O artigo aborda a temática da medicalização dos sofrimentos e das anomalias comportamentais numa perspectiva histórica. Analisa a emergência de uma nova configuração epistemológica do saber psiquiátrico ocorrida na segunda metade do século XIX. Tomando como ponto de partida os estudos sobre biopolítica da população de Foucault e Agamben, as reflexões de Canguilhem sobre as fronteiras difusas da normalidade e o curso que Foucault dedica aos anormais, o artigo estuda o surgimento de uma psiquiatria ampliada relacionada ao não-patológico. São analisados os Anais de Higiene e Medicina Legal e os Anais Médico-Psicológicos, publicados na França entre os anos de 1857 e 1924, com o objetivo de compreender de que modo foi construída essa medicina das condutas e quais foram as estratégias biopolíticas defendidas pelos teóricos da degeneração.
Psiquiatria; medicalização; anormais; história; Foucault