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CORTINA LITERÁRIA: UMA PRODUÇÃO ARTÍSTICO-LITERÁRIA NO ENSINO MÉDIO

Cortina literaria: una producción artístico-literaria en la Enseñanza Secundaria

RESUMO

Com o objetivo de articular a literatura e o audiovisual no processo ensino-aprendizagem, além de aprimorar a atividade expressiva, tendo em vista o desenvolvimento da imaginação e da criticidade, foi ministrada uma disciplina eletiva a alunos do Ensino Médio Integral de uma escola pública do estado de São Paulo. Na primeira parte da eletiva, foram selecionadas, lidas e discutidas obras literárias. Na segunda parte, os alunos realizaram atividades expressivas artísticas em tecidos para exteriorizar as emoções e os sentimentos desencadeados pela leitura e discussão da obra. Como resultado, além da materialização de uma cortina que foi instalada no auditório da escola, identificou-se o desenvolvimento de habilidades interpessoais, o interesse pela leitura, a aproximação professor-aluno e a ampliação da capacidade sensível.

Palavras-chave:
Arte; literatura; desenvolvimento humano

RESUMEN

Con el objetivo de articular la literatura y el audiovisual en el proceso enseñanza-aprendizaje, además de perfeccionar la actividad expresiva, teniendo en vista el desarrollo de la imaginación y de la credibilidad, se ministró una asignatura electiva a alumnos de la Enseñanza Secundaria Integral de una escuela pública del estado de São Paulo. En la primera parte de la electiva, se seleccionaron, se leyeron y se discutieron obras literarias. En la segunda parte, los alumnos realizaron actividades expresivas artísticas en tejidos para exteriorizar las emociones y los sentimientos desencadenados por la lectura y discusión de la obra. Como resultado, además de la materialización de una cortina que fue instalada en el auditorio de la escuela, se identificó el desarrollo de habilidades interpersonales, el interés por la lectura, el acercamiento profesor-alumno y la ampliación de la capacidad sensible.

Palabras clave:
Arte; literatura; desarrollo humano

ABSTRACT

In order to articulate the literature and the audiovisual in the teaching-learning process, in addition to improving the expressive activity, in view of the development of imagination and criticality, an elective course was given to students of the High School of a public school in the state of Sao Paulo. In the first part of the elective, literary works were selected, read and discussed. In the second part, the students performed expressive artistic activities on fabrics to express the emotions and feelings triggered by the reading and discussion of the work. As a result, in addition to the materialization of a curtain that was installed in the school auditorium, the development of interpersonal skills, interest in reading, the teacher-student approach and the expansion of sensitive capacity were identified.

Keywords:
Art; literature; human development

INTRODUÇÃO

A formação estética e expressiva na escola não visa, necessariamente, formar artistas, mas promover o desenvolvimento humano através de uma educação da sensibilidade (Camargo & Bulgacov, 2008Camargo, D.; Bulgacov, Y. L. M. (2008). A perspectiva estética e expressiva na escola: articulando conceitos da psicologia sócio-histórica. Psicologia em estudo, 13(3), 467-475.). Para que esse desenvolvimento humano aconteça, o escritor Bartolomeu Campos de Queirós defende que a escola ofereça, além do livro didático para informar, o livro literário para transformar:

A literatura vem sempre com essa função de impulsionar o sujeito para deixar a fantasia vir à tona. Porque todo real que nos cerca antes passou pela fantasia de alguém... Há cento e tantos anos atrás, voar era uma fantasia do Santos Dumont. Hoje não é mais... Então é preciso que a Educação também, paralelo ao livro didático, dê também o livro literário, que é esse livro que tem a fantasia, porque a literatura é feita de fantasia. A literatura não tem preconceito com nada. Tudo que eu penso eu posso escrever... E na medida em que na Educação esse livro literário começa a permear a escola, entrar na Escola, ela está propondo um mundo novo, ela está dando coragem ao leitor de deixar vir à tona a fantasia dele. E aí a gente tem uma transformação do mundo. Por que uma escola que só pensa na informação, ela não modifica em nada o mundo. (Queirós, 2011 em Sperry, 2011Sperry, D. (Director). (2018). A palavra conta. São Paulo: Java 2G, Instituto C&A. Recuperado em 19 jan. 2017, de 2017, de https://www.youtube.com/watch?v=TlOwKhIma5s .
https://www.youtube.com/watch?v=TlOwKhIm...
, texto transcrito de vídeo).

A imaginação ou a “fantasia” é uma característica fundamental da atividade humana que, por sua vez, constrói o ser humano e transforma a realidade. Camargo e Bulgacov (2008Camargo, D.; Bulgacov, Y. L. M. (2008). A perspectiva estética e expressiva na escola: articulando conceitos da psicologia sócio-histórica. Psicologia em estudo, 13(3), 467-475.), em referência a Vigotski, afirmam que existem a atividade reprodutora e a atividade criadora, e que o processo de aprendizagem não se restringe à atividade reprodutora: “É precisamente a atividade criadora do homem o que faz dele um ser projetado para o futuro, um ser que contribui a criar e que modifica seu presente” (p. 473). Daí a necessidade e a função da escola de expor os sujeitos à diversidade de obras de arte, sejam textos, imagens, audiovisuais e promover o desenvolvimento de atividades expressivas, por exemplo, oficinas de trabalho artístico. Além de promover o desenvolvimento de funções psíquicas como a imaginação, a arte também possibilita a descoberta de múltiplas formas de percepção da realidade (Camargo & Bulgacov, 2008) e promove uma formação ética (Zanella et al., 2006Zanella, A. V.; Cabral, M. G.; Maheirie, K.; Da Ros, S. Z.; Urnau, L. C.; Titon, A. P.; Werner, F. W.; Sander, L. (2006). Relações estéticas, atividade criadora e constituição do sujeito: algumas reflexões sobre a formação de professores(as). Cadernos de psicopedagogia, 6(10), 1-17.).

Neste artigo, serão relatadas as atividades coordenadas pelas professoras de Arte e História em uma disciplina eletiva denominada “O fio das missangas”. Essa disciplina teve como objetivo geral articular a literatura e o audiovisual no processo ensino-aprendizagem, além de aprimorar a atividade expressiva, tendo em vista o desenvolvimento da imaginação e da criticidade. O objetivo específico foi desenvolver conteúdos através de contraste, distinção e diferença no estímulo às múltiplas formas de percepção da realidade, permitindo o reconhecimento das diversidades, sejam elas culturais, artísticas, sociais, econômicas e nos diferentes momentos ou demandas históricas.

A disciplina “O fio das missangas” é vinculada a uma pesquisa-ação desenvolvida em uma Escola Pública de Ensino Médio Integral, cujo objetivo é investigar se há e quais são os impactos da articulação da arte literária com o audiovisual no processo ensino-aprendizagem ao longo do Ensino Médio.

MÉTODO

A disciplina eletiva “O fio das missangas”3 3 O título atribuído à disciplina faz referência a uma obra do escritor Mia Couto, que foi apresentada e parcialmente lida em reuniões do grupo de pesquisa de professores da escola: “A missanga, todos a vêem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo” (Couto, 2009, p. 5). foi ofertada no 2º semestre de 2017 e contou com 37 alunos matriculados, das três séries do Ensino Médio, sendo 18 da primeira série, 14 da segunda série e cinco da terceira série. Ressalta-se que a maior parte dos alunos era da primeira série, participantes da pesquisa-ação desenvolvida na escola no período de 2017 a 2019.

Na primeira parte da eletiva, os alunos indicaram obras literárias para leitura e discussão. Após breves apresentações das obras, os alunos votaram e selecionaram aquelas de maior interesse. Em seguida, dividiram-se em pequenos grupos em função dos interesses comuns. Foram três encontros de leitura e discussão e um encontro para o desenvolvimento do fichamento referente ao conteúdo lido. As obras selecionadas foram: “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, publicada no ano de 1938; “O Conto da Aia”, de Margareth Atwood, escrito em 1985; “Meu pé de Laranja Lima”, romance juvenil de José Mauro de Vaconcelos, publicado em 1968; e “O cortiço” de Aluísio de Azevedo, de 1890.

Na segunda parte da eletiva, os alunos realizaram atividades expressivas artísticas em tecidos de algodão cru, medindo 60 cm x 50 cm, nos quais deveriam exteriorizar as emoções e os sentimentos desencadeados pela leitura e discussão da obra, a interpretação ou a seleção de trechos do livro lido. Foram utilizadas as seguintes técnicas de artes: pintura, colagem e bordado sobre tecido. Tais técnicas foram escolhidas pela turma após as professoras elencarem possibilidades de expressão artística através de exposições dialogadas amparadas em projeções de imagens e vídeos de autores que trabalham com uma diversidade de linguagens. Além disso, para promover a sensibilização para a produção manual das composições, foram exibidos, por meio de audiovisual, vídeo-poesias de Mia Couto e Cora Coralina.

Ao final do projeto, as produções de cada aluno foram reunidas em uma única composição visual, à qual foi dado o nome de “Cortina Literária”, meio encontrado para a composição coletiva e colaborativa entre toda a turma. Os retalhos foram costurados pela professora de Arte, dando forma a uma cortina que passou a fazer parte do auditório da escola, apresentada no dia da Culminância - momento em que todos os alunos apresentam as produções realizadas nas eletivas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Percebe-se, nas atividades propostas por essa disciplina eletiva, tanto uma possibilidade de formação estética como uma possibilidade de criação e expressão dos alunos através do fazer arte. A formação estética diz respeito à educação do sensível, ou seja, o desenvolvimento de uma capacidade sensível, que integra o belo, o múltiplo, o diferente, moldada pelo conhecimento e pela experiência sensorial. A dimensão expressiva caracteriza-se por uma necessidade de o sujeito expor seus pensamentos e sentimentos que é realizada por meio de atividades próprias das artes (desenho, pintura, escultura etc.), não necessariamente artísticas (Camargo & Bulgacov, 2008Camargo, D.; Bulgacov, Y. L. M. (2008). A perspectiva estética e expressiva na escola: articulando conceitos da psicologia sócio-histórica. Psicologia em estudo, 13(3), 467-475.).

Promover a escolha e a leitura de obras clássicas ou contemporâneas - que permitem a apropriação, em termos de conhecimento e experiência, de determinada realidade e estabelece a mediação com o gênero humano através de um produto cultural - “suscita transformações qualitativas na totalidade do ser, alterando, por exemplo, as funções de percepção e consciência de si e do mundo” (Barroco & Superti, 2014Barroco, S. M. S.; Superti, T. (2014). Vigotski e o estudo da psicologia da arte: contribuições para o desenvolvimento humano. Psicologia & Sociedade, 26(1), 22-31., p.31).

Isso acontece porque, de acordo com Vigotski (1999Vigotski, L. S. (1999). Psicologia da Arte. São Paulo: Martins Fontes.), a estrutura da arte possibilita um efeito catártico que é justamente a transformação de emoções e sentimentos: “a oposição que encontramos entre a estrutura da forma artística e o conteúdo é o fundamento do efeito catártico da reação estética” (pp. 271-272). O efeito catártico que promove a transformação de emoções em sentimentos pode ser notado em grande parte nos alunos que compunham a eletiva, pois, ao exteriorizar a leitura realizada no retalho, muitos alegavam sentir angústia em função das situações retratadas nas obras.

Um exemplo marcante foi o de uma aluna que, no início da disciplina, alegava não gostar de ler, apresentava dificuldade de relacionamento e de comunicação e expressão; pouco se ouvia a voz da aluna na eletiva, a não ser para responder a chamada. Ao final da disciplina, essa aluna fez o seguinte depoimento:

... meu trabalho teve como base o livro “O conto da Aia” onde por meio de frase e desenhos, conseguisse [pudesse] levar ao público refletir e imaginar como é o livro. O desenho retrata a personagem principal com um feto, ainda em desenvolvimento, porém fugindo da realidade científica, o cordão liga a mãe e o filho pelo coração, como o sentimento e a emoção que será cortado após o nascimento da criança. (relato de aluna)

Figura 1
Produção de aluna que compõe a Cortina literária

Por meio da Arte, a aluna conseguiu expressar-se, seja através da atividade em tecido, imprimindo seus sentimentos a partir da leitura realizada, seja no movimento de aproximação e interação com as professoras e os alunos da turma.

Os efeitos da disciplina reverberaram mesmo após o encerramento do semestre, pois essa mesma aluna afirmou ter despertado o gosto pela leitura e procurou as professoras para conversar sobre livros. Ela pediu que a professora de História lesse “A Revolução dos bichos” de George Orwell, publicado em 1945, na busca de manter e reforçar essa forma de se relacionar que se tornou possível a partir da eletiva.

Observa-se que a Arte e a literatura promoveram o desenvolvimento pessoal e interpessoal da aluna, uma vez que ela afirmava não gostar de ler e apresentava-se bastante retraída, isolando-se dos grupos e não conseguindo nem mesmo estabelecer contato visual com as professoras durante as aulas.

Promover a partilha de percepções, vivências, sentimentos e emoções através de atividades expressivas das artes favorece o desenvolvimento de processos funcionais psíquicos, por exemplo, a imaginação e o processo funcional afetivo: “através das atividades expressivas das artes, o sujeito está promovendo a ressignificação e reorganização de seu estado emocional; ou seja, ele ‘re-sente’ a emoção e lhe confere um novo significado” (Camargo & Bulgacov, 2008Camargo, D.; Bulgacov, Y. L. M. (2008). A perspectiva estética e expressiva na escola: articulando conceitos da psicologia sócio-histórica. Psicologia em estudo, 13(3), 467-475., p.471).

Além disso, a experiência da eletiva, especialmente o segundo momento da atividade artística, garantiu a aproximação professor-aluno. O fazer junto, demonstrando a condição de aprendiz também do professor, possibilitou uma troca de saberes e afetos entre os sujeitos e a desmistificação de que o professor “sabe tudo”.

Por fim, a construção de uma cortina para o auditório da escola colocou em evidência a produção do grupo que acolheu o múltiplo e o diferente, demonstrando a preocupação com o belo e o outro no espaço coletivo4 4 Na véspera da Culminância, morreu uma aluna da escola, vítima de atropelamento. Os alunos dessa disciplina eletiva, em conjunto com as professoras, decidiram homenageá-la, numa atitude de sensibilidade e afeto, por meio de uma pintura em tecido, compondo, assim, uma parte da cortina à sua memória. .

Figura 2
Cortina literária produzida na Eletiva “O fio das missangas”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta da disciplina eletiva inicialmente gerou algumas resistências entre os alunos, sobretudo com relação à leitura. Para minimizar tal resistência, permitiu-se que as obras fossem escolhidas e que os agrupamentos acontecessem conforme afinidade com o gênero literário. Quando se iniciou a segunda parte da eletiva, houve uma reavaliação feita pelos alunos quanto à validade da primeira parte, já que os próprios sentiram necessidade de retomar a obra lida para que conseguissem expor o entendimento e as sensações, percepções, emoções e sentimentos provocados diante do conteúdo.

Além da formação estética e da possibilidade de expressão pela arte, a atividade proposta no segundo momento possibilitou a aproximação entre professoras e alunos, pois ambos produziram seu olhar para a composição da cortina literária, gerando nos alunos um olhar de igualdade no aprendizado.

Nota-se o impacto da formação estética na educação do sensível, ou seja, o desenvolvimento de uma capacidade sensível, tanto na aproximação citada acima, quanto no exemplo de uma aluna que pouco se comunicava ou interagia com a turma e as professoras, mas que passou a se socializar através da literatura e de sua produção na cortina, sobretudo por se tratar de um caso em que, no depoimento inicial, afirmava nunca ter lido um livro sozinha e que depois desenvolveu o gosto pela leitura.

Assim, percebe-se que a disciplina possibilitou, além da materialização da cortina literária - que ocupa o auditório da escola e é motivo de orgulho de toda comunidade escolar, o desenvolvimento de uma capacidade sensível, habilidades interpessoais, interesse pela leitura e aproximação entre professoras e alunos.

REFERÊNCIAS

  • Barroco, S. M. S.; Superti, T. (2014). Vigotski e o estudo da psicologia da arte: contribuições para o desenvolvimento humano. Psicologia & Sociedade, 26(1), 22-31.
  • Candido, A. (1995). O direito à literatura. In Vários escritos(3ª ed., pp.235-263). São Paulo: Duas cidades.
  • Camargo, D.; Bulgacov, Y. L. M. (2008). A perspectiva estética e expressiva na escola: articulando conceitos da psicologia sócio-histórica. Psicologia em estudo, 13(3), 467-475.
  • Couto, M. (2009). O fio das missangas São Paulo: Companhia das Letras.
  • Sperry, D. (Director). (2018). A palavra conta São Paulo: Java 2G, Instituto C&A. Recuperado em 19 jan. 2017, de 2017, de https://www.youtube.com/watch?v=TlOwKhIma5s
    » https://www.youtube.com/watch?v=TlOwKhIma5s
  • Vigotski, L. S. (1999). Psicologia da Arte São Paulo: Martins Fontes.
  • Zanella, A. V.; Cabral, M. G.; Maheirie, K.; Da Ros, S. Z.; Urnau, L. C.; Titon, A. P.; Werner, F. W.; Sander, L. (2006). Relações estéticas, atividade criadora e constituição do sujeito: algumas reflexões sobre a formação de professores(as). Cadernos de psicopedagogia, 6(10), 1-17.
  • 3
    O título atribuído à disciplina faz referência a uma obra do escritor Mia Couto, que foi apresentada e parcialmente lida em reuniões do grupo de pesquisa de professores da escola: “A missanga, todos a vêem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo” (Couto, 2009Couto, M. (2009). O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras., p. 5).
  • 4
    Na véspera da Culminância, morreu uma aluna da escola, vítima de atropelamento. Os alunos dessa disciplina eletiva, em conjunto com as professoras, decidiram homenageá-la, numa atitude de sensibilidade e afeto, por meio de uma pintura em tecido, compondo, assim, uma parte da cortina à sua memória.
  • Apoio Financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (Processo n.2014/50841-4)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Maio 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    04 Dez 2018
  • Aceito
    09 Ago 2019
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