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Ensinar com ética

Enseñar con ética

Teach with ethics

RESENHA

Ensinar com ética

Teach with ethics

Enseñar con ética

Geraldina Porto Witter

Universidade Camilo Castelo Branco

Landrum, R.E., & McCarthy, M.A. (eds)(2012). Teaching Ethically: Challenges and Opportunities. Washington, DC: American Psychological Association, xii+ 214p.

O livro foi organizado por R. Eric Landrum e Maureen A. McCarthy, professores-doutores que exercem a docência em universidades americanas, atuam em sociedades científicas e são produtores científicos com grande contribuição. Contaram com o apoio de outros doutores. Focam predominantemente o docente universitário, mas buscam raízes e indicam também a necessidade de formação ética em docência e pesquisa do professor. O livro focaliza o professor de Psicologia, mas a matéria aplica-se a docentes de todas as áreas. São ao todo dezessete capítulos organizados em quatro partes: 1) Preocupações pedagógicas (seis capítu¬los); 2) Comportamento dos estudantes (dois capítulos); 3) Considerações sobre classes diversificadas (três capítulos); e 4) Comportamento da instituição (seis capítulos). Há ainda uma introdução escrita pelos editores em que estes apresentam o livro e um índice de conteúdos e de autores que é muito útil. A bibliografia de suporte dos vários capítulos é atual, pertinente e de reconhecido valor.

O primeiro capítulo da primeira parte foi redigido por Pusateri, e descreve como ético o professor que: a) evidencia isto propiciando um ensino eficiente; b)- busca ativamente melhorar e atualizar-se no conteúdo da matéria, na pedagogia e em métodos de avaliação da aprendizagem; c)- focaliza o que ensina dentro do contexto da programação geral; d)- colabora com os colegas. A seguir, Swenson e McCarthy, focam a ética na escolarização da pesquisa sobre ensino - aprendizagem que deve ser atividade obrigatória para todos os envolvidos no ensino. Saville trata da avaliação e dos modelos éticos. Já Weiten, Halpern, Burnstein focam a relação entre livro e ética, assunto pouco pesquisado, mas já suficiente para considerar ser ético não duplicar material, decidir não adotar livros, testar os textos a serem indicados, etc.

Elison-Bowers e Snelson tratam da ética nos cursos online como a necessidade de pagar para usar os textos editorados. Apontam a necessidade de mudanças na prática docente. A questão de autoria pode ser resolvida escrevendo-se textos novos com a autorização do autor para citar obras suas, com o que se estará respeitando a lei. Já Gurung analisa o fato de que o ensino-aprendizagem e o consumo de conhecimento só são éticos se baseados em evidências decorrentes de pesquisas neste nível ou de revisões sistemáticas ou cientométricas da produção quer de conteúdo quer pedagógica. Se o professor não pesquisa evidências pode usar tecnologias que resultaram de estudos publicados, mas com muita cautela.

O capítulo sétimo dá início à análise do comportamento ético dos alunos e foi redigido por Prohaska, que focaliza como problemas básicos o colar e o plagiar, incluindo-se no último caso o autoplágio. Lembra que as novas tecnologias têm se mostrado muito úteis na confirmação de plágio. São oferecidas estratégias para encorajar a ética no aluno. Entre elas, Scwartz, Tatum e Wells (capítulo oitavo) focalizam as vantagens e riscos do sistema de honrarias que, para evitar faltas éticas, precisa de comportamentos especiais do docente, assim como de códigos éticos e de critérios transparentes.

A presença de classes diversificadas por razões variadas é hoje uma constante em muitos países, e as evidências de pesquisas mostram a eficiência de alguns procedimentos úteis para trabalhar ensino-aprendizagem com ética nestas circunstâncias como apresentam Domenech, Rodríguez e Bates. Lembram a necessidade de professores competentes e da atuação do psicólogo escolar. Vale destacar que o docente precisa ter competência multicultural, que envolve autoconhecimento, conhecimento científico e pedagógico, bem como capacidade de produção de pesquisas que gerem evidências; e finalmente, ter habilidade para trabalhar mudando sentimentos e valores dos alunos, valendo-se da Psicologia Cultural, que é de grande valia, pois implica em mudanças nesta área (Chew). Fechando esta parte, o leitor encontra o capítulo de Carrol, que destaca a ação do psicólogo escolar. Esse capítulo arrola princípios éticos que devem ser observados em várias circunstâncias.

Começando a última e maior parte do livro, Wilson, Smalley e Yancey focam o relacionamento da instituição com o aluno, enfatizando os papéis do professor e a manutenção de fronteiras éticas nestas relações. Os princípios e regras se aplicam também às pessoas que assumem o papel de monitores. Além da relação de princípios, apresentam recomendações éticas para evitar problemas com orientando/monitorando e para a manutenção ética dos limites na relação. Peden e Keniston enfocam o que e quando o graduando precisa aprender sobre a ética em pesquisa. Afirmam que todos os estudantes de graduação precisam aprender sobre ética em pesquisa, aperfeiçoando o que aprenderam em nível mais elementar, antes do Ensino Superior, e que para ensinar pesquisa ética é preciso contar com professores atualizados nos dois aspectos. Apresentam uma programação sequencial de quatro anos com o conteúdo hierarquizado, de forma que o aluno incorpore em seu comportamento competências, habilidades e vivências, seja como profissional, como pesquisador ou em ambas as condições; ele pode inserir-se na comunidade acadêmica como pesquisador integrando-se na cultura científica ética.

A presença de classes diversificadas por razões variadas é hoje uma constante em muitos países, e as evidências de pesquisas mostram a eficiência de alguns procedimentos úteis para trabalhar ensino-aprendizagem com ética nestas circunstâncias como apresentam Domenech, Rodríguez e Bates. Lembram a necessidade de professores competentes e da atuação do psicólogo escolar. Vale destacar que o docente precisa ter competência multicultural, que envolve autoconhecimento, conhecimento científico e pedagógico, bem como capacidade de produção de pesquisas que gerem evidências; e finalmente, ter habilidade para trabalhar mudando sentimentos e valores dos alunos, valendo-se da Psicologia Cultural, que é de grande valia, pois implica em mudanças nesta área (Chew). Fechando esta parte, o leitor encontra o capítulo de Carrol, que destaca a ação do psicólogo escolar. Esse capítulo arrola princípios éticos que devem ser observados em várias circunstâncias.

Começando a última e maior parte do livro, Wilson, Smalley e Yancey focam o relacionamento da instituição com o aluno, enfatizando os papéis do professor e a manutenção de fronteiras éticas nestas relações. Os princípios e regras se aplicam também às pessoas que assumem o papel de monitores. Além da relação de princípios, apresentam recomendações éticas para evitar problemas com orientando/monitorando e para a manutenção ética dos limites na relação. Peden e Keniston enfocam o que e quando o graduando precisa aprender sobre a ética em pesquisa. Afirmam que todos os estudantes de graduação precisam aprender sobre ética em pesquisa, aperfeiçoando o que aprenderam em nível mais elementar, antes do Ensino Superior, e que para ensinar pesquisa ética é preciso contar com professores atualizados nos dois aspectos. Apresentam uma programação sequencial de quatro anos com o conteúdo hierarquizado, de forma que o aluno incorpore em seu comportamento competências, habilidades e vivências, seja como profissional, como pesquisador ou em ambas as condições; ele pode inserir-se na comunidade acadêmica como pesquisador integrando-se na cultura científica ética.

Brakke e Thompson focalizam as questões éticas na supervisão de estudantes envolvidos em programas na comunidade, fora dos muros da universidade. Isto requer conhecimento e competências específicas para se obter o desejado dentro dos parâmetros éticos. Muitas práticas específicas para tal supervisão já estão disponíveis. O supervisor precisa conhecer e adequar seus possíveis usos.

No texto seguinte (capítulo 15), Vanderstoep e Trent-Brown descrevem como o docente pode cultivar eticamente a experiência colaborativa positiva em que graduandos se tornem bons assistentes de pesquisa. Descrevem três estratégias: 1)- cursos avançados de pesquisa para professores e orientadores com partes em comum e partes diferenciadas; 2)- estratégias para a condição de aprendiz; e 3)- criação de estudantes líderes. No penúltimo capítulo McCarthy discute a questão de autoria, em que é preciso considerar princípios gerais relativos a custo/ beneficio, fidelidade/responsabilidade e justiça/respeito. Especificam os comportamentos a que se pode atribuir crédito na pesquisa, com ênfase nas várias partes do discurso científico.

Fecha a obra o texto da Komarraju e Handelsman sobre o preparo para ensinar tornando-se parte da cultura ética. Todos os professores, supervisores e pesquisadores precisam conhecer bem e manter-se atualizados quanto à ética em geral, e particularmente no que diz respeito à confidencialidade na relação com o orientando. O texto analisa a Cultura Ética Acadêmica que envolve a cultura acadêmica geral; definições de missão, valores, políticas de capacitação para docentes e alunos e estabelecimento de clima ético em cada departamento relacionado com o curso. Foca também o treino ético do professor como uma necessidade constante para garantir a qualidade e o clima adequado no curso. Os avanços nos princípios, nas normas e na legislação sobre ética no ensino e na pesquisa, bem como o surgimento de novas soluções e propostas, crescem rapidamente. Em comparação com o que se faz no Brasil. observa-se uma situação muito inferior em nosso país. Que bom seria se todos pudessem ter acesso ao conteúdo do presente livro. Aos poucos o sistema CEP/CONEP vem se aperfeiçoando, e é possível avançar mais rápido na área, desde que realmente haja consciência, competência e empenho em busca de padrões éticos mais elevados, em lugar de velhas respostas que as ciências já consideram obsoletas, algumas das quais já são até tidas como crime em alguns países, enquanto aqui parecem ignoradas por muitos.

Recebido em: 03/07/2013

Aprovado em: 27/11/2013

Sobre a autora

Geraldina Porto Witter (gwitter@uol.com.br)

Doutora em Ciências, Livre-Docente em Psicologia

Endereço: Av. Pedroso de Morais, 144, apto 302 - Pinheiros - São Paulo, SP. 05420-000.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jan 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2013
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