.2005.6764
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preocuparam-se em circunscrevê-la como disciplina marcada pela diversidade de perspectivas teóricas e metodológicas em suas origens, permitindo diferenciação em relação à psicodinâmica do trabalho. Os três estudos são teóricos e resgataram aspectos históricos a respeito das fundações da psicopatologia do trabalho enquanto disciplina ou campo de estudo, além das suas perspectivas sobre as relações entre trabalho e adoecimento mental.

No conjunto de textos que discutiram a relação entre trabalho e patologia, Karam (2003Karam, H. (2003). O sujeito entre a alcoolização e a cidadania: perspectiva clínica do trabalho. Revista de psiquiatria do Rio Grande do Sul, 25(3), 468-474. https://doi.org/10.1590/S0101-81082003000300008
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), por exemplo, adotou a perspectiva da psicopatologia e psicodinâmica do trabalho para colocar em questão os limites entre normal e patológico ao falar de alcoolização e alcoolismo. Já Manetti e Palucci Marziale (2007Manetti, M. L., & Marziale, M. H. P.(2007). Fatores associados à depressão relacionada ao trabalho de enfermagem. Estudos de Psicologia, 12(1), 79-85. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2007000100010
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), sem especificar referencial teórico, apontaram ‘fatores internos do trabalho’ - como a organização do trabalho - como desencadeantes da depressão relacionada ao trabalho em enfermeiros. Derivando, de forma indireta, dessa última reflexão, outro debate da psicopatologia do trabalho se refere à questão da relação entre trabalho e doença mental. Jacques (2003Jacques, M. D. G. C. (2003). Abordagens teórico-metodológicas em saúde/doença mental & trabalho. Psicologia & Sociedade, 15(1), 97-116. https://doi.org/10.1590/S0102-71822003000100006
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) discutiu os pressupostos teóricos e metodológicos das contribuições de diversas abordagens da questão saúde/doença mental-trabalho de acordo com a ênfase atribuída ao trabalho no processo. Ressaltou tensões e discordâncias das abordagens, assim como pontuou o possível uso acrítico de conceitos divergentes em um mesmo estudo.

Ainda a respeito dessa relação, Lima (2003Lima, M. E. A. (2003). A polêmica em torno do nexo causal entre distúrbio mental e trabalho. Psicologia em Revista, 10(14), 82-91.) contextualizou a polêmica do nexo causal - termo associado ao campo jurídico e que nesse caso explora a relação entre trabalho e doença a partir de uma visão de causalidade. A autora discorreu sobre as diferenças entre psicopatologia e psicodinâmica do trabalho, citando Le Guillant de um lado e Dejours de outro: o primeiro com uma noção sociogênica da psicopatologia do trabalho e o segundo com uma visão que privilegiaria os aspectos psicogênicos e estruturais de personalidade em detrimento do reconhecimento da sociogênese dos transtornos mentais relacionados ao trabalho.

Ainda dentro do campo da polêmica apontada por Lima (2003Lima, M. E. A. (2003). A polêmica em torno do nexo causal entre distúrbio mental e trabalho. Psicologia em Revista, 10(14), 82-91.), Junior e Cunha (2015Júnior, A. B., & Cunha, D. M. (2015). O sintoma no trabalho: uma disfunção ou uma invenção?Laboreal, 11(2), 53-62. https://dx.doi.org/10.15667/laborealxi0215aj
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) questionaram o nexo causal em um estudo de caso em psicopatologia do trabalho no Brasil a partir de discussões sobre causalidade psíquica, social e orgânica no campo da saúde mental. Ao contrário das perspectivas compreensivas de Jacques (2003Jacques, M. D. G. C. (2003). Abordagens teórico-metodológicas em saúde/doença mental & trabalho. Psicologia & Sociedade, 15(1), 97-116. https://doi.org/10.1590/S0102-71822003000100006
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) e Lima (2003)Lima, M. E. A. (2003). A polêmica em torno do nexo causal entre distúrbio mental e trabalho. Psicologia em Revista, 10(14), 82-91., esses autores apresentaram uma digressão ao realizar a releitura do caso a partir da psicanálise lacaniana. O artigo também discute as repercussões da ênfase atribuída ao trabalho no processo de adoecimento na atividade dos profissionais ‘psi’.

Echeverria e Pereira (2007Echeverria, A. L. P. B., & Pereira, M. E. C. (2007). A dimensão psicopatológica da LER/DORT (lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 10(4), 577-590. https://dx.doi.org/10.1590/S1415-47142007000400002
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) e Brandão e Lima (2019Brandão, G. R., & Lima, M. E. A. (2019). Uma intervenção em Psicopatologia do Trabalho- contribuições da Clínica da Atividade. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 44, e19. https://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000009118
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) também apresentaram reflexões sobre implicações das concepções das relações entre trabalho e doença mental na atuação de profissionais de saúde. Os dois primeiros autores pela apresentação de uma perspectiva social nos casos de LER/DORT que alterou a noção clínica da patologia e, consequentemente, a atuação clínica. Os autores também argumentaram a favor de considerar a dimensão psicopatológica das LER/DORT e apontaram a psicoterapia psicanalítica como ferramenta válida para ‘atingir estados de melhora’ com os pacientes. Brandão e Lima (2019Brandão, G. R., & Lima, M. E. A. (2019). Uma intervenção em Psicopatologia do Trabalho- contribuições da Clínica da Atividade. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 44, e19. https://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000009118
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) apresentaram a Clínica da Atividade como intervenção possível em psicopatologia do trabalho, ressaltando a relevância das bases teóricas e metodológicas nesse campo.

Discussão

O conjunto de artigos que utilizam o termo ‘psicopatologia do trabalho’ no Brasil se caracterizou pelas referências à psicodinâmica do trabalho e a Christophe Dejours. A publicação, iniciada em 1992Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho (5a ed. ampl.). São Paulo, SP: Cortez., teve seu ápice entre os anos 2000 e 2009 e tem-se como hipótese de que tais fluxos estão associados à tradução e publicação de duas obras do autor com título aludindo à psicopatologia do trabalho: A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho em 1988 e a Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho, coletânea organizada por Lancman e Sznelman em 2004.

Diferente da tendência francesa de desenvolvimento da abordagem no seio da psiquiatria (Billiard, 2002Billiard, I. (2002). Les pères fondateurs de la psychopathologie du travail en butte àl’énigme du travail. Revue Cliniques méditerranéennes, 11-29. https://doi.org/10.3917/cm.066.0011
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; Dejours & Gernet, 2012Dejours, C., & Gernet, I. (2012). Psychopathologie du travail. Paris, FR: Elsevier Masson.), as discussões que envolvem o termo no Brasil têm sido de interesse das áreas da psicologia e da enfermagem. Uma tendência semelhante foi observada por Merlo e Mendes (2009Merlo, A. R. C., & Mendes, A. M. B. (2009). Perspectivas do uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil: teoria, pesquisa e ação. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 12(2), 141-156.) nos estudos em psicodinâmica do trabalho. Outras duas características similares: predominância de estudos empíricos utilizando métodos qualitativos e focando em uma categoria profissional específica de trabalhadores.

Com relação a esse último dado, Junior e Cunha (2015Júnior, A. B., & Cunha, D. M. (2015). O sintoma no trabalho: uma disfunção ou uma invenção?Laboreal, 11(2), 53-62. https://dx.doi.org/10.15667/laborealxi0215aj
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) criticam o foco da psicopatologia do trabalho no estudo de grupos profissionais. Porém, a questão da associação entre um tipo de atividade profissional e transtornos específicos também é fonte de controvérsias desde as fundações da própria psicopatologia do trabalho, marcada pela diversidade de abordagens teóricas, como observou Lima (1998Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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). Tais controvérsias, de certa forma, podem estar relacionadas ao número de referenciais teóricos utilizados pelos artigos aqui analisados.

Tal variedade de abordagens teóricas também foi apontada por Jacques (2003Jacques, M. D. G. C. (2003). Abordagens teórico-metodológicas em saúde/doença mental & trabalho. Psicologia & Sociedade, 15(1), 97-116. https://doi.org/10.1590/S0102-71822003000100006
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) ao refletir sobre a compreensão das relações entre trabalho e saúde/doença mental no campo da saúde mental e trabalho no Brasil. Alves (2015Alves, N. C. R. (2015). A construção sociopolítica dos transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.) também discorre sobre a história do campo no país em sua tese sobre a construção sociopolítica dos transtornos mentais e comportamentais relacionados ao trabalho. Apesar da variedade, retornemos à preferência pela psicodinâmica do trabalho como categoria teórica ou teórico-metodológica.

Tal preferência coaduna com reflexões de outros estudos. De acordo com Fairman (2012Fairman, C. J. S. (2012). Saúde do trabalhador. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.), a psicodinâmica do trabalho é considerada uma das abordagens mais influentes na compreensão dos fenômenos de interesse no campo da saúde do trabalhador no Brasil. Tal fato pode ter relação com a lacuna de métodos diretamente ligados ao que é nomeado psicopatologia do trabalho, como observado por Brandão e Lima (2019Brandão, G. R., & Lima, M. E. A. (2019). Uma intervenção em Psicopatologia do Trabalho- contribuições da Clínica da Atividade. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 44, e19. https://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000009118
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). A ‘metodologia em Psicopatologia do Trabalho’ descrita por Dejours em A loucura do trabalho pode ter sido um atrativo para pesquisadores interessados em refletir sobre os temas da saúde e da doença no trabalho.

Com várias menções ao uso da psicanálise na construção da psicodinâmica do trabalho (Lima, 1998Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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), inclusive por Dejours mais de uma vez em sua obra, é curioso, no entanto, que no Brasil aqueles que optem por um debate do processo de saúde/doença no trabalho indiquem que usem como referencial a psicopatologia do trabalho e a psicanálise, quase sempre indicando a primeira como suporte teórico para analisar as intersecções entre psíquico e social.

No caso da referência conjunta, também as duas obras de Dejours já citadas têm sido utilizadas como referências bibliográficas. Provavelmente se referem à psicodinâmica do trabalho como sinônimo de psicopatologia do trabalho por serem os textos a que tiveram acesso, sem perspectiva histórica da abordagem, como é hipótese de Lima (1998Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia: Ciência e Profissão,18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003
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). Parece também haver negação da contribuição da psicanálise por uma parte daqueles que adotaram a psicodinâmica do trabalho no Brasil, o que pode ser fruto das tensões acadêmicas entre psicologia clínica e psicologia do trabalho no país.

Com relação ao emprego da psicopatologia do trabalho para designar um objeto de estudo, pode-se dizer que enquanto objeto tem sido negligenciada. Em termos mais amplos, nota-se que as discussões sobre as relações entre trabalho e doença mental têm sido negligenciadas, sendo essas duas lacunas importantes. Esse é um dado que precisa ser discutido - assim como a compreensão das relações entre trabalho e doença no Brasil tanto em termos acadêmicos quanto em termos jurídicos - considerando que no Brasil os transtornos mentais e comportamentais são a terceira causa mais comum para afastamento de trabalhadores (Brasil, 2017Brasil. Ministério da Fazenda. (2017). Anuário estatístico da previdência social. Recuperado de: http://sa.previdencia.gov.br/site/2019/04/AEPS-2017-abril.pdf
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).

Para compreender essa tendência, buscamos refletir a questão do normal ‘x’ patológico, assim como do foco da psicodinâmica do trabalho no sofrimento enquanto objeto de estudo. Primeiro, para discutir a relação entre trabalho e doença mental é preciso definir o que é, afinal, a doença mental. Como pensar o papel do trabalho como causa ou agravante sem uma concepção de psicopatologia? Como refletem Junior e Cunha (2015Júnior, A. B., & Cunha, D. M. (2015). O sintoma no trabalho: uma disfunção ou uma invenção?Laboreal, 11(2), 53-62. https://dx.doi.org/10.15667/laborealxi0215aj
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) em questionamento sobre nexo causal: o sintoma no trabalho é visto como disfunção ou invenção?

Tais polêmicas têm origem nas diferentes concepções de psicopatologia e de sua relação com a dimensão social e, embora tal preciosismo conceitual pareça campo restrito à academia, há repercussões na atuação dos profissionais que atuam em casos de trabalhadores com quadros de adoecimento mental, quer haja consenso entre teóricos ou não. Uma das implicações de possível hesitação teórica, em discutir o que é doença mental e qual o papel do trabalho na sua gênese, é o prejuízo em termos pessoais e legais para trabalhadores adoecidos.

Embora não haja consenso nos estudos levantados aqui, os transtornos mentais e comportamentais podem ser vistos como doenças em que o trabalho complexifica ou amplia sua etiologia. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o trabalho pode provocar ou agravar esses transtornos (Brasil, 2001Brasil. Ministério da Saúde. (2001). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Recuperado de: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_trabalho_manual_procedimentos.pdf
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). Assim, podemos dizer que a abordagem da relação trabalho-adoecimento mental em determinado país é também definida pelo Estado junto a diversos atores.

No caso do uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil, começam a surgir estudos que contemporizam sua incorporação no país a partir da história do trabalho no Brasil (Duarte & Mendes, 2015Duarte, F. S., & Mendes, A. M. B. (2015). Da escravidão a servidão voluntária: perspectivas para a Clínica Psicodinâmica do Trabalho no Brasil. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 2(3): 71-134.). Relacionada à psicopatologia do trabalho que surgiu em meio a um contexto histórico específico da França, não é de estranhar que a psicodinâmica do trabalho tenha sido incorporada no Brasil, por maior parte dos pesquisadores, sem refletir em possíveis diferenças em função do contexto histórico do trabalho e da doença mental no país: a história de ambos os campos de estudo tem sido ignorada pela maioria.

Considerando que uma disciplina se caracteriza por singularidade (Santos, 2014Santos, V. M. P. D. (2014). Ciências e disciplinas: uma análise epistemológica sobre cursos de formação de professores de Matemática. (Tese de doutorado). Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, Mato Grosso.), ainda que em sua interdisciplinaridade e interesses compartilhados, não se pode afirmar que psicodinâmica e psicopatologia do trabalho tratam de uma mesma coisa. O uso da primeira como sinônimo da segunda pode ser fruto da imprecisão colocada pelo próprio Dejours ao longo de sua obra, sendo o livro Psychopathologie du travail, escrito com Gernet em 2012Dejours, C., & Gernet, I. (2012). Psychopathologie du travail. Paris, FR: Elsevier Masson., mais um exemplo da indefinição.

Embora a psicodinâmica do trabalho apresente um modelo que contemple a compreensão da relação trabalho e patologia, ressalta-se que utilizá-la para se referir à psicopatologia do trabalho, como acontece no Brasil, pode estar relacionado à dificuldade em realizar aproximações sobre o tema das relações trabalho e doença no campo da psicologia, como discutido em Matsumoto e Fairman (2014Masumoto, L. K., & Faiman, C. J. S. (2014). Saúde mental e trabalho: um levantamento da literatura nacional nas bases de dados em Psicologia da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Saúde, Ética & Justiça, 19(1), 1-11. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2770.v19i1p1-11
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). Como observado por Merlo e Mendes (2009Merlo, A. R. C., & Mendes, A. M. B. (2009). Perspectivas do uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil: teoria, pesquisa e ação. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 12(2), 141-156.), de fato, a produção em psicodinâmica do trabalho no Brasil tem se voltado mais para compreender os processos de destinos não patológicos do sofrimento no trabalho.

Ressalta-se que este estudo se encontra limitado pela investigação dos usos da psicopatologia do trabalho no contexto brasileiro, sem utilizar como descritores de busca ‘Psicodinâmica do Trabalho’, abordagem que se mostrou predominante nos estudos que referem o termo. Embora haja fortes motivos para acreditarmos que os resultados sejam moldados por fatores históricos no país, não há como afirmar se os resultados seriam diferentes na França - país ao qual se atribui a origem da maioria das abordagens aqui apontadas em referenciais teóricos utilizados por pesquisadores brasileiros.

Como agenda de pesquisa, recomenda-se que sejam realizados estudos comparativos de estado da arte com a França. Outra possibilidade também de estudo sobre psicopatologia do trabalho como objeto seria a inclusão de estudos em psicodinâmica do trabalho. Embora Merlo e Mendes (2009Merlo, A. R. C., & Mendes, A. M. B. (2009). Perspectivas do uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil: teoria, pesquisa e ação. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 12(2), 141-156.) tenham apontado que as tendências do estudo nessa abordagem são nos processos de mobilização subjetiva, pode ser que nos últimos dez anos os focos dos estudos tenham mudado, oferecendo dados para compreender como as relações entre trabalho e doença mental têm sido exploradas por pesquisadores brasileiros que utilizam a abordagem como seu aporte teórico central.

Considerações finais

Este trabalho mapeou lacunas no estudo da psicopatologia do trabalho no Brasil como objeto de estudo. Também foram identificadas indefinições conceituais que prejudicam a delimitação teórica entre psicopatologia e psicodinâmica do trabalho. Consideramos que a tendência a usar as duas como correspondentes tem sido contraproducente ao desenvolvimento de investigações rigorosas das relações entre trabalho e psicopatologia no país. Reconhecemos que a indefinição pode ser resultante da complexidade do estudo das relações entre trabalho e psicopatologia e vislumbramos possibilidades de (re)começar o debate sobre trabalho e adoecimento no Brasil com a emergência da psicopatologia do trabalho como campo de estudos a partir, principalmente, da escuta clínica dos trabalhadores, como sugere Mendes (2018Mendes, A. M. B. (2018). Desejar, falar, trabalhar. Porto Alegre, RS: Editora Fi.) em sua proposta de psicopatologia clínica do trabalho. Esse ‘novo-velho’ campo deve constituir-se como teoria e prática no Brasil a partir de um giro decolonial (Maldonado-Torres, 2008Maldonado-Torres, N. (2008). La descolonización y el giro des-colonial. Tabula Rasa, 9, 61-72. https://doi.org/10.25058/20112742.339
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), ancorando-se em discussões de aspectos sócio-históricos, ontológicos e epistemológicos do trabalho e da psicopatologia (Duarte, 2020Duarte, F. S. (2020). Trabalhadores no divã: contribuições da psicopatologia clínica do trabalho (Tese de doutorado). Universidade de Brasília, DF.) que caracterizam tanto trabalho quanto psicopatologia no seio da modernidade/colonialidade da América Latina.

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    Esse artigo foi desenvolvido com fomento da CAPES no Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior -88881.187927/2018-01

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    31 Maio 2019
  • Aceito
    16 Out 2020
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