Neste artigo apresentamos parte dos resultados de um estudo desenvolvido com mulheres cariocas de classe média, de diferentes faixas etárias, que afirmaram não desejar ter filhos. Foram utilizadas entrevistas semidirigidas, e os textos resultantes foram submetidos a uma análise de discurso. Focalizamos aqui os dados relativos ao que significa para elas ser mulher. Na visão das entrevistadas, no discurso social, a mulher ideal parece ser aquela que concilia realização profissional e maternidade, tarefa vista por elas como extremamente árdua. Pudemos observar em suas falas, contudo, que a identidade feminina parece estar atravessando hoje um momento de transição, em que o modelo tradicional da mulher-mãe, e mesmo o da mulher-mãe-profissional, vem sendo substituído por modelos contemporâneos mais fluidos, em que mulheres e homens podem e devem buscar seu próprio caminho e fazer suas próprias escolhas, alterando, inclusive, a qualquer momento, suas opções, numa tentativa de realizar sonhos, desejos e aspirações.
mulher; não-maternidade; identidade