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TEORIA DO NÚCLEO DO EU DE ROJAS-BERMÚDEZ E SUA CORRELAÇÃO COM O IMAGODRAMA

LA TEORÍA DEL NÚCLEO DEL YO DE ROJAS-BERMÚDEZ Y SU CORRELACIÓN CON IMAGODRAMA

RESUMO

O objetivo deste artigo é apresentar uma leitura teórica do Núcleo do Eu, mais próxima à teoria da Matriz de Identidade de J. L. Moreno, desenvolvendo com maior profundidade o conceito de Eu incipiente de Rojas-Bermúdez. Associo essa vivência egoica às relações estabelecidas entre o bebê e seu núcleo familiar, logo após o reconhecimento de um Eu minimamente estável, em condições neuropsicológicas para vincular-se às imagos materna, paterna e fraterna. De acordo com essa leitura, o Núcleo do Eu completa sua estruturação aos 4 anos de idade, em conformidade com a Escola Rojas-Bermúdez, após realizar-se o processo de síntese dessa matriz nuclear, de onde emerge o Eu Natural e posteriormente, o Eu Social, como produto da triangulação e circularização de papéis. A técnica de construção de imagens é o método que fundamenta a teoria em questão.

PALAVRAS-CHAVE
Psicodrama; Neurociência; Desenvolvimento da Personalidade; Imagodrama

RESUMEN

El propósito de este artículo es presentar una lectura teórica del Núcleo do Eu, más cercana a la teoría de la Matriz de Identidad de J. L. Moreno, desarrollando con mayor profundidad el concepto Rojas-Bermúdez del yo incipiente. Asocio esta experiencia egoica con las relaciones que se establecen entre el bebé y su núcleo familiar, justo después del reconocimiento de un Yo mínimamente estable, en condiciones neuropsicológicas para vincularse a las imágenes maternal, paterna y fraterna. Según esta lectura, el Núcleo del Yo completa su estructuración a los 4 años, de acuerdo con la Escuela Rojas-Bermúdez, luego de realizar el proceso de síntesis de esta matriz nuclear, de la cual emerge el Yo Natural y posteriormente el Yo. Social, como producto de la triangulación y circularización de roles. La técnica de construcción de imágenes es el método que sustenta la teoría en cuestión.

PALABRAS-CLAVE:
Psicodrama; Neurociencia; Desarrollo de personalidad; Imagodrama

ABSTRACT

The purpose of this article is to present a theoretical reading of the nucleus of the ego, closer to the theory of the identity matrix by J. L. Moreno, deeply developing the Rojas-Bermúdez’s concept of incipient ego. I associate this egoic experience with the relationships established between the baby and its family nucleus, right after recognizing a minimally stable ego, in neuropsychological conditions to link itself to the maternal, paternal and fraternal images. According to this reading, the nucleus of the ego completes its structuring at the age of four, following the Rojas-Bermúdez School, after carrying out the process of synthesis of this nuclear matrix, from which the natural ego emerges and, later, the social ego, as a product of the triangulation and circularization of roles. The image construction technique is the method that supports the theory in question.

KEYWORDS
Psychodrama; Neuroscience; Personality Development; Imagodrama

INTRODUÇÃO

Embora meu objetivo neste artigo seja o de aprofundar a teoria de Rojas-Bermúdez e atualizá-la, da forma mais fiel possível, aos conceitos básicos estabelecidos pelo autor, ao longo do texto farei referências a outras abordagens clínicas (Bustos, 2005Bustos, D. (2005). O Psicodrama: Aplicações da técnica psicodramática. Ágora; Fonseca, 2018Fonseca, J. (2018). Psicoterapia da relação: Essência e personalidade. Ágora.), buscando alinhar os pontos em comum para tornar a leitura mais compreensível a um público maior.

A teoria do Núcleo do Eu – Esquema de Papéis, também chamada de Teoria Emergentista da Personalidade (Rojas-Bermúdez 1998Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós.), debruça-se sobre alguns conceitos básicos da constituição do eu — desempenho de papéis psicossomáticos, psicodramáticos e sociais, situando o Eu Natural como emergente do Núcleo do Eu, que provém no ato do nascimento como uma sensação básica de existir, representada pelo Si Mesmo Fisiológico (SMF) (Bermúdez, 1978Rojas-Bermúdez, J. G. (1978). Núcleo do Eu. Artes Gráficas.).

Dessa forma, a primeira fase da Matriz de Identidade Total (Moreno, 1978Moreno, J. L. (1978). Psicodrama. Cultrix.), que corresponde ao psiquismo caótico e indiferenciado, é tomado do momento da gestação até o Nascimento, uma vez que, aos 5 meses de vida uterina o bebê já dispõe de um Sistema Nervoso Central (SNC) completamente formado. A primeira Catarse de Integração corresponde ao ato de Nascimento.

O SMF é representado por um círculo vazio e vai dar início à estruturação do Núcleo do Eu por meio dos três papéis psicossomáticos não automatizados ao nascer. O primeiro papel psicossomático a estruturar-se é o de Ingeridor, aos 3 meses de vida extrauterina — segunda fase da Matriz de Identidade Total Diferenciada. Corresponde psicologicamente à resposta sorriso ou Gestal-Sinal (Spitz, 1965Spitz, R. A. (1965). O primeiro ano de vida. Martins Fontes.), que estabelece para o bebê um afora oral como representante da figura humana.

Mediante essa primeira percepção da figura humana, o bebê fixa sua atenção no que Rojas-Bermúdez nomeia de afora oral, que ao mesmo tempo é exterior à vivência fisiológica boca-seio, mas psicologicamente é percebido como Eu.

É importante destacar que crianças cegas de nascença também conseguem criar a percepção visual desse afora oral (a mãe) através de outros órgãos dos sentidos:

As imagens visuais são produzidas pelo sistema sensorial em conexão com o neocórtex, através de vários órgãos receptores específicos para o tato, a visão, a audição, e estes emitem sinais para o sistema nervoso central a maneira de um código [...] vimos que pessoas cegas de nascença conseguem construir um mundo imagístico e produzem imagens mentais não a partir da visão, mas do tato e dos demais sentidos como olfato, gustação e audição [...] a esse fenômeno os neurocientistas chamam ‘visão cega”

(Guimarães, 2012Guimarães, L. A. (2012). Percurso neural da imagem para além das sombras. Revista Brasileira de Psicodrama, 20(2),13-29. http:pepsic.bvsalud.or/sielo.php?script=sci_arttex&pid=50104-539320120002000042&Ing-pt&nrm=isso&ting=pt
http:pepsic.bvsalud.or/sielo.php?script=...
, p. 17).

Esse Núcleo do Eu de base neuropsicológica passa a constituir-se em meio à grande complexidade do SNC e desenvolve-se segundo o percurso primário e secundário de mielinização cerebral, até ocorrer a emergência de um eu incipiente, trazendo como registro histórico a consciência de si mesmo (Eu e Não Eu), mediante a diferenciação das três áreas psicológicas que constituem os Modelos de Conduta ou Personalidade.

Quando esse fenômeno acontece, o bebê já passou pela quarta fase da Matriz de Identidade, estabeleceu o controle do esfíncter anal (Papel de Defecador) e do esfíncter uretral (Papel de Urinador) e delimitou as três áreas do psiquismo (Ambiente, Mente, Corpo).

Contudo, cerca de mais dois anos serão necessários para realizar a síntese entre os três papéis psicossomáticos e as três áreas psicológicas, processo que será facilitado pelo estabelecimento de vínculos com as figuras parentais e fraternas, desenvolvendo, a partir daí, os cachos de papéis (Bustos, 2005Bustos, D. (2005). O Psicodrama: Aplicações da técnica psicodramática. Ágora). Nessa fase, que J. L. Moreno nomeia de Brecha entre a Realidade e a Fantasia (quinta fase), serão desenvolvidos os papéis psicodramáticos.

Nesse momento, em virtude da bifurcação dos hemisférios cerebrais em funções distintas (Deutsch & Springer, 1998Deutsch, G., & Springer, P. S. (1998). Cérebro esquerdo, cérebro direito (3ª ed.). Summus.), a área Mente vai corresponder às funções do Hemisfério Esquerdo (HE). É o mundo do pensamento simbólico, da linguagem, palavras, signos, cognição e lógica. A área Corpo corresponde ao Hemisfério Direito (HD). Dela decorrem a produção de imagens, as sensações e sentimentos, intuições e a linguagem não verbal.

A conexão dessas áreas possibilita a produção de imagens pelo HD, e a sua interpretação, pelo HE. Os dois hemisférios, embora com funções distintas, normalmente funcionam em conjunto. A área Ambiente, que corresponde ao nosso cérebro executivo (Goldenberg, 2002Goldberg, E. (2002). O cérebro executivo: Lobos freotais e mente civilizada. Imago.), em conjunto com o cérebro reptiliano, será responsável pela execução motora e o planejamento de ações mediadas pelos lóbulos frontais. Todas essas estruturas cerebrais estão conectadas ao Núcleo do Eu – Sistema Límbico.

O Eu incipiente, ao transpor a brecha entre a fantasia e a realidade, irá engajar-se no segundo Universo Infantil (Matriz Social), deixará para trás suas sombras (posses sincréticas) e estas serão projetadas sobre o Eu Natural (Rojas-Bermúdez, 1997Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós.).

A pesquisa teórica que apresento mais detalhadamente a seguir consiste em atualizações da teoria de Rojas-Bermúdez (1997)Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós., principalmente no que diz respeito ao acoplamento estrutural, biológico e cultural (Maturana & Varela, 2010Maturana R., & Varela, F. (2007). A árvore do conhecimento: As bases biológicas da compreensão humana (6ª ed.). Edusp.). O Eu Natural e o Eu Social são subsistemas cerebrais que se complementam e enriquecem a prática clínica da técnica de Construção de Imagens, nos oferecendo ao mesmo tempo uma imagem interna e externa do Núcleo do Eu.

Acrescento, apenas, alguns apontamentos pessoais que relacionam o Núcleo do Eu à Matriz de Identidade de Moreno e aos conhecimentos da Neuropsicologia, elaborando de forma mais explícita o processo de síntese do Eu Incipiente como uma instância egoica mais fortalecida pelas relações familiares, que projeta as suas vivências imaginárias sobre o Eu Natural e Social, com conteúdos encobertos que podem ser acessados durante a Construção de Imagens e a representação de Papéis Psicodramáticos.

Dessa forma, estabeleço uma distinção teórica entre as experiências pregressas totalmente encobertas no inconsciente pelo Núcleo do Eu e as experiências egoicas que são projetadas sobre o Eu após a fase de Espelho e permanecem como sombras, misturando fantasia e realidade, por meio do sistema simbólico, da aprendizagem verbal, da nomeação de coisas, pessoas e objetos, pela escuta de histórias e contos de fadas, e a apreensão de personagens e de climas afetivos apreendidos por meio da prosódia, durante as interações familiares (Guimarães, 2010Guimarães, L. A. (2010). Percurso da imagem para além das sombras: Um olhar sobre o eu. Anais do 17º Congresso Brasileiro de Psicodrama e 1º Latino Americano de Processos Grupais. Febrap.).

É importante ressaltar, também, que essa visão sistêmica acrescentada à teoria do Núcleo do Eu – Esquema de Papéis já estava em germe desde a concepção original do Núcleo do Eu, uma vez que Rojas-Bermúdez (1970)Rojas-Bermúdez, J. G. (1970). Introdução ao Psicodrama. Mestre Jou. já havia apresentado o Esquema de Papéis a partir da sua pesquisa com psicóticos crônicos e neuróticos graves no Hospital T. Borda, de Buenos Aires, ao descobrir a função psicodinâmica (identificação da figura humana) do Objeto Intermediário, exercida pelos fantoches, máscaras, túnicas e capuz. Infelizmente, as teorias sobre a constituição da personalidade e as técnicas delas derivadas não nascem prontas, precisam de aprofundamentos.

Para trabalhar com psicóticos crônicos e neuróticos graves no T. Borda (Rojas-Bermúdez, 1984Rojas-Bermúdez, J. G. (1984). Titeres y Sicodrama – Puppets and Psychodrama (2ª ed.). Celcius.), o autor acrescentou ao método original moreniano o Teatro de Fantoches — que consiste na representação livre de papéis atrás de um biombo, deixando á vista apenas os fantoches —, uma técnica de aproximações sucessivas entre os egos-auxiliares e os pacientes, até conseguir estabelecer conexões e interlocuções dos pacientes com os fantoches, e o jogo espontâneo de papéis complementares.

Essa técnica consiste na representação de papéis complementares, usando os fantoches como prolongamento do próprio corpo, sendo realizada em diversas etapas de aproximação sucessivas, muito semelhantes às fases da Matriz de Identidade; e da estruturação do Núcleo do Eu – Esquema de Papéis, visto que o autor desenvolveu toda a sua teoria e metodologia de Construção de Imagens como resultado do seu trabalho no T. Borda, no ano de 1965, após dez anos de pesquisa de campo e estudos teóricos realizados.

Constam como objetivos de cada etapa de uso do Objeto Intermediário: (1) focar a atenção dos pacientes no teatro de fantoches e seu interesse em interagir com os egos-auxiliares; (2) desempenho de papéis complementares através dos fantoches, direcionados a cada paciente, até conseguir a interação e a interação fantoche–paciente; (3) cobrir todo o corpo dos egos-auxiliares com capuz e túnicas, para não provocar estados de alarme; (4) retirar o biombo para permitir maior aproximação; (5) estabelecer uma comunicação face a face, usando os fantoches como objeto intermediário; (6) desempenho de papéis complementares em cena aberta, sem uso de túnicas e capuz, apenas empunhando fantoches nas mãos: (7) e, finalmente, restabelecimento da capacidade de comunicação do paciente, independentemente do uso de objetos intermediários ou intraintermediários. O trabalho posterior consistiu em utilizar técnicas de expressão estéticas e criativas, como desenhos, cerâmica, confecção de máscaras, psicomúsica e psicodança.

ESTRUTURAÇÃO DO NÚCLEO DO EU

Como sabemos, os três papéis psicossomáticos relacionadas às três áreas do psiquismo são responsáveis por suprir as necessidades de sobrevivência emocional, fisiológica e social da criança, e funcionam como vetores para a identificação das suas sensações cenestésicas e percepção dos estímulos interoceptivos, provenientes das sensações corpóreas; dos estímulos exteroceptivos, sensações externas como frio, calor, ambientação e climas emocionais; e de estímulos proprioceptivos que balizam a percepção espacial de proximidade-distância-profundidade-peso e visão.

Todos os reconhecimentos dessas sensibilidades específicas são modulados pelo Tálamo, a partir da integração do SNC ao Sistema Límbico (sede do Núcleo do Eu), e são orquestrados pelo Lobo temporal, que regula todos os fenômenos motores, sensitivos e sensoriais. A mielinização gradual e progressiva dessas estruturas cerebrais focam a atenção espontânea do bebê nesses processos específicos e, aos poucos, a repetição dos papéis psicossomáticos vão formando Marcas Mnêmicas (MM), que correspondem ao desempenho dos papéis psicossomáticos, conforme se vê a seguir.

O Papel de Ingeridor (PI) é o primeiro Organizador do psiquismo. Constitui-se a partir das MM de complementariedade entre as Estruturas Genéticas Programadas Internas e Externas (EGPI – EGPE) e corresponde à fase do Duplo. Nessa primeira fase predomina o sistema interoceptivo, com respostas massivas e generalizadas atraídas pelos fenômenos viscerais.

Com a estruturação do Papel psicossomático de Defecador (PD), por volta dos 6-8 meses, ocorre uma adaptação progressiva da criança aos estímulos exteroceptivos, permitida pelo peristaltismo intestinal, pela redução da filtragem de estímulos e pelo desenvolvimento psicomotor. Isso permite a discriminação do que ocorre dentro e fora do organismo, finalizando a delimitação da área Ambiente, que representa o mundo interno da criança e influencia seu comportamento no sentidos de explorar o mundo externo e reconhecer-se como separada da experiência.

Estabelecido o Modelo Defecador (PD), a criança inaugura a fase de Espelho e continuará vivenciando intensamente o período de separação–individuação, dos 8 aos 24 meses, até estruturar o papel psicossomático de Urinador (controle do esfíncter uretral). Segundo a Matriz de Identidade, completa-se nessa quarta fase da Matriz de Identidade, com o Reconhecimento do EU-TU.

Com a estruturação do papel de Urinador (PU), surge um Eu incipiente, que dará inicio ao processo de síntese do Núcleo do Eu, já contando a criança com a percepção e vivência do afora oral, afora anal e afora uretral, conforme se vê na Fig. 1.

Figura 1
Núcleo do Eu – Eu Incipiente – Eu Natural

Após a síntese final do Núcleo do Eu, a criança pode perceber-se como separada de pessoas, objetos e coisas ao seu redor e realizar a diferenciação entre os registros relacionados às diferentes áreas Mente – Corpo – Ambiente, e começar a jogar papéis psicodramáticos, dos 2 aos 4 anos, até completar-se o processo de síntese do Núcleo do Eu. Segundo Rojas-Bermúdez (1997)Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós., todas essas experiências pregressas são inscritas como marcas mnêmicas no SNC e permanecem durante toda a vida como formas de comunicação natural, assinalando as características essenciais desse núcleo fundante em eventos futuros.

O nascimento representa o modelo neurofisiológico para mudanças fundamentais na vida e todos os processos de iniciação de novos papéis.

O papel de Ingeridor é modelo neurofisiológico da dependência nutricional e da separação de conteúdos corporais dos ambientais. Está associado ao afora oral, a partir do momento em que a criança consegue plasmar a primeira imagem da figura humana. Associo essa complementariedade entre o papel de Ingeridor e o afora oral à Imago Materna, que simboliza as relações de dependência e se firma no período de desenvolvimento do Eu incipiente.

O papel de Defecador é o modelo neurofisiológico de deposição de conteúdo internos, da autonomia de movimentos e exploração do meio ambiente, da criatividade e diferenciação entre o mental e o ambiental. Começa a estruturar-se ao surgir o peristaltismo intestinal, que opõe resistência à passagem de fezes semissólidas. Este papel está associado ao afora anal e, dessa forma, o Eu incipiente irá constituir a Imago Paterna, que simboliza as relações de independência e impulsiona para a vida.

O papel de Urinador é o modelo neurofisiológico de controle de conteúdo internos, do prazeroso e emocional, da diferenciação entre mente e corpo, dos pensamentos e sensações corpóreas, que está associado ao afora uretral. Dessa forma, o Eu incipiente constitui a Imago Fraterna como símbolo das relações igualitárias.

ESTRUTURAÇÃO DO EU INCIPIENTE

O Eu incipiente, ao qual Rojas-Bermúdez (1978)Rojas-Bermúdez, J. G. (1978). Núcleo do Eu. Artes Gráficas. atribui a função de realizar o processo de síntese entre os seis elementos do Núcleo do Eu, pode ser tomado como uma nova instância psicológica (ou egoica) que vai inaugurar a fase de narcisismo primário e a pré-inversão de papéis de fantasia, jogados como Papéis Psicodramáticos. Trata-se, mais especificamente, de vivenciar a fase de Brecha entre a Fantasia e a Realidade (Moreno, 1978Moreno, J. L. (1978). Psicodrama. Cultrix.), e realizar a transição da Matriz de Identidade para a Matriz Social – sexta fase do desenvolvimento infantil.

Nessa fase de narcicismo egoico, ficarão registradas todas as posses sincréticas da criança, desde coisas a objetos e pessoas. É um período onde tudo é vivido pela criança como MEU: minha mãe, meu pai, meu irmão, meus brinquedos etc.

Nesse estágio de desenvolvimento neuropsicológico, cresce a influencia do Neocórtex (HE) nas atividades cotidianas da criança e começa a desenvolver-se o sistema simbólico, por meio da memória, da linguagem e do sentido de lateralidade e temporalidade, o que lhe permite manter uma relação de permanência com o meio ambiente e passar a criar vínculos de fantasia com as suas posses sincréticas.

Sob a intervenção crescente do Neocórtex, a produção de imagens mentais atinge o simbólico e traz a possibilidade de pensar e refletir sobre atos, pensamentos, acontecimentos e afetos, fomentando muitas aprendizagens. É nesse momento que SNC se bifurca, conforme descrito anteriormente.

Através dessa relação de permanência com o meio ambiente, a criança começa a criar os primeiros vínculos. Pode, então, imaginar-se como se fosse um personagem e desempenhar papéis tendo como modelo a mamãe, o cachorro, o príncipe ou a cinderela. Depois, evolui psicologicamente no sentido de suportar as perdas, substituindo o universo limitante do “meu” e estabelecendo relações mais realistas, a partir de si mesma.

Prosseguindo a análise desse processo de vinculação da criança ao ambiente familiar e social, entram em cena papéis mais estruturados que incluem um contra papel. Para Rojas-Bermúdez (1997)Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós. esses papéis são papéis potenciais que servem de apoio para a aprendizagem de papéis sociais no futuro, ao organizar-se o Esquema de Papéis.

Com a passagem para o segundo Universo Infantil, tem início o jogo de papéis complementares, que estabelecem os vínculos em triangulação. Esse processo de triangulação é permeado, segundo Rojas-Bermúdez (1997)Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós., pelo complexo de Édipo. Porém, o autor toma essa sexta fase da Matriz como relações triangulares que vão diferenciar situações nas quais a criança permanece como terceiro excluído, podendo apenas observar de fora o que acontece, ou participar como coadjuvante, não atuando como protagonista. São situações que desenvolvem o Eu Observador, essencial para Inversão de Papéis.

Avançando um pouco mais, o processo de triangulação dá início às relações interpessoais dentro e fora da família (Fase de Circularização — sétima fase), mediante a articulação da criança à rede social, com o ingresso na escola e outros grupos de convivência (vizinhos, colegas e amigos). A criança passa a fazer inversões de papéis, até realizar completamente sua inserção na Matriz Social, desenvolvendo relações de complementariedade.

É a partir da escuta de histórias e contos de fadas que as crianças ampliam sua concepção de papéis, fazendo uso da Memória, do Jogo e da Dramatização (Rojas-Bermúdez, 1970Rojas-Bermúdez, J. G. (1970). Introdução ao Psicodrama. Mestre Jou.), usando a criatividade e a intuição. Por exemplo, ao ouvir os contos de fadas, pedem repetições até que consigam praticamente decorar todo o texto.

Então, a compreensão linguística vai sendo absorvida a partir da prosódia; será mais ampla e expressiva, de acordo com a entonação de voz usada pelo adulto. É interessante destacar, também, que algumas pesquisas na área da Neolinguística apontam que mulheres adultas são muito mais sensíveis do que os homens às entonações prosódicas (Guimarães, 2010Guimarães, L. A. (2010). Percurso da imagem para além das sombras: Um olhar sobre o eu. Anais do 17º Congresso Brasileiro de Psicodrama e 1º Latino Americano de Processos Grupais. Febrap.).

ACOPLAMENTO ESTRUTURAL

Na teoria de Rojas Bermúdez (1997), as funções do Eu Natural e Eu Social correspondem às funções cerebrais da especialização hemisférica. Em termos das funções hemisféricas, é importante destacar que embora os neurocientistas já tenham chegado ao acordo de que o cérebro funciona em uníssono, de forma paralela e integradora, os dois hemisférios cerebrais se distinguem em funções globais e específicas.

O hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo e vice-versa. Comanda as habilidades verbais, mantendo o sentido temporal e sequencial dos fatos. Traduz as percepções e representações lógico-analíticas, como leitura, escrita e cálculo.

O Hemisfério Direito controla as habilidades não verbais, guiando-se pelo comportamento instintivo, emocional, viso-espacial, simultâneo, intuitivo e analógico. Expressa-se através de imagens, sonhos, sensações e metáforas. Realiza a compreensão unitária de jogos, configurações e estruturas complexas, percebendo figuras a partir de diversos ângulos e perspectivas. Concentra-se na percepção do todo baseando em suas partes e engloba conceitos lógicos de forma abstrata. É atemporal e se utiliza da linguagem corporal, carecendo de gramática, sintaxe e semântica (Guimarães, 2010Guimarães, L. A. (2010). Percurso da imagem para além das sombras: Um olhar sobre o eu. Anais do 17º Congresso Brasileiro de Psicodrama e 1º Latino Americano de Processos Grupais. Febrap.).

De acordo com esses dados científicos, Rojas-Bermúdez (1997)Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós. formulou a sua teoria Emergentista da Personalidade, mais conhecida como Núcleo do Eu – Esquema de Papéis, mediante a tese de acoplamento estrutural dos subsistemas cerebrais, conforme a seguir:

  • O Subsistema Natural é formado pelo Núcleo do Eu e o Eu incipiente, chamado de Eu Natural, e corresponde ao Sistema límbico (HD). Inclui-se aí o SMP, que corresponde às funções do sistema neurovegetativo. Aqui se desenvolve a comunicação natural própria da raça humana, enraizada no biológico.

  • O Subsistema Social é representado pelo Eu Social, cujas funções correspondem ao HE. A Estrutura Social corresponde, por um lado, ao sistema senso perceptivo e motor, e por outro, ao Esquema de Papéis, mais referentes às funções temporais, simbólicas e associativas do Neocórtex.

Segundo Rojas-Bermúdez (1997)Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós., esses dois Subsistemas cerebrais embasam a estruturação da personalidade, enraizada no que Maturana e Varela (2007)Maturana R., & Varela, F. (2007). A árvore do conhecimento: As bases biológicas da compreensão humana (6ª ed.). Edusp. nomeiam acoplamento estrutural, biológico e cultural (Fig. 2):

Figura 2
Acoplamento estrutural do Núcleo do Eu – Esquema de Papéis

Conforme se vê na Fig. 2, todos os estudos referentes ao desempenho de papéis são representados graficamente por Rojas-Bermúdez (2012)Rojas-Bermúdez, J. G. (2012). Origen y difusión del concepto de objeto intermediário. In J. G. Rojas-Bermúdez et al. (Org.), Actualizaciones em Sicodrama – Imagem y Ación em la teoria y la práctica. Spiralia Ensayo.. Além do Núcleo do Eu, ao centro (9), o autor localiza o Limite do Si Mesmo Psicológico (1); o Eu Social, constituído por Papéis bem desenvolvidos (3); pouco desenvolvidos, no caso de pacientes psicóticos que exigiram o uso do Objeto Intermediário (10); o encapsulamento do Eu dentro do limite do SMF (4); o Papel complementar (5) que pode ser jogado livremente quando os papéis estão bem desenvolvidos (6); e o papel complementar que só pode ser jogado através do Objeto Intermediário (10), dada a impossibilidade de vinculação; o vínculo estabelecido por meio de papéis complementares (6); o Pseudopapel (7), que só se mantém mediante forte pressão do Contexto Social (8, ranhuras), por estar desconectado ao Eu Natural. A mesma desconexão ao Eu Natural acontece nas relações Papel – SMP (11), resultando em relações de fantasia e sem reciprocidade, que chamamos em psicodrama de Relações em Corredor (Fonseca, 2018Fonseca, J. (2018). Psicoterapia da relação: Essência e personalidade. Ágora.).

PSICOPATOLOGIAS DO NÚCLEO DO EU

A corrente brasileira de Núcleo do Eu de maior prestígio no Brasil (Dias, 1987) adota apenas os papéis psicossomáticos como modelo. Contudo, as classificações gerais das tipologias correspondentes às neuroses são as mesmas; o resultado final não se altera como fórmula estrutural (Rojas-Bermúdez, 1978Rojas-Bermúdez, J. G. (1978). Núcleo do Eu. Artes Gráficas.), desde quando são as porosidades nesses papéis que determinam as patologias do Núcleo do Eu.

Apenas perde-se de vista o enfoque psicodinâmico de manejo psicoterápico em estruturas psicóticas com psiquismo caótico e indiferenciado, que, em função da confusão entre as três áreas (dois papéis psicossomáticos porosos), só pode dispor como modelo psicossomático o próprio papel — que, nesse caso, isola-se do meio, não exercendo suas funções psicológicas naturais, o que exige como manejo o Objeto Intermediário, cuja função vai muito além da mediação psicodramática.

Por exemplo, se a porosidade ocorreu no Papel de Ingeridor, estabelecendo confusão entre as áreas Corpo – Ambiente (sentir-pensar), para afastar-se da confusão o indivíduo recorre à área saudável Mente e adota o Modelo Urinador; se for no papel de Defecador, confundem-se as áreas Ambiente – Mente (agir-pensar), recorrendo-se ao Modelo Ingeridor; e quando a porosidade ocorre no papel de Urinador (confundindo o pensar e sentir), adota-se como confiável a área Ambiente, agindo com o Modelo Defecador.

Essas defesas estruturais mantêm-se como tipologias de personalidade, porém não são absolutamente fixas, podendo ser trabalhadas na psicoterapia. Apenas em situações de crises e surtos, existirá sempre a tendência de funcionamento de acordo com esses Modelos estabelecidos pelo Núcleo do Eu.

Seja um modelo psicótico, a partir das funções específicas dos papéis psicossomáticos, ou um modelo neurótico cuja porosidade no papel psicossomático pode ser compensada pelas áreas psicológicas que lhes dão sustentação e que geram diferentes tipologias ou modelos de conduta de acordo com as porosidades estabelecidas entre as áreas Mente, Corpo ou Ambiente.

No Modelo Urinador, a porosidade se instala no papel de Ingeridor, gerando confusão entre as áreas Corpo – Ambiente. Se o mecanismo reparatório pertencer à área Corpo (sentir), as defesas podem ser esquizoides, mais relacionadas à gestação; histéricas, com dificuldades na elaboração de sensações, percepções e sentimentos; ou fóbicas, se os mecanismos estão na área Ambiente.

No Modelo Ingeridor, a porosidade se dá no papel de Defecador, e a confusão ocorre entre as áreas Mente – Ambiente (pensar e agir). Se o mecanismo reparatório for colocado na área Ambiente, a defesa estruturada é tipicamente atuadora, psicopática ou sociopática. Isso depende das circunstâncias culturais de amadurecimento mediadas pela educação doméstica. Pode-se atuar apenas opondo-se resistência aos padrões sociais vigentes, ou assumir comportamentos antissociais. Caso o mecanismo reparatório esteja na área Mente, produz-se a depressão. Em todos os casos, permanece saudável a área Corpo (sentir), por meio da qual o indivíduo se guiará, e poderá obter bons resultados na psicoterapia.

No Modelo Defecador, a porosidade ocorre no papel de Urinador, gerando confusão entre as áreas Mente – Corpo (pensar e sentir). Quando os Mecanismos Reparatórios são colocados na área Mente (pensar), produzem-se os transtornos obsessivos; se estiverem localizados na área Corpo, as compulsões.

A visualização gráfica dos tipos de personalidade segundo os Modelos de Urinador, Ingeridor e Defecador (Rojas-Bermúdez 1978Rojas-Bermúdez, J. G. (1978). Núcleo do Eu. Artes Gráficas., 1997) pode ser efetuada colocando-se os mecanismos reparatórios nas áreas correspondentes (Fig.1).

No caso de porosidade em dois papéis psicossomáticos, ocorrem as psicoses, e o indivíduo atua a partir dos modelos psicossomáticos. Nas esquizofrenias, as porosidades estão nos papéis de Ingeridor e Urinador, restando íntegro o Papel Defecador. Nos transtornos bipolares, há porosidades nos papéis de Defecador e Urinador, e se atua a partir do papel Ingeridor.

APLICAÇÃO TEÓRICA NA PRÁTICA PSICODRAMÁTICA

Todas as técnicas de Construção de Imagens estão baseadas na teoria do Núcleo do Eu – Esquema de Papéis (Rojas-Bermúdez, 1970Rojas-Bermúdez, J. G. (1970). Introdução ao Psicodrama. Mestre Jou.). Essas técnicas são realizadas com imagens estáticas para focar a atenção do paciente, mesmo quando se utilizam pessoas como ego-auxiliares. Trata-se, mais especificamente, de acessar uma imagem mental impressa de forma não verbal pelo Núcleo do Eu (Sistema Límbico, HD), que, através de uma forma externa, pode ser dramatizada como uma foto projetiva dos mapas mentais registrados pelo cérebro e internalizada como imagem.

Construída a imagem, passa-se aos Solilóquios em cada parte da imagem, acessando o sistema simbólico (HE) e, dessa forma, obtém-se a conexão inter-hemisférica necessária para trabalhar verbalmente todos os conteúdos encobertos.

Por isso, a transformação da imagem mental em imagem psicodramática reproduz exatamente as sensações, percepções e ideias sobre determinado acontecimento, embora o indivíduo não esteja consciente de todos os detalhes que envolveram as suas escolhas. A explicação é simples, pois a imagem construída corresponde sempre aos mapas mentais:

A construção desses padrões neurais ou mapas baseia-se na seleção momentânea de neurônios e circuitos mobilizados pela interação. Em outras palavras, os tijolos da construção existem no crebro, estão disponíveis para ser manipulados e montados. A parte do padrão que permanece na memória é construída segundo os mesmos princípios

(Damásio, 1999Damásio, A. (1999). O mistério da consciência. Companhia das Letras., p. 406).

Para que essas imagens sejam construídas, espontaneamente, como uma representação simbólica, por meio de determinada forma, orienta-se o paciente para que siga a sua intuição e vá dando uma forma visual ao tema trazido. Pode ser desde uma palavra, frase ou sentimento, a um sintoma, uma relação interpessoal ou alguma situação marcante. Como essas imagens fazem parte do mundo interno do paciente, apenas não estando acessíveis à consciência, elas vão surgindo sem que o paciente se dê conta dos detalhes colocados na imagem.

É através da observação à distância da imagem construída, que se vai percebendo cada detalhe e os seus sentidos correspondentes. Depois, os Solilóquios esclarecem gradualmente todos os significados da forma dramatizada, produzindo novos sentidos.

Por isso Rojas-Bermúdez (1997)Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós. diz, parafraseando Freud, que as imagens mentais e psicodramáticas são a via régia do trabalho psicoterapêutico:

Ao construir uma imagem, estamos fazendo, durante a vigília, um processo que ocorre naturalmente durante o sonho (imagens oníricas): a síntese e a conscientização de um conjunto de diferentes ideias, experiências, sensações, emoções, dentro de um esquema visual. Esta técnica favorece objetivar partes do mundo interno do indivíduo; ao mesmo tempo, dá lugar ao fenômeno de referência que desencadeia novas reações

(Rojas-Bermúdez, l997Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoria y Técnicas Psicodramáticas. Paidós., p. 13).

As imagens construídas trazem normalmente uma metáfora. Por exemplo, em uma sessão que realizei com o Imagodrama (Guimarães, 2020Guimarães, L. A. (2020). Imagodrama: Uso de bonecos e objetos-auxiliares em psicodrama individual e on-line. Revista Brasileira de Psicodrama, 28(2), 106-117. http://doi.org/10.15329/2318-0498.20039
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), uma protagonista colocou uma figura de Iansã na imagem, sem perceber que os olhos da orixá estão cobertos, impossibilitando-lhe a visão. Ao observar a imagem a distância, percebe este detalhe e passa a se lembrar de tantos momentos nos quais costumava agir às cegas, que acaba concluindo ser este o motivo pelo qual sempre entra em situações complicadas.

Relacionando este episódio à teoria do Núcleo do Eu, compreendo que a paciente havia desenvolvido uma tipologia no Modelo Urinador, para fugir da confusão interna entre as áreas Corpo – Ambiente. Nesse caso, a psicoterapia com Imagodrama serviu de mediação para reduzir a tendência de atuação histriônica da paciente, provocada por certa “cegueira emocional”. Posso deduzir, também, que todas as técnicas que usamos no psicodrama funcionam como mediação psicodramática, embora os recursos utilizados conservem sua função de objetos-auxiliares para aplicação da técnica.

Vejo que o uso de bonecos na psicoterapia oferece uma imagem em espelho que vai dar vazão a livres projeções e identificações simbólicas que concretizam conflitos encobertos por defesas inconscientes. A construção dessas imagens, apesar de não ser produzida com interferência do diretor, evidencia comportamentos e emoções que vão servindo para enxergar as situações de forma inusitada.

O procedimento das técnicas de Construção de Imagens, baseadas no Núcleo do Eu (Rojas-Bermúdez, 1998Rojas-Bermúdez, J. G. (1978). Núcleo do Eu. Artes Gráficas.), inclui: (1) solicitar ao paciente que dê uma forma à imagem que tem de determinada situação; (2) construída a imagem, que a descreva em todos os detalhes; (3) que nomeie cada elemento da imagem e o que ela representa; (4) que realize o solilóquio de cada elemento representado.

Quando se trata de relações interpessoais, solicito a inversão de papéis. No caso de imagens muito abstratas, solicito ao protagonista que imagine uma história. Se o paciente não consegue acessar algum conteúdo já cristalizado, recorro à técnica do Duplo. Se a imagem trava, peço o desdobramento da imagem em anterior e posterior, ou uma delas. Enfim, as possibilidades de trabalho psicodramático, por meio da construção de imagens, são muito amplas, vão da clínica individual e grupal ao contexto presencial e on-line.

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REFERÊNCIAS

  • Bustos, D. (2005). O Psicodrama: Aplicações da técnica psicodramática Ágora
  • Damásio, A. (1999). O mistério da consciência Companhia das Letras.
  • Fonseca, J. (2018). Psicoterapia da relação: Essência e personalidade Ágora.
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  • Guimarães, L. A. (2010). Percurso da imagem para além das sombras: Um olhar sobre o eu. Anais do 17º Congresso Brasileiro de Psicodrama e 1º Latino Americano de Processos Grupais Febrap.
  • Guimarães, L. A. (2012). Percurso neural da imagem para além das sombras. Revista Brasileira de Psicodrama, 20(2),13-29. http:pepsic.bvsalud.or/sielo.php?script=sci_arttex&pid=50104-539320120002000042&Ing-pt&nrm=isso&ting=pt
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  • Maturana R., & Varela, F. (2007). A árvore do conhecimento: As bases biológicas da compreensão humana (6ª ed.). Edusp.
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  • Rojas-Bermúdez, J. G. (2012). Origen y difusión del concepto de objeto intermediário. In J. G. Rojas-Bermúdez et al. (Org.), Actualizaciones em Sicodrama – Imagem y Ación em la teoria y la práctica Spiralia Ensayo.

Editado por

Editora de seção: Marcia Almeida Batista

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2021

Histórico

  • Recebido
    03 Jun 2021
  • Aceito
    25 Jul 2021
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