Apresentação
Revisando editoriais e apresentações de revistas brasileiras, podemos identificar a satisfação de cada editor ao finalizar mais um número e poder divulgá-lo para comunidade científica. Isto se deve, em parte, à concretização de um processo gestacional, que envolve o trabalho e o tempo de muitas pessoas. Uma revista que sai do prelo já percorreu um longo caminho e consiste em produção intelectual e investimento pessoal dos pesquisadores e organizadores dos manuscritos, na leitura e revisão dos consultores e conselheiros, na atenção dada pela Comissão Editorial, no encaminhamento e coordenação do processo editorial de um editor. No momento da publicação, a revista sai como um fruto de todos que de alguma forma investiram nela.
Por outro lado, todo este processo é acompanhado da dúvida relativa à obtenção de recursos para editar mais um número. Atualmente, as revistas são fruto de projetos pessoais ou institucionais, que sobrevivem com a venda de assinaturas e algumas contribuições comerciais paralelas, como patrocínios e doações. Nenhum país que busca uma política de produção científica séria, que exige a publicação de seus pesquisadores, que avalia seus cursos de pós-graduação pelos índices de divulgação de trabalhos e pesquisas dos professores universitários, pode depender destes parcos recursos. Urge que se faça uma reavaliação destas condições e que se possa ampliar os recursos e melhorar a qualidade da produção e da divulgação do conhecimento em Psicologia no Brasil.
A crescente necessidade de dar vazão aos resultados de pesquisa, dando forma à produtividade científica dos pesquisadores, têm acelerado os escritórios das revistas brasileiras, aumentando consideravelmente o número de manuscritos submetidos e, certamente, a qualidade destas submissões. Pautas de reuniões científicas, de diretorias de sociedades de Psicologia e mesmo conversas informais entre editores e pesquisadores têm tido como tema comum o futuro das publicações no Brasil. Certos de que esta não é uma preocupação apenas de editores de periódicos científicos da Psicologia, mas de todos os pesquisadores que prezam a divulgação de seus estudos como uma etapa "natural" e ética de seu trabalho, urge inquietar a comunidade da Psicologia para repensar seriamente as políticas de publicação e de sustento das revistas brasileiras.
Para não fugir a regra, apresentamos mais um número com grande satisfação.
Sinceramente,
Sílvia Helena Koller
Editora
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
02 Ago 1999 -
Data do Fascículo
1998