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TEORES DE VANáDIO, MOLIBDêNIO E ANTIMôNIO EM SOLOS DE DIFERENTES LITOLOGIAS EM SANTA CATARINA

Resumo

VANADIUM, MOLYBDENUM AND ANTIMONY CONTENTS IN SOILS OF DIFFERENT LITHOLOGIES IN SANTA CATARINA. Trace element levels knowledge in soils is important for establishing quality standards. This study has objective to determine levels of vanadium (V), molybdenum (Mo) and antimony (Sb) in soils from Santa Catarina, observing the different source materials and establishing relationships between these elements and soil properties. The extractions occurred according to USEPA 3051 A protocol, with nitric and hydrochloric acid addition for V and Mo and only with hydrochloric acid for Sb. The quantification of V and Mo occurred by inductively coupled plasma optical emission spectrometry and of Sb by hydride generation inductively coupled plasma optical emission spectrometry. The results were submitted to variance analysis and Scott-Knott test and evaluated by Pearson’s correlation with soil attributes. V and Mo contents differed between soils of different source materials. Highest V levels were found in andesite and basalt soils and Mo in porphyry phonolite, granite, mica schist and sedimentary rocks. V and Sb showed a positive correlation with each other and with oxides of iron, silt, and organic carbon. Mo showed a negative correlation with cation exchange capacity (CEC), iron oxides and organic carbon.

Keywords:
trace elements; natural contents; source material


INTRODUÇÃO

Com o elevado crescimento demográfico mundial, cada vez mais tem aumentado a quantidade de indústrias para atendimento às demandas da população. Essas indústrias acabam gerando resíduos, muitas vezes descartados irregularmente na natureza. Esses resíduos podem conter quantidades significativas de elementos-traço, os quais podem acarretar danos à saúde humana e aos ecossistemas. Dessa forma, a contaminação do meio-ambiente por esses elementos tem-se tornado foco de estudos em todo o mundo.11 Almeida Júnior, A. B.; Tese de Doutorado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil, 2014.

Os solos são de extrema importância no meio ambiente, pois atuam como filtro, controlando o transporte de elementos-traço para corpos d’água, por exemplo. Porém essa capacidade tampão é limitada, podendo assim os solos se tornarem fontes de contaminantes para outros compartimentos. Portanto, é essencial conhecer a composição dos solos e compreender os processos que ocorrem neles.22 Biondi, C. M.; Tese de Doutorado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil, 2010.

Elementos-traço (ET) são elementos químicos presentes nos solos em concentrações menores que 1000 mg kg-1.33 Alloway, B. J.; Em Heavy metals in soils; Alloway, B. J., ed.; Chapman & Hall: Great Britain, 1995; cap. 3. Diferenças na composição geoquímica dos materiais de origem do solo, bem como as variações na intensidade dos processos de formação podem resultar em amplas faixas de concentração de elementos-traço nos solos, mesmo naqueles não afetados pela contaminação.44 Guagliardi, I.; Cicchella, D.; De Rosa, R.; Ricca, N.; Buttafuoco, G.; J. Geochem. Explor. 2018, 184, 358. Ressalta-se que mesmo em condições rigorosas de intemperismo, a rocha mãe ainda exerce grande influência no conteúdo de elementos-traço no solo.55 Rebêlo, A.; Monteiro, M.; Ferreira, S.; Ríos-Villamizar, E.; Quesada, C.; Duvoisin Junior, S.; Quim. Nova 2020, 43, 534. Já como fontes antropogênicas pode-se citar a mineração, atividades industriais, emissões de tráfego, uso de pesticidas e fertilizantes químicos.66 Huang, Y.; Chen, Q.; Deng, M.; Japenga, J.; Li, T.; Yang, X.; He, Z.; J. Environ. Manage. 2018, 207, 159.

A determinação dos teores de elementos-traço em condições naturais é fundamental para o estabelecimento de padrões de qualidade do solo. Esses valores podem servir como ferramentas legislativas no desenvolvimento de valores orientadores para prevenção, controle e remediação da poluição do solo.77 Fernandes, A. R.; Souza, E. S. de; de Souza Braz, A. M.; Birani, S. M.; Alleoni, L. R. F.; J. Geochem. Explor. 2018, 190, 453.

Desta forma, com a necessidade de proteger esse recurso, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) homologou a Resolução nº 42088 Conama; Resolução no 420, de 28 de dezembro de 2009, Brasil, 2009. que estabelece valores orientadores para solo e águas subterrâneas e determina que os órgãos ambientais competentes dos Estados e do Distrito Federal estabeleçam os Valores de Referência de Qualidade (VRQ) de vinte substâncias inorgânicas presentes naturalmente nos solos, em virtude de suas particularidades geológicas, geomorfológicas e pedológicas. Os VRQ são baseados na avaliação dos teores naturais dos elementos nos solos, ou seja, a concentração de determinada substância que define a qualidade natural do solo.88 Conama; Resolução no 420, de 28 de dezembro de 2009, Brasil, 2009.

O ideal é ter um banco de solos de referência coletados em local de ausência, quando possível, ou de mínima atividade antrópica.22 Biondi, C. M.; Tese de Doutorado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil, 2010. Porém quase toda a superfície terrestre foi influenciada por atividades humanas, por isso termo concentração de base (background), que é a concentração encontrada em um determinado tempo, durante um estudo ou trabalho, é o mais correto a se utilizar,99 Rice, K.; Environ. Sci. Technol. 1999, 33, 2499.,1010 Campos, M. L.; Guilherme, L. R. G.; Melo, J. J. G. de S. e M.; Curi, N.; Araújo, A. S. A.; Miquelluti, D. J.; Lopes, C.; Spiazzi, F. R.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2013, 37, 281. considerando assim o tempo da amostragem como tempo zero para fins de monitoramento, pois o aumento no teor total do elemento após a determinação da concentração de base será antropogênico.1111 Hugen, C.; Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil, 2010.

Das vinte substâncias elencadas na Resolução do CONAMA88 Conama; Resolução no 420, de 28 de dezembro de 2009, Brasil, 2009., já foram determinados os teores naturais de nove: cobre, zinco,1212 Hugen, C.; Miquelluti, D. J.; Campos, M. L.; Almeida, J. A. De; Ferreira, É. R. N. C.; Pozzan, M.; Rev. Bras. Eng. Agríc. Ambient. 2013, 17, 622. cromo, chumbo,1111 Hugen, C.; Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil, 2010. níquel, bário, cádmio,1313 Souza, L. C. de; Tese de Doutorado, Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil, 2015. cobalto e manganês.1414 Suppi, I. M.; Campos, M. L.; Miquelluti, D. J.; Bueno, D. K.; Revista de Ciências Agroveterinárias 2018, 17, 579. Dentre os elementos que precisam ter seus teores naturais determinados, estão vanádio (V), molibdênio (Mo) e antimônio (Sb) que em teores elevados nos solos podem ocasionar danos aos seres vivos.

No estado de Santa Catarina, localizado na região sul do Brasil afloram rochas como migmatitos, granulitos do Arqueano; granitóides, rochas metassedimentares e metamórficas de idade proterozóica; rochas sedimentares gondwânicas paleozóicas da Bacia do Paraná; rochas basálticas, intermediárias e ácidas mesozóicas representadas pelo Planalto da Serra Geral; rochas alcalinas do final do Mesozóico e início do Terciário e os sedimentos de idade cenozóica que compreendem a Planície Costeira.1515 Scheibe, L.; Geosul 1986, 1, 7. Dessa forma, a variabilidade de material de origem e consequentemente de solos no do estado é muito grande, sendo que para um estudo de variabilidade na composição de elementos-traço em solos, se faz necessário a análise de diferentes amostras, advindas de diferentes tipos de solos.

O vanádio pode ocorrer na natureza em pelo menos seis estados de oxidação sendo os estados 3+, 4+ e 5+ os mais comuns. Em minerais do solo, o vanádio é encontrado nos estados de oxidação tetravalente (4+) e trivalente (3+).1616 Shaheen, S. M.; Alessi, D. S.; Tack, F. M. G.; Sik, Y.; Kim, K.; Petter, J.; Sparks, D. L.; Rinklebe, J.; Adv. Colloid Interface Sci. 2019, 265, 1. O V55 Rebêlo, A.; Monteiro, M.; Ferreira, S.; Ríos-Villamizar, E.; Quesada, C.; Duvoisin Junior, S.; Quim. Nova 2020, 43, 534.+ é considerado mais tóxico para humanos, pois pode afetar a atividade de enzimas específicas e também atuar como um inibidor dos equilíbrios de sódio/potássio e cálcio/magnésio no organismo, sendo considerado um poluente perigoso.1616 Shaheen, S. M.; Alessi, D. S.; Tack, F. M. G.; Sik, Y.; Kim, K.; Petter, J.; Sparks, D. L.; Rinklebe, J.; Adv. Colloid Interface Sci. 2019, 265, 1. Embora o vanádio seja essencial para os organismos vivos, quantidades excessivas no corpo humano podem causar problemas de saúde, inclusive estudos têm explorado o potencial carcinogênico do vanádio, porém sem evidências conclusivas.1717 Yang, J.; Teng, Y.; Wu, J.; Chen, H.; Wang, G.; Song, L.; Yue, W.; Zuo, R.; Zhai, Y.; Chemosphere 2017, 171, 635.

O antimônio é normalmente encontrado em quatro estados de oxidação sendo as formas 3+ e 5+ as mais comuns.1818 Multani, R. S.; Feldmann, T.; Demopoulos, G. P.; Hydrometallurgy 2016, 164, 141. Em ambientes com oxigênio, o Sb55 Rebêlo, A.; Monteiro, M.; Ferreira, S.; Ríos-Villamizar, E.; Quesada, C.; Duvoisin Junior, S.; Quim. Nova 2020, 43, 534.+ é mais estável que o Sb33 Alloway, B. J.; Em Heavy metals in soils; Alloway, B. J., ed.; Chapman & Hall: Great Britain, 1995; cap. 3.+. O Sb+3 associado à matéria orgânica e ácidos húmicos é facilmente oxidado por foto-oxidantes como o peróxido de hidrogênio.1919 Herath, I.; Vithanage, M.; Bundschuh, J.; Environ. Pollut. 2017, 223, 545. O Sb está presente na natureza em diferentes formas físico-químicas e a sua toxicidade é dependente da forma que ele se encontra disponível no meio de estudo. Os organoantimoniais, por exemplo, são menos tóxicos que o Sb55 Rebêlo, A.; Monteiro, M.; Ferreira, S.; Ríos-Villamizar, E.; Quesada, C.; Duvoisin Junior, S.; Quim. Nova 2020, 43, 534.+, que por sua vez é menos tóxico que o Sb33 Alloway, B. J.; Em Heavy metals in soils; Alloway, B. J., ed.; Chapman & Hall: Great Britain, 1995; cap. 3.+.2020 Földi, C.; Sauermann, S.; Dohrmann, R.; Mansfeldt, T.; Environ. Pollut. 2018, 237, 704. A ingestão excessiva de antimônio por humanos pode resultar em efeitos gastrointestinais, alterações hematológicas e alterações histológicas na tireoide.2121 ATSDR; Toxicological Profile for Antimony and Compounds, 2019.

O molibdênio pode ocorrer em 5 estados de oxidação, sendo os predominantes na natureza 4+ e 6+. Em seu estado tetravalente, o molibdênio é insolúvel em fluidos aquosos, mas quando oxidado em seu estado hexavalente torna-se solúvel.2222 Greaney, A. T.; Rudnick, R. L.; Gaschnig, R. M.; Whalen, J. B.; Luais, B.; Clemens, J. D.; Geochim. Cosmochim. Acta 2018, 238, 36. O Mo é um elemento essencial para os seres vivos e a principal forma de exposição humana dos animais a ele é através dos alimentos.2323 ATSDR; Toxicological Profile for Molybdenum, 2020. A função do molibdênio em animais ruminantes está intimamente relacionada às reações de interação com cobre e enxofre, sendo que qualquer aumento da quantidade ideal de molibdênio, pode acarretar deficiência de cobre, uma vez que ambos são antagonistas biológicos.2424 Kabata-pendias, A.; Mukherjee, A. B.; Trace Elements from Soil to Human; 1st ed., Springer-Verlag: Berlin, 2007.

Devido ao grande desenvolvimento agrícola e industrial de Santa Catarina, a determinação dos teores naturais de elementos-traço é extremamente importante para a o uso análises de risco, em projetos antes da emissão de licenças ambientais, identificação e proteção de populações que moram próximas a empreendimento industriais e minerários e a criação de um inventário de áreas contaminadas.

Sendo assim, o objetivo desse estudo foi determinar os teores naturais dos elementos-traço vanádio (V), molibdênio (Mo) e antimônio (Sb) em solos de diferentes materiais de origem no estado de Santa Catarina, a fim de contribuir com o monitoramento dos elementos, bem como estabelecer relações entre esses e propriedades físicas e químicas dos solos.

PARTE EXPERIMENTAL

Para esta pesquisa, foram utilizadas amostras do banco de solos da Universidade do Estado de Santa Catarina, oriundas do horizonte A (profundidade de 0 – 20 cm) de 54 perfis de solos representativos do estado, coletados em áreas não sujeitas à contaminação antropogênica (Figura 1 e Tabela 1). Os perfis de solo já haviam sido previamente coletados, descritos e classificados.2525 Almeida, J. A.; Torrent, J.; Barron, V. .; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2003, 27, 985.3333 Teske, R.; Almeida, J. A. De; Hoffer, A.; Lunardi Neto, A.; Revista de Ciências Agroveterinárias 2013, 12, 175. As amostras de solo foram moídas em gral de ágata e tamisadas em peneira de 0,053 mm, a fração de solo utilizada para este trabalho foi a que passou pela peneira, inclusive toda a amostra de solo retirada do banco de solos foi moída e passada pela peneira.

Para determinação de V e Mo, foi transferido para tubos de teflon 0,2500 g de solo, ao qual foram adicionados, com o uso de uma pipeta automática, primeiramente 4,5 mL de ácido nítrico (HNO3) 65% P.A em todas as amostras e, logo em seguida, 1,5 mL de ácido clorídrico (HCl) 37% P.A. As amostras de solo ficaram em contato com o ácido por 12 horas. Após isso, a digestão ocorreu em forno de micro-ondas Anton PAAR Multiwave 3000® (método USEPA 3051A) descrito pela United States Environnmental Protection Agency.3434 USEPA; Method 3051A: Microwave assisted acid digestion of sediments, sludges, soils, and oils, 2007. Os extratos foram filtrados, usando-se papel filtro quantitativo (faixa azul) e armazenados em tubos Falcon. A quantificação dos elementos foi por espectrometria de emissão ótica com fonte de plasma acoplado indutivamente (ICP OES), modelo Optima 8300®, Perkin Elmer.

Para determinação de Sb foram utilizados 33 perfis de solos (1-3, 5-8, 10-12, 14, 18, 19, 22, 29-31, 35, 39-51, 53, 54). Foi transferido 1,5000 g de solo para tubos de teflon e acrescentados, com o uso de uma pipeta automática, 5 mL de HCl 37% P.A. As amostras ficaram em contato com o ácido por 12 horas, então foram submetidas à digestão em forno de micro-ondas Anton PAAR Multiwave 3000 (método USEPA 3051A).3434 USEPA; Method 3051A: Microwave assisted acid digestion of sediments, sludges, soils, and oils, 2007. Após a digestão, as amostras foram transferidas para tubos Falcon que foram colocados em centrífuga Fanem®, modelo 206 BL, a 3000 rpm por 3 minutos, a fim de separar as fases sólida e líquida. A fase líquida foi então transferida para um balão volumétrico de 10 mL e procedeu-se com uma etapa de pré-redução do Sb (V) para Sb (III), adicionando-se a todas as amostras 0,45mL de uma solução de iodeto de potássio a 5% m/v e ácido ascórbico a 5% m/v na solução de leitura de 10 mL, então as amostras ficaram em repouso por 12 horas. Após, houve a quantificação de Sb por espectrometria de emissão óptica por plasma acoplado indutivamente com geração de hidretos (ICP OES HG) a vapor frio, modelo Optima 8300 da marca Perkin Elmer.

As condições do forno de micro-ondas para a digestão de todas as amostras de solo desse trabalho estão expressas na Tabela 2.

As análises estatísticas foram conduzidas utilizando-se o softwareR.3535 R Development Core Team; R: A Language and Environment for Statistical Computing; R Foundation for Statistical Computing, Austria, 2016. Os resultados foram submetidos aos testes F e de Scott Knott, a partir da transformação logarítmica dos valores de V, Mo e Sb, a fim de comparar os materiais de origem, para isso, utilizou-se o valor médio de cada elemento estudado para cada material de origem de solos. Para todos os testes, foi considerado o nível mínimo de 5% de significância. Os teores de V, Mo e Sb encontrados também foram avaliados pela correlação de Pearson, utilizando-se as variáveis argila, silte, carbono orgânico (CO), capacidade de troca catiônica (CTC) e óxidos de ferro (Fe). Tais variáveis haviam anteriormente sido determinadas por Almeida et al.;2525 Almeida, J. A.; Torrent, J.; Barron, V. .; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2003, 27, 985. Correa;2626 Correa, J.; Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil, 2003. Almeida et al.;2727 de Almeida, J. A.; Cararo, D. C.; Uberti, A. A. A.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2009, 33, 405. Paes Sobrinho et al.;2828 Paes Sobrinho, J. B.; Almeida, J. A.; Erhart, J.; Revista de Ciências Agroveterinárias 2009, 8, 9. Bringhenti et al.;2929 Bringhenti, I.; Almeida, J. A. de; Hofer, A.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2012, 36, 1057. Costa et al.;3030 Costa, A. da; Albuquerque, J. A.; de Almeida, J. A.; da Costa, A.; Luciano, R. V.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2013, 37, 889. Ferreira;3131 Ferreira, É. R. N. C.; Tese de Doutorado, Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil, 2013. Lunardi Neto e Almeida;3232 Lunardi Neto, A.; de Almeida, J. A.; Revista de Ciências Agroveterinárias 2013, 12, 282. Teske et al.3333 Teske, R.; Almeida, J. A. De; Hoffer, A.; Lunardi Neto, A.; Revista de Ciências Agroveterinárias 2013, 12, 175. e seus valores são apresentados na Tabela 3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em todas as baterias de digestão foi incluída uma amostra certificada NIST 2709A (SRM San Joaquin Soil) e provas em branco. O Limite de Detecção (LD) foi calculado segundo a equação LD=(M ± t * s),3636 Apha; Standard methods for the examination of water and wastewater; 22nd ed., American Public Health Association: New York, 2012. onde M é a média das provas em branco, t é o valor t-Student para intervalo de confiança de 99%, em função do número de graus de liberdade de medições repetidas e s é o desvio padrão das provas em branco. O Limite de Quantificação (LQ) foi obtido multiplicando o LD por 3. As taxas de recuperação da amostra certificada e os LD são apresentados na Tabela 4. Os teores certificados dos elementos-traço na amostra referência são os teores totais, obtidos através de digestão utilizando ácido fluorídrico, extraindo assim os elementos que estão nas estruturas dos silicatos. Já para este trabalho foram utilizadas metodologias de digestão “pseudo-totais”, que são sugeridas pela resolução do CONAMA 42088 Conama; Resolução no 420, de 28 de dezembro de 2009, Brasil, 2009. e refletem com maior aproximação a disponibilidade ambiental dos elementos-traço. O certificado da amostra referência traz ainda uma tabela com uma faixa de teores médios dos elementos obtidos por laboratórios utilizando metodologias de digestão “pseudo-total” e análise em ICP, o que também é apresentado na Tabela 4.

Tabela 1
Identificação, classe de solo, material de origem, município de amostragem e coordenadas geográficas (geodésicas decimais) dos perfis de solos estudados neste trabalho
Figura 1
Mapa do estado de Santa Catarina, sua localização no Brasil e localização dos perfis de solo amostrados
Tabela 2
Condições do forno de micro-ondas para digestão das amostras

Ao analisar os teores obtidos nesse trabalho, notou-se que houve diferença significativa para os teores de V e Mo entre materiais de origem, o que não foi observado para os teores de Sb.

Em relação ao material de origem, houve a formação de 3 grupos (A, B, C) para o elemento vanádio, em que solos de mesmo agrupamento não tiveram diferenças estatísticas entre seus teores médios. Os solos do grupo A (Tabela 5) apresentaram os maiores teores de vanádio. Esses solos possuem como material de origem andesito basalto e basalto.

O V33 Alloway, B. J.; Em Heavy metals in soils; Alloway, B. J., ed.; Chapman & Hall: Great Britain, 1995; cap. 3.+ possui raio iônico 0,065 nm e tem semelhança geoquímica com o Fe33 Alloway, B. J.; Em Heavy metals in soils; Alloway, B. J., ed.; Chapman & Hall: Great Britain, 1995; cap. 3.+, que possui raio iônico 0,067 nm, o que permite a substituição em minerais primários e secundários.3737 Evans, L. J.; Barabash, S. J.; Em Trace Elements in Soils; Hooda, P.S., ed.; Wiley: Chichester, 2010, cap. 22.,3838 Bocardi, J. M. B.; Pletsch, A. L.; Melo, V. F.; Quinaia, S. P.; J. Geochem. Explor. 2020, 217, 106591. Como o vanádio facilmente substitui o ferro nos minerais, é mais abundante em rochas máficas que em félsicas.3939 Huang, J.; Huang, F.; Evans, L.; Glasauer, S.; Chem. Geol. 2015, 417, 68. O basalto é composto principalmente de minerais de silicato máfico primário, incluindo feldspato, piroxênio, olivina, hornblenda e biotita, esses minerais geralmente têm elevado teor de elementos de transição, como o vanádio.4040 Wu, W.; Qu, S.; Nel, W.; Ji, J.; Chemosphere 2021, 262, 127897.

O grupo B, que apresenta teores intermediários, engloba solos originados de riodacito e olivina melitito, os demais solos ficaram no grupo C. Ainda no grupo C, as menores concentrações de V foram encontradas em solos oriundos de sedimentos arenosos, que são materiais com predominância da fração areia, ou seja, têm menor eficiência na adsorção de metais pesados, devido ao menor número de sítios de ligação e consequentemente serão mais pobres em V.4141 Preston, W.; do Nascimento, C. W. A.; Biondi, C. M.; de Souza Junior, V. S.; Da Silva, W. R.; Ferreira, H. A.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2014, 38, 1028.

Os teores médios de V (350,06 mg kg-1) encontrados nos Latossolos catarinenses foram superiores aos encontrados por Payeet al.4242 Paye, H. de S.; Mello, J. W. V. de; Abrahão, W. A. P.; Fernandes Filho, E. I.; Dias, L. C. P.; Castro, M. L. O.; Melo, S. B. de; França, M. M.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2010, 34, 2041. em Latossolos do Espírito Santo (102,25). Em relação aos Argissolos, os teores de V em solos de SC (31,50 mg kg-1) foram menores que em solos do ES (90,10 mg kg-1). Já os teores médios e máximos de V em solos de SC (201,80 e 690,20 mg kg-1) foram bastante superiores aos teores médios em máximos em solos do RN (22,39 e 183,94 mg kg-1)4141 Preston, W.; do Nascimento, C. W. A.; Biondi, C. M.; de Souza Junior, V. S.; Da Silva, W. R.; Ferreira, H. A.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2014, 38, 1028. e da planície litorânea do Paraná (37,12 e 261,75 mg kg-1).4343 Melo, V. F.; Buschle, B.; Souza, L. C. P.; Bonfleur, E. J.; J. Geochem. Explor. 2017, 181, 138. Os teores de vanádio superiores em solos de SC refletem a grande quantidade de solos de origem basáltica no estado. Já os Argissolos, que apresentaram menores teores de V, são solos que apresentam, em sua maioria, material de origem com baixos teores de Fe.

Quanto ao molibdênio, analisando os diferentes materiais de origem dos solos, houve a formação de 2 grupos (A, B) (Tabela 6), em que solos de mesmo agrupamento não tiveram diferenças estatísticas entre seus teores médios.

Os maiores teores de Mo encontrados neste trabalho foram em solos derivados de fonolito porfírio, granito, micaxisto e rochas sedimentares. Como visto, a presença de molibdênio nos solos também está relacionada ao seu material de origem. O Mo está presente na crosta terrestre em pequena quantidade,4444 de Camargo, W. G. R.; Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Brasil, 1945. porém se concentra principalmente em rochas sedimentares e em magmáticas félsicas,3737 Evans, L. J.; Barabash, S. J.; Em Trace Elements in Soils; Hooda, P.S., ed.; Wiley: Chichester, 2010, cap. 22. já que a fonte magmática de molibdênio é bastante ácida, ou seja, está presente em magmas ricos em sílica e pobres em ferro e magnésio.4444 de Camargo, W. G. R.; Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Brasil, 1945.

Os teores médios e máximos de Mo em solos de Santa Catarina (2,19 e 5,36 mg kg-1) foram superiores aos teores médios e máximos em solos da Paraíba (0,1 e 0,43 mg kg-1)4545 de Almeida Júnior, A. B.; Nascimento, C. W. A. do; Biondi, C. M.; Souza, A. P. de; Barros, F. M. do R.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2016, 40, 1. e da Amazônia Central (0,06 e 0,49 mg kg-1).77 Fernandes, A. R.; Souza, E. S. de; de Souza Braz, A. M.; Birani, S. M.; Alleoni, L. R. F.; J. Geochem. Explor. 2018, 190, 453. O molibdênio está presente nos solos em baixas quantidades, variando entre 0,1 e 7 mg kg–1.2424 Kabata-pendias, A.; Mukherjee, A. B.; Trace Elements from Soil to Human; 1st ed., Springer-Verlag: Berlin, 2007.

Já os teores de antimônio nos solos de diferentes materiais de origem não apresentaram diferenças significativas. Além disso nota-se que os teores de antimônio nos solos de Santa Catarina são bastante baixos (Tabela 7).

O antimônio está presente na natureza em baixas quantidades nos diferentes tipos de rochas e minerais, o que refletiu nos baixos teores do elemento nos solos analisados.1818 Multani, R. S.; Feldmann, T.; Demopoulos, G. P.; Hydrometallurgy 2016, 164, 141.

Os teores médios de Sb em SC (0,37 mg kg-1) foram semelhantes aos teores encontrados na PB (0,42 mg kg-1)4545 de Almeida Júnior, A. B.; Nascimento, C. W. A. do; Biondi, C. M.; Souza, A. P. de; Barros, F. M. do R.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2016, 40, 1. e menores que os de Fernando de Noronha (4,60 mg kg-1),4646 Fabricio Neta, A. de B.; do Nascimento, C. W. A.; Biondi, C. M.; van Straaten, P.; Bittar, S. M. B.; Environ. Geochem. Health 2018, 40, 163. esses teores altos em Fernando de Noronha ocorrem pela presença de rochas ultramáficas e ankaratritos, o que não acontece em SC.

A variação observada teores naturais de V, Mo e Sb em relação aos em outras regiões do Brasil está relacionada principalmente à diversidade dos materiais de origem, mas também com as características climáticas e processos de formação dos solos. Diante disso, confirma-se que é necessário a determinação de elementos-traço para as diferentes regiões, a fim de orientar corretamente os órgãos ambientais.

Parâmetros físicos e químicos como teor de argila, conteúdo de matéria orgânica e óxidos de Fe contribuem para a variabilidade dos resultados.4242 Paye, H. de S.; Mello, J. W. V. de; Abrahão, W. A. P.; Fernandes Filho, E. I.; Dias, L. C. P.; Castro, M. L. O.; Melo, S. B. de; França, M. M.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2010, 34, 2041. Diante disso, correlacionou-se os elementos determinados com as variáveis argila, carbono orgânico, capacidade de troca catiônica e óxidos de ferro (Tabela 8).

Tabela 3
Atributos físicos e químicos dos 54 perfis de solos estudados
Tabela 4
Teores recuperados e certificados de vanádio, molibdênio e antimônio para amostra referência SRM 2709 e Limites de Detecção e Quantificação.
Tabela 5
Teores médios e desvios padrão de V para cada material de origem de solo, extraídos pelo método USEPA 3051 A, quantificados em ICP OES e agrupamento estatístico

A relação negativa entre molibdênio e o carbono orgânico pode indicar que o aumento do conteúdo de matéria orgânica nos solos estudados pode reduzir a concentração de molibdênio.77 Fernandes, A. R.; Souza, E. S. de; de Souza Braz, A. M.; Birani, S. M.; Alleoni, L. R. F.; J. Geochem. Explor. 2018, 190, 453. A associação do molibdênio com a matéria orgânica não é bem compreendida, alguns autores afirmam que o Mo está fortemente ligado a matéria orgânica do solo, enquanto outros encontram baixos teores do elemento em solos orgânicos.4747 de Camargo, O. A. In Micronutrientes na Agricultura; Ferreira, M. E., Cruz, M. C. P., eds.; POTAFOS/CNPq: Piracicaba, 2006, pp. 243-272. Autores como Paye et al., Meloetal. e Almeida Junior4242 Paye, H. de S.; Mello, J. W. V. de; Abrahão, W. A. P.; Fernandes Filho, E. I.; Dias, L. C. P.; Castro, M. L. O.; Melo, S. B. de; França, M. M.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2010, 34, 2041.,4343 Melo, V. F.; Buschle, B.; Souza, L. C. P.; Bonfleur, E. J.; J. Geochem. Explor. 2017, 181, 138.,4545 de Almeida Júnior, A. B.; Nascimento, C. W. A. do; Biondi, C. M.; Souza, A. P. de; Barros, F. M. do R.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2016, 40, 1. não encontraram relação significativa entre matéria orgânica e molibdênio. Fernandes et al.77 Fernandes, A. R.; Souza, E. S. de; de Souza Braz, A. M.; Birani, S. M.; Alleoni, L. R. F.; J. Geochem. Explor. 2018, 190, 453. encontraram relação significativa e positiva entre Mo e o carbono orgânico.

Tabela 6
Teores médios e desvios padrão de Mo para cada material de origem de solo, extraídos pelo método USEPA 3051 A, quantificados em ICP OES e agrupamento estatístico.
Tabela 7
Teores médios de Sb para cada material de origem de solo, extraídos pelo método USEPA 3051 A e quantificados em ICP OES HG
Tabela 8
Coeficientes de correlação linear de Pearson entre os teores de Mo, V, Sb e os atributos do solo

A relação negativa entre Mo e V pode indicar que em solos com maior teor de um elemento, há menor teor de outro, o que pode ser explicado pela diferença na composição do material de origem dos solos.

O molibdênio normalmente se apresenta nos solos na forma de ânions (MoO422 Biondi, C. M.; Tese de Doutorado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil, 2010.- e HMoO4)2424 Kabata-pendias, A.; Mukherjee, A. B.; Trace Elements from Soil to Human; 1st ed., Springer-Verlag: Berlin, 2007. e a relação negativa com a CTC pode ocorrer pela maior disponibilidade de Mo na solução do solo e possível lixiviação ou porque os solos com maior CTC são os originados de basalto e riodacito, que contêm naturalmente menor quantidade do elemento que os de granito, que apresentaram menor CTC.

A fração argila possui capacidade de adsorver cátions como o vanádio devido sua maior área superficial específica e carga negativa.4141 Preston, W.; do Nascimento, C. W. A.; Biondi, C. M.; de Souza Junior, V. S.; Da Silva, W. R.; Ferreira, H. A.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2014, 38, 1028. A adsorção do elemento na argila reduz a sua lixiviação.3838 Bocardi, J. M. B.; Pletsch, A. L.; Melo, V. F.; Quinaia, S. P.; J. Geochem. Explor. 2020, 217, 106591. A correlação encontrada entre silte e vanádio e silte e antimônio provavelmente ocorre pela presença de minerais de argila e óxidos de Fe e Mn associados, que formam agregados do tamanho de silte.4141 Preston, W.; do Nascimento, C. W. A.; Biondi, C. M.; de Souza Junior, V. S.; Da Silva, W. R.; Ferreira, H. A.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2014, 38, 1028.

A CTC apresentou correlação positiva com o vanádio, demonstrando a importância deste parâmetro na retenção do elemento, que está presente predominantemente na forma de cátion, no solo.4141 Preston, W.; do Nascimento, C. W. A.; Biondi, C. M.; de Souza Junior, V. S.; Da Silva, W. R.; Ferreira, H. A.; Rev. Bras. Ciênc. Solo 2014, 38, 1028.

Normalmente, o vanádio forma complexos orgânicos de baixa reatividade com a matéria orgânica, inclusive a ligação covalente do VO22 Biondi, C. M.; Tese de Doutorado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil, 2010.+ com matéria orgânica é muito forte,4848 Reijonen, I.; Metzler, M.; Hartikainen, H.; Environ. Pollut. 2016, 210, 371. explicando a correlação positiva entre V e carbono orgânico.

A matéria orgânica, devido aos seus grupos funcionais, é importante na retenção e consequente redução da mobilidade de Sb no solo,1919 Herath, I.; Vithanage, M.; Bundschuh, J.; Environ. Pollut. 2017, 223, 545. através da adsorção ou formação de complexos com o elemento.4949 Zhu, Y. M.; Yang, J. G.; Wang, L. Z.; Lin, Z. T.; Dai, J. X.; Wang, R. J.; Yu, Y. S.; Liu, H.; Rensing, C.; Feng, R. W.; Sci. Total Environ. 2020, 738, 140232. O Sb tende se ligar em sítios orgânicos disponíveis, além de poder ser fortemente adsorvido em óxidos e hidróxidos de ferro.4949 Zhu, Y. M.; Yang, J. G.; Wang, L. Z.; Lin, Z. T.; Dai, J. X.; Wang, R. J.; Yu, Y. S.; Liu, H.; Rensing, C.; Feng, R. W.; Sci. Total Environ. 2020, 738, 140232.

Características como raio iônico e estados de oxidação semelhantes favorecem a correlação entre elementos-traço.77 Fernandes, A. R.; Souza, E. S. de; de Souza Braz, A. M.; Birani, S. M.; Alleoni, L. R. F.; J. Geochem. Explor. 2018, 190, 453. A substituição isomórfica de Fe33 Alloway, B. J.; Em Heavy metals in soils; Alloway, B. J., ed.; Chapman & Hall: Great Britain, 1995; cap. 3.+ (0,067 nm) por V33 Alloway, B. J.; Em Heavy metals in soils; Alloway, B. J., ed.; Chapman & Hall: Great Britain, 1995; cap. 3.+ (0,065 nm), Sb33 Alloway, B. J.; Em Heavy metals in soils; Alloway, B. J., ed.; Chapman & Hall: Great Britain, 1995; cap. 3.+ (0,076 nm), na estrutura dos óxidos Fe é favorecida devido à proximidade do raio iônico entre ambos.3838 Bocardi, J. M. B.; Pletsch, A. L.; Melo, V. F.; Quinaia, S. P.; J. Geochem. Explor. 2020, 217, 106591.

Óxidos, oxi-hidróxidos e hidróxidos de Fe desempenham um papel muito importante na adsorção de elementos-traço, através da incorporação, na sua superfície ou estrutura, por adsorção específica.1919 Herath, I.; Vithanage, M.; Bundschuh, J.; Environ. Pollut. 2017, 223, 545.

A sorção de vanadato (V55 Rebêlo, A.; Monteiro, M.; Ferreira, S.; Ríos-Villamizar, E.; Quesada, C.; Duvoisin Junior, S.; Quim. Nova 2020, 43, 534.+) em óxidos de ferro (3+) é forte e envolve a formação de complexos de esfera interna, embora o vanádio 5+ ocorra predominantemente em solos após sua adição de forma antrópica, o que não prevalece neste trabalho.5050 Larsson, M. A.; Hadialhejazi, G.; Gustafsson, J. P.; Chemosphere 2017, 168, 925.

Apesar de mais de um parâmetro avaliado apresentar correlação positiva com V e Sb e, portanto, influenciarem na sua presença e retenção em solos sem contaminação, aparentemente a presença de óxidos de ferro é o fator que mais contribui com a sua concentração em solos, bem como o material de origem, principalmente para o vanádio.

CONCLUSÕES

Os diferentes materiais de origem dos solos interferem fortemente na presença de elementos-traço nos solos, sendo os maiores teores de vanádio encontrados em solos com origem máfica. Já os mais elevados teores de molibdênio foram encontrados em outros tipos de solo, mais precisamente nos originados de fonolito porfírio, granito, micaxisto e rochas sedimentares.

Teores de V, Mo e Sb encontrados em solos de Santa Catarina se diferiram dos teores encontrados em solos de outras regiões do Brasil. Em geral, as concentrações de V e Mo foram maiores em SC.

Teores de silte, carbono orgânico, capacidade de troca catiônica e óxidos de ferro estão positivamente correlacionados com os elementos vanádio e antimônio em solos de Santa Catarina.

A determinação de teores de vanádio, antimônio e molibdênio em solos não contaminados é essencial para futuras ações de monitoramento dos elementos em solos do estado, auxiliando assim na identificação de áreas contaminadas, demonstrando se haverá a necessidade de adoção de práticas preventivas ou mitigadoras com a identificação e monitoramento de áreas contaminadas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Programa de Apoio à Pesquisa (PAP) da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC) / UDESC pelo apoio financeiro. Agradecem ainda ao professor J.A. de Almeida e seus orientados pela cessão de amostras de solo por eles coletadas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    01 Fev 2021
  • Aceito
    22 Abr 2021
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