RESUMO
O presente trabalho propõe um estudo sobre a figura do bebê sábio na obra de Sándor Ferenczi, com o objetivo de investigar os laços que se estabelecem entre trauma e inteligência. Examinam-se os escritos ferenczianos dos anos 1930, posto que conjugam o pensamento clínico de Ferenczi sobre o trauma. Discute-se, inicialmente, a conjuntura traumática da maturação precoce, articulando as noções de trauma e desmentido. Em seguida, analisa-se o conceito de clivagem, defesa por meio da qual o indivíduo se fragmenta, dividindo-se em um ser que tudo sabe e nada sente. Por fim, debruça-se sobre a figura do bebê sábio, discutindo as noções de progressão traumática e prematuração patológica. Considera-se que o processo analítico na clínica com os ‘bebês sábios’ deve assegurar as condições necessárias para uma inversão de sentido nos processos de maturação pelas vias da regressão e da entrega confiante aos cuidados analíticos. Acredita-se que tal percurso teórico permitirá um refinamento da sensibilidade necessária para escutar o sofrimento, quase inaudível, dos ‘bebês sábios’ na prática clínica com crianças.
Palavras-chave:
Trauma; clivagem; bebê sábio