Pelo senso comum, adolescentes com deficiência intelectual têm a sexualidade exacerbada ou são assexuados. Para conhecer como vivenciam as manifestações sexuais de seus filhos, entrevistamos 14 pais de adolescentes com essa deficiência. A análise das narrativas obtidas foi baseada em autores da antropologia. Nelas, observaram-se os preconceitos e o desconhecimento sobre o tema, bem como a reprodução da ideologia de gênero da nossa sociedade. Nas narrativas dos pais de adolescentes do sexo masculino, a masturbação, a relação sexual e o medo de abuso sexual foram destaques, enquanto nas dos pais das adolescentes privilegiaram-se como tema as mudanças corporais e também o receio de que fossem abusadas sexualmente. A inadequação entre desenvolvimento físico e um comportamento sexual considerado socialmente impróprio também foi alvo de narrativas. Aponta-se a necessidade de ampliação do debate com os adolescentes, seus pais e diversos setores da sociedade para minimizar os preconceitos em relação à sexualidade das pessoas com deficiência intelectual, propiciando a garantia de seus direitos sexuais.
adolescência; sexualidade; deficiência intelectual