Acessibilidade / Reportar erro

Parece que foi ontem

RESENHAS

Parece que foi ontem

Moura, M. T. (2001). Educação Especial em questão: um depoimento de vida. São Paulo: Mandarim, 166 p.

Diante de uma experiência pessoal de conceber e acompanhar a trajetória de uma criança com Síndrome de Down, chamada Manuela, a autora resolve inteirarse sobre os problemas de sua filha e também de compartilhar a sua história em seu livro. Maria Teresinha Moura, a autora, fluminense, fonoaudióloga que direcionou seus conhecimentos para o assunto Síndrome de Down, ministra atualmente palestras relacionados a esse tema, suscitando o respeito pelo ser especial. Além disso, em seu consultório, ela atende crianças especiais com patologias relacionadas ao distúrbios de aprendizagem, voz, fala e audição. No entanto, em seu livro, não aborda conteúdos teóricos em excesso, apenas utilizaos para pontuar alguns aspectos relevantes, e preocupa- se mais em traduzir por meio de palavras como foi a experiência de ser "mãe especial".

O conteúdo do livro está distribuído da seguinte forma: agradecimentos, apresentação, prefácio, introdução, e os capítulos, os quais são muitos, porém breves, que estão sob títulos que demonstram o desenvolvimento e a trajetória feitos pela autora.

Sendo assim, em seu primeiro capítulo, aborda a questão da ansiedade que a espera de um primeiro filho pode causar, dando seqüência ao momento do parto, a ida para casa e os dias seguintes com seu bebê, os quais foram repletos de felicidade. Prossegue, descrevendo o momento crítico de descobrir que sua filha é especial e a dificuldade em conhecer o problema (Síndrome de Down) dela, e as conseqüências que essa síndrome pode causar. Ela fala, também, sobre o uso do medicamento Uteplex, e as mudanças no curso da vida dela própria, as quais foram significativas, pois teve que se adaptar em relação às necessidades da filha e também adquirir um papel de mãe.

A autora relata sobre o auxílio da amiga Vera Lúcia, da Apae (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais) o tratamento na Apae - a estimulação precoce, os que eram muito exaustivos, pois demandava do cumprimento de todas as atividades para atingir determinados objetivos. Ela nos fala do primeiro aniversário de Manuela, da primeira cirurgia que foi muito angustiante para a família, da primeira escola - Elefantinho Feliz, do Clitop, um remédio. Moura compartilha um dos momentos mais difíceis para ela, que foi a busca por uma escola ideal, a necessidade de enfrentar as rejeições, ou seja, o preconceito da sociedade em lidar com o que é diferente, e o reconhecimento da contribuição da escola Olga Mitá no desenvolvimento de Manuela.

Dentre os capítulos relata a importância da união da família para poder passar o otimismo adiante, para assim, usufruir dos momentos, que Manuela vivenciava. Tais como suas fugas e seus sumiços, suas travessuras, seu crescimento e todos os registros realizados do seu desenvolvimento, sempre tendo a preocupação de respeitar os seus comportamentos de falar e agir, os quais eram espirituosos.

Em um dos seus capítulos demonstra, de certa forma, a superação de ter tido Manuela, tendo coragem e ousadia de ter concebido Ilka e Carolina, suas outras filhas, mas permanece descrevendo sobre o desenvolvimento da Manuela, isto é, a conquista da leitura, a escola São Joaquim, a primeira menstruação, a contribuição da ginástica olímpica, a primeira comunhão e seus aniversários, repletos de amigos. Aborda, também, a questão dos namorados, sempre enfocando o papel da sociedade como relevante e fundamental no desenvolvimento de Manuela.

Moura descreve sobre a ida para Angra dos Reis de toda a sua família, terra natal do casal, as palestras que ela dava, o papel do "grande pai" como sendo fundamental e essencial para a estrutura familiar, o piano, um presente do pai, a angústia de explicar as diferenças entre as irmãs, a presença dos parentes e amigos, enfim todos como sendo a família e apresentando Manuela, hoje. Desabafa, então, que parece que foi ontem.... perante isso, finaliza, o seu livro com um comentário e a referência de algumas bibliografias.

Sendo essa a descrição dos temas abordados nos capítulos, pode-se constatar que a escritora tenta traçar os acontecimentos de uma forma óbvia, num desenvolvimento compreensível de entendimentos dos fatos e não se prende à ordem cronológica dos acontecimentos. Contudo, por meio dessa resenha, pretendese que as pessoas ao lerem, interessem-se a ter um contato com esse material, e também sensibilizem-se com essa experiência tão emocionante, realista e tomem consciência de que há pessoas com necessidades especiais que não possuem essa estrutura familiar, precisando assim de cuidados, adaptações e materiais adequados às suas exigências, e principalmente o respeito do cidadão, dos profissionais e principalmente da família para com o indivíduo com algum tipo de necessidade especial.

Fernanda Andrade de Freitas

Universidade São Francisco

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Dez 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2002
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), Rua Mirassol, 46 - Vila Mariana , CEP 04044-010 São Paulo - SP - Brasil , Fone/Fax (11) 96900-6678 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@abrapee.psc.br