EDITORIAL
Claudia Regina Furquim de Andrade
Professora Titular
Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional
Faculdade de Medicina
Universidade de São Paulo
Hoje podemos considerar a Pró-Fono um jornal científico de peso, representativo da produção científica de nosso área no país, maduro em sua linha editorial, com perfil determinado, sendo o veículo internacional que permite a visibilidade imediata das pesquisas por nós publicadas.
Como todos já sabem, temos tríplice indexação: PubMed/MEDLINE (Internacional C); SciELO (Nacional A); CSA (Internacional não pontuada) e LILACS (Nacional B). Estamos em processo de indexação no ISI (Internacional A e B), mas ainda não atingimos o que eles consideram o primordial para a configuração de um jornal: influência global da pesquisa produzida por nós na comunidade científica internacional e performance métrica para índice de impacto.
Com isso algumas idéias serão amadurecidas pelo Grupo Editorial:
aumentar o número de autores estrangeiros de excelência com publicação na Pró-Fono;
aumentar em nossos artigos o número de citações de periódicos ISI e de autores de alto impacto;
citar autores brasileiros, preferencialmente aqueles com produção internacional ISI.
Enfim, essas são algumas idéias e eu gostaria do apoio de vocês para que convidem seus contatos no exterior a submeterem seus manuscritos à Pró-Fono. Uma revista MEDLINE deve ter autores de diversos países para a melhor divulgação do estado da arte e da ciência fonoaudiológica.
Assim, temos muito trabalho pela frente. No segundo número de 2006 são apresentados 10 artigos, todos exemplarmente analisados e re-analisados por nossos pares.
A pesquisa desenvolvida por Juste e Andrade (2006) tem como objetivo classificar, quantificar e comparar as tipologias de rupturas apresentadas na fala de crianças gagas e fluentes. Os resultados indicam que as rupturas comuns não diferenciaram os grupos e em relação às tipologias gagas, as crianças com gagueira apresentaram diferenças estatisticamente significantes.
Neiva e Leone (2006) apresentam um artigo de pesquisa cujo objetivo foi a descrição da evolução do padrão de sucção e os efeitos da estimulação da sucção não-nutritiva em recém-nascidos pré-termo. Os resultados indicam que o padrão de sucção evoluiu em função da idade corrigida. A estimulação da sucção não nutritiva aumentou a probabilidade de ocorrência do vedamento labial, ritmo, acanolamento, peristaltismo e coordenação sucção-deglutição-rspiração. O dedo enluvado mostrou ser a forma mais eficaz de estimulação.
O artigo de Papp e Wertzner (2006) teve como objetivo verificar: os processos fonológicos apresentados por crianças com diagnóstico de transtorno fonológico com e sem história de transtorno de fala e linguagem no núcleo familiar; a associação entre os processos fonológicos; a diferença do índice de gravidade PCC-R em relação ao histórico familial. Os resultados do estudo indicam a influência de histórico familial positivo, sugerindo que, em sua presença para o transtorno fonológico, incentive-se a intervenção precoce. O índice de gravidade do PCC-R não diferencia o transtorno fonológico em relação ao histórico familial.
Soncini e Costa (2006) pesquisaram a influência da prática musical sobre o treinamento auditivo no reconhecimento da fala em situação de silêncio e de ruído. Os resultados indicam que a prática musical melhora a habilidade de reconhecimento de fala diante do ruído.
Verificar a ocorrência de alterações nos potenciais evocados auditivos de média e longa latências em indivíduos adultos portadores da síndrome da imunodeficiência adiquirida (AIDS) foi o objetivo do estudo de Matas et al. (2006). Os resultados encontrados indicam não significância para média latência e significância para longa latência.
Miilher e Ávila (2006) caracterizaram a produtividade lingüística e de narrativa, de narrações orais e escritas de escolares com distúrbio da linguagem oral e da escrita. O estudo conclui que há maior produtividade lexical oral se comparada à escrita; há menor uso de marcadores temporais e menor número de episódios relatados na modalidade escrita.
Costa e Chiari (2006) verificaram o desempenho de um grupo de crianças com perda de audição em teste de vocabulário (ABFW). O estudo conclui que crianças menores apresentaram melhor desempenho para os campos conceituais de animais, transportes, formas e cores. As crianças maiores dominaram a maioria dos campos conceituais.
Em pesquisa com idosos com audição normal nas freqüências mais importantes para a compreensão da fala, Fonseca e Iório (2006) buscaram identificar o menor tempo de atraso interaural - que é capaz de produzir lateralização para a orelha em que o estímulo chegou primeiro - usando técnicas ascendente e descendente e teste de lateralização sonora. Os resultados indicam informações sofisticadas sobre a audição do idoso.
Salfatis e Cunha (2006) relatam um caso de um paciente portador de distonia focal laríngea, com ênfase nos efeitos recíprocos entre voz e psiquismo. Os resultados apontam para a importância da abordagem ampla - escuta e psiquismo - na sintomatologia manifesta na voz.
Na Revisão de Literatura de Meirelles et al. (2006), o objetivo foi pesquisar, na literatura disponível, os aspectos fonoaudiológicos relacionados com desenvolvimento normal da linguagem oral e descrever suas principais características nas crianças com síndromes de Apert, Crouzon, Pfeiffer e Saethre-Chotzen.
Abraço,
Claudia
Referências Bibliográficas
ARDUINO-MEIRELLES, A. P.; LACERDA, C. B. F.; GIL-DA-SILVA-LOPES, V. L. Aspectos sobre desenvolvimento de linguagem oral em craniossinostoses sindrômicas. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 213-220, maio-ago. 2006.
COSTA, M. C. M.; CHIARI, B. M. Verificação do desempenho de crianças deficientes auditivas oralizadas em teste de vocabulário. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 189-196, maio-ago. 2006.
FONSECA, C. B. F.; IÓRIO, M. C. M. Aplicação do teste de lateralização sonora em idosos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 197-206, maio-ago. 2006.
JUSTE, F.; ANDRADE, C. R. F. de. Tipologia das rupturas de fala e classes gramaticais em crianças gagas e fluentes. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p.129-140, maio-ago. 2006.
MATAS, C. G.; JUAN, K. R. de; NAKANO, R. A. Potenciais evocados auditivos de média e longa latências em adultos com AIDS. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 171-176, maio-ago. 2006.
MIILHER, L. P.; ÁVILA, C. R. B. Variáveis lingüísticas e de narrativas no distúrbio de linguagem oral e escrita. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 177-188, maio-ago. 2006.
NEIVA, F. C. B.; LEONE, C. R. Sucção em recém-nascidos pré-termo e estimulação da sucção. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 141-150, maio-ago. 2006.
PAPP, A. C. C. S.; WERTZNER, H. F. O aspecto familial e o transtorno fonológico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 151-160, maio-ago. 2006.
SALFATIS, D. G.; CUNHA M. C. Distonia focal laríngea: investigações no corpo que remetem à mente. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 207-212, maio-ago. 2006.
SONCINI, F.; COSTA, M. J. Efeito da prática musical no reconhecimento da fala no silêncio e no ruído. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 2, p. 161-170, maio-ago. 2006.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
12 Set 2006 -
Data do Fascículo
Ago 2006