Open-access Uma teologia com dimensões práticas: alguns elementos com base nos documentos de área

A Theology with Practical Dimensions: Some Elements Based on the Area Documents

RESUMO

A produção teológica assume diferentes metodologias a depender do contexto em que está inserida. A autonomia da Área de Avaliação 44 da Capes implica em um entendimento da Teologia marcadamente acadêmica, bem como enfatiza a possibilidade da interação da produção teológica com o espaço público. Partindo da análise dos Documentos de Área, este artigo se propõe a apresentar características da dimensão prática da Teologia, considerando-a sobretudo na perspectiva da interdisciplinaridade, no que diz respeito à sua metodologia, e à sua articulação com o ambiente acadêmico. Esse cenário aponta para mudanças epistemológicas, visto que a Teologia, dialogando com interlocutores específicos, também se constrói com outra linguagem.

PALAVRAS-CHAVE
Área Ciências da Religião e Teologia; Capes; interdisciplinaridade; epistemologia teológica; método teológico

ABSTRACT

Theological production takes on different methodologies depending on the context in which it is inserted. The autonomy of Capes’ Assessment Area 44 implies a markedly academic understanding of Theology, as well as emphasizes the possibility of interaction between theological production the public space. Starting from the analysis of the Documentos de Área, this article proposes to present characteristics of the practical dimension of Theology, considering it above all from the perspective of interdisciplinarity, with regard to its methodology, and its articulation with the academic environment. This scenario points to epistemological changes, since Theology, starting to dialogue with specific interlocutors, also constructs itself with another language.

KEYWORDS
Study of Religion and Theology Area; Capes; interdisciplinarity; theological epistemology; theological method

Introdução

A função da Teologia se delimita de acordo com o ambiente onde a produção teológica está inserida. A produção teológica atual, com perspectivas acadêmicas, é resultado de um processo, com diferentes atores, cenários e relações. Embora ela não perca suas características eclesiais, estabelece critérios civis que resultam, inclusive, na autonomia da Área de Avaliação 44 e na elaboração do Documento de Área que induz e rege a avaliação dos PPGs em Teologia e Ciências da Religião1.

O entendimento da natureza e função da Teologia se apresenta aos teólogos desde a antiguidade. Porém, a cada período, teólogos e teólogas assumem novos paradigmas e concepções, estabelecendo um diálogo com suas próprias conjunturas eclesiais e/ou culturais. No cenário atual, sobretudo considerando a realidade brasileira, a Teologia se constitui como disciplina acadêmica e busca o reconhecimento civil. Por sua vez, quem determina os parâmetros que regem e organizam os Programas de Pós-graduação é a CAPES, agência integrada ao Ministério da Educação que tem como uma de suas funções a avaliação dos PPGs.

Na relação com a sociedade civil, a Teologia se estabelece como conhecimento que se ocupa das questões relacionadas ao ambiente político, relacional e social. Essa dimensão prática da Teologia – que também se torna epistemológica – é proposta pelo Documento de Área, elaborado pelos pares e colocado como critério para a indução das ações e referência para a avaliação dos PPGs e da sua respectiva produção teológica. Após a avaliação, a Área publica um relatório no qual são socializados os resultados, mas também as suas perspectivas futuras para os próximos anos. Um Documento de Área tem por objetivo principal mapear o estado da arte da Área (presente), em vista de tecer considerações acerca do seu futuro da Área. Em especial, apresenta as indicações para os procedimentos de autoavaliação que os PPGs precisam adotar. Traz consigo, também, a concepção das subáreas que a compõem, a partir de sua árvore do conhecimento, e que embasam o perfil do egresso e a atuação dos corpos docente e discente.

O presente artigo se propõe a identificar características da concepção atual de Teologia, pautado, sobretudo, na análise do Documento de Área de 2019; a fim de identificar algumas das principais características da Teologia, sobretudo, no que diz respeito ao perfil do seu egresso e à interdisciplinaridade da produção teológica. Entendemos que o Documento de Área pode ser um bom parâmetro para a compreensão da produção teológica no cenário acadêmico atual, isso porque esse Documento se constitui como referência objetiva para a autoavaliação dos PPGs e organização de suas pesquisas.

1 As várias edições do Documento de Área

1.1 Os documentos de 2009 e 2013

A primeira edição de um Documento de Área específico para os PPGs em Teologia foi publicada em 2009. Os PPGs em Teologia, junto com os de Ciências da Religião, compunham uma subárea designada Teologia, dentro da Área-mãe Filosofia. Mais simples e enxuto, o Documento de Área de 2009 traz poucas informações acerca da Teologia, bem como das Ciências da Religião. Nesse período, tínhamos menos PPGs em Teologia e em Ciências da Religião, o que implicava em menor representatividade. Nele se destacam: a internacionalização dos cursos (CAPES, 2009, p. 1), a aplicação de critérios objetivos na avaliação dos PPGs, bem como a inserção ou o impacto, sobretudo em âmbito local, das pesquisas teológicas (CAPES, 2009, p. 11).

O Documento de Área publicado em 2013, que se refere ao triênio de 2010-2012, e ainda é produzido dentro da Área Filosofia. O Documento se diferencia do anterior, não somente por ser mais pormenorizado e extenso, mas também por apresentar uma distinção entre a Filosofia e a Teologia, que possibilita que a Teologia fosse avaliada a partir de aspectos e critérios que lhes são próprios. Uma das novidades apresentadas pelo Documento de 2013 é a interdisciplinaridade, embora bastante direcionada à relação entre a Teologia e as Ciências da Religião.

1.2 O Documento de Área 2016

O Documento de Área de 2016 é o primeiro publicado após a autonomia da Área 44 hoje designada “Ciências da Religião e Teologia”. Considerando as características próprias da pesquisa em Ciências da Religião e Teologia, o Documento organiza as abordagens metodológicas e epistemológicas a partir de oito subáreas da Árvore do Conhecimento, que podem também ser subdivididas conforme as características de cada curso: (1) Ciência da religião aplicada; (2) Ciências da linguagem religiosa; (3) Ciências empíricas da religião; (4) Epistemologia das ciências da religião; (5) História das teologias e religiões; (6) Teologia fundamental-sistemática; (7) Teologia prática; (8) Tradições e escrituras sagradas (CAPES, 2016, p. 2).

De certo modo, a Árvore do Conhecimento, reflete a estrutura básica da Teologia moderna e/ou mesmo as propostas dos PPGs em Teologia que compunham a Área. A partir da Árvore, é possível afirmar que a Teologia se organiza a partir do estudo dos textos bíblicos, das elaborações sistemáticas, da sua dimensão práxica e da própria história da Teologia e das tradições.

Uma das características assumidas por esse Documento de Área é a da interdisciplinaridade, que agora é somada aos termos “multidisciplinaridade” e “transdisciplinaridade” (CAPES, 2016, p. 3). Sobretudo as Ciências da Religião apresentam um caráter interdisciplinar, ao menos no que diz respeito à mais alta titulação dos seus docentes, vindos de diferentes Áreas, o que faz com que a AV 44 se destaque por seu aspecto interdisciplinar (Villas Boas, 2020, p. 224).

Ao tratar a questão da interdisciplinaridade, o Documento de Área de 2016 avalia a mais alta titulação do corpo docente. Dos 307 docentes que compunham a Área (CAPES, 2016, p. 6), 145 têm a mais alta titulação dentro da própria Área, representando 59%, enquanto 99 docentes têm a mais alta titulação em outras Áreas, o que representa 41% (CAPES, 2016, p. 6). O Documento de Área não distingue os titulados em Teologia dos titulados em Ciências da Religião.

Em linhas gerais, é possível afirmar que a Teologia tem a mesma característica das Ciências da Religião, no Documento, como parte integrante do Sistema Nacional de Pós-graduação, deve colocar suas pesquisas a serviço da formação de recursos humanos qualificados com relevância, originalidade e impacto na sociedade.

Nesse cenário, a Teologia é chamada a desenvolver, também, sua dimensão prática, no sentido de oferecer à sociedade os resultados de sua pesquisa: “A área não apenas reconhece como também propõe e fomenta o debate plural no campo teológico, sendo possível a utilização do termo teologias para se considerar os discursos atinentes às distintas escolas e diferentes tradições religiosas” (CAPES, 2016, p. 10). O desafio é o de estabelecer critérios que não anulem a confessionalidade da Teologia, mas que não configurem sua dimensão prática como proselitismo ou simples formação de quadros.

As subáreas da Árvore do Conhecimento, bem como seus temas correlatos, são apresentadas em perspectiva da interdisciplinaridade. Ao entender a Teologia na perspectiva da interdisciplinaridade, o Documento de Área estabelece, em seu perfil do egresso, que o teólogo ou a teóloga se habilita numa determinada perspectiva teológica. O Documento de Área descreve assim o perfil do egresso:

O perfil do egresso de cursos de pós-graduação em Teologia deve considerar a formação de habilidades para que o concluinte seja capaz de contribuir para o aprofundamento e expansão da reflexão teológica em geral, bem como na interpretação de textos e linguagens da experiência religiosa de uma tradição, desenvolver cientificamente uma investigação sobre a experiência de fé de um determinado grupo, assessorar e formar especialistas e não especialistas de uma dada tradição espiritual, contribuir para a tradução dos conteúdos morais e religiosos dessa tradição para sua cultura, seu tempo e o espaço público, além de ser capaz de desenvolver uma teologia da práxis. Seu trabalho orientar-se-á pela caracterização simbólica dos conteúdos religiosos (de textos sagrados ou tradicionais), como também pelo desvendamento de conteúdos racionais presentes em narrativas míticas e em diferentes formas de expressão religiosa

(CAPES, 2016, p. 10).

O Documento de Área entende a Teologia como pesquisa acerca da

[...] inteligência da fé, os conteúdos, as doutrinas, as tradições, os textos, as linguagens de tradições específicas, assim como as experiências que o ser humano desenvolve com o que reconhece e professa como sagrado, através do recurso a quaisquer outros saberes colaborativos, a partir da perspectiva interna e em diálogo com as demais ciências, com outras culturas, tradições e religiões, considerada a diversidade de abordagens teórico-metodológicas de escolas e campos de estudos teológicos

(CAPES, 2016, p. 10).

Nesse sentido, um PPG em Teologia tem como sua principal característica formar pesquisadores, tanto em questões metodológicas, como descreve o Documento de Área ao apontar a necessidade de capacitar-se para a interpretação seja dos textos ou das práticas; mas também, pela capacidade de diálogo com a cultura e a história do seu próprio tempo.

Além das características apontadas anteriormente, o Documento de Área de 2016 também descreve o egresso da Pós-Graduação em Teologia como aquele capaz de

[...] atuar na formação de docentes para a educação básica e/ou de nível superior, além de ser capaz de atuar como profissional especializado, consultor/a, assessor/a e/ou mediador/a em questões relacionadas à religião de que é especialista no espaço público

(CAPES, 2016, p. 10).

Ao que se refere a este nosso artigo, interessa a capacidade de dialogar com as questões relacionadas à religião no espaço público. Tal característica traz consigo duas diferentes perspectivas. A primeira diz respeito à linguagem teológica. Seria o teólogo capaz de dialogar com o espaço público ou somente com o ambiente eclesial? Ao adentrar o ambiente universitário e pleitear o reconhecimento civil, a Teologia assume a perspectiva do diálogo não apenas com outras Áreas de conhecimento, mas também com a sociedade. A segunda questão diz respeito à autocompreensão da Teologia, seja de sua epistemologia, seja de sua metodologia. Ao se colocar a serviço do “público” e não apenas do confessional, ela não se seculariza, perdendo seu caráter religioso, mas, com características que lhe são próprias, comunica-se com o espaço público.

Ainda sobre a função social – ou pública – da Teologia, o Documento afirma:

Em colaboração com outras áreas do conhecimento, setores da sociedade, órgãos governamentais e não-governamentais, a área Teologia tem potencial para contribuir no enfrentamento dos desafios nacionais em educação, ética e melhoria da qualidade de vida da população através da busca por compreensão aberta e plural das implicações que as cosmovisões religiosas, as espiritualidades e as teologias exercem junto à vida social, política e cultural do país. Além disso, a área tem contribuição a dar a partir das pesquisas que desenvolve sobre a influência das práticas religiosas, espiritualidades e tradições de sabedoria e religiões na dimensão psíquica, na saúde e na conformação de um ordenamento ético. A área tem potencial para qualificar o debate público relativo à promoção do estatuto das sociedades democráticas plurais, laicas, com pleno respeito à diversidade religiosa e à livre manifestação da crença e da não crença, respeitados os ordenamentos jurídicos da sociedade brasileira

(CAPES, 2016, p. 11).

Em relação ao potencial que a Teologia tem para contribuir com os diversos setores da sociedade, nos enfrentamentos dos desafios nacionais, não se trata de algo novo. A própria ação pastoral de muitas igrejas cristãs, há tempos, objetiva esse fim, como, por exemplo, na área da educação, da ética ou mesmo na melhoria da qualidade de vida. Também esses temas, ou mais ainda, essas questões relacionadas à sociedade brasileira, fazem parte, há anos, das pesquisas teológicas. Ao assumir as características relacionadas à sua interdisciplinaridade, a Teologia capacita-se para o diálogo com a espaço público.

1.3 O Documento de Área 2019

O Documento de Área publicado em 2019 é resultado da avaliação realizada no quadriênio 2017-2020, o Documento é dividido em três partes, sendo a primeira destinada às considerações sobre o estado da arte da AV 44, a segunda às considerações sobre o futuro da Área e a terceira parte destinada a outras considerações.

1.3.1 Considerações gerais

A AV 44 contava, em 2019, com 21 PPGs, sendo doze deles em Ciências da Religião e nove em Teologia. Contava ainda com 388 docentes e 3.238 discentes que estiveram vinculados aos PPGs (CAPES, 2019, p. 6). O número de PPGs em Teologia e mesmo sua distribuição no território nacional apresentam poucas variações. O Documento de Área de 2019 mostra uma predominância dos PPGs na Região Sul (6), no Sudeste são dois e há um no Nordeste. Não há PPGs em Teologia nas Regiões Centro-Oeste e Norte. Ao final do quadriênio 2017-2020, mais um PPG em Teologia foi criado na Região Sul, encerrando-se o ciclo avaliativo com nove PPGs em Teologia.

Permanece a característica de que todos PPGs em Teologia – que é própria da história do pensamento teológico brasileiro – estejam vinculados à IES privadas e confessionais. Em virtude da alta concentração de PPGs, sobretudo, na Região Sul, o Documento de Área aponta a necessidade da diminuição da assimetria regional, recomendando, sobretudo, a oferta de Projetos de Cooperação Interinstitucional (Minter e Dinter), direcionados para as Regiões Centro-Oeste e Norte (CAPES, 2019, p. 14).

1.3.2 Considerações sobre o perfil do egresso

Em linhas gerais, a edição de 2019 não apresenta mudanças significativas em relação a de 2016. A AV 44 continua se organizando a partir da mesma Árvore do Conhecimento, dividida em oito subáreas e com seus respectivos temas correlatos (CAPES, 2019, p. 3). No que diz respeito à subárea Teologia Prática, o Documento apresenta como temas correlatos a:

Psicologia pastoral, teologia e saúde, ecoteologia, fé e política, homilética, relação entre teologia/culto/práxis, missão e inculturação, inclusão e direitos humanos, teologia e sociedade, ação, experiência e conhecimento prático, educação na respectiva tradição

(CAPES, 2019, p. 4).

Aqui há uma mudança significativa, pois, o Documento de Área de 2016 apontava para um entendimento mais pastoral da Teologia Prática, relacionando-a ao agir das comunidades cristãs em seus trabalhos internos e listando os seguintes temas correlatos: “Psicologia pastoral; teologia e espaço público; homilética; capelania e educação na respectiva tradição” (CAPES, 2016, p. 13). O Documento de Área de 2019, por sua vez, aponta para uma compreensão da Teologia Prática que compreende, também, ações externas às comunidades de fé. Tais ações acontecem junto à sociedade civil, assumindo uma perspectiva ad extra, com temáticas e objetos de estudo relacionados à saúde, ecoteologia, fé e política, missão e inculturação, inclusão e direitos humanos, além da relação entre Teologia e sociedade (CAPES, 2019, p. 4).

Em relação ao perfil do egresso de Teologia, o Documento de Área de 2019 assim o descreve:

O/A pós-graduando/a em Teologia pesquisa criticamente a inteligência da fé, os conteúdos, as doutrinas, as tradições, os textos reconhecidos como sagrados, as linguagens de tradições específicas, assim como as experiências que o ser humano desenvolve com o que reconhece e professa como sagrado e outras práticas socioculturais, a partir de perspectivas internas e em diálogo com as demais ciências, com outras culturas, tradições e religiões, considerada a diversidade de abordagens teórico-metodológicas de escolas e campos de estudos teológicos. A área não apenas reconhece como também propõe e fomenta o debate plural no campo teológico, sendo possível a utilização do termo teologias para se considerar os discursos atinentes às distintas escolas e diferentes perspectivas religiosas

(CAPES, 2019, p. 4).

A capacidade crítica do teólogo e da teóloga, bem como seu empenho em dialogar com outras ciências, culturas e tradições religiosas, são características que permeiam o perfil do egresso. Pesquisar “criticamente a inteligência da fé” (CAPES, 2019, p. 4) é uma perspectiva atrelada à cientificidade da Teologia. Mas tal entendimento leva-nos à questão: seria a Teologia uma ciência? Se entendemos a ciência na perspectiva moderna, onde o conhecimento científico se baseia no paradigma da falsificabilidade, então a Teologia, bem como a Filosofia e outras ciências que se ocupam de questões relacionadas ao raciocínio e à especulação teórica que não podem ser falsificados, não seria considerada ciência (Chalmers, 1993, p. 70). Neste sentido, a ausência do espírito positivo ou de caráter empírico no entendimento da realidade humana (Japiassu, 1994, p. 28) faz com que algumas Ciências Humanas não possam ser reconhecidas como tais e isso, refere-se, também, à Teologia.

A Teologia produzida a partir do contexto moderno assume outra perspectiva epistemológica e metodológica e estabelece um estreito diálogo com outras ciências: Filosofia, Linguística, Ciências Sociais, sobretudo a Sociologia, Antropologia, Arqueologia. No contexto atual, a Teologia é compreendida como disciplina que compõe o hall das Ciências Humanas ou, conforme a CAPES, o Colégio de Humanidades (Marchini, 2023, p. 134), apontando para uma superação do que Japiassu denomina como “metodologismo”, entendido como

tendência a se conceber o método por ele mesmo, a se conceber a metodologia como uma especialidade em si, feita de um conjunto de receitas e de preceitos técnicos que cada um deve respeitar, não para conhecer o objeto, mas para ser (re)conhecido como conhecendo o objeto

(Japiassu, 1994, p. 10).

Sem se opor à concepção clássica de ciência, a Teologia se propõe, nesse Documento, como saber valorativo da realidade (Passos, 2010, p. 48), apresentando métodos que lhe são próprios, que se caracterizam pelo embasamento bíblico, na própria tradição teológica, dogmática e em sua função eclesial, sendo a produção teológica uma reflexão motivada pela realidade seja eclesial ou sociocultural e que está a serviço da comunidade. Cabe, contudo, à Teologia estabelecer critérios metodológicos para que seu conhecimento tenha validade e a sua produção intelectual possa ser considerada pelos pares do cenário acadêmico.

No intuito de construção de habilidades do egresso de um PPG em Teologia, o Documento de Área de 2019 sintetiza:

O perfil do egresso de cursos de pós-graduação em Teologia deve considerar a formação de habilidades para que o concluinte seja capaz de: a) contribuir para o aprofundamento e expansão da reflexão teológica em geral, bem como para a interpretação de textos e linguagens da experiência religiosa de uma tradição; b) desenvolver cientificamente uma investigação sobre a experiência de fé de um determinado grupo; c) assessorar e formar especialistas e não especialistas de uma dada tradição espiritual; d) contribuir para a tradução dos conteúdos teológicos, culturais, morais e religiosos dessa tradição para sua cultura, seu tempo e o espaço público; e) desenvolver uma teologia da práxis

(CAPES, 2019, p. 5).

1.4 A interdisciplinaridade da AV 44

Aspecto marcadamente presente no Documento de Área 2019, a interdisciplinaridade faz parte da natureza e história da Teologia, mas também da própria constituição da AV, visto que ela se constituiu a partir da relação entre a Teologia e as Ciências da Religião2 ora paralela, ora confluente, sem anular a particularidade e especificidades das duas:

Quanto ao trabalho interdisciplinar entre as duas principais disciplinas que a constituem, observa-se que a área deve manter e aprofundar o debate teórico-metodológico que tenha por objetivo garantir as especificidades epistemológicas de cada uma delas, evitando sobreposições e submissões de qualquer tipo quanto ao que concerne a metodologias e objetos próprios em cada caso

(CAPES, 2019, p. 7-8).

Na Teologia, entretanto, a interdisciplinaridade se constitui em dois âmbitos. O primeiro seria na relação das próprias disciplinas teológicas entre elas. A Cristologia, por exemplo, dialoga com elementos que são próprios das disciplinas bíblicas e de outras dogmáticas ou sistemáticas. O segundo se constitui pelo diálogo da Teologia com disciplinas ou outras áreas de conhecimento, como a Filosofia e a História, ou ainda com as ciências modernas, como a Sociologia, a Hermenêutica ou a Psicologia. No ambiente acadêmico, não mais se torna possível, nem sensato, pensar em uma Teologia que não aconteça na perspectiva da interdisciplinaridade.

1.5 Sobre o futuro da Área

A perspectiva de “inovação” faz parte das políticas de Estado do Ministério da Educação. Em relação às considerações sobre o futuro da área, o Documento de 2019 trata como inovação a incorporação de processos que possam “aprimorar o cumprimento do seu papel social e acadêmico na formação de recursos humanos altamente qualificados em sua área de atuação como teólogos/as” (CAPES, 2019, p. 8).

A inovação é entendida primeiro na perspectiva do próprio processo de pesquisa que deve estar atento às novas tecnologias, mas também “à sua aplicação nas situações concretas da vida cotidiana, aprimorando o impacto dos conhecimentos em Teologia e em Ciência(s) da(s) Religião(ões) na vida social e cultural, com íntima parceria em redes de pesquisa interdisciplinares” (CAPES, 2019, p. 8-9). Mais que apresentar novos modos de se fazer Teologia, a inovação é entendida na perspectiva da produção teológica que se ocupa das questões próprias de seu tempo, o que pode ser entendido na perspectiva da função social da Teologia, mas que aqui, identificamos como sua dimensão prática.

Mas ainda fica a questão acerca do entendimento da “inovação” dentro da Teologia, que segundo o Documento de Área pode ser assim identificado:

O cultivo de uma cultura de inovação deve estar associado ao aperfeiçoamento da tradição de pesquisa própria da área. Nesse sentido, os programas de Ciência(s) da(s) Religião(ões) e de Teologia contribuem para a consolidação do seu patrimônio científico-cultural e se colocam a serviço do atendimento das demandas públicas, oferecendo o seu conhecimento e a sua capacidade de análise dos fenômenos específicos com os quais trabalha. Também é por essa via que a área se associa às demais ciências e saberes em seu serviço ao desenvolvimento da cidadania, com desenvolvimento sustentável, respeito ao meio ambiente, superação das desigualdades, redução da pobreza, justiça social e respeito à diversidade cultural e religiosa

(CAPES, 2019, p. 9).

Estaria o entendimento da inovação relacionado à concepção de uma Teologia que acontece na esfera cidadã? Neste sentido, a Teologia passa a fazer o exercício acadêmico de se ocupar de objetos que sejam próprios do ambiente público, bem como o de estabelecer métodos que consigam estabelecer abordagens destes objetos. A Teologia no espaço público não pode ser confundida com abordagens proselitistas ou meramente de formação de quadros internos. Antes, o teólogo e a teóloga buscam estabelecer-se como interlocutores que querem não apenas pesquisar o espaço público como socializar os resultados de suas pesquisas no intuito de qualificar esse mesmo espaço público.

Em relação ao impacto que o PPG exerce sobre a sociedade, o Documento de Área de 2019 entende que o fenômeno religioso faz parte da sociedade atual (CAPES, 2019, p. 12), o que é inerente às Ciências da Religião que o tem como seu objeto de estudo por excelência. Mas, ocupando-se a Teologia do estudo acerca do fenômeno religioso, quais os critérios metodológicos que ela utiliza?

Em colaboração com outras áreas do conhecimento, setores da sociedade, órgãos governamentais, não-governamentais e movimentos sociais, a área Ciências da Religião e Teologia tem potencial para contribuir no enfrentamento dos desafios nacionais em educação, ética e melhoria da qualidade de vida da população por meio da busca por compreensão aberta e plural das implicações que as cosmovisões religiosas, as espiritualidades e as teologias exercem junto à vida social, política e cultural do país

(CAPES, 2019, p. 12).

Também cabe à AV 44, e dentro dela à Teologia, a participação do debate público:

Além disso, a área tem contribuição a dar a partir das pesquisas que desenvolve sobre a influência das práticas religiosas, espiritualidades e tradições de sabedoria e religiões na dimensão psíquica, na saúde e na conformação de um ordenamento ético. A área tem potencial para qualificar o debate público relativo à promoção do estatuto das sociedades democráticas plurais, laicas, com pleno respeito à diversidade religiosa e à livre manifestação da crença e da não crença, respeitado o ordenamento jurídico do Estado brasileiro

(CAPES, 2019, p. 12).

Ao contribuir com o espaço público, a Teologia não se constitui apenas como um conhecimento religioso no espaço público. A Teologia olha para o espaço público na perspectiva da fé de uma comunidade, mas com uma linguagem própria ao ambiente acadêmico, diferenciando-se do conhecimento religioso ou doutrinal. Em contrapartida, também é válido afirmar que são várias as teologias, pois existem diferentes modos, que podem ser igualmente válidos, de fazer Teologia.

A função social do PPG em Teologia passa pela escolha das disciplinas que compõem o curso:

A área sugere que as perspectivas de impacto dos PPG na sociedade passem necessariamente pela reflexão de cada programa sobre os seus componentes curriculares. Projetos de pesquisa, disciplinas, trabalhos de conclusão, projetos de extensão podem se configurar para além da produção científica de natureza teórica, aprimorando, portanto, o foco nas soluções de problemas

(CAPES, 2019, p. 12).

Considerando a interação entre Ciências da Religião e Teologia com a educação básica e com outros setores da sociedade, o Documento de Área de 2019 prevê, como frentes de atuação, a formação de docentes e a inserção social (CAPES, 2019, p. 17-18). Cabe destacar que a formação teológica de docentes que atuam na Educação Básica seja importante, sobretudo, no contexto em reemergem projetos que interrelacionam de maneira acrítica fé e política, inclusive dentro de espaços de educação pública e privada. Contudo, uma vez que, atualmente, não existem licenciaturas em Teologia, no país, a inserção social parece ser a maior contribuição que a Teologia possa oferecer à Educação Básica:

A área valoriza a inserção social de seus programas/cursos na elaboração de materiais, grupos de trabalho, eventos e políticas junto a instituições públicas e privadas, órgãos e associações relativas ao debate sobre educação e religião no Brasil

(CAPES, 2019, p. 18).

Cabe também pensar acerca dos espaços de atuação profissional do teólogo e da teóloga. Pelo pequeno número de IES que ofereçam graduação em Teologia, e pelo caráter eclesiástico que muitas destas IES têm, o mercado profissional se torna ainda mais restrito. Neste sentido, o Documento de Área contribui colocando como critério de avaliação do PPG a contratação de jovens doutores e doutoras:

Para promover essa maior inserção, a área deve procurar valorizar as iniciativas que favoreçam o credenciamento de jovens doutores/as como docentes permanentes por meio de regras específicas para avaliação da produção intelectual, valorização do/a docente colaborador/a em estágios pós-doutorais, aperfeiçoamento do potencial do perfil interdisciplinar nos programas de Teologia e nos programas de Ciência(s) da(s) Religião(ões)

(CAPES, 2019, p. 22).

Ao concluirmos essa primeira parte do artigo, destacamos como os Documentos de Área analisados mostram continuidade entre si, havendo mais complementações e desenvolvimento de critérios que rupturas entre eles. Em linhas gerais, podemos dizer que o Documento de Área de 2019, vigente até a conclusão deste nosso artigo, traz como diferencial em relação aos outros o aprimoramento da função social da Teologia. Globalmente, os Documentos referentes a cada ciclo avaliativo mostram um amadurecimento da compreensão da Teologia dentro do Sistema Nacional de Pós-Graduação. São também capazes de apresentar especificidades da Teologia. A Teologia não se limita à sua função eclesial, mas, contribuindo para o aperfeiçoamento de pessoal de nível superior, assume a função de socializar os resultados de seus estudos de modo a qualificar a sociedade na qual está inserida.

2 A dimensão prática da Teologia no Brasil: elementos para compreensão do estado da questão

Uma área de conhecimento ou disciplina, para definir-se como tal, precisa se debruçar sobre seu método de estudos e a delimitação de seu objeto. Compreender “o que se estuda” e “como se estuda” são elementos imprescindíveis para que se alcance resultados confiáveis e, por consequência, credibilidade no ambiente acadêmico. Nesse sentido, a Teologia, ao se colocar no Sistema Nacional de Pós-Graduação, não pode confundir seus estudos com abordagens de caráter não científico ou pseudocientífico e/ou de corte sectarista, proselitista e fundamentalista.

Ao adentrar no Sistema Nacional de Pós-Graduação, a Teologia assume características históricas, sociais, geográficas, culturais próprias de seu tempo e de seu espaço. Assume, também, sem perder sua confessionalidade e, tampouco, sua vinculação com uma determinada comunidade de fé, características que são próprias do universo acadêmico. Assim, cabe aos PPGs em Teologia, além de considerar as questões confessionais que lhe são próprias, estabelecer um diálogo com o ambiente acadêmico.

Após traçarmos panoramicamente o itinerário histórico dos Documentos de Área da AV 44, queremos nos dedicar às implicações que a presença no Sistema Nacional de Pós-Graduação traz para a Teologia. Buscaremos organizar nosso raciocínio em três perspectivas: implicações epistemológicas, implicações metodológicas e implicações políticas. Tais implicações não serão assumidas, porém, como a estrutura do presente artigo, visto que muitas vezes elas se fundem. Nosso objetivo, é o de organizar o que entendemos por “dimensão prática da Teologia”, o que, a princípio, pode ser entendida como o conjunto de implicações acerca da presença da Teologia no Sistema Nacional de Pós-Graduação e que fizeram com que ela compusesse uma Área autônoma conjuntamente com as Ciências da Religião.

Nesse artigo, a dimensão prática da Teologia está relacionada, primeiramente, às implicações que uma pesquisa tem na vida social e, dentro dela, nas comunidades de fé. Ao compor o Colégio de Humanidades, a Teologia deve deixar-se guiar, em suas pesquisas, por uma dimensão prática que está vinculada ao seu pertencer às Ciências Humanas.

Nem sempre, ao longo de sua história, a Teologia foi entendida assim, visto que a própria formulação de Ciências Humanas é moderna:

O movimento da reflexão teológica atual está marcado, em seu conjunto, pela transferência da atenção do mero em si das realidades divinas à relação que elas têm com as afirmações e os problemas que dizem respeito à vida humana. Se ao longo de séculos a investigação teológica se interessou quase unicamente pelo tema de Deus, a reflexão atual leva em conta aquilo que os seres humanos estão descobrindo sobre si e sobre as demais realidades, num movimento de crescente atenção à pessoa humana e seus contextos vitais. A pesquisa teológica, justamente por se interessar pelo tema de Deus, vem se debruçando sobre um outro tema correlato: o da pessoa humana. Fundando-se, muito mais, no sentido que as afirmações sobre Deus possam ter para o iluminar da vida humana. Todo conhecimento de Deus passa pela via de elaboração do conhecimento humano, não podendo haver conhecimento de Deus, sem mútuo, profundo e, até mesmo, prévio conhecimento do humano. Marcada pela antropologia, a teologia atual quer-se mais em ligação com as questões humanas e seu processo de construção de relações públicas e sociais

(Moraes, 2019, p. 151-152).

Ancorando nossa pesquisa nos Documentos de Área, sobretudo no que diz respeito à formulação do perfil do egresso, identificamos que a Teologia se caracteriza pelo conhecimento da própria tradição teológica, pela inserção na realidade social, pela identificação de demandas públicas e desenvolvimento da práxis como consequência da pesquisa e do pensar acadêmico (CAPES, 2019, p. 5). Assim duas características se sobressaem nessa concepção de Teologia: a produção como consequência da interação com a realidade e a dimensão práxica.

Classificar a Teologia como pertencendo ao conjunto das Ciências Humanas é situá-la em um contexto específico da construção do conhecimento. Um contexto no qual ela se ocupará das suas questões epistemológicas, compreendendo que seu objeto de estudos é, sobretudo, a relação que se estabelece com Deus. Uma relação que acontece, sempre, por mediações históricas e culturais. Entendemos, então, a Teologia como uma hermenêutica crítica e construtiva das sistematizações, das linguagens, dos conteúdos, das doutrinas, das histórias, das práticas, das tradições e dos textos elaborados e/ou reconhecidos por uma respectiva comunidade de fé. Além disso, compete à Teologia estudar as experiências e/ou práticas socioculturais que o ser humano desenvolve a partir do que reconhece e professa como sagrado, considerando a diversidade de perspectivas que existe dentro da própria Teologia, nas outras ciências, culturas, tradições e religiões.

Para isso acontecer, exige-se da Teologia a capacidade de interdisciplinaridade. Embora a relação entre os diversos conhecimentos e métodos se faz presente na Teologia desde os seus primórdios, na atualidade, essa interdisciplinaridade é chamada a acontecer com parâmetros relacionados à ciência moderna. A Teologia nasceu interdisciplinar, mostrando sua vocação ao diálogo com outras ciências. Não no sentido de submissão, mas de aproximação. Ela sempre soube acolher, por exemplo, conceitos filosóficos, linguagens e estruturas culturais.

2.1 A interdisciplinaridade como parâmetro metodológico da Teologia na Área 44

Tomando como base os Documentos de Área, podemos identificar que a interdisciplinaridade em Teologia acontece em três níveis: (1) internamente à própria Teologia, quando estabelece a relação mútua entre seus pesquisadores, resultados de pesquisa e escolas teológicas; (2) dentro da própria AV 44, visto que há uma aproximação intensa entre Teologia e Ciências da Religião; e (3) na relação com outras áreas de conhecimento.

Porém, os mesmos Documentos não a definem e tampouco tratam da sua prática, até porque essa definição não é o seu objeto. A relação entre Teologia e as outras ciências não se dá apenas pela assimilação de métodos, mas também pelo fato de que ela incorpora os resultados alcançados pelas outras ciências em seu próprio processo de construção do conhecimento teológico (Boff, 2015, p. 367-368). Tal perspectiva fica clara, por exemplo, na incorporação de elementos e conceitos próprios da tradição filosófica como “natureza” e “pessoa” para a construção de discursos teológicos sobre Deus e/ou sobre a pessoa humana. Nesse sentido, as contribuições advindas de outras ciências não seriam apenas um instrumento ou uma ferramenta útil ao saber teológico, mas trazem alterações à própria reflexão feita pela Teologia.

Em especial, nas últimas décadas, a pesquisa científica desenvolveu teorias acerca dos encontros entre as diferentes ciências e áreas de conhecimento a partir de três perspectivas: a multidisciplinar, a interdisciplinar e a transdisciplinar. Tendo em vista que os Documentos de Área da AV 44 tratam da interdisciplinaridade, entendemos que se torna essencial identificar quais sejam tais parâmetros. Sem perder, porém, sem perder de vista que, fora dos Documentos de Área, as discussões apontam para as perspectivas multi e transdisciplinar.

Os estudos sobre a relação entre as ciências não são novos e se ocuparam, primeiramente, da pluralidade de metodologias e a legitimidade de cada uma delas. O uso de múltiplas disciplinas – definido como multidisciplinaridade – estão associados à resolução de situações problemas. Assim, quando uma ciência e seus métodos não mais se mostram capazes de responder a questões por ela levantadas, faz-se necessária a associação a outras ciências e métodos. Esse caráter prático da interdisciplinaridade fez com que, por certo tempo, ela fosse condenada ou mesmo taxada como positivista (Japiassu, 1976, p. 30). Porém, isso fez com que os estudos acadêmicos se departamentalizassem, estabelecendo métodos de pesquisa cada vez mais específicos, o que de certa forma possibilitou a construção de identidades científicas, mas trouxe alguns prejuízos, sobretudo no que diz respeito a uma visão monocromática da realidade.

No itinerário da busca pela interação entre saberes, áreas de conhecimento e suas metodologias, muitos foram os nomes que pautaram o estudo que se ocupava de seu objeto a partir de dois ou mais métodos, ou disciplinas. Multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade foram alguns deles. Mas, em linhas gerais, podemos afirmar que essa perspectiva nasce de uma dupla origem: uma interna, onde as próprias disciplinas buscaram se reorganizar, e a outra externa, onde as disciplinas buscavam saberes que convergissem em vista da ação. Mas o maior ganho das perspectivas interdisciplinares está na quebra com a perspectiva de um saber fragmentado, onde cada disciplina se fecha em seus próprios problemas, que cria uma universidade que não dialoga com o contexto em que está inserida e com a imposição de ideias pré-concebidas com as quais não se pode dialogar (Japiassu, 1976, p. 43).

A interdisciplinaridade se caracteriza não apenas pelas múltiplas disciplinas, mas pela relação entre elas (Japiassu, 1976, p. 73). As experiências interdisciplinares se caracterizam por “a) aproximação de campos disciplinares diferentes para a solução de problemas específicos; b) compartilhamento de metodologia; c) após a cooperação, os campos disciplinares se fundem e geram uma disciplina nova” (Domingues, 2005, p. 24).

Segundo Japiassu (1976, p. 75, grifo nosso), a interdisciplinaridade dá-se quando

[...] a colaboração entre as diversas disciplinas ou entre os setores heterogêneos de uma mesma ciência conduz a interações propriamente ditas, isto é, a uma certa reciprocidade nos intercâmbios, de tal forma que, no final do processo interativo, cada disciplina saia enriquecida.

Nesse processo interdisciplinar, cada disciplina incorpora em si os resultados das várias especialidades, tomando para si os instrumentos e as técnicas metodológicas que originalmente pertenciam a outra disciplina, além dos esquemas conceituais empregados em outras áreas de conhecimento (Japiassu, 1976, p. 75).

O ganho da interdisciplinaridade está em promover a superação de uma visão restrita de mundo, além de possibilitar o entendimento do ser humano e de suas circunstâncias como realidade complexa e, por consequência, a compreensão do ser humano como ser determinante e determinado (Lück, 2022, p. 44). Em Teologia, a interdisciplinaridade possibilita um alargamento de perspectivas metodológicas e epistemológicas, mas também, permite a superação do isolamento da Teologia como um todo e de suas disciplinas consideradas individualmente, a medida em que elas assumem, por exemplo, a necessidade de possuírem uma fundamentação bíblica, de realizarem a revisão de conceitos, de contextualizarem as perspectivas de diferentes autores e momentos históricos (Marchini, 2023, p. 243).

Além disso, do ponto de vista metodológico, a interdisciplinaridade em Teologia pode contribuir para a superação da visão fragmentada da construção do conhecimento e, por consequência, da realidade e do próprio ser humano. Contribui, outrossim, na articulação dos fragmentos postos na história do conhecimento teológico (Lück, 2022, p. 43). O pensamento fragmentado leva à Teologia a não ter domínio sobre o próprio conhecimento produzido e, por consequência, implica em prejuízos na sua relação com o mundo (Jantsch; Bianchetti, 2019, p. 25). A interdisciplinaridade em Teologia também a qualifica à criticidade, isso porque ela se realiza como um instrumento que constantemente revisita as bases da própria tradição de uma dada comunidade de fé no intuito de garantir uma interpretação dos seus símbolos, mitos, textos, práticas, de modo a dialogar com a cultura contemporânea (Soares, 2011, p. 287-288).

Gostaríamos de destacar, contudo, que os estudos acerca da relação entre as disciplinas e suas metodologias e epistemologias, em certo ponto, superaram a interdisciplinaridade como uma referência, assumindo a concepção de transdisciplinaridade, que pode ser resumida brevemente com as seguintes características:

a) aproximação de diferentes disciplinas e áreas de conhecimento; b) compartilhamento de metodologias unificadoras, construídas mediante a articulação de métodos oriundos de várias áreas de conhecimento; c) ocupação das zonas de identificação e dos domínios de ignorância de diferentes áreas do conhecimento: a ocupação poderá gerar novas disciplinas ou permanecer como zonas livres, circulando-se entre o interstícios disciplinares, de tal forma que a transdisciplinaridade ficará com o movimento, o indefinido e o inconcluso do conhecimento e da pesquisa

(Domingues, 2005, p. 25).

A transdisciplinaridade se constitui como um paradigma relacionado não somente ao “saber”, mas também ao “fazer” (D’Ambrosio, 1997, p. 26-27), caracterizando o conhecimento como um processo dialético saber/fazer.

Essas dimensões não são dicotomizadas nem hierarquizadas, mas sim, complementadas. Desse modo, não há interrupção entre o saber e o fazer. Não há priorização entre um e outro, nem há prevalência nas várias dimensões do processo. Tudo se complementa num todo que é comportamento e que tem como resultado o conhecimento. Consequentemente, as dicotomias corpo/mente, matéria/espírito e outras tantas, que impregnam o mundo moderno, são meras artificialidades

(D’Ambrosio, 1997, p. 28).

Na superação do isolamento ou da departamentalização da Teologia, a transdisciplinaridade possibilita uma maior interação com a realidade, solicitando ao/à pesquisador/a em Teologia o interpretar o mundo no qual está inserido a partir dos referenciais teóricos e metodológicos que melhor atendem às suas necessidades. Como a realidade é plural, também os instrumentos de pesquisa teológica precisam ser plurais.

A transdisciplinaridade é transcultural na sua essência. Implica num reconhecimento de que a atual proliferação das disciplinas e especialidades acadêmicas e não-acadêmicas conduz a um crescimento incontestável de poder associado a detentores desses conhecimentos fragmentados

(D’Ambrosio, 1997, p. 80).

Ao abordarmos a transdisciplinaridade, é importante entender que ela é mais parâmetro que realidade metodológica. Isso porque pesquisar um assunto transdisciplinarmente exige uma reinvenção das atividades acadêmicas e intelectuais (Domingues, 2005, p. 27). Ao ser realizada em perspectiva transdisciplinar, a Teologia não mais se ocupa primeiramente daquilo que é sua característica sui generis, isto é, “Deus em si”. Na transdisciplinaridade, a aproximação de diferentes áreas de conhecimento tem como finalidade não de definir o que é próprio de cada uma delas, mas de estabelecer o “entendimento” – termo que nos parece mais acertado que “resolução” – de uma situação problema ou de situações problema. Na Teologia, essa perspectiva parece ser muito palpável, além de acertada. Como pensar uma Teologia Fundamental, que se dedique ao estudo da revelação em perspectiva histórica, sem um diálogo com a própria História, aqui entendida não apenas como o conjunto de acontecimentos, mas como área de conhecimento? Ou ainda, como pensar uma Teologia da Iniciação a uma determinada comunidade de fé sem um diálogo com a Pedagogia? E o mais importante, não se trata de uma fusão de disciplinas, mas da apropriação de instrumentos, métodos e epistemologias que não fazem parte, num primeiro momento, do sistema teológico.

Um dos desafios postos à AV 44 é a implementação de estratégias inter ou transdisciplinares na prática teológica. Embora as estratégias ou mesmo as metodologias interdisciplinares sejam já comuns há algumas décadas, em linhas gerais, a Teologia tem um campo vasto de progresso a ser expresso, sobretudo, mediante a inovação de suas pesquisas e abordagens.

Cabe observarmos, também, que o paradigma inter e transdisciplinar implica também em novas concepções curriculares. Tanto no modo como se produz a Teologia, como no modo como se organizam as propostas dos cursos de Pós-Graduação na Área. Assumindo as disciplinas internas da Teologia, concebemos que a distinção entre elas acontece por uma questão de organização pedagógica, mas não no que diz respeito à pesquisa, afinal, os temas tratados são comumente transversais.

2.2 A dimensão prática da Teologia como prática teológica

A dimensão prática da Teologia pode ser compreendida em dois aspectos. Primeiro, o do “fazer teológico” enquanto prática da Teologia produzida no Sistema Nacional de Pós-Graduação. Ao se ocupar de sua pesquisa, o teólogo ou a teóloga se põe a praticar a Teologia. Neste aspecto, mais que saber Teologia, o egresso de um curso de Pós-Graduação na Área tem como habilidade esperada o saber praticar a Teologia em perspectiva científica.

O segundo aspecto da dimensão prática da Teologia se dá por sua tarefa práxica, que os Documentos de Área (CAPES, 2019, p. 13) entendem como Teologia Prática. Tal Teologia se ocupa do saber teológico voltado à prática de uma determinada comunidade de fé, mas também no seu encontro com a sociedade. Sendo um movimento práxico, essa Teologia transcende o ambiente meramente acadêmico, a fim de estabelecer uma interlocução entre a comunidade de fé e a sociedade civil.

A história do pensamento teológico no Brasil, mesmo não sendo linear, é a história da passagem de uma teologia eclesiástica/clerocêntrica, que se ocupava da formação do clero ou dos ministros, para uma teologia em diálogo com as demandas humanas e culturais. Por isso mesmo, a teologia no Brasil não se limita a ser uma destinatária daquilo que se pensa no cenário internacional, sobretudo europeu, mas também busca contribuir para o pensamento teológico global, com questões próprias e abordagens particulares (Moraes, 2023, p. 291-331).

A dimensão prática da Teologia tem sua base na produção intelectual que acontece no ambiente científico, mas se concretiza na busca de um diálogo com as questões próprias de seu tempo. E nesse sentido, todo objeto de estudo pode ser teologizado e aqui não no sentido proselitista de ser dar aos temas a ótica de uma determinada comunidade de fé, mas de entendê-los na ótica do pensamento teológico estabelecendo a relação entre o que é estudado e o que é professado por uma comunidade de fé.

Neste sentido, aquilo que denominamos como “dimensão prática da Teologia”, foi identificado por outros autores como “Teologia pública”, com a diferença que, em muitos momentos, esses autores entendem a “Teologia pública” como a produção teológica acadêmica (Soares, 2007, p. 297) ou, mais especificamente, a presença da Teologia nas instituições de Ensino Superior (Soares; Passos, 2011, p. 14).

Na busca em estabelecer um diálogo da Teologia com o mundo concreto, os teólogos e as teólogas são aqueles/as que trazem o cotidiano, a experiência do singular, do particular. Por consequência, a Teologia atual abdica das obrigações de verdades universais, buscando entender situações concretas e/ou particulares.

Escolher o qualificativo “singular” para definir o lugar da teologia elimina a oposição primária entre o particular e o universal. Este último corre o risco de degenerar: a ideia universal desatenta à experiência singular tende a julgar irrisórios os valores particulares

(Duquoc, 2006, p. 76-77).

Na atualidade, a Pós-Graduação em Teologia tem um papel importante na formação de pesquisadores/as capazes de observar em todos os seus procedimentos os princípios da laicidade do Estado, da liberdade religiosa e do rigor acadêmico na pesquisa. Deles/as espera-se uma produção teológica que não se confunda com abordagens de caráter não científico ou pseudocientífico, de corte sectarista, proselitista e fundamentalista (CAPES, 2019, p. 5).

No processo de construção teológica, o diálogo com a realidade local se constitui como elemento emergente e necessário. Grupos de pesquisa, trabalhos de conclusão de curso (teses e dissertações), docentes, discentes, egressos se constituem como esse canal de diálogo com a realidade local, vivendo as questões próprias de seu tempo e encontrando em suas inquietações a motivação e a inovação que são necessárias para uma pesquisa que ofereça elementos para a comunidade local. A Teologia deve se ocupar, cada vez mais, de temas próprios da vida social, abordados sempre em perspectiva teológica. E na abordagem de tais questões, cabe à produção teológica tornar sempre presente sua vocação para a interdisciplinaridade (CAPES, 2019, p. 8-9), numa saudável interlocução com elementos epistemológicos e metodológicos advindos de outras Áreas.

Por fim, a dimensão prática da Teologia deve ser entendida na perspectiva política, aqui no sentido da vida em sociedade e das relações inerentes a ela. Toda opção tem impactos e ressonâncias. À medida que a Teologia opta por determinados caminhos, como, por exemplo, quando a proposta de um PPG deixa explícito o seu diálogo com uma determinada comunidade de fé ou realidade local, ela está fazendo uma opção política. Tais opções têm implicações sociais, que passam pela escolha dos objetos de pesquisa e pelos impactos sociais que os estudos teológicos podem ter, mas também pela presença da Teologia em organismos governamentais, sociais, culturais, dentre outros.

A dimensão prática da Teologia pode ser entendida como o resultado de um movimento que fez com que o saber teológico buscasse se relacionar com a sociedade, mas não no sentido de estabelecer o poder temporal das instituições religiosas, mas no intuito de uma produção teológica que seja capaz de se relacionar com as várias questões que são próprias de seu tempo. Como as várias áreas de conhecimento, também a Teologia tem uma função prática e a autonomia da AV 44 vem impulsionando cada vez mais a abraçar essa sua dimensão.

Conclusão

A AV 44 ainda é muito nova e relativamente pequena, se a comparamos quantitativamente com outras Áreas. Neste sentido, a articulação dos PPGs e a consolidação de uma epistemologia que seja balizada politicamente é importante, isso no intuito de criar critérios objetivos não somente para a avaliação dos PPGs, mas também para a organização e fomento das pesquisas em Teologia. Um Documento de Área torna-se essencial para que essa organização aconteça de forma objetiva.

A elaboração do Documento de Área, em suas várias versões, mostra um amadurecimento da AV 44 e, dentro dela, da Teologia. Todo esse processo faz com que a Teologia repense suas estratégias e métodos de pesquisa, não porque aqueles que até então lhe serviam não sejam mais úteis, mas porque as novas circunstâncias pedem que se pense em uma Teologia em diálogo com diferentes disciplinas e suas metodologias e epistemologias.

A princípio, a interdisciplinaridade não é uma novidade para a Teologia, visto que ela nasceu interdisciplinar em sua relação com a Filosofia, mas também experimentou a relação com outros saberes ao longo de sua história. Mas o contexto acadêmico implica em uma Teologia que não é obrigada a abdicar de relação com uma determinada comunidade cristã, mas que, ao mesmo tempo, se abre a seus pares que constituem a comunidade científica brasileira. Nesse processo, a Teologia tem mais a ganhar que a perder. Ela ganha em instrumentais que oferecem a possibilidade de novas descobertas e caminhos, que a tornam mais eficiente no diálogo com suas demandas. O que fica é a possibilidade de sempre repensar o saber teológico, visto que ele não é um fóssil a ser admirado, mas uma prática a ser construída. Para o ano de 2025, está prevista a publicação de um novo Documento de Área, o desejo é que ele consiga contribuir para a caracterização da Teologia em suas dimensões práticas e, sobretudo, para a segunda fase de consolidação da Área Ciências da Religião e Teologia.

  • 1
    Na publicação do presente artigo, a Área contava com Programas de Ciências da Religião, Ciência da Religião, Ciências das Religiões, Teologia e Teologia Prática. Como se pode notar, existem diferentes nomenclaturas, sendo facultado a cada PPG utilizar a que melhor condiz com sua proposta e suas perspectivas epistemológicas. No presente artigo, optamos por utilizar sempre o termo “Ciências da Religião e Teologia”, isto é, o que dá oficialmente nome à AV 44.
  • 2
    No Brasil existe uma aproximação entre a Teologia e as Ciências da Religião, inclusive no que diz respeito a presença de teólogos e teólogas nos PPGs em Ciências da Religião (Costa; Marchini, 2017).

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Editado por

  • Editores
    Márcia Eloi Rodrigues e Franklin Alves Pereira.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Set 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    18 Jun 2024
  • Aceito
    10 Abr 2025
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