Acessibilidade / Reportar erro

Editorial

EDITORIAL

É com profunda consternação que a Sociedade Brasileira de Química comunica o falecimento do Prof. Henrique Bergamin Filho, membro do Conselho Consultivo da Sociedade no exercício do segundo mandato, grande cientista, mentor intelectual do grupo de Química Analítica do CENA/USP, formador de diversos pesquisadores de várias Universidades e Instituições brasileiras, esposo, pai e avô amantíssimo, e cidadão exemplar. O Professor Bergamin foi reconhecido nacional e internacionalmente em função de suas pesquisas, tendo recebido diversas honrarias, sendo a última a Comenda da Ordem do Mérito Científico, em 11 de dezembro próximo passado.

Era membro titular da Academia de Ciências do estado de São Paulo e Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências. Ao ingressar nesta última, o professor Bergamin escreveu seus dados biográficos transcritos a seguir, cuja análise nos permitem aquilatar as suas principais características pessoais tais como simplicidade, inteligência, criatividade e, sobretudo, visão humana da vida.

"Nasceu em 1931. Pai funcionário federal, Mãe professora primária. Ambiente estimulante: o pai gostava de literatura e música. Havia em sua casa uma vitrola que funcionava com corda: 10 ou 12 voltas na manivela chegavam para tocar 2 discos de 78 rpm! Foi a primeira máquina que desmontou (mentira! - foi a segunda, a primeira foi um despertador, o que lhe valeu uma surra!). Continua desmontada até hoje - a vitrola. Seu pai faleceu quando tinha 11 anos. Sua mãe conseguiu formar os filhos e se livrar deles nas ocasiões certas. Faleceu com 91 anos! Foi bom aluno no primário e ginásio. Quando chegou a hora do vestibular, sua mãe disse-lhe: "Seu pai gostaria que você fosse médico". Foi uma surpresa, pois já estava assuntando as escolas onde pudesse estudar Química. Tentou a Medicina da USP. Não passou, evidentemente. Voltou logo para Piracicaba, onde passou, na "2a época" (naquele tempo havia isso!). Cursou os 4 anos com certa facilidade. Passava sem muito esforço nas matérias fundamentais: Física, Química, Matemática, etc. Enroscava nas profissionais. Mas nunca foi reprovado. Ingressou, logo depois de formado, como Assistente do professor Renato A. Catani, Professor Catedrático da cadeira número 10 - Química Analítica. Deu-se muito bem! Sempre sentiu prazer em: 1 - descobrir coisas novas, 2 -resolver problemas e 3 - ensinar. Casou-se bem, com Therezinha, com quem teve 3 filhos: Henrique, hoje com 36 anos, Denise com 34 e Cynthia com 32. Andou viajando: morou aproximadamente um ano e meio em Illinois, EUA, trabalhando com E. V. Malmstad e mais aproximadamente um ano em Copenhague, trabalhando com J. Ruzicka. Aqui no Brasil, acabou indo parar lá na Amazônia! Por 4 anos dirigiu o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Foi uma das experiências mais marcantes de sua vida. Sua mulher foi junto. Seus filhos iam para lá passar as férias (foi uma época em que os três cursavam a Universidade). Perguntado por J. Cousteau como e porque um químico relativamente bem sucedido tinha ido dirigir um Instituto de Pesquisa na Amazônia, surpreendeu-se com a própria resposta: desde criança tinha uma fascinação por exploradores e explorações. E um desejo, meio escondido de, um dia, se tornar um deles".

Elias A. G. Zagatto

CENA/USP

Conselho Editorial - Química Nova

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Set 2008
  • Data do Fascículo
    Fev 1997
Sociedade Brasileira de Química Secretaria Executiva, Av. Prof. Lineu Prestes, 748 - bloco 3 - Superior, 05508-000 São Paulo SP - Brazil, C.P. 26.037 - 05599-970, Tel.: +55 11 3032.2299, Fax: +55 11 3814.3602 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: quimicanova@sbq.org.br