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Verificação do desempenho de crianças deficientes auditivas oralizadas em teste de vocabulário

Resumos

TEMA: vocabulário expressivo de crianças deficientes auditivas oralizadas. OBJETIVO: verificar o desempenho de um grupo de crianças com perda de audição em um teste de vocabulário expressivo. MÉTODO: o Teste de Linguagem Infantil ABFW - Vocabulário foi aplicado em 21 crianças portadoras de deficiência auditiva de grau moderadamente severo a profundo divididas em três grupos, conforme suas idades: 3 anos a 4 anos e 11 meses, 5 anos a 6 anos e 11 meses e 7 anos a 8 anos e 11 meses. Estas crianças utilizavam predominantemente o código lingüístico oral para se comunicar. RESULTADOS: os indivíduos pertencentes aos diferentes grupos etários forneceram mais respostas corretas e processos de substituição ao nomearem as figuras solicitadas do que não designaram. Em geral, as crianças com idades entre 7 anos a 8 anos e 11 meses demonstraram melhor desempenho do que aquelas com idades entre 3 anos a 4 anos e 11 meses e 5 anos a 6 anos e 11 meses, cujos comportamentos foram semelhantes. CONCLUSÃO: as crianças demonstraram melhores desempenhos nos campos conceituais animais, meios de transporte e formas e cores; as crianças mais velhas mostraram maior conhecimento dos vocábulos na maioria dos campos conceituais. Ao verificar o desempenho destas crianças no Teste de Linguagem Infantil ABFW - Vocabulário, foi possível concluir que tal verificação permitiu a identificação dos campos conceituais em que as crianças possuem maior ou menor domínio, assim como o reconhecimento dos recursos que os sujeitos deficientes auditivos utilizam na tentativa de nomear. Estas informações permitem que o fonoaudiólogo enfatize os campos conceituais menos conhecidos pelas crianças e abordem os traços e atributos dos objetos já conhecidos por elas, antes de apresentá-lo.

Deficiência Auditiva; Vocabulário; Linguagem; Crianças


BACKGROUND: expressive vocabulary of hearing impaired children. AIM: to verify the performance of a group of children with hearing impairment in an expressive vocabulary test. METHOD: the Language Test for Young Children ABFW - Vocabulary was used in 21 children with moderately-severe to profound hearing losses. Children were divided in three groups according to their age: 3 to 4 years and 11 months; 5 to 6 years and 11 months; 7 to 8 years and 11 months. These children used predominately the linguistic oral code in order to communicate. RESULTS: all of the groups presented a higher number of correct answers and substitution processes when compared to the number of non-designations. Overall, children with ages between 7 and 8 years and 11 months presented a better performance than those with ages between 3 and 4 years and 11 moths, and with ages between 5 and 6 years and 11 moths. Both of these groups presented similar performances. CONCLUSION: Children presented better performances in the semantic fields of animals, means of transportation and shapes and colors; older children demonstrated to have a greater knowledge of words in most of the tested semantic fields. The ABFW Vocabulary Test identified the semantic fields in which children present a greater or lower domain, as well as the identification of the strategies that hearing impaired children use when trying to name an object. These information allow speech-language pathologists to emphasize the semantic fields that are less known to the children and to explore characteristics and attributes of those objects that are already known by them before their presentation.

Impairment Hearing; Vocabulary; Language; Children


ARTIGOS DE PESQUISA

Verificação do desempenho de crianças deficientes auditivas oralizadas em teste de vocabulário* * Trabalho Realizado na Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina

Marianni Christina Moreira CostaI; Brasília Maria ChiariII

IFonoaudióloga. Mestre em Ciências dos Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico pela Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina

IIFonoaudióloga. Professora Titular do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Rua Antônio José Gonçalves, 105 - Apto. 160 São Paulo - SP - CEP 04152-140 ( marichristina@ig.com.br)

RESUMO

TEMA: vocabulário expressivo de crianças deficientes auditivas oralizadas.

OBJETIVO: verificar o desempenho de um grupo de crianças com perda de audição em um teste de vocabulário expressivo.

MÉTODO: o Teste de Linguagem Infantil ABFW - Vocabulário foi aplicado em 21 crianças portadoras de deficiência auditiva de grau moderadamente severo a profundo divididas em três grupos, conforme suas idades: 3 anos a 4 anos e 11 meses, 5 anos a 6 anos e 11 meses e 7 anos a 8 anos e 11 meses. Estas crianças utilizavam predominantemente o código lingüístico oral para se comunicar.

RESULTADOS: os indivíduos pertencentes aos diferentes grupos etários forneceram mais respostas corretas e processos de substituição ao nomearem as figuras solicitadas do que não designaram. Em geral, as crianças com idades entre 7 anos a 8 anos e 11 meses demonstraram melhor desempenho do que aquelas com idades entre 3 anos a 4 anos e 11 meses e 5 anos a 6 anos e 11 meses, cujos comportamentos foram semelhantes.

CONCLUSÃO: as crianças demonstraram melhores desempenhos nos campos conceituais animais, meios de transporte e formas e cores; as crianças mais velhas mostraram maior conhecimento dos vocábulos na maioria dos campos conceituais. Ao verificar o desempenho destas crianças no Teste de Linguagem Infantil ABFW - Vocabulário, foi possível concluir que tal verificação permitiu a identificação dos campos conceituais em que as crianças possuem maior ou menor domínio, assim como o reconhecimento dos recursos que os sujeitos deficientes auditivos utilizam na tentativa de nomear. Estas informações permitem que o fonoaudiólogo enfatize os campos conceituais menos conhecidos pelas crianças e abordem os traços e atributos dos objetos já conhecidos por elas, antes de apresentá-lo.

Palavras-Chave: Deficiência Auditiva; Vocabulário; Linguagem; Crianças.

Introdução

Os efeitos da privação de audição, apesar de dependerem de certas variáveis, atingem, em diversos graus, alguns aspectos do comportamento humano, dificultando a integração do indivíduo portador de deficiência auditiva na sociedade (Russ et al., 2003; Lieu, 2004).

Medidas de correção (uso de aparelhos de amplificação sonora individual, implante coclear, orientação familiar, métodos de reabilitação, etc.) têm sido cada vez mais aperfeiçoadas, adotadas e precocemente instituídas na tentativa de minimizar o impacto do comprometimento auditivo no processo de aquisição e desenvolvimento de linguagem.

A literatura revela que as oportunidades limitadas de ouvir informações levam à privação de experiências, com conseqüências negativas para o conhecimento de mundo e desenvolvimento de vocabulário. Segundo Azcoaga et al. (1977), a falta do reforço auditivo em coincidência com os vocábulos que representam os objetos presentes no ambiente das crianças prejudica a aquisição e o aumento do vocabulário. Bommarito e Chiari (1996) afirmaram que o falar, mediado pelo uso das palavras, não substitui o viver e o experimentar e sim, expressa o que possa dizer deles, permitindo a construção do conhecimento, o compartilhar com os semelhantes e a transmissão de idéias, sentimentos e, sobretudo, valores sócio-culturais.

Segundo Zamorano (1991), a função da linguagem vai além de ser um instrumento de comunicação, desperta a dimensão de significado.

Vigotsky (1991) referiu que palavras são unidades em que o pensamento e a fala estão inter-relacionados, funcionando primeiramente como meio para a formação de um conceito e tornando-se o seu símbolo posteriormente.

Luria (2001) relatou que a palavra é o elemento fundamental da linguagem. A palavra codifica e transmite as experiências, designando coisas, ações e relações; reunindo objetos em determinados sistemas e individualizando características. Além disto, a palavra possibilita que o ser humano opere mentalmente com os objetos na sua ausência.

As produções lingüísticas de sujeitos deficientes auditivos são geralmente simples, abrangentes e referentes ao concreto. Muitos pesquisadores apontam os seus vocabulários escassos e restritos como um dos fatores que não permitem a utilização de emissões verbais mais pontuais, complexas e estruturadas por estes indivíduos (Luetke-Stahlman, 1993).

Embora pesquisas estejam sendo realizadas com o propósito de compreender as dificuldades e a natureza do processo de aquisição e desenvolvimento de linguagem nos surdos ou portadores de deficiência auditiva, são poucos os estudos que descrevem o processo de aquisição de palavras nestas crianças.

O conhecimento de como este processo ocorre em indivíduos com deficiência auditiva auxiliaria na obtenção de melhores resultados durante a intervenção terapêutica e proporcionaria maiores esclarecimentos a questões teóricas acerca do aspecto semântico da linguagem em crianças consideradas normais.

O objetivo deste trabalho foi verificar o desempenho de um grupo de crianças deficientes auditivas oralizadas em um teste de vocabulário expressivo.

Método

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina (UNIFESP - EPM), sob o número 1477/03. Os responsáveis pelos sujeitos envolvidos no estudo leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Participaram deste estudo 21 crianças, dos sexos masculino e feminino, com idades entre três anos e cinco meses a oito anos e oito meses, portadoras de deficiência auditiva neurossensorial de grau moderadamente severo a profundo (Silman e Silvermann, 1991) bilateralmente e que utilizavam predominantemente o código lingüístico oral para se comunicar.

Todos os 21 participantes da pesquisa tinham perda de audição congênita ou pré-lingual, adquirindo a deficiência auditiva antes de completarem dois anos e seis meses de idade. Também faziam uso de aparelhos de amplificação sonora individual bilateralmente ou implante coclear e freqüentavam terapia fonoaudiológica para receber estimulação de fala, linguagem e audição há pelo menos dois anos. As crianças não apresentavam outra dificuldade evidente relacionada à fala e linguagem, além da deficiência auditiva.

A coleta dos dados foi realizada em quatro locais diferentes, sendo eles: Ambulatório de Avaliação e Diagnóstico Fonoaudiológico da UNIFESP - EPM / Hospital São Paulo; clínica particular localizada na Zona Sul do Município de São Paulo; clínica particular localizada em São José dos Campos e Instituo Santa Terezinha.

Anteriormente à realização do teste, os responsáveis pelas crianças da amostra da pesquisa foram submetidos individualmente a uma entrevista inicial para o preenchimento de uma ficha de caracterização da amostra, que continha dados referentes à identificação, deficiência auditiva, terapia fonoaudiológica, comunicação, desenvolvimento, escolaridade e audiometria do indivíduo.

As crianças foram divididas em três grupos etários: três anos a quatro anos e onze meses; cinco anos a seis anos e onze meses e sete anos a oito anos e onze meses. Mesmo não sendo o objetivo deste estudo analisar a influência das variáveis grau da deficiência auditiva e idade em que as crianças passaram a receber estimulação sob o desempenho das crianças no teste utilizado, os indivíduos de cada grupo etário eram portadores de diferentes graus de perda de audição (Quadro 1) e também passaram a receber intervenção fonoaudiológica em idades diferentes, como mostra o Quadro 2.



O teste selecionado para a realização deste estudo foi a prova de verificação do vocabulário, proposta por Befi-Lopes (2000), parte integrante do ABFW - Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Todos os critérios de aplicação sugeridos pela autora foram seguidos.

A maioria das crianças foi testada pelas suas respectivas terapeutas e, anteriormente ao início da testagem, as terapeutas receberam todas as instruções sobre a aplicação do teste.

Para a coleta de dados, foi utilizada uma filmadora de modelo Compact VHS Vídeo Entertainment System GR-SV3 e marca JVC® e fitas cassetes compactas das marcas JVC® e Maxell®.

As gravações das respostas fornecidas pelos sujeitos da pesquisa permitiram o registro destas no protocolo específico da prova de verificação do vocabulário. Seguindo os critérios de análise propostos por Befi-Lopes (2000), as respostas foram classificadas como designação de vocábulo usual (DVU), não-designação (ND) e processo de substituição (PS).

Para a análise estatística deste estudo, foi utilizado o teste de igualdade de duas proporções e o nível de significância foi fixado em 0,05 (5%).

Resultados

As Tabelas 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 exibem a comparação proporcional dos tipos de respostas das crianças dos diferentes grupos etários nos campos conceituais vestuário, animais, alimentos, meios de transporte, móveis e utensílios, profissões, locais, formas e cores e brinquedos e instrumentos musicais, respectivamente.

A Tabela 10 evidencia a comparação proporcional da distribuição dos tipos de respostas em cada campo conceitual, independentemente dos grupos etários.

Discussão

Os resultados obtidos confirmam a expectativa prévia à realização desta pesquisa de que as crianças pertencentes ao grupo etário sete anos a oito anos e onze meses demonstrariam melhor desempenho, utilizando maiores proporções de DVU. Contudo, o fato das crianças com idades entre cinco anos a seis anos e onze meses apresentarem desempenho aquém daquelas com três anos a quatro anos e onze meses pode estar relacionada às características auditivas dos grupos, pois, como consta no Quadro 1, a maioria dos indivíduos portadores de deficiência auditiva de grau profundo está concentrada no grupo etário cinco anos a seis anos e onze meses.

Muitos autores afirmam que, quanto mais severo for o grau de perda de audição, mais significante é o impacto desta na aquisição e desenvolvimento de linguagem, incluindo seu aspecto semântico (Wake et al., 2004).

As crianças diagnosticadas como portadoras de deficiência auditiva que recebem intervenção precoce, principalmente durante o primeiro ano de vida, demonstram melhores desempenhos de linguagem do que aquelas estimuladas tardiamente (Moeller, 2000; Yoshinaga-Itano e Gravel, 2001; Geers, 2004; Svirsky et al., 2004; Yoshinaga-Itano, 2004).

Como pode ser observado no Quadro 2, a maior parte das crianças que receberam intervenção antes de completarem um ano de idade é pertencente ao grupo de indivíduos com três anos a quatro anos e onze meses, o que também pode justificar o melhor desempenho destes sujeitos quando comparados às crianças de cinco anos a seis anos e onze meses.

Nas Tabelas correspondentes a cada campo conceitual, é possível constatar que, apesar da análise estatística não ter revelado diferenças estatisticamente significantes entre os grupos etários em todos os campos conceituais, as crianças mais velhas demonstraram o melhor desempenho na maioria destes. Também pode ser verificado que o grupo de sujeitos mais novos forneceu mais respostas corretas do que o grupo etário intermediário na maioria dos campos conceituais, mesmo não existindo diferenças estatisticamente significantes entre estes grupos de sujeitos.

Luetke-Stahlman (1993) afirmou que vocábulos representativos de objetos interessantes para as crianças tendem a aparecer precocemente no repertório de sujeitos deficientes auditivos. Befi-Lopes e Galea (2000) e Bastos et al. (2004) verificaram, em seus estudos, que palavras que designam meios de transporte estão presentes no vocabulário de crianças mais jovens. Acosta et al. (2003) indicaram que as primeiras palavras aprendidas pelas crianças são referentes ao que pode mover-se ou mudar de lugar.

Como consta na Tabela 10, o campo conceitual alimentos diferenciou-se estatisticamente de todos os outros campos conceituais. Foi possível observar que as crianças forneceram respostas corretas com mais freqüência nas outras categorias citadas acima. Befi-Lopes et al. (2004a) encontraram que vocábulos descritores de necessidades básicas estão presentes nas falas de indivíduos autistas.

As Tabelas 1 (vestuário), 5 (móveis e utensílios) e 9 (brinquedos e instrumentos musicais) evidenciam que somente as crianças com idades entre sete anos a oito anos e onze meses forneceram predominantemente respostas do tipo DVU.

Jerger et al. (2002) relataram que o desenvolvimento do vocabulário envolve aprendizagem de significados e nomes de objetos comuns ao cotidiano das crianças, o que requer integração de informações perceptuais.

Nos campos conceituais profissões e locais (Tabelas 6 e 7, respectivamente), houve predominância de resposta do tipo PS em todos os grupos etários.

Befi-Lopes, (2002) afirmou que o bom desempenho nos campos conceituais profissões e locais requer maior domínio de conhecimento, pois para a aquisição de tais conceitos são necessárias capacidades de representação e abstração. Bommarito e Chiari (1996) verificaram que crianças com deficiência auditiva apresentaram mais facilidade com palavras que representavam objetos concretos do que as que envolviam maior abstração. Pedromônico et al. (2002) observaram que palavras relacionadas à categoria lugar foram as menos freqüentes nas falas de crianças ouvintes com idades entre 22 a 36 meses.

As crianças das diferentes idades não designaram de forma pouco freqüente em todos os campos conceituais. Befi-Lopes e Galea (2000) constataram que as crianças ouvintes com alteração de linguagem freqüentemente referem não saber o nome do estímulo apresentado. Na Tabela 10, é possível notar que, em alguns campos conceituais, as baixas proporções de ND são justificadas pela alta ocorrência de respostas do tipo PS.

Segundo Befi-Lopes (2002), a tendência das crianças nomearem todas as figuras solicitadas quando estão sendo avaliadas diminui conforme o aumento do domínio do código oral, quando estas preferem não nomear algo que não conhecem.

No campo conceitual formas e cores, a alta proporção de respostas corretas fornecidas pelos sujeitos de todas as idades pode ser a evidência do resultado benéfico da intervenção e escolaridade (Bommarito e Chiari, 1996; Huttenlocher, 1998).

Quando as porcentagens obtidas neste estudo foram comparadas aos valores percentuais esperados na normalidade para as faixas etárias de dois a seis anos (Befi-Lopes, 2004b), foi verificado que somente as crianças de três anos a quatro anos e onze meses apresentaram proporções de respostas compatíveis aos indivíduos ouvintes da mesma faixa etária.

Os sujeitos pertencentes aos outros dois grupos etários não exibiram a mesma similaridade de comportamento com relação às crianças ouvintes. Todavia, deve ser considerado que, ao nascimento destes sujeitos, os avanços tecnológicos que atualmente, permitem o diagnóstico precoce não estavam totalmente disponíveis. Conseqüentemente, estes indivíduos permaneciam privados da audição durante parte ou todo período crítico para a aquisição de linguagem.

Assim, os achados desta pesquisa, relacionados aos grupos etários intermediário e mais velho, concordam com a maioria dos relatos existentes na literatura quanto à limitação e ao atraso de aquisição de vocabulário experimentados pelos portadores de perda auditiva.

Alguns pesquisadores afirmaram que o vocabulário dos indivíduos com deficiência auditiva não aumenta na mesma razão em que ocorre com sujeitos ouvintes, apresentando atrasos cada vez maiores conforme a idade da criança (Connor et al., 2000; Eisenberg et al., 2004).

Pesquisas longitudinais envolvendo crianças deficientes auditivas que receberam intervenção precoce fazem-se necessárias para o esclarecimento do padrão de desenvolvimento demonstrado por esta população, ou seja, para a verificação da permanência ou não destes indivíduos dentro dos parâmetros de normalidade.

Conclusão

Após a análise dos resultados obtidos, foi possível concluir que as crianças de todos os grupos etários forneceram mais respostas corretas nos campos conceituais animais, meios de transporte e formas e cores. Nos campos conceituais vestuário, profissões e locais, os indivíduos freqüentemente utilizaram diferentes PS(s) na tentativa de nomeação. Quanto às ND(s), os sujeitos não designaram com pouca freqüência em todos os campos conceituais.

O grupo etário sete anos a oito anos e onze meses demonstrou o melhor desempenho na maioria dos campos conceituais. Quando as crianças mais novas do estudo não exibiram melhor comportamento do que as pertencentes ao grupo intermediário, este foi semelhante. Além disto, as crianças com idades entre três anos a quatro anos e onze meses exibiram desempenho compatível à normalidade, na maioria dos campos conceituais.

Recebido em 14.04.2005

Revisado em 16.05.2006; 02.06.06.

Aceito para publicação em 24.07.2006.

Artigo de Pesquisa

Artigo Submetido a Avaliação por Pares

Conflito de Interesses: não

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  • Endereço para correspondência:
    Rua Antônio José Gonçalves, 105 - Apto. 160
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    Trabalho Realizado na Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Set 2006
    • Data do Fascículo
      Ago 2006

    Histórico

    • Aceito
      24 Jul 2006
    • Revisado
      16 Maio 2006
    • Recebido
      14 Abr 2005
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