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Auto-organização psíquica

Psychical self-organization

Resumos

Sermos animados por um "a mais de tensão" difere o humano do não-humano na perspectiva psicanalítica, situação que cria um dinamismo no qual emerge a realidade psíquica. Ao tomar os estímulos corporais como pura dispersão, sem formarem de início um conjunto estruturado e ao enfatizar a existência de uma semântica mental apoiada na sexualidade, apontamos que Freud traçou um paralelo entre dois domínios diferentes: ciências mentais e ciências do cérebro, incorporando precocemente preceitos de complexidade às suas teorias. Neste artigo, tentamos mostrar que a articulação entre as noções de pulsão e de inconsciente, a qual coloca a gênese da significação em território não-controlável, possibilitando a compreensão da emergência do psiquismo como um processo de auto-organização de um cérebro sensível às condições iniciais. Perturbações pequenas são amplificadas na flutuação global e essa idéia pode contribuir para a compreensão das modernas perspectivas de estudo da mente.

Psicanálise; neurociência; auto-organização; complexidade


Being animated by a little bit more tension differs the human from non-human, in a psychoanalytic perspective, creating a dynamics in which a new psychiatric reality emerges. Taking the body stimulus as dispersion, without providing a structured set and emphasizing a mental semantics based on sexuality, we point out that Freud traced a parallel between two different domains: mental sciences and brain sciences, setting the idea of complexity in his theories. In this paper, we try to show the connections between the concepts of drive and unconscious, putting the origins of the signifying in an uncontrollable territory, providing the of understanding of the emergence of psychical life as a self-organizing process of a brain sensitive to initial conditions. Small disturbances in the initial conditions are amplified in the global fluctuation and this idea could contribute towards the comprehension of the modern perspectives of the study of the mind.

Psychoanalisys; neuroscience; self-organization; complexity


Auto-organização psíquica

Psychical self-organization

Carla Laino Cândido1 1 Apoio financeiro: CAPES. 2 Endereço para correspondência: Av. Profº. Luciano Gualberto, tv 3, 158, 05508-900. São Paulo, SP. E-mail: piqueira@lac.usp.br ; José Roberto Castilho Piqueira2 1 Apoio financeiro: CAPES. 2 Endereço para correspondência: Av. Profº. Luciano Gualberto, tv 3, 158, 05508-900. São Paulo, SP. E-mail: piqueira@lac.usp.br

Universidade de São Paulo, São Paulo

RESUMO

Sermos animados por um "a mais de tensão" difere o humano do não-humano na perspectiva psicanalítica, situação que cria um dinamismo no qual emerge a realidade psíquica. Ao tomar os estímulos corporais como pura dispersão, sem formarem de início um conjunto estruturado e ao enfatizar a existência de uma semântica mental apoiada na sexualidade, apontamos que Freud traçou um paralelo entre dois domínios diferentes: ciências mentais e ciências do cérebro, incorporando precocemente preceitos de complexidade às suas teorias. Neste artigo, tentamos mostrar que a articulação entre as noções de pulsão e de inconsciente, a qual coloca a gênese da significação em território não-controlável, possibilitando a compreensão da emergência do psiquismo como um processo de auto-organização de um cérebro sensível às condições iniciais. Perturbações pequenas são amplificadas na flutuação global e essa idéia pode contribuir para a compreensão das modernas perspectivas de estudo da mente.

Palavras-chave: Psicanálise; neurociência; auto-organização; complexidade.

ABSTRACT

Being animated by a little bit more tension differs the human from non-human, in a psychoanalytic perspective, creating a dynamics in which a new psychiatric reality emerges. Taking the body stimulus as dispersion, without providing a structured set and emphasizing a mental semantics based on sexuality, we point out that Freud traced a parallel between two different domains: mental sciences and brain sciences, setting the idea of complexity in his theories. In this paper, we try to show the connections between the concepts of drive and unconscious, putting the origins of the signifying in an uncontrollable territory, providing the of understanding of the emergence of psychical life as a self-organizing process of a brain sensitive to initial conditions. Small disturbances in the initial conditions are amplified in the global fluctuation and this idea could contribute towards the comprehension of the modern perspectives of the study of the mind.

Keywords: Psychoanalisys; neuroscience; self-organization; complexity.

Compreender a complexidade humana implica integrar diversos níveis de funcionamento. Essa noção nos permite escapar da dicotomia mente-corpo, guardando a especificidade do ser humano. Tentando adotar uma abordagem integrativa no estudo da mente, nos remetemos à idéia freudiana de que a constituição do humano não é somente a constituição de seu corpo biológico, mas a inclui.

As formas culturais da consciência, a intersubjetividade e a arquitetura implícita da regulação intencional do comportamento são partes fundamentais no estudo da evolução do cérebro e marcam uma distância entre a conduta do animal e do homem, o que nos levanta um desafio complexo: a ação biológica humana seria transformada em uma conduta intencional ativa, obrigando-nos a compreendê-la como uma ação simbólica (Garcia-Roza, 1991).

Nesse sentido, qual é a especificidade da atividade cognitiva humana? Segundo Morin (1990), a mente é uma atividade emergente que retroage sobre o funcionamento das células cerebrais, ainda que seja de natureza diferente do nível de que emerge. Nessa transformação, passamos de uma linguagem químico-elétrica para outra linguagem, a das representações.

Na escalada evolutiva, do corpo para a mente, do sub-cortical para o cortical, em que os avanços não excluem os estágios precedentes, porém os integram mais ou menos modificados, vão se juntando características tipicamente humanas. O processo evolutivo culmina, portanto, com a hominização (Doin, 2001), o acesso a um psiquismo aperfeiçoado, ligado às vivências de um eu singular, histórico, sócio-cultural e lingüístico. Conforme Edelman e Tononi (1998), a vida biológica, é inicialmente somática e, depois, também psíquica, pois se organiza em função de experiências de unidade e continuidade daquilo que se passa em um mesmo organismo.

Correlacionando a vivência de um "eu" individualizado à dimensão neuronal, Kandel (1999) aponta evidências que indicam que nosso cérebro não é uma série imutável de circuitos invariantes, mas sim um fluxo do ponto-de-vista estrutural e funcional. Também para Black, Scott, Robertson e Zachary (1990), as sinapses emergem de uma entidade dinâmica inesperada, que se transforma a todo momento. Segundo os autores, a essência da vida envolve o fato de que níveis mais altos do sistema cerebral transformam continuamente os níveis mais baixos, nos quais os mais altos estão baseados. Esse fenômeno não admite centro, mas gira em torno de uma evolução organizada recursivamente, imprevisível e espontânea, própria dos sistemas dinâmicos não-lineares.

A primeira exigência de um sistema aberto e longe do equilíbrio é satisfeita pelo cérebro como matéria viva. Refere Lima (2000) que, como um meio excitável longe do equilíbrio termodinâmico, a matéria cinzenta central deverá exibir transições de fase na sua dinâmica, apresentando instabilidades com amplificação de flutuações precedendo as mudanças qualitativas em seu comportamento; a emergência de ordem é uma conseqüência dessas transições críticas. Uma constante mudança na composição dos circuitos neuronais participantes promove momentos de um alto nível de integração no sistema cerebral, que resultam no que Edelman e Tononi (1998) descrevem como "lampejos de consciência".

Uma vez que a composição de um núcleo sináptico é ocasionada por flutuações no cérebro que transcendem o registro anatômico, pois inscritas em um sistema energético que envolve, inclusive, nossa capacidade de tomarmos consciência sobre nossa própria (in)consciência, utilizaremos concepções freudianas a respeito da constituição do aparelho psíquico para refletirmos sobre o caminho que nos leva do corpo à mente, explorando a possibilidade da experiência subjetiva, apesar de emergir da atividade cerebral, jogar um papel causativo sobre a última.

Desde que esse cérebro mais complexo passa a ocupar lugar central na explicação da ação humana, a teoria psicanalítica entra em campo para afirmá-lo como um sistema energético no qual a mente emerge desde as primeiras horas de vida. Desse ponto-de-vista, a complexidade cerebral não fica restrita à sofisticação cognitiva, mas engloba a dimensão do inconsciente energético-pulsional – o id, onde se transcendem as necessidades e se inscrevem a falta e os desejos.

A Psicanálise, apontando como determinados tipos de gestão de energia, obviamente ligados aos processos interneurais, são essenciais à produção de sentido e, portanto, dos diversos estados mentais, pode renascer agora, como um campo de conhecimento que, embora considerado não-científico (Bunge, 1980; Dör, 1983) tem condições de contribuir com o conhecimento neurocientífico, referenciado pela maioria dos pesquisadores como a linguagem canônica através da qual podemos estudar a mente.

Para refletirmos sobre o caminho que nos conduz do cérebro à mente, precisamos falar do corpo singular. É necessário, além do estudo sobre a evolução do sistema nervoso, compreender como dizem os físicos, como, a partir do sistema complexo (cérebro) emerge um conjunto atrator em sua dinâmica (mente), identificando-o estruturalmente. Durante sua obra, Freud desenvolveu a hipótese do recalcamento primário como o fundante de duas instâncias diferentes a partir de um sentido que coloca o sujeito como contraposto a seu inconsciente. A primeira significação é efeito dessa cisão através da qual o perturbador para o sujeito fica recalcado.

Propor que a metáfora é fundante do aparelho psíquico, ou seja, que aquilo que constitui o inconsciente é o recalcamento imaginário, implica uma reavaliação do conceito de sujeito. Tal abordagem, ao dividir a mente entre a parte que representa o conhecido e a que representa o conhecedor, influencia na compreensão dos processos humanos: como não existe um único espectador externo, todo conhecimento implica auto-conhecimento ou auto-organização. Segundo Najmanocvich (1997), perceber que nossa fisiologia peculiar, nossa experiência biológica, nossa sensibilidade diferencial são cruciais em relação ao conhecimento tem uma primeira conseqüência: a torção do espaço cognitivo.

Nessa perspectiva, não há a suposição de um mundo independente e anterior à experiência, isto é, nosso corpo-mente não se constitui como um mundo independente de nosso conhecimento, pois a experiência que temos da nossa corporalidade não admite referencial fixo. Por isso, revela Najmanovich (1997), o mundo que conhecemos é co-criado em interação com o meio. Nosso corpo vivencial é, portanto, um limite fundante e uma trama constitutiva de um território autônomo, pois estamos impossibilitados de nos tratar exclusivamente como um objeto, o que cria uma incompatibilidade entre a idéia de sujeito absoluto e de auto-organização.

O sujeito real, efetivo, só consegue agir na medida que experimenta o corpo – como próprio e como anônimo (Debrun, 1997). Freud, ao nosso ver, começou a pensar nessa nova forma de corporalidade, quando desenvolveu as noções de inconsciente e pulsão, sugerindo que é a nossa experiência enquanto corpo desejante que inicialmente nos constrói (Coelho Jr., 1997). Porque fala e se ouve, o homem vive o corpo numa presença imediata, inquestionável, de seu sentido: tem assim a unidade de um sentido que se vive (Gil, 1997).

Discutimos então, como a dinâmica pulsional, a partir da complexização de seus destinos, constitui o verdadeiro motor do progresso psíquico, bem como uma modalidade de auto-organização do sistema mental, em um processo que permanece cada vez mais centrado e sustentado pelas qualidades afetivas. Acreditamos que o conjunto articulado de relações entre os elementos afetivos constituirá o eixo valorativo a partir do qual o indivíduo atribui significado às suas percepções. Sem o afeto que os sustenta, os códigos são línguas mortas (Gil, 1997). Para que haja sentido, um sistema de signos não basta; é necessário um corpo, em que o gesto e o afeto estejam intimamente associados.

Concebendo que a mente surge a partir do corpo erotizado, e que as transformações operadas em nível mental influenciam no funcionamento do cérebro, o conceito de inconsciente pulsional, para o estudioso da mente, faz-se necessário.

O que é Auto-organização?

Levar em conta o conceito dinâmico dos processos mentais motivou Freud a conceber a mente como um sistema físico, cujas operações energéticas são fundamentais. Essa hipótese, desenvolvida no Projeto para uma Psicologia Científica e algumas outras contribuições de origem lacaniana sobre sujeito do enunciado e da enunciação, podem, com o auxílio do conceito de complexidade, serem observados à luz da perspectiva da auto-organização.

A teoria da auto-organização tem sido utilizada como uma abordagem que permite entender de que maneira um sistema cria ajustes em si mesmo, produzindo novas estruturas sem a presença de um supervisor central. Segundo Debrun (1996), uma organização é "auto" quando produz a si própria, ou seja, quando o que há de emergente se deve ao próprio processo, às características nele intrínsecas, e só em menor grau às suas condições de partida, ao intercâmbio com o ambiente ou à presença de uma eventual instância supervisora. Os ajustes não são planejados de cima para baixo por uma finalidade que seja exterior ao sistema em questão, mas sim desenvolvidos através de um trabalho de si sobre si. Isso implica em um começo real, ou seja, um início que não resulte de um corte artificial operado por um observador, mas que seja inscrito na realidade.

Quando temos um organismo no início do processo de auto-organização, embora não haja uma pluralidade de elementos completamente distintos e "soltos", existe uma situação de interioridade prévia, o que confere uma característica de semi-distinção entre os elementos do sistema orgânico. Há um primeiro impulso inicial aletatório que ocorre no sistema longe do equilíbrio - no nosso caso, o cérebro de um recém-nascido – em que multiplicam-se flutuações. Por acaso, ou, eventualmente, de modo determinístico, pode surgir uma flutuação um pouco maior que as outras, e que, apoiada por fatores disponíveis ao redor poderá, em certos casos, se constituir no ponto inaugural de um novo desenvolvimento. Tal configuração, que podemos chamar de novidade ou ajuste, não é, portanto, dada de antemão, mas surge conforme o processo de auto-organização se desenrola.

O acaso, importante no início do processo como um ponto de amarração entre elementos semi-distintos perde peso à medida que há um fechamento do sistema sobre ele próprio, processo que o torna menos vulnerável a impactos externos. Do mesmo modo, o "candidato" a sujeito do processo terá suas pretensões diminuídas.

Essa torsão do processo sobre ele mesmo ocorre porque o sistema é composto por elementos que contêm desigualdades conjunturais, o que cria um distanciamento entre as partes. Elementos distintos têm uma possibilidade de associação muito maior do que os que são afins, já que os últimos são pré-ajustados por afinidades anteriores. Para Debrun (1996), a interação entre elementos distintos no seio do organismo, não de maneira que tudo fusiona com tudo, mas de forma que haja um encavalamento entre as partes, constitui o motor principal da evolução do conjunto. Num determinado instante, conforme certas partes estejam "mais organizativas" e outras "mais organizadas", o todo "se" organiza.

Ao nosso ver, Freud (1950/1969) também concebe o sistema mental como um sistema auto-organizado, que herda um começo, mas que não se reduz a ele, isto é, o começo não funciona como uma lei de construção. O corte que a mãe, como ser humano sexuado, introduz precocemente na vida do bebê com seu seio fornece um impulso numa certa direção. Essa orientação incorpora-se à constituição de novas conectividades neuronais, embora não saibamos como as fases anteriores do processo cerebral do bebê reagirão a isso.

Tal experiência, a condição de partida que permite ao processo de auto-organização mental alçar vôo, é abordada por Freud (1920/1969) sob a forma de um excesso energético que resiste à sua inscrição na ordem significante. Esse máximo de tensão que circula e que se acumula no corpo é que dá a possibilidade de se construir o sentido de novo. Esse pedacinho do real (Lo Bianco, 1996), porque resiste à significação, é que desencadeia o trabalho semântico interminável, e proporciona ligações novas entre significantes antigos que já estavam registrados (Wine, 1992).

Nisso reside a originalidade da Psicanálise: é a única vertente teórica que enfatiza a existência de uma semântica mental apoiada na sexualidade, no corpo excitável, produto da experiência com nossa própria natureza e não simplesmente uma construção intelectual. Porque o homem se ouve falar, isto é, porque o ouvir-se reorganiza para si, num todo, certos sons, o corpo do homem constitui-se como uma totalidade única que , na sua fisiologia própria, não se reduz a uma unidade de matéria viva: o corpo humano é, por assim dizer, auto-significado (Gil, 1997). Isso quer dizer que na sua organicidade, no seu ser uno, se diferencia das outras unidades orgânicas.

Alicerçada na vivência corporal, a auto-organização da mente é comandada pelo jogo pulsional, que impede uma lei de construção determinada. Assim, a probabilidade de diversas mensagens acontecerem segue a lógica individualizada do desejo. Quer dizer, sucessivas experiências formatam uma memória, e essa formatação tem a ver com um trabalho realizado no interior do sistema que não está, de forma alguma, fundado em uma harmonia pré-estabelecida. Esse pressuposto faz da Psicanálise um conhecimento atual, capaz de contribuir com as pesquisas neurocientíficas sobre a constituição da mente.

O Início da Auto-organização: Do Corpo à Mente

A propriedade da interioridade nos cérebros foi ocorrendo conforme foram se apresentando os muitos níveis que intervêm nos circuitos que fazem a mediação estímulo-resposta (Damásio, 2000). Nesse ponto, organismos complexos como os nossos, além de gerarem respostas reativas, passaram a gerar também respostas internas e, desde então, a conectividade sináptica pôde ser vista como uma evolução dinâmica não-linear auto-organizada (Globus, 1995).

As condições de partida implicadas no começo desse processo de interiorização que aqui classificamos como auto-organizador compõem-se a partir de dois cortes em relação ao passado (Debrun, 1997), sendo que, o primeiro, deve ser inscrito na realidade, um corte representado pelo acaso ou decisão. Quanto à constituição do sistema mental humano, imaginamos de uma perspectiva psicanalítica, conforme Bleichmar (1994), que ele ocorre quando a mãe oferece ao bebê um objeto – o seio – que estava além da necessidade fisiológica da criança – a fome - gerando um acúmulo de estímulo interno que, posteriormente, dará origem aos objetos-fonte de pulsão.

O prazer de mamar, que não está só em receber leite, mas em se relacionar com o seio, nos ajuda a enxergar como o bebê recebe um estímulo que se transforma em excitação, em quantidade endógena. Para Laplanche (1992, citado em Bleichmar, 1993), a mãe propõe mensagens ao bebê que são efeito de seu próprio inconsciente, e que, por isso, tem um sentido ignorado a ela mesma. Quando, em busca de leite, a criança se depara com o seio, é submetida a esse tipo de mensagem.

Paralelamente à satisfação decorrente da ingestão do alimento, dá-se a excitação dos lábios e da língua pelo peito, o que provoca um outro tipo de satisfação que, apesar de apoiar-se na satisfação da necessidade instintiva, não se reduz a ela. Essa segunda satisfação é de natureza sexual. Nessa situação, o seio, oferecido pelo outro humano provido de inconsciente, figura como um objeto sexual inicial que inunda o bebê com uma energia não-qualificada, propiciando um traumatismo – que estamos chamando de primeiro corte - no sentido em que rompe com a ordem somática pela via do sexual (Bleichmar, 1993).

Como, nesse primeiro momento, o bebê fracassa parcialmente ao tentar simbolizar a excitação "não qualificada", cria-se um resto (Bleichmar, 1993) não passível de significação, fora da comunicação, que passa a funcionar como um "campo de força". Esse remanescente excitatório que não pode ser evacuado pelo corpo em virtude de não pertencer exclusivamente ao registro somático gera a excitação que constituirá o id, pólo energético do inconsciente. Essas fontes energéticas de pulsão, definidas pela autora de representantes-coisa, não podendo ser traduzidas em palavras, não se submetem ao ego, exercendo estimulação interna constante. O recalcamento incide sobre os representantes-coisa, mas estes não apenas continuam existindo no inconsciente, como continuam se organizando, estabelecendo conexões e formando derivados.

Quando a mãe propõe mensagens com um sentido ignorado ao bebê e, a partir dessa interação sem elemento central nem finalidade imanente há, eventualmente, a constituição de uma forma, então, podemos conceber o inconsciente energético como o início de um processo de auto-organização que nos leva do corpo à mente. Assumimos que essa situação inicial pode ser vista como o que garante a singularidade do processo.

O fato de que haja uma energia somática que se transforma em uma energia psíquica como efeito de uma intervenção de um comutador sexuado não existente no organismo, provido de inconsciente, e cujos atos não se resumem ao auto-conservativo (Bleichmar, 1994), constitui um ponto a partir do qual o processo de auto-organização pode deslanchar. Esse corte origina flutuações no sistema longe do equilíbrio, que, posteriormente, são apoiadas por outros fatores ao redor, como a demanda em se realizar a transição do mundo mítico para o mundo lógico, tema dos primeiros capítulos do Ensaio sobre o homem de Cassirrer (1997).

Conforme o processo avança, aumenta a influência da sedimentação que uma determinada forma exerce, resultando em um esboço de atrator3 3 Configurações coletivas estáveis 4 Freud (1950/1969) exemplificou com a melancolia esse tipo de processo: há pouca quantidade de excitação e o desejo intenso, quando confrontado com pouca tensão provoca uma retração para dentro na esfera psíquica, que se transforma em melancolia. Devido a isso, os neurônios associados eram obrigados a se desfazer de sua excitação, produzindo sofrimento e instalando um empobrecimento ainda maior da excitação. mais fortalecido que estamos chamando de "eu", o que torna cada vez mais provável a evolução do processo numa certa direção. Refere Freud (1950/1969) que o "eu", com sua voluntariedade consciente vai coordenar, num segundo momento, através do investimento consciente de catexias, a plasticidade sináptica que, por sua vez, comanda outras partes do corpo.

Quanto mais a situação fica previsível, mais o processo torna-se bem-sucedido, e passa a não existir mais razões que justifiquem alterações. O "eu" se sedimenta de uma tal forma que atua como um guardião da configuração estabelecida, tentando impedir mudanças estruturais no sistema mental. Temos que, apesar de nascido com o próprio processo, o "eu –atrator" pode imobilizá-lo, em uma lógica auto-organizada de fechamento (Debrun, 1996), cada vez mais voltada para si mesma. Podemos pensá-la como um dos momentos-chave implicados no aparecimento de uma série de distúrbios psíquicos.

Existe um Controle Central?

Não é comum o "eu" se provar como um atrator que emerge em um processo de auto-organização, ou como uma representação, e aprovar a idéia. Estamos acostumados a nos experimentar como uma entidade real e concreta – ego-coisa- e não como um símbolo, um significante que pode alterar-se conforme o lugar que ocupa numa configuração dinâmica mais abrangente que é a totalidade da psique.

Quando o "eu" percebe que não controla tudo, pode haver pane no sistema como um todo; contudo, muitas das produções psíquicas acontecem justamente nos hiatos caracterizados pela falta de controle total do ego. Nos apegamos às representações egóicas e recusamos a idéia de modificação. Compreendemos que uma certa desordem é necessária, mas, afetivamente, resistimos à idéia até o ultimo segundo. Sem mudanças, os processos psíquicos vão aderindo ao real, e, sem imaginação, não se criam novos significados; em suma, se não há reciclagem do "eu", as experiências novas adquirem características de um filme já visto4 3 Configurações coletivas estáveis 4 Freud (1950/1969) exemplificou com a melancolia esse tipo de processo: há pouca quantidade de excitação e o desejo intenso, quando confrontado com pouca tensão provoca uma retração para dentro na esfera psíquica, que se transforma em melancolia. Devido a isso, os neurônios associados eram obrigados a se desfazer de sua excitação, produzindo sofrimento e instalando um empobrecimento ainda maior da excitação. . Caso contrário, o sistema não se complexifica e há aumento do acesso a um maior número de estados, o que significa unicamente que o repertório aumenta em quantidade de estados, mas que há uma qualidade diferente em cada estado que se sucede no processo de auto-organização.

Todo esse processo, que Debrun (1997) define como endogeneização crescente, reflete a queda da participação do acaso e a responsabilidade do próprio processo pelo desenrolar de sua história. O sistema não pode ser expresso por um sujeito dotado de consciência e de vontade – "o eu", ou seja, o saber que ele mobiliza é irredutivelmente distribuído pelo conjunto de seus elementos constitutivos. Assim, as intenções dos participantes são subordinadas ao movimento global, o que acentua a distinção entre o "de dentro" (realidade psíquica) e o "de fora" (ambiente).

A partir daí, as diferentes instâncias mentais postuladas por Freud (1920/1969) na segunda tópica – id e ego - vão se criando com princípios energéticos distintos – primário e secundário - constituindo uma diversidade de elementos cujas afinidades são mínimas. A falta de redundância se evidencia ainda mais quando é instaurado o recalcamento originário e são abertas relações de conflito entre o pré-consciente e o inconsciente, de onde surge a necessidade de ajustes no sistema, a partir das quais as relações entre os elementos podem se alterar.

O segundo corte do processo de auto-organização, de acordo com Debrun (1996), consiste no estabelecimento de uma relação entre os elementos distintos que foram reunidos e o cortador. Podemos novamente aplicar sua teoria ao conceito psicanalítico lacaniano da relação intrapsíquica em que o sujeito da enunciação e sujeito do enunciado se reconhecem, quando se estabelece o sujeito psicanalítico, que tem consciência de seu próprio desapossamento (Roudinesco, 2000).

No segundo momento de desenvolvimento da criança, as dimensões lingüísticas são maciçamente investidas de energia psíquica e passam a exercer uma certa dominação sobre porções inconscientes. Nesse tipo de interação podem surgir perturbações com capacidade de destruir, desorganizar ou provocar reações no sistema; cria-se, porém, um funcionamento mais complexo (Atlan, 1992).

O "eu" comanda dentro de certos limites e sem poder total sobre o que está acontecendo, pois identifica, a cada irrupção do inconsciente (o ato falho, os lapsos de linguagem, os sonhos, etc) sua incapacidade em mover ou associar-se às outras instâncias mentais. A impotência de uma instância em relação à outra, que Debrun (1996) chama de hierarquia acavalada, também se desdobra em interioridade e cria uma solda que une os elementos - o que passa a caracterizar o sistema. Assim, os ruídos internos, provocados, por exemplo, pelas irrupções do inconsciente, podem servir como catalizadores de transformações cuja efetivação se situa na dinâmica interna do sistema.

Em suma, no caso do psiquismo, temos a face-sujeito "eu", que intervém como iniciador do processo controlador da auto-organização secundária, sem, contudo, exercer sua onipotência em relação ao resto do organismo; a auto-organização absoluta de um sujeito por ele mesmo viraria hetero-organização. Nas explicações psicanalíticas sobre a mente associamos essa idéia de imperfeição ao inconsciente, uma dimensão que funciona à revelia dos sujeitos: é possível definí-la em termos de mecanismo como uma exteriorização em relação a si mesmo. Ao nosso ver, a Psicanálise de tradição lacaniana, ao assumir que os atributos da subjetividade não são os atributos de um sujeito, mas, sim, efeitos emergentes produzidos pelo funcionamento de processos situados além de um único e onipotente sujeito consciente exclusivamente, explicita essa concepção.

O Inconsciente

O acavalamento entre a face-sujeito e o resto do organismo impede que o pólo-sujeito possa entender de modo transparente o mecanismo de suas operações de auto-organização (Debrun, 1996). Porque a pele é um meio de comunicação interior-exterior, não se percebe o corpo humano como se percebe uma coisa. Perceber equivale a investir forças e afetos de tal maneira que não é possível separar o sujeito do objeto: o observador faz parte da observação, o sujeito está implicado na percepção. O que significa que não há percepção objetiva do corpo humano. Como está imerso em si mesmo, o mecanismo torna-se obscuro de seu ponto-de- vista.

No que se refere ao autoconhecimento humano, a relação é vivida como misteriosa em virtude das fronteiras indecisas e extrema proximidade entre a face-sujeito (ego) e o resto do psiquismo. Teremos sempre uma lacuna cognitiva, uma zona cega que não podemos ver (Najmanovich, 1997). Localizamos nessa fronteira o fenômeno do inconsciente pulsional. Por ele, mesmo que a organização desemboque numa boa forma, não há como o sujeito se reconhecer e se identificar totalmente com ela, e é isso que confere uma característica dinâmica ao processo. Daí que a noção de um controle central tende a perder sentido e nos obriga a revisar as teorias sobre mente que propõem categorias de controle.

Ao invés de uma categoria central que implementa modificações no sistema, podemos supor que a diversidade dos elementos mentais é enorme e que a interação dessas diversidades exerce tal papel, que a retirada de um desses elementos deixa um "vazio" irreparável, culminando numa cascata de mudanças. Da mesma maneira, para Lacan (1954-55/1979), é a situação da falta, e não o controle do ego consciente, que cria condições ordinárias a partir das quais o cérebro transcende a função de processador e se afirma como criador de mundos. A finalidade da auto-organização psíquica, que se situa em nível dos elementos, e tem como referência o inconsciente psicanalítico, pode ser definido como um fenômeno de produção de sentido, mas cujo sentido não é antecipável (Juranville, 1987).

Essa definição contempla a maneira das interações auto-organizativas que não têm sujeito, nem são orientadas por uma tendência prévia no sistema, gerarem um atrator, ou sucessão de atratores, capaz de levá-lo para o ajuste organizacional. Daí porque os desejos não devem ser encarados apenas como comportamentos dotados de significação, mas também como forças que se interceptam, superpõem construtiva ou destrutivamente, e cuja resultante determina a evolução de uma situação até que eventualmente intervenha um ajuste organizacional. É bom lembrarmos que a relevância do sentido e do desejo marca uma importante reformulação das idéias psicanalíticas entre o Freud do "Projeto", que não distingüia o trauma da fantasia, e o Freud da "Interpretação dos Sonhos" que associou uma teoria não-genital da sexualidade a uma concepção não-cerebral do inconsciente (Roudinesco, 2000).

O inconsciente, fundado por uma exterioridade diretamente inacessível ao homem, representa, a nosso ver, um corte real que introduz o movimento auto-organizador. Sofre, a todo momento, intervenções da aleatoriedade do real, e, como diante de mínimas perturbações em valores de parâmetros todo o sistema torna-se instável, o inconsciente acaba produzindo um sistema singular. Em conseqüência, seus valores se alteram, de onde emergem processos irreversíveis de alteração qualitativo-topológica (Piqueira, 1996). Tal mudança, segundo o autor, provoca uma repercussão que só pode ser descrita a longo prazo, pois há trajetórias que correspondem a condições iniciais tão próximas quanto quisermos, mas que divergem de maneira exponencial ao longo do tempo. Apesar de lidarmos com estados em que se observa a impossibilidade de se restaurar o estado inicial exato, refere Piqueira que o sistema pode estabilizar-se em uma estrutura coerente de longo alcance, devido ao balanço entre perdas dissipativas internas e ganho de energia vindos de uma fonte externa.

Uma articulação possível de ser feita entre o fenômeno do inconsciente e uma necessária instabilidade sistêmica que faz com que haja mudanças na estrutura mental resulta no conceito de corpo erógeno (Dejours, 1988) ou vivencial (Coelho Jr., 1997). Pensamos que, do ponto-de-vista da auto-organização, o que impede o aumento de rigidez no sistema mental, é a memória efetiva representada pelo corpo erotizado, e consideramos que a essência do desejo, que surge após a inscrição da falta no psiquismo, nos remete à produção subjetiva que acarreta a remodelação do sistema. Retida no aparelho, a energia estrutura-se, amplia as redes psíquicas e muda seu caráter tensional.

O sentido passa a nos interessar desde a primeira experiência de satisfação: se não houver objeto real, os agentes do sistema mental interagem e surge uma novidade - a possibilidade de satisfação parcial pela recordação. Ao elevar um objeto à dignidade de uma exterioridade que não existe, a energia psíquica não se descarrega no objeto e fica retida no aparelho, convertendo o aparato que funcionava segundo o modelo do arco reflexo em um aparato que funciona como aparato da linguagem (Wine, 1992).

Pulsão e Complexidade

Ao longo do percurso do sujeito, a castração será sempre reativada para limitar o desejo. O "não" radical (Wine, 1992), que regula a maneira do funcionamento do aparato psíquico, introduz uma polissemia que se instaura como uma nova maneira de cognição. Isso não significa que houve simplesmente um aumento no número de relações, mas, sim, que ocorreram novas descobertas quanto à forma de conectar – e isso define a criação da realidade psíquica individual mais complexa.

Assim, na tentativa de atingir o real, o sujeito designa outros objetos, de onde surge uma resposta simbólica sempre diferenciada. A formação incessante de novos signos evidencia as passagens dos fluxos de energia entre as instâncias e leva o sistema a condições de não-equilíbrio. Novos pontos de equilíbrio geram novas combinações de significante e significado, e, portanto, novos signos. Trabalhando com outros sentidos, o sistema transforma-se qualitativamente e complexifica-se. Por isso, acreditamos que, ao abandonarmos o conceito de pulsão, a expressão "mente humana" esvazia-se de sentido.

Podemos traçar um paralelo entre a noção de auto-organização sistêmica e o conceito de inconsciente energético: a pulsão contorna seu objeto eternamente faltante à maneira de um circuito, à semelhança de um processo sem um atrator prévio. Nessa circularidade, a pulsão é reconhecida à medida que encontra uma solução de expressão no aparelho psíquico, sob a forma de um representante afetivo. Essa solução, que ocorre após novos elementos serem introduzidos pelo inconsciente através do deslizamento na cadeia de significação, representa a estabilização do sistema mental em um comportamento global diferente. Nesse processo ocorre a auto-organização mental: as estruturas trocam energia externa de menor qualidade por energia interna de melhor qualidade – afinal, novos significados foram criados e o sistema pode trabalhar com maior eficiência.

A hierarquia auto-organizada (Souza & Manzatto, 2000) se relaciona a essa transformação de energia que, inicialmente, encontra-se em um estado muito instável, em uma forma mais estável que possa ser armazenada. Se admitimos que as instâncias mentais constituem sistemas hierárquicos não aninhados (Ahl & Allen, 1996), pois as partes não estão contidas umas nas outras, há maior flexibilidade, mas também maior probabilidade de se gerar confusão. É, portanto, necessário um critério de arranjamento: como o objeto é faltante, o modelo do que será buscado pelo sistema sempre se baseará numa imagem mnêmica. Mas o "como" se busca, dado o aumento do número de estados e a crescente complexização do sistema, se modifica, proporcionando novas formas de organização. É essa reconstrução que nos faz ir da dimensão orgânica para a dimensão psíquica, dando origem ao pensamento e o desenvolvimento de metas. A significação, entendida como reorganização das representações inconscientes, coloca a estruturação da inteligência como algo inseparável da constituição de uma posição do sujeito, que é posto do lado do consciente, mas efeito do encontro entre os dois sistemas.

Concluímos daí que a inexistência de uma identidade sistêmica no início do processo dificulta as coisas, pois gera confusão; contudo, é precisamente esse aspecto problemático que define o curso posterior da formação da mente a partir do corpo: ao invés da evolução de um sistema dinâmico comum, onde já existe um atrator dado, ocorre a auto-organização.

Nas interações persistentes, se o nível ou número de parâmetros de não-linearidade aumenta, temos mais probabilidade de que a dinâmica caótica apareça no sistema (Nicolis & Prigogine, 1977), e que os fenômenos difusivos tornem-se dominantes, de modo que observamos a evolução para uma dispersão uniforme em todo o espaço de fases, gerando eventos que se sucedem e que produzem uma atualização nas leis passadas.

Assumir uma organização hierarquizada que permite a redução das perdas de energia ao longo de seu processamento, implica tornar mais adequado o mecanismo de transporte em cada nível, aumentando-se a eficiência do sistema como um todo (Nicolis & Progogine, 1977). No caso do sistema mental, pudemos compreender, com o auxílio da perspectiva psicanalítica, que a hierarquia auto-organizada que transforma energia de baixa qualidade (alta entropia) em energia de alta qualidade (baixa entropia) ocorre através do processo de significação, que faz com que o estímulo externo sempre seja percebido em função da realidade interna.

Recebido: 25/01/2002

Revisado: 15/03/2002

Aceite Final: 01/07/2002

Sobre os autores

Carla Laino Cândido é Professora e Psicóloga Clínica, Doutora em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo.

José Roberto Castilho Piqueira é Professor Titular do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle do IPUSP (Instituto Politécnico da Universidade de São Paulo).

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    Freud (1950/1969) exemplificou com a melancolia esse tipo de processo: há pouca quantidade de excitação e o desejo intenso, quando confrontado com pouca tensão provoca uma retração para dentro na esfera psíquica, que se transforma em melancolia. Devido a isso, os neurônios associados eram obrigados a se desfazer de sua excitação, produzindo sofrimento e instalando um empobrecimento ainda maior da excitação.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Jul 2003
    • Data do Fascículo
      2002

    Histórico

    • Aceito
      01 Jul 2002
    • Revisado
      15 Mar 2002
    • Recebido
      25 Jan 2002
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