Open-access Homicídio-suicídio no Brasil: uma análise sobre os casos noticiados em 2023

Homicide-Suicide in Brazil: an analysis of cases reported in 2023

Resumo

Este estudo investigou notícias sobre homicídios-suicídios no Brasil em 2023, dimensionando a problemática do comportamento violento, traumático e complexo. Por meio do Google, foram reunidos 118 artigos jornalísticos mencionando termos específicos. A análise foi dividida em duas etapas: (1) levantamento de estatísticas descritivas, incluindo frequência por estado, gênero de vítimas e perpetradores, local de ocorrência e relação entre vítimas e perpetradores; e (2) análise de conteúdo das notícias com o software IRaMuTeQ, focando na estrutura e organização das informações. Os resultados indicam que homicídios-suicídios têm predominância de perpetradores masculinos e vítimas femininas, em contextos relacionais heteronormativos, refletindo questões de gênero e sexualidade, além do uso de armas de fogo, conforme a literatura internacional aponta. Houve maior ocorrência de homicídios-suicídios nas regiões Sudeste e Sul e, com isso, as notícias frequentemente expõem detalhes explícitos sobre os crimes, suscitando preocupações na cobertura midiática desses eventos. Propomos que o homicídio-suicídio no país constitui um problema de saúde e segurança pública, sendo necessária a diferenciação de casos isolados de homicídios e suicídios para seu enfrentamento. Desta maneira, dispositivos legais devem ter registros formais, de forma agrupada das mortes, evidenciando a existência desse comportamento, além de ocupar espaços na produção de conhecimento em geral.

Palavras-chave:
Homicídio-suicídio; Feminicídio; Saúde mental; Segurança pública

Abstract

This study investigated news coverage of homicide-suicide in Brazil in 2023, aiming to dimension the problem of violent, traumatic, and complex behavior. Using Google, 118 journalistic articles containing specific terms were gathered. The analysis was divided into two stages: (1) collection of descriptive statistics, including frequency by state, gender of victims and perpetrators, location of occurrence, and relationship between victims and perpetrators; and (2) content analysis of the news using IRaMuTeQ software, focusing on the structure and organization of information. Results indicate that homicide-suicide cases predominantly involve male perpetrators and female victims in heteronormative relationships, reflecting issues of gender and sexuality, as described in international literature. The use of firearms in most cases also follows previous research. In addition to having a higher occurrence in the Southeast and South regions, the news often exposes explicit details about crimes, raising concerns about media coverage of these events. We propose that homicide-suicide in Brazil constitutes a health and public safety issue and that it is necessary to differentiate between isolated cases of homicide and suicide to effectively address it. Therefore, legal provisions should include formal, grouped records of these deaths, highlighting the existence of this behavior and contributing to knowledge production.

Keywords:
Homicide-suicide; Feminicide; Mental health; Public safety

Introduzindo a discussão

Um corpo em chamas se debate até paralisar sob o chão de uma estação de trem da zona norte do Rio de Janeiro. Imagens e vídeos da cena logo viralizaram nas redes sociais, mostrando o corpo incendiado, gritos de desespero e nenhum socorro prestado, em uma tarde de segunda-feira de abril de 2024. A pessoa que registrava de longe também narra o ocorrido, indicando que um homem havia ateado fogo em uma mulher e saiu correndo pelos trilhos. Mais tarde, foi divulgado que a mulher em chamas havia se separado do homem há dois meses, e os dois têm um filho. A mulher foi internada em estado grave com 90% do corpo queimado, mas não sobreviveu. O homem, encontrado morto boiando na Baía da Guanabara após enviar uma mensagem de despedida a um grupo de amigos, e seu carro ser encontrado na Ponte Rio-Niterói, alguns dias depois do ocorrido.

Durante a escrita deste texto, esta e outras cenas repercutiram e impactaram nossas mentes, ao reunir as notícias de homicídio-suicídio (h/s) publicadas on-line em 2023, uma vez que não existem dados oficiais no Brasil sobre o comportamento. Pesquisadores brasileiros atestam a inexistência de informações e pesquisas sobre h/s no país (Soares, 2002; Sá; Werlang, 2007; Bins et al., 2009; Cruz, 2022). Os trabalhos encontrados discorrem sobre os comportamentos em determinados contextos, como a investigação de Analba Brazão Teixeira (2009) sobre cinco casos de h/s de Natal-RN; as análises e os relatos de casos em Porto Alegre-RS, realizados por Sá e Werlang (2007) e Bins et al. (2009); e uma revisão da produção teórica internacional descrita por Soares (2002). As discussões mais recentes estão localizadas na manifestação do fenômeno atrelado aos agentes de segurança pública (Cruz, 2022), cuja mensuração e análise vêm sendo construídas através de dados do Instituto de Prevenção, Pesquisas e Estudos em Suicídio (IPPES, 2021; 2022; 2023). Além disso, há a análise de Lopes e Costa (2023) sobre o papel da mídia no enfrentamento de casos de feminicídio seguido de suicídio no Brasil.

Mobilizamos o registro de tais notícias no país para dimensionar a problemática do h/s e analisar sua manifestação, baseados na literatura especializada e internacional. Tal empreitada resulta dos encontros do Grupo de Estudos em Saúde Mental e Segurança Pública do Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (IPPES), entre 2021 e 2023, cujas reuniões configuram espaços de discussões sobre temáticas alinhadas ao Laboratório de Estudos de Violência e Saúde Mental do IPPES. Os participantes têm formação em sociologia, segurança pública, psicologia, psiquiatria e educação, de forma geral. Além também da sensibilização pelo comportamento de h/s ainda pouco discutido, apesar da sua recorrência na sociedade.

Definindo o homicídio seguido de suicídio

Uma forma de violência fatal (Alexandri et al., 2022), o homicídio-suicídio pode ser definido também como um evento trágico e dramático, perpetrado por um indivíduo que mata uma ou mais pessoas, sem o consentimento das vítimas, e logo em seguida suicida (Marzuk et al., 1992; Sá; Werlang, 2007). Não há um consenso acerca do tempo; a literatura aponta que o intervalo entre o homicídio e o suicídio seja de até 24 horas (Sá; Werlang, 2007; Bossarte et al., 2006), um dia a uma semana (Saint-Martin et al., 2007), ou ainda, três meses depois do homicídio (Allen, 1983; CDC, 1991). De forma geral, implica um curto período, no qual o suicídio deve ter relação temporal e motivacional ao homicídio (Alexandri et al., 2022).

É possível encontrar estudos internacionais sobre h/s em distintas revistas e pesquisas a partir de determinados recortes espaciais e temporais. São estudos realizados na América, sendo de maior concentração nos Estados Unidos (Marzuk et al., 1992; Logan et al., 2008; Bossarte et al., 2006) e em cidades estadunidenses (Allen, 1983; Scheinin et al., 2011), mas também no Canadá (Bourget et al., 2000) e no Uruguai (Castro, 2022).

Na Europa também há pesquisas ao longo dos anos, inclusive o primeiro estudo cuja realização foi em Londres (West, 1965); ao lado de estudos comparativos entre Inglaterra e País de Gales (Flynn et al., 2016); Londres (Coid, 1983); ou de países como Grécia (Alexandri et al., 2022); Suíça (Shiferaw et al., 2010; Liem et al., 2010); França (Saint-Martin et al., 2008); Finlândia (Virkkunen, 1974; Saleva et al., 2007); Islândia (Gudjonsson e Petursson, 1982); Itália (Raddi et al., 2022); Escócia (Gibson e Klein, 1969); e Suécia (Lindqvist, 1985; Sturup, 2015). Assim como na Oceania, com estudos da Nova Zelândia (Moskowitz et al., 2006) e da Austrália (Carcach; Grabosky, 1998; Brett, 2016). Ou ainda da África do Sul (Mathews et al., 2008), Índia (Gupta; Singh, 2007) e China (Densley et al., 2017).

As pesquisas estabelecem certos perfis de caracterização do h/s, tanto para as vítimas, quanto para os perpetradores, através de levantamentos e estudos de ocorrências. Isto é, para quem perpetra a violência, fatores de predisposição são ser homem, branco, mais velho que a vítima, ter histórico de depressão e/ou outro transtorno mental (Rosenbaum, 1990; Morton et al., 1992), ter acesso a arma de fogo e estar inserido em cenários de ameaças, reais ou fantasiosas, ou ainda atravessar processos de separação (Bins et al., 2009). Por outro lado, as vítimas são mais propensas a serem do gênero feminino, estarem separadas, divorciadas ou em processo de separação dos parceiros e perpetradores da violência (Byard et al., 1999; Lund; Smorodinsky, 2001).

As ocorrências de h/s entre desconhecidos são raras (Byard et al., 1999), cerca de 95% dos perpetradores conheciam as vítimas (Barraclough, 2002; CDC, 1991; Chan et al., 2004), sendo realizadas por ex-marido, atual marido ou ainda parceiro íntimo, na casa das vítimas (Lund; Smorodinsky, 2001). Em linhas gerais, a maioria dos perpetradores do h/s é formada por homens, cerca de 92%, enquanto 58% das vítimas são parceiras íntimas atuais ou antigas dos agressores (Bossarte et al., 2006), estabelecendo e denunciando, assim, uma violência fatal de gênero e demarcada por vínculos familiares. Ademais, a perpetração é atravessada racialmente, na qual homens brancos lideram a autoria, manifestando a tendência de matar, geralmente, mulheres adultas e, por vezes, seus filhos; por outro lado, a maioria das mulheres perpetradoras costumam assassinar apenas seus filhos, e em seguida suicidar (Richards et al., 2014).

É um fenômeno de baixa incidência (Marzuk et al., 1992), considerado relativamente raro, cuja frequência descrita, em uma revisão estadounidense, estava entre 0,2 e 0,38 eventos a cada 100 mil habitantes por ano (Bossarte et al., 2006). Apesar disso, suas consequências têm impactos significativos em famílias e comunidades tanto das vítimas quanto dos perpetradores, uma vez que é violento e traumático, complexo e difícil de pesquisar, seja pela raridade, seja pela dependência de dados oficiais existentes (Brett, 2002). Além disso, sabe-se que em diversos países não há um sistema de notificação padronizado para o registro do h/s, assim como ocorre no Brasil (Cruz, 2022), fazendo com que jornais e artigos online sejam a única fonte de informação para identificação dos incidentes. Inclusive, Saleva et al. (2007) indicam a necessidade da separação do h/s das categorizações isoladas de homicídio e suicídio para sua prevenção.

Por outro lado, ter notícias como única fonte do suicídio atrelado ao homicídio faz com analisemos a forma que tais informações são disponibilizadas, uma vez que a mídia influencia a sociedade e também podem atuar ativamente na prevenção do suicídio, além do Efeito Werther (OMS, 2000), ou seja, a reprodução dos comportamentos suicidas, em proximidades temporais ou geográficas e ligações diretas e indiretas. Apesar de haver recomendações gerais sobre as maneiras de reportar suicídio e feminicídio, Lopes e Costa (2023) indicam as problemáticas dos meios de comunicação no Brasil em relação aos casos de feminicídio seguido de suicídio, demandando maior atenção e cuidado jornalístico, como a revitimização de mulheres e a exposição pessoal, como dados pessoais de vítimas, como fotos e nomes, além de não conter informações sobre serviços de apoio e proteção especializados, como, por exemplo, núcleos de atendimentos a mulher e centros de valorização da vida.

Sobre a metodologia de investigação

Como estratégia de pesquisa, utilizamos a plataforma de busca do Google para reunir as notícias de 2023, acionando os termos: “mata e suicídio”; “homicídio seguido de suicídio”; “homicídio e suicídio”; “homicídio suicídio e o nome de cada estado”; “feminícidio suicídio e o nome de cada estado”; “homem mata e suicida”; “homem mata e tira a vida”; “mata e tira a vida”; “mulher mata e tira a vida”; “mulher mata suicidio”; e “feminicídio suicídio”.

Dessa maneira, reunimos 118 casos noticiados em 2023 no território nacional, a partir da leitura de cada reportagem indicando a ocorrência do comportamento de h/s como critério de inclusão e exclusão no levantamento, ou seja, apenas os noticiários relacionados ao comportamento de h/s, entre tentativa e efetivação, foram incluídos na amostra. Em determinados casos, mais de uma notícia foi utilizada para a coleta de informações. Os dados foram agrupados em um único texto com suas fontes de origem e codificação para análise no software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), de livre acesso no processamento dos dados.

A análise das notícias encontradas se dividiu em duas etapas. Na primeira, houve o levantamento das estatísticas descritivas presentes nas reportagens, a saber: a frequência de casos por estados brasileiros em que ocorreram os homicídios-suicídios. O levantamento das informações de gênero, tanto de perpetradores quanto das vítimas, o local onde ocorreram, idade, o tipo de relação entre perpetrador e vítimas, meio utilizado para o crime e se havia na reportagem informações sobre sobreviventes descritos até a última atualização disponível.

A segunda parte da análise envolveu o corpo dos textos de todos os casos registrados para a realização da análise de conteúdo por meio do auxílio do software IRaMuTeQ, cujo principal objetivo foi analisar a estrutura e a organização do conteúdo, possibilitando informar as relações entre os mundos lexicais que são mais frequentemente enunciados pelos participantes da pesquisa (Camargo; Justo, 2013). Como descrevem Valle e Ferreira (2024), consiste em um método amplamente utilizado, em que os dados qualitativos precisam ser analisados de maneira consistente, usando técnicas que promovam uma visão reflexiva e compreensiva, elucidando os significados expressos.

Com isso, foi possível analisar como as notícias que veiculam informações sobre o comportamento de homicídio-suicídio têm informado dados sobre essas histórias de vida. Para tal, realizamos uma Classificação Hierárquica Descendente (CHD), para o reconhecimento do dendrograma com classes emergentes, em que quanto maior o χ², mais associada está a palavra com a classe, e desconsiderando as palavras com χ² < 3,80 (p < 0,05). O objetivo da CHD foi agrupar as principais categorias de informações trazidas nas notícias. Posteriormente, realizamos a análise de duas Nuvens de Palavras: (i) contendo todo corpo das notícias, a fim de agrupar as palavras e organizá-las graficamente em função da sua relevância, sendo as maiores aquelas que possuíam frequência maior que 30; e (ii) outra dos títulos das notícias, sabendo que esta é uma forma de captação do público para as reportagens, portando somente as principais palavras com frequência maior que 10.

Homicídio-suicídio: um problema de saúde e segurança pública atravessado por gênero

A compreensão do h/s como uma forma de violência fatal (Alexandri et al., 2022) é discutida como uma questão relevante para a saúde pública, devido a suas implicações em saúde e segurança. Esse fenômeno pode ser considerado um evento trágico e dramático, no qual um indivíduo mata uma ou mais pessoas sem o consentimento das vítimas e, em seguida, comete suicídio (Marzuk et al., 1992; Sá; Werlang, 2007). Conforme a literatura, o h/s parece manifestar-se de maneira distinta dos casos isolados de homicídio e suicídio. Assim, os resultados apresentados a seguir sugerem a necessidade de tratar a temática como uma categoria específica para a proposição de planos de ação eficazes.

A cada três dias, um caso de h/s foi noticiado no Brasil. Conforme a análise representada na Figura 1, baseada nos territórios dos registros encontrados, a saturação de comportamentos h/s ocorre nas regiões Sudeste e Sul, tendo maior frequência no estado de São Paulo, com 27 notícias e 20 em Minas Gerais. Também é possível notar a ausência de registros no Acre, Amapá e Tocantins. A distribuição dos casos está descrita na imagem abaixo:

Figura 1
Mapa de registros de h/s noticiados em 2023.

Vale destacar que em dois casos, ocorridos em junho de 2023, o homicídio e o suicídio se deram em estados diferentes. No primeiro, o homicídio ocorreu no Maranhã, enquanto a tentativa de suicídio em Tocantins, em um intervalo de três meses entre os comportamentos. A segunda ocorrência foi em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, entre algumas horas de diferença do homicídio e do suicídio. Demonstram, assim, a variedade de cenários possíveis ao comportamento e seus tempos de manifestação, como em até 24h (Sá; Werlang, 2007; Bossarte et al., 2006) ou ainda três meses (Allen, 1983; CDC, 1991). Condizendo com dados em estudos anteriores, o tempo entre o assassinato e o suicídio costuma ser breve, indicando que ambos os eventos foram premeditados, eque o suicídio não foi uma decisão tomada posteriormente (Brett, 2011).

Tabela 1
Informações sobre vítimas, perpetradores e sobreviventes

A literatura apresenta, desde a década de 90, uma classificação para homicídio-suicídio (Marzuk et al., 1992) baseada em dois pontos: a relação entre vítima e agressor e o motivo principal ou precipitante. As relações vítima-agressor identificadas incluem (i) conjugal ou de parceria, (ii) familiar, e (iii) extrafamiliar. Os precipitantes distintos englobam: ciúmes amorosos; assassinato por compaixão; suicídio altruísta ou prolongado; e estressores de ordem familiar, financeira ou social. Um dado crucial já observado foi o tipo mais comum de homicídio-suicídio, responsável por 50-75% dos casos, no qual envolve relação do perpetrador com a vítima como cônjuge ou parceiro, estando frequentemente associado ao ciúme amoroso (Brett, 2011). Nestes, o agressor geralmente um homem, suspeita de infidelidade da parceira, seja real ou imaginária, e na finalização de relacionamento, cujo homicídio tem motivação de raiva, ciúmes ou paranoia, especialmente durante separações reais ou presumidas. Construções equivocadas sobre a ideia de masculinidade, além da ideia socialmente presumida sobre o ideal de amor podem denotar aspectos de uma tentativa de luta pela honra, que justifica o matar e morrer. Como discutido por Teixeira (2009), a crença de não conceber a existência do outro sem si próprio parece não ser possível, pois o indivíduo legitima a impossibilidade de sua existência sem o outro.

Percebemos que, após mais de 20 anos entre as pesquisas realizadas, o cenário aparenta conservar uma prevalência semelhante ou maior. Embora os dados trazidos apresentem a fragilidade da análise de reportagens considerando investigações em aberto, ainda assim, em sua forma de divulgação, constam as mesmas prevalências de perpetradores homens (89,8%) e vítimas sendo mulheres (74,3%). Além disso, ainda preservam a relação de parceria amorosa com a maior prevalência descrita nas notícias. É relevante, ainda, apresentar que o curso motivacional nos casos de h/s podem sofrer variações culturais, como é no caso da Índia, onde os indicadores apontaram a categoria altruísta de filicídio-suicídio (Gupta; Singh, 2008). Em nossa pesquisa, ao menos 47 (39,8%) encontradas apresentaram o termo “femicídio”, sugerindo fortemente a relação de gênero nas investigações de h/s, cujo comportamento foi apresentado pela investigação como “feminicídio” seguido de suicídio. Ademais, aqueles que mais sobrevivem às manifestações de h/s também são caracterizados pelo gênero, os perpetradores homens sobreviveram mais vezes, representados por 78% do total de sobreviventes.

Em relação aos atravessamentos de gênero do comportamento, as mulheres representam 74,3% das vítimas e os homens 22,9%. Por outro lado, os homens são os maiores perpetradores, visto que 89,83% dos casos registrados tiveram protagonismo masculino, enquanto as mulheres apenas 8,47%.

Características dos h/s

Abaixo apresentamos a Tabela 2, com os dados encontrados no corpo das notícias analisadas. Há a informação dos locais onde foram realizados, bem como os meios utilizados e as idades das vítimas e perpetradores. Ressaltamos que, embora as notícias ainda pudessem trabalhar com dados abertos para a investigação, elas foram noticiadas com esse detalhamento disponível para leitores. Em casos de suicídios no Brasil, já há uma normativa de imprensa quanto ao noticiamento. Portanto, refletir o motivo pelo qual os casos de h/s parecem não estar inseridos nessas normativas se mostra importante, já que também são explicitados dados sensíveis, como meios, locais e nome das vítimas e perpetradores.

Tabela 2
Local, meio e idade nas ocorrências de h/s

Acerca dos locais de ocorrência, 98 casos de h/s tiveram o mesmo cenário, enquanto 20 eventos ocorreram em locais e períodos distintos, entre horas e meses de diferença, conforme a literatura aponta (Allen, 1983; Sá; Werlang, 2007; Saint-Martin et al., 2007; Alexandri et al., 2022). Ademais, 77,1% dos casos, isto é, 91 episódios, sucederam-se na residência da vítima, de familiares, amigos e do próprio perpetrador. Há registros também de incidentes na frente da escola do filho do casal, em motel e outros locais, como trabalho, supermercado e shopping. Os casos de via pública foram agrupados por acontecimentos em ruas, rodovias, estradas, pontes e outros espaços públicos. Vale ressaltar também o registro de uma tentativa de suicídio, ocorrendo na cela, após a prisão pelo homicídio.

Identificamos, a partir dos dados disponíveis, que os perpetradores por vezes recorreram a meios diferentes para cometer o homicídio e o suicídio. Dessa maneira, o quantitativo de recursos acionados ultrapassou o número total de casos registrados, uma vez que foi acionado mais de um modo tanto para o homicídio com uma ou mais vítimas quanto para o suicídio, como Bossarte et al. (2003) descrevem.

Em relação ao método utilizado, as informações encontradas apontam o maior uso de armas de fogo tanto para homicídio quanto suicídio, seguido por armas brancas e enforcamento e asfixia, acompanhando a literatura internacional. Flynn (2013) reuniu informações de algumas regiões, apontando que nos EUA, 92% dos casos de h/s em 2005 foram por arma de fogo. Já em Hong Kong, estrangulamento/sufocação foi o método mais comum (26%), seguido por esfaqueamento/corte (24%), no ano anterior. Inglaterra e Wales, em estudo publicado em 2009, o método de homicídio mais comum foi o uso de objetos cortantes, seguido por estrangulamento e armas de fogo. Em relação ao suicídio, os métodos mais frequentes foram enforcamento, armas de fogo e envenenamento por monóxido de carbono. Ademais, apontam-se variações de padrão de execução de acordo com a disponibilidade de métodos e fatores culturais.

A média de idade das vítimas foi de 33,6 anos. Embora 29 casos noticiados não tenham registrado a idade de nenhuma vítima, os registros apontaram o mínimo de dois anos e o máximo de 76 anos entre elas, sabendo que em muitos casos houve mais de uma vítima. Já a média de idade dos perpetradores foi de 45 anos, tendo idade mínima de 21 e máxima de 80 anos. De todos os casos noticiados, 32 deles não forneceram a idade do perpetrador. Barker (2006), em estudos realizados nos EUA, sugeriu que os incidentes de homicídio-suicídio geralmente envolvem uma única vítima e um único autor, na maior parte dos casos, o autor do homicídio sendo do sexo masculino, mais velho que a vítima, e com maior probabilidade de ser branco. Os dados encontrados não continham as informações raciais das vítimas e dos perpetradores, mas as questões relacionadas ao gênero acompanham as investigações internacionais.

Análise da Classificação Hierárquica Descendente

Buscando considerar como os jornalistas têm veiculado as notícias sobre h/s, os resultados da análise do conteúdo apresentados abaixo nos casos investigados evidenciam alguns aspectos importantes. A partir da CHD, verificamos que o corpus foi constituído por 118 textos, separados em 827 segmentos de texto (ST), com 28.770 ocorrências, sendo 3.819 palavras distintas e 1.926 com uma única ocorrência. Com o aproveitamento de STs (90,45%), o conteúdo analisado foi categorizado em quatro classes divididas em duas ramificações:

  • i) Subcorpus A:
    • - Classe 1 - “Informação do tipo de ocorrência do crime”, com 190 ST (25,4%);

    • - Classe 3 - “Informação da localidade onde o crime ocorreu e dia”, com 107 ST (14,3%);

  • ii) Subcorpus B:
    • - Classe 2 “Informação sobre a cena do crime”, 190 ST (25,4%);

    • - Classe 4, “Informação da chegada de socorro médico ou polícia”, com 87 ST (11,5%);

    • - Classe 5 - “Informação da investigação iniciada e perícia”, com 175 ST (23,4%) (ver Figura 2).

Figura 2
Dendrograma das classes da CHD

Classe 1 - “Informação do tipo de ocorrência do crime”, com 190 ST (25,4%) (Figura 2), observamos que as notícias inicialmente trazem um resumo do caso elencando as palavras principais que configuram a temática a ser tratada. Descrevem as possíveis ações realizadas pelos perpetradores, tanto tentativa quanto concretização de h/s, com o gênero associado, sendo o masculino frequente, além do tipo de relação entre os envolvidos, relações amorosas e/ou familiares, majoritariamente demarcadas por relações heteronormativas.

Exemplos:

Caso 74: “homem mata ex-mulher e se suicida em seguida…”

Caso 92: “marido mata mulher com 7 facadas revela crime por áudio…”

Caso 2: “a polícia militar informou que o homem matou a mulher com um tiro na cabeça…”

Classe 2 - “Informação sobre a cena do crime”, 190 ST (25,4%). Como mostra a Figura 2, comumente se apresentam os locais onde ocorrem as tentativas e os homicídios-suicídios consumados, incluindo os cômodos da residência ou detalhes de estabelecimentos públicos e comerciais. Também há registro de fotos ou vídeos dos objetos e os locais utilizados. Descrições sobre em quais locais do corpo foram desferidos os ataques também são compartilhadas.

Exemplos:

Caso 53: “adentrou ao imóvel e a mulher afirma que algum tempo depois escutou algo caindo no chão…”

Caso 73: “em seguida ele efetuou um disparo de arma na porta…”

Caso 117: “a mulher foi atingida com a faca no abdômen e no tórax…”

Classe 3 - “Informação da localidade onde o crime ocorreu e dia”, com 107 ST (14,3%). Refere-se às informações fornecidas sobre a localidade geográfica onde ocorreram os crimes, além do dia de falecimento ou da descoberta dos corpos. Os casos ocorriam nas diversas regiões dos estados brasileiros, desde área rural a regiões metropolitanas e capitais.

Exemplos:

Caso 28: “o crime aconteceu em uma estrada próximo à propriedade da família…”

Caso 99: “foi encontrado ao lado de uma moto em uma estrada na zona rural…”

Caso 6: “o primeiro homicídio do ano no município…”

Classe 4 - “Informação da chegada de socorro médico ou polícia”, com 87 ST (11,5%). Trata das respostas de emergência e dos serviços de socorro envolvidos após o crime, como o SAMU, bombeiros e os procedimentos médicos de emergência. Enfatiza a intervenção imediata, seja através da polícia ou socorro médico, além das ações realizadas por eles, assim como também continham as informações sobre o estado das vítimas e para onde eram levadas.

Exemplos:

Caso 118: “o terceiro socorrido foi socorrido com vida para o hospital…”

Caso 83: “o serviço de atendimento móvel de urgência foi acionado e encaminhou o suspeito à unidade de pronto atendimento…”

Caso 84: “a mulher está internada em estado grave…”

Classe 5 - “Informação da investigação iniciada e perícia” com 175 ST (23,4%). As informações do crime são encaminhadas, tanto para o Instituto Médico Legal, ou para a delegacia, dando andamento ao inquérito. Poucas reportagens informaram se a vítima já havia feito denúncia e se havia medida protetiva, bem como informações sobre prevenção do suicídio.

Exemplos:

Caso 73: “o perito coletou todos os dados e registrou a cena do crime para concluir a perícia…

Caso 64: “as investigações seguem até o esclarecimento do caso por meio da delegacia…

Caso 114: “a polícia civil informou que foi instaurado inquérito policial para apurar os fatos…

Observamos, portanto, que as notícias discorrem informações sobre os casos de h/s, desde a descrição do crime até a resposta e a investigação subsequente. Relatar o suicídio de maneira adequada, detalhada e cuidadosa pelos meios de comunicação pode ajudar a prevenir (OMS, 2000); assim, vale compreender como os casos de h/s também são veiculados na mídia. Segundo Lopes (2023), a partir das diretrizes estabelecidas pela OMS, as próprias empresas de redação desenvolveram seus manuais sobre a temática. Ponderar as análises sobre as veiculações de notícias envolve um alerta “aos jornalistas pouco preparados, que podem reforçar ainda mais os estereótipos de gênero e influenciar negativamente a condução de processos penais” (Lopes, 2023, p. 60).

Em resposta à Classe 1, a forma com a qual a regulação sobre mídias trata os casos de suicídio, para melhoria da forma com a qual os dados são veiculados, evitar a exposição com imagens e retirar a ênfase no ato violento podem ser formas de considerar a veiculação dessas notícias. Era comum que os noticiários divulgassem fotos e nomes das possíveis vítimas e perpetradores de h/s. Outra forma de lidar com esses dados diz respeito à Classe 2 apresentada nos resultados, havendo recomendação de evitar descrições detalhadas da cena do crime, pois isso pode ter um efeito de identificação e potencialmente aumentar o risco de imitação. Para a Classe 3, como já foi abordado na primeira classe, podemos pensar em modos de gerar informações generalizadas para proteção da privacidade das pessoas envolvidas e evitar que locais específicos sejam associados a comportamentos suicidas.

A Classe 4 corrobora a importância de conter informações sobre ajuda nas notícias veiculadas contendo informações sensíveis de organizações e espaços de acolhimentos à saúde mental. Poucas reportagens relataram informações de ajuda sobre casos de feminicídio e casos de planejamento, tentativa ou ideação suicida. Por último, na Classe 5, considerando que parte dos casos ainda seguiriam para investigação pericial e formação de inquérito, cabe avaliar até que ponto a divulgação de possíveis autores, vítimas e informações do crime pode prejudicar ou trazer estigmas sobre os envolvidos, tendo em conta principalmente a quantidade de estigmas que envolvem o comportamento suicida (Lopes, 2023).

Análise da Nuvens de Palavras

Considerando a relevância dos termos presentes em um conjunto de textos, criamos Nuvens de Palavras para observar sua formação através do conteúdo das notícias e dos títulos das reportagens analisadas. Para a primeira nuvem, utilizamos as palavras totais das notícias, na qual verificamos as palavras com maior destaque constam na imagem a seguir:

Figura 3
Nuvem de palavras geral das notícias

A figura acima apresenta a configuração das palavras mais encontradas, em escala de maior e menor tamanho. Vale ressaltar as palavras com maior destaque: polícia, homem, crime e mulher, condizente com a literatura que aponta o gênero das vítimas e dos perpetradores. Por meio dos registros das 118 notícias de 2023, reunimos as palavras com ocorrência maior que 30 vezes, na qual verificamos as mais evocadas.

Tabela 3
Frequência das palavras utilizadas no texto das notícias

Constatamos a importância da análise das narrativas contidas nos noticiários sobre a temática do h/s. A natureza com a qual se configura tais casos exige sensibilidade sobre esse cenário social - assim como casos isolados de homicídios especificados como feminicídio precisam ser discutidos em sua divulgação, tanto quanto casos de suicídio. Uma segunda Nuvem de Palavras, especificando os títulos trazidos nas reportagens, foi criada a partir das principais palavras com ocorrência maior que 10 vezes, cujas frequências estão apresentadas a seguir.

Figura 4
Nuvem de palavras dos títulos das notícias

Elencando o contexto de violência, os títulos contidos elucidam o contexto geral do encontrado nas notícias. A Tabela 4 evidencia a frequência estabelecida para cada palavra. Os termos “mata”, “homem”, e “suicídio” são os que contêm maior frequência para divulgação das notícias.

Tabela 4
Frequência das palavras utilizadas no título das notícias

Esses dados podem fornecer a discussão da possível interferência na maneira como a violência é retratada nas notícias na percepção pública e na compreensão do fenômeno de h/s. A partir da CHD e das Nuvens de Palavras, temos um material robusto sobre o conteúdo dos casos investigados, buscando refletir sobre as fragilidades dos casos de h/s, bem como de suicídio de um modo geral (Lopes, 2023).

Considerações finais

Localizamos uma porta entreaberta para os estudos em suicidologia brasileira, ao elencar como prioridade o registro e a análise do h/s, a fim de criar meios de intervenção, pautados em discussões de gênero e sexualidade, saúde mental e segurança pública. Mesmo considerando os dados de notícias, e suas fragilidades no que tange a essa forma de investigação, os resultados podem ser levantados para discutir a viabilidade de implementação de estratégias mais eficazes de acesso à pesquisa para casos de h/s. A cada três dias, ao menos um caso de h/s, sendo tentativa ou consumado, foi noticiado no Brasil em 2023, cuja saturação se deu nas regiões Sul e Sudeste. Tal concentração de casos pode indicar a necessidade de estratégias de intervenção específicas nesses locais, especialmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, para o registro e o enfrentamento desta violência fatal.

Demarcamos a necessidade do registro unificado do h/s, uma vez que o homicídio e o suicídio são contabilizados de forma separada, apesar da intrínseca relação. A inexistência de dados oficiais sobre h/s no Brasil, assim como em outros países, devido à complexidade do comportamento, inviabiliza seu reconhecimento. Os registros relacionados das mortes e das tentativas compõem uma importante ferramenta para a criação de estratégias de enfrentamento, a partir da mobilização de estudos e de políticas públicas, considerando a possibilidade de uma natureza distinta dos casos isolados de homicídio, no qual englobamos majoritariamente os casos de feminicídio na presente investigação, e os casos de suicídio.

Desse modo, incentivamos o desenvolvimento deste campo de estudo na suicidologia, inserido também na saúde pública e segurança pública, bem como outras investigações, para compor uma base científica de justificativa e sustentação da demanda do registro unificado das mortes e tentativas de homicídio e suicídio. Porém, enquanto não há dados oficiais, apostamos na análise a partir dos noticiários que ocupam o espaço dessa ausência de notificação, responsável por gerar inúmeras subnotificações. Assim, acreditamos na visibilização do comportamento de h/s, trazendo à tona mais investigações, debates e compartilhamento de informações, mesmo que não oficiais, sobre essa violência fatal. Pressionam-se, assim, as instâncias públicas de registro de violência e morte, a fim de mobilizar tais mudanças nos boletins de ocorrência, registro de óbitos e dados de mortes violentas.

Sugerimos, como apontado por Barker (2006), o andamento de iniciativas preventivas focadas tanto nas vítimas quanto nos perpetradores de violência entre parceiros íntimos, demarcados pelo gênero masculino dos perpetradores, além da necessidade de manter a conscientização sobre o maior risco de homicídio-suicídio após estressores situacionais. A predominância de perpetradores masculinos e vítimas femininas destaca a necessidade de abordar questões de gênero e violência doméstica nas estratégias de prevenção, atravessadas, por sua vez, por discussões sobre o enfrentamento do suicídio, promoção de saúde mental, habilidades emocionais e o desenvolvimento de modos de enfrentamentos de problemas, que não sejam baseados na violência implicada no extermínio do outro e de si mesmo.

Para estabelecer maiores estratégias de prevenção e manejo do pós- h/s, acreditamos ser necessário realizar outras análises dos comportamentos, como o status das relações afetivas, os indicativos se as vítimas haviam acionado medidas preventivas de proteção, histórico de violência doméstica e familiar, além do discernimento sobre as histórias de vidas dos perpetradores em relação a comportamentos de violência interpessoal e autoinfligida, bem como o acesso a armas de fogo.

Com isso, os debates sobre o acesso e a posse a armas de fogo fazem parte das estratégias preventivas, pois constituíram os meios mais acionados, estendendo-se na ampliação de políticas de segurança pública relacionadas. Deste modo, o registro e a análise de h/s no Brasil podem auxiliar no desenvolvimento de políticas neste âmbito, uma vez que o fácil acesso a armas de fogo indica um potencial a efetivação do h/s, sobretudo em locais de residência dos envolvidos.

Por último, reforçando também o que já vem sido discutido na literatura sobre casos de suicídio (Lopes, 2023), a falta de informações sobre ajuda e prevenção em muitas reportagens sugere a necessidade de melhorar a forma como os meios de comunicação tratam esses temas, uma vez que veiculam fotos e dados pessoais das vítimas e dos perpetradores, além de imagens explícitas dos locais dos crimes, como o caso citado na introdução deste artigo.

Através deste estudo, buscamos dar um pontapé inicial, atravessando a porta entreaberta na suicidologia e no campo da saúde pública, para sinalizar a importância da visibilização da problemática do h/s, ao reunir e analisar os casos encontrados de 2023. De todo modo, o comportamento de h/s deve ser explorado no cenário brasileiro, pois configura um problema complexo de saúde e segurança pública, cujos impactos são imensuráveis, violentos e traumáticos.1

Agradecimentos

Ao Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (IPPES Brasil), agradecemos o apoio para a realização desta investigação, bem como o suporte técnico e organizacional nas etapas de elaboração e execução.

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    G. de A. Belmonte: produção de dados, revisão bibliográfica, revisão, criação de imagens e tabelas, discussão e conclusão. A. P. da Silva: levantamento de dados, organização de material de pesquisa, análise estatística, escrita de resultados, discussão e conclusão.
  • Editora responsável:
    Jane Russo

Disponibilidade de dados

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Dez 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    20 Ago 2024
  • Revisado
    04 Fev 2025
  • Aceito
    14 Fev 2025
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