Resumo
O presente relato de experiência explora temas da Saúde Coletiva, com foco nas condições precárias de existência que afetam os usuários dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial. O autor utiliza suas memórias e anotações para narrar dois casos acompanhados enquanto técnico de saúde mental em um Centro de Atenção Psicossocial, localizado na cidade do Rio de Janeiro. A primeira cena relatada ilustra as questões de reconhecimento discutidas por Judith Butler, destacando como normas sociais e políticas ditam quem é reconhecido como vivente, portanto, passível de luto. O segundo relato serve de ponto de partida para discutir as camadas de precariedade e a complexidade do cuidado, dialogando com autores que discutem sobre o tema. O trabalho conclui refletindo sobre o papel ambíguo do Estado, que simultaneamente cria e tenta mitigar as condições precárias de existência, propondo que o cuidado em territórios vulneráveis deve ser entendido como um ato político necessário para garantir a sustentação das vidas.
Palavras-chave:
Rede de Atenção Psicossocial; Violência; Cuidado; Sofrimento psíquico