No ponto de encontro entre o conceito de identidade como metamorfose humana e a categoria ideologia como forma de reproduzir relações sociais de dominação, o presente artigo discute a tipificação das pessoas em situação de rua como vagabundas, sujas, loucas, perigosas e coitadas. Tal conhecimento socialmente compartilhado acaba por legitimar a violência física contra estas pessoas, bem como servir de referência para a constituição de suas identidades pessoais. Face a este universo simbólico perverso que as acomete, são analisados a loucura (como fuga da realidade), o suicídio (como consumação material da morte simbólica em curso) e a resistência, a partir da transformação social (opondo-se a esta ideologia através da luta pelos seus direitos), como formas das pessoas em situação de rua elaborarem estas representações oriundas de suas condições sociais.
psicologia social; situação de rua; identidade; ideologia; representação social