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Editorial

EDITORIAL

Este volume 27 de Per Musi (QUALIS A1 na CAPES e indexada na SciELO) apresenta 18 artigos e uma resenha. Preocupado com a construção de um ambiente sadio para a pesquisa em música, Luis Ricardo Silva Queiroz aborda um tema há muito devido no Brasil: a ética na produção e divulgação do conhecimento musical científico, seus aspectos conceituais, perspectivas e implicações práticas na atualidade.

Em um par de artigos analíticos, Gabriel Ferrão Moreira defende a existência de um "estilo indígena" em Villa-Lobos. No primeiro, discute procedimentos composicionais recorrentes na melodia e harmonia do nosso grande compositor. No segundo, apresenta uma abordagem hermenêutica das questões rítmicas e texturais para, finalmente, propor a existência de tópicas indígenas brasileiras.

Mauricio De Bonis destrincha o entrecruzamento de procedimentos composicionais (metalinguagem, citação, artes plásticas, teatro musical, leitura semântica) de Willy Corrêa de Oliveira em uma das peças de seu ciclo para piano Miserere, baseada na interpretação de Joan Baez da canção tradicional mexicana La llorona.

Para analisar as contribuições do manuscrito O Melos e harmonia acústica de César Guerra-Peixe, Ernesto Hartmann coloca, lado a lado, dois outros referenciais teóricos: o Caderno de estudos com Koellreutter do próprio Guerra-Peixe e o The Craft of musical composition de Paul Hindemith.

Dentro da proposta de um sistema de modelagem composicional, Pedro Miguel de Moraes, Gustavo de Castro e Liduino Pitombeira explicam o processo de geração de uma nova obra musical (Ponteio Nº 2, para piano, de Pedro Miguel de Moraes) a partir do Ponteio Nº 12, para piano, de Camargo Guarnieri.

Dentro de seu projeto maior de propor uma metodologia para explicar os procedimentos da variação progressiva, Carlos de Lemos Almada aborda as relações simbólicas e de hereditariedade entre a primeira das Quatro Canções Op.2 de Alban Berg e três obras referenciais: Tristão e Isolda de Richard Wagner, a Primeira Sinfonia de Câmara Op.9 de Arnold Schoenberg e a Sonata para Piano Op.1 do próprio Berg.

Philippe Curimbaba Freitas , a partir do conceito de fetichismo musical de Adorno, discute a expressão e a negação da forma emErwartung, obra de Arnold Schoenberg que sintetizou o expressionismo.

Leonardo Pires Rosse desvenda os códigos musicais e literários do "paulista", gênero musical camponês do nordeste de Minas Gerais, cujos elementos podem ser pertinentes também a outras manifestações semelhantes no Brasil.

Maria Inêz Lucas Machado aborda o ensino do piano como um instrumento complementar que promove a interdisciplinaridade e a integração entre domínios diversos da formação acadêmica no bacharelado e na licenciatura em música, discutindo ações pedagógicas de pianistas e professores em relação à apreciação, performance e criação.

Viviane Cristina da Rocha e Paulo Sérgio Boggio discutem as perspectivas interdisciplinares entre neurociências e música na última década - interface ainda incipiente no Brasil - e suas contribuições para os campos da pedagogia musical, performance e musicoterapia.

Karina Aki Otubo, Andréa Cintra Lopes e José Roberto Pereira Lauris traçam um perfil audiológico de alunos de graduação em música, os quais foram submetidos a diversas avaliações (audiometria tonal liminar e de altas frequências, logoaudiometria, imitanciometria e emissões otoacústicas) e sugerem ações educativas e preventivas contra a perda auditiva.

Em seu estudo transversal sobre cantores líricos, Enio Lopes Mello, Léslie Piccolotto, Natalia Fonseca Pacheco e Marta Assumpção de Andrada e Silva revelam como seis eixos temáticos - emoção, técnica, habilidades, entrega, corpo e interpretação - se relacionam com a expressividade e experiência na ópera.

Fernando Chaib estuda a aplicação do gesto na música para percussão, propondo uma abordagem tripartite na sua realização, segundo ações corporais, intelectuais e sua integração, que são ilustradas com muitos excertos de obras selecionadas relevantes do seu repertório.

Buscando expandir a técnica instrumental da pestana no violão e sua escassa bibliografia, Bruno Madeira e Fabio Scarduelli apresentam a história de sua utilização, ilustrando com procedimentos usuais e não usuais do repertório.

Gueber Pessoa Santos e Ricardo Mazzini Bordini demonstram como a análise motívica da Fantasia Sul América, para clarineta solo, de Claudio Santoro pode servir de base para a construção de uma interpretação fundamentada pelo instrumentista.

Vinícius de Sousa Fraga se debruça sobre questões históricas, analíticas e de performance do Concerto para Clarineta, Op.57 de Carl Nielsen, discutindo também as divergências entre os manuscritos e a edição impressa.

Pablo Alberto Lanzoni apresenta uma análise retórica do Largo do Concerto n.5 em Fá menor, BWV 1056 de J. S. Bach, mostrando como os princípios retóricos estão intimamente relacionados aos procedimentos composicionais do gênio alemão.

Na Seção Pega na Chaleira, temos duas resenhas. Luciano Hercílio Alves Souto apresenta a tese de doutorado O Violão na era do disco: interpretação e desleitura na arte de Juliam Bream de Sidney Molina Júnior. Margarete Arroyo discute Pictures of Music Education, o mais recente livro de Estelle Ruth Jorgensen, autora que é referência no campo da filosofia da educação musical.

Informamos que Per Musi está disponível gratuitamente nos sites www.scielo.com.br e www.musica.ufmg.br/permusi. As versões impressas de quase todos os números da revista ainda podem ser adquiridas através do e-mail permusi@ufmg.br.

Fausto Borém

Fundador e Editor Científico de Per Musi

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Dez 2012
  • Data do Fascículo
    Jun 2013
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