Resumo
O poeta Fernando Pessoa e o psiquiatra C. G. Jung desenvolveram suas obras em consonância com suas biografias. Ambos descreveram episódios que podem ser interpretados como mediúnicos, buscando, também, compreendê-los psicologicamente. Na literatura psicológica atual, a mediunidade pode ser entendida por meio do conceito de dissociação da personalidade. Dessa maneira, este artigo buscou examinar as relações entre dissociação e mediunidade a partir de episódios biográficos de Pessoa e de Jung, à luz da psicologia analítica e da psicologia anomalística. Hipotetiza-se que eles vivenciaram experiências dissociativas criativas e não patológicas, embora algum nível de sofrimento estivesse envolvido. Em Pessoa, as experiências dissociativas são relacionadas com sua produção hetoronímica, enquanto em Jung e suas investigações, com o desenvolvimento de seu modelo psicológico, que oferece elementos para um estudo psicobiográfico e artístico do poeta.
Palavras-chave:
dissociação; mediunidade; criatividade; psicologia analítica; literatura