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Apresentação

Apresentação

Este número da Revista de Antropologia encerra um ciclo de nove números sob a responsabilidade desta equipe editorial. Foram seis anos de intenso trabalho buscando auscultar o que de melhor estava sendo produzido na área de Antropologia para consolidar o novo perfil da Revista inaugurado em 91.

Olhando em perspectiva os resultados alcançados neste conjunto de publicações , podemos ter a certeza que não ficamos muito aquém das metas propostas no volume 34, quando assumimos a responsabilidade editorial da Revista de Antropologia. Propúnhamos então guardar o compromisso com a tradição de pesquisa etnológica e, ao mesmo tempo, sintonizá-la com os problemas contemporâneos e os campos de investigação emergentes. Um balanço dos 62 artigos publicados desde 91 nos permite perceber, retrospectivamente, a forte marca da etnologia no perfil da Revista: 21 artigos ou, um terço do total, estão voltados para questões indígenas. Mantém-se portanto vigorosa a tradição inaugurada por Egon Schaden há quase meio século. Por outro lado, a Revista de Antropologia vem cumprindo de maneira sistemática seu papel de instigadora de uma reflexão teórica mais crítica, que pontue os problemas relativos ao desenvolvimento de nossa disciplina nas condições contemporâneas, institucionais e políticas, de trabalho intelectual. Autores como Roberto Cardoso de Oliveira, George Marcus, Eduardo Viveiros de Castro e Márcio Goldman, entre outros, deram sua valiosa contribuição para que a Antropologia repense seus temas, seus conceitos e seus instrumentos.

Duas outras características novas começaram a delinear-se nestes anos de trabalho. A primeira diz respeito ao alcance nacional da revista. Embora não o tivéssemos deliberadamente planejado número a número, já que o fluxo da revista depende dos pareceres de mérito de nossos assessores, o conjunto dos artigos publicados nestes seis anos representam o andamento da pesquisa antropológica que se realiza em pelo menos dez estados brasileiros, envolvendo mais de quinze diferentes instituições de ensino e pesquisa. Esse amplo espectro parece-nos um indício reconfortante de que a Antropologia vem se consolidando como forma de saber em inúmeras instituições nacionais, trazendo para a reflexão de nossa disciplina questões que dizem respeito às mais diversas populações e territórios. Assim, contrariamente à fase "heróica" da Revista de Antropologia na qual a contribuição de pesquisadores estrangeiros era essencial para sua manutenção, quarenta e três anos depois de sua fundação, a permanente e espontânea apresentação de novos artigos é um indicador seguro do amadurecimento nacional da nossa disciplina.A segunda característica está relacionada com a expansão do espectro de temas que a Revista passa a abrigar como sendo de interesse antropológico. Dos 62 artigos publicados, 21, como dissemos, estão voltados para etnologia indígena; mas os outros 41 se dispersam em mais de uma dezena de temas, alguns mais tradicionais ¾ estudos sobre os negros, sobre os camponeses ou as religiões populares ¾ , outros abrindo novas frentes como as relações entre Antropologia e História , ambientalismo e Antropologia Visual. Vale a pena notar também que, aos poucos, a Revista de Antropologia se volta para temas antropológicos de outras regiões do mundo, como é o caso do estudo sobre a identidade basca, as religiões japonesas ou o racismo na África do Sul, retomando em condições muito diversas, uma tradição de relação com o mundo que marcara sua trajetória desde sua fundação.

Podemos dizer assim que, ao passar a Revista de Antropologia para uma nova equipe, o fazemos com a alegria de quem vê um filho alçar seus próprios vôos. As dificuldades de profissionalização das etapas de produção foram relativamente bem equacionadas, a regularidade do financiamento tem sido garantida graças às diversas agências de financiamento Finep, Fapesp e SIBI, que nos tem dado reiterado apoio. Sobram ainda, é bem verdade, inúmeros obstáculos. Mas não resta dúvida de que já desfrutamos, a esta altura, de condições privilegiadas que nos permitirão assegurar a continuidade e regularidade das publicações futuras, base de seu reconhecimento como uma revista científica respeitada.

Agradecemos o empenho de todos, autores, colegas e sobretudo funcionários ¾ Soraya Gebara, secretária da revista e Beatriz Bellintani, nossa técnica em editoração eletrônica ¾ que tornaram possível levar adiante esta desafiadora empreitada.

Paula Montero

Editora responsável

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Nov 2000
  • Data do Fascículo
    1997
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